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Os jovens coloridos/ A palavra nacional/ Sobre queimar bandeiras

PARTE DOIS No relógio 19:15, passados mais de 100 anos em guerra

II) Os jovens coloridos/ A palavra nacional/ Sobre queimar bandeiras

Artur: Então, o ponto de vista político-estratégico, a geração mais jovem tem outro olhar?

Lilit: Seguramente, eu creio que a geração que temos, é só minha opinião, mas creio que muitos

dos jovens vão a estar de acordo comigo que dizemos a geração de Bagramian, de Eletric Yerevan. Ano passado que tivemos os protestos de Eletric Yerevan eu creio que algo mais surgiu aí e foram os jovens muito, em Armênia dizemos, “coloridos”, “os jovens coloridos” que são crianças e jovens muito inteligentes e muito bons, muito maduros que já sabem o que querem fazer com esse país. Têm a ideia que é respeitar a constituição, que respeitam seu país e a independência que tem conseguido ter depois de tantos séculos, creio que sabem do valor da independência e é mais importante que nossos pais que tem a experiência, mas...

Artur: Por outro lado não acha que isso traz um sentimento nacional muito forte e que há aí

também um pouco de perigo, não sei...

Lilit: Agora estou lendo um livro sobre Nagorno-Karabakh, “The Black Garden” que escreveram,

bom o autor é ingles britânico e é muito neutro, não quer entender porque estão em Nagorno- Karabakh, porque temos esse conflicto e porque os armênios não querem ceder e tampouco o querem os azerís e uma coisa que notei aí é o uso da palavra nacional porque a usa de modo muito mal e eu não entendo porque a palavra nacional tem que ter esse sentido. Eu creio que a palavra nacional, nacionalista, de outro modo não é a palavra fascista, são diferentes. De fato eu creio que é algo muito bom e creio que as diferenças são muito boas, assim que é só uma coisa de respeitar as diferenças que devemos alcançar, mas nacional eu creio que é algo muito bom, me encanta Armênia, claro e eu creio que é lógico que goste mais do que, por exemplo, Geórgia o Azerbaijão. Não porque são melhores ou piores porque isso é ser meu e eu creio que, igual é logico que os azerís, os georgianos, os brasileiros lhes goste mais Brasil ou não sei, eu creio que é lógico e creio que algo que devemos com isto ter o respeito. Não dizer que se é Armenia é melhor, temos tais coisas, monastérios, etc., mas também respeitar que, se tu és brasileiro, a ti te gosta Brasil é

melhor porque é teu. E eu o respeito, mas eu também tenho isso e estou orgulhosa por coisas que temos aqui... entendes o que quero dizer?

Artur: Sim, sim, sim, mas muitas vezes parece que chega a, não você, mas às pessoas que conhecemos, não só jovens... um sentimento muito forte que muitas vezes se mescla com ódio com outro que a identidade está marcada pela diferença... “porque sou armênio, não sou azerí, não sou isso ou aquilo”.

Lilit: Sim, sim, entendo o que queres dizer, mas creio que é outra coisa. Não são esses jovens que digo que são tão bons e maduros, que queren saber mais de sua cultura, não, eles tambén viajam, também sabem de outras culturas. Isso que queres dizer tu, eu creio que é a gente que tem sempre queimado as bandeiras, porque isto é un exemplo não específico de queimar as bandeiras no dia 24 de abril quando marchamos. Isto é do partido dos Dashnaks (Federação Revolucionária Armênia) que tem estado aí por dois séculos, não são os jovens da geracão de Independência, são os Dashnaks. Eu creio que isto é diferente e a geração de Independência, a geração que eu creio que vão a fazer algo nesse país são os que não têm partidos, não são parte dos Dashnaks nem dos Republicanos, não são nem pró-Europa nem pró-Rússia. São “temos este país, queremos este país e queremos converter em um lugar bom para todos” para que todos, bom, os direitos humanos e tudo estejam em boas condições para os armênios, para os azeris que vivem aqui, os gregos, para todos. Eu creio que é outro aspecto esse nacionalismo.

Artur: Sim, em outra perspectiva os Dashnaks são uma forma de nacionalismo muito latente. Lilit: Sim, eu creio que a geração de Independência estas crianças, estes garotos, os jovens não têm nada que ver com isso, eu creio que são distintos níveis de nacionalismos e como o entendem. III) Russo sai, armênio fica e a sensação de poder através de protestos

Artur: Falaste de Eletric Yerevan, não sei o que é isso, podes falar?

Lilit: Eletric Yerevan era no ano passado, aquí temos “nuclear power plant”, não? Para a eletricidade nuclear como se diz e isto pertencia a uma companhia russa que estava em dívidas por corrupção e tudo e queria elevar os preços de electricidade para os armênios e nós temos 100% da rede de electricidade, temos aqui em Armênia e aqui é mais caro que na Geórgia e nós o vendemos à Geoógia. As pessoas não entendiam porque isto deve ser assim, claro, pelas dívidas, pela corrupção e tudo. Assim que quando queriam elevar os preços as pessoas saíram nas rua e disseram que não queriam isto. Era um protesto pacífico e eu também estava aí no primeiro dia, estávamos no asfalto, nos sentamos e às 02:00 am eu me fui, mas a gente todavia ficou aí em [Avenida Marshall] Bagramian, na rua Bagramian e às quatro, cinco da manhã chegou a polícia com (canhões de água) e, bom, atiraram nos ativistas e depois, no dia seguinte, toda gente saiu nas

ruas. Tivemos mais de 10.000 pessoas na rua, mais pela injustiça da polícia, também claro pelos preços, mas nos deu raiva como era um protesto pacífico e veio a polícia e faz com a gente, aos jovens que estavam aí e era algo insuportável. Por duas semanas toda a rua estava fechada pela gente, mais de 10.000 nas ruas lutando aí também e o resultado que, bom, venderam esta companhia e agora ao menos pertenence a um armênio. Dizemos “não se mudou muito”, se vês os resultados nada...é um armênio, pertence a ele já não é a companhia russa que estava em corrupção e tudo, é armênio. Para os números não, é mais ou menos igual, mas era mais importante para a mentalidade que era a Armênia que desejamos viver, de igualdade que todos, bom, muito humanos, muito bons...

IV) Identidade e lugar/ Hayastan e diáspora/ Ethos de guerra e a pós-castrófica região de