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3.4.1– Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação ENANCIB

CAPÍTULO 4 – Pesquisa Colaborativa

4.1 Os modelos de colaboração

Identificam-se três modelos de colaboração: parceria colaborativa, em equipe e pessoal. Tais parcerias estão no contexto institucional e podem ser identificadas e distintivas entre nível, fundamentos, estrutura, propriedade e benefícios.

No modelo de colaboração do tipo parceria colaborativa, a principal característica é a busca aos recursos externos, nesse caso podem ser tanto da ordem financeira, mas principalmente em recursos humanos.

No Brasil, um exemplo de parceria colaborativa que utiliza o intercâmbio de recursos humanos é representado pelo pesquisador-visitante, o qual é um programa do CNPq, e tem como objetivo dar ao pesquisador brasileiro ou estrangeiro a oportunidade de colaborar em grupos de pesquisa emergentes ou já consolidados. O pesquisador ainda pode atuar desenvolvendo linhas de pesquisa e no desenvolvimento tecnológico considerado relevante pelo Comitê de Assessoramento da área respectiva e pela Diretoria do CNPq.

Outra atividade que é realizada por esse pesquisador-visitante é lecionar cursos de curta duração, ou mesmo disciplinas semestrais nos cursos de pós-graduação da área na qual está vinculado na instituição que o abriga. Esse intercâmbio é bastante comum nas áreas exatas, mas outras áreas de conhecimento como as sociais e aplicadas já estão se beneficiando desse programa, e dessa forma consolidando as práticas científicas em disciplinas relativamente jovens, como a ciência da informação.

Após verificarmos o tipo de parceria colaborativa citada e sua existência no contexto brasileiro, vemos em seguida algumas características chave desse modelo: a rede é formalizada, providenciando assim uma coordenação e fórum para o desenvolvimento de estratégias; há implementações e distribuição de parcerias estratégicas e, por fim, a existência de escalas e propostas variáveis na criação de novas estruturas de ciência e tecnologia, facilidades de pesquisa e equipamentos, entre outras.

Diante dessas características, podemos destacar os seguintes benefícios advindos do referido modelo: identificação de instituições que podem auxiliar na complementação e partilha de recursos financeiros e/ou humanos; construção da capacidade de trabalhar de forma estratégica, além do impacto sobre as principais

conhecimentos econômicos, sociais ou culturais; desenvolvimento de altas habilidades / recursos humanos.

O próximo tipo de colaboração é a colaboração em equipe a qual se orienta pela formalização, embora a mesma nem sempre seja definida como uma parceria formal. O fio condutor dessa perspectiva de colaboração é a necessidade de articular competências multidisciplinares e as experiências delas decorrentes. Características importantes desse modelo colaborativo são: pesquisas colaborativas focadas envolvendo equipes de pesquisadores baseado em vários departamentos; centros de pesquisa ou outras unidades de duas ou mais universidades; equipes envolvendo universidades, indústrias, laboratórios governamentais ou práticas profissionais e resultados focados; problemas e tarefas de base, entre outras.

Os principais benefícios decorrentes são: o desenvolvimento de competências adequadas; o avanço do conhecimento e compreensão da agenda de pesquisa; a existência estável de colaborações tem um ciclo de vida que impede a paralisação das trocas científicas; uso de alta interface na universidade e presença de altos perfis considerados de vanguarda na excelência investigativa.

Finalizando os modelos de colaboração, tem-se a colaboração interpessoal, esse modelo traz consigo uma grande diversidade e constitui o lastro da pesquisa acadêmica. Nesse tipo de colaboração, depende-se essencialmente das relações interpessoais entre duas ou mais instituições universitárias individuais e de alguns grupos. As características chave desse tipo de colaboração estão relacionadas à caracterização das atividades de pesquisa através de várias disciplinas, incluindo-se também a perspectiva interdisciplinar; além das instituições de ensino superior, as indústrias com o seu conjunto de competências estão presentes no sistema colaborativo. Na colaboração interpessoal, os benefícios trazidos por ela estão relacionados à publicação conjunta; benefícios para o ensino e a formação de pesquisadores, reforço da capacidade de trabalho tanto individual quanto conjunta, além de ser a chave para o desenvolvimento das disciplinas envolvidas na colaboração.

Diante desse panorama, pode-se perceber que a tendência mundial aponta cada vez mais para o trabalho colaborativo, principalmente hoje que não é necessário o deslocamento geográfico efetivo do pesquisador para o grupo de pesquisa no qual está agregado, salvo em áreas em que a pesquisa prática, a do laboratório, demande a presença do colaborador. É por isso que, atualmente, as listas de discussão do grupo, e-mails, telefonemas tornaram-se veículos para troca de informações dos resultados parciais das pesquisas de documentos relevantes ao processo até culminar na publicação dos resultados do trabalho.

Os resultados alcançados pelo relatório da Universidade de Sussex (SMITH e KATZ, 2000) no Reino Unido foram: primeiramente, a colaboração é uma regra e não uma exceção – essa conclusão foi apontada pelo relatório acima citado no qual afirmava que 88% dos artigos produzidos no Reino Unido envolviam dois ou mais autores e 55% envolviam a participação de duas ou mais instituições de ensino superior.

Segundo, as IES colaboravam com outras instituições nacionais em 34% dos artigos produzidos e 20% com instituições internacionais.

Entre os campos científicos analisados no Reino Unido, as ciências naturais são as mais colaborativas em publicação, apresentando na autoria desses artigos, múltiplos autores. As ciências multidisciplinares são as menos colaborativas.

No que diz respeito à colaboração institucional, 50% delas ocorrem num raio de 60- 80 km, ou seja, quanto mais próximas as IES, mais colaborativas se mostram devido à facilidade de contato entre os pesquisadores.

O estudo concluiu acerca da colaboração os seguintes tópicos: os fatores de colaboração são numerosos e difíceis de serem quantificados; há uma tendência a longo prazo para a atividade colaborativa; o tamanho da instituição e a proximidade geográfica influenciam na colaboração científica.

O objetivo de citar e explicar os modelos colaborativos existentes baseados no Relatório da Universidade de Sussex do Reino Unido não era para categorização,

na ciência da informação brasileira ou se havia um tipo particular de atividade colaborativa ou se ainda era multitemática.

Dessa forma, o próximo tópico trata da produção científica brasileira e a sua presença na base de dados ISI – Institute for Scientific Information.