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PARTE I – TRAJETÓRIA INVESTIGATIVA: DOS APORTES TEÓRICOS

2 A FORMAÇAO DOCENTE E O PROFESSOR DE MATEMÁTICA

2.3 O PIBID

2.3.3 OS PARTICIPANTES DA PESQUISA

Delineamos o campo da pesquisa, precisamos, então, caracterizar os colaboradores. Como já informado, anteriormente, o trabalho realizado contou com a participação de 15 licenciandos em Matemática, bolsistas do PIBID, do IFRN Campus Santa Cruz. Sabemos que, em uma pesquisa qualitativa, é necessário conhecer um pouco da realidade dos participantes, em se tratando da escolha do curso e interesses posteriores. De posse do cadastro desses alunos no PIBID e de um questionário inicial, fazemos a definição dos nossos colaboradores.

O grupo era constituído por oito bolsistas do sexo feminino e sete do sexo masculino8, verificamos, assim, o equilíbrio em relação ao gênero e esse fato nos surpreende, pois a

8 No decorrer da pesquisa trataremos os participantes pelo nome de jogos matemáticos com o intuito de preservar a identidade dos mesmos. Dessa forma, contamos com a colaboração das meninas Trilha, Damas, Memória,

profissão de professor de Matemática carrega uma marca histórica de ser predominantemente masculina.

A Figura 3 apresenta algumas características dos licenciandos com o intuito de situá- los no contexto da pesquisa. Os participantes da pesquisa serão identificados com nomes de jogos matemáticos, conforme a figura.

Figura 3 – Licenciandos Participantes da Pesquisa

BOLSISTAS GÊNERO IDADE9 RESIDÊNCIA10

Trilha Feminino 36 anos Santa Cruz

Damas Feminino 24 anos Santa Cruz

Memória Feminino 27 anos Lajes Pintadas

Batalha Feminino 18 anos Currais Novos

Diplomacia Feminino 17 anos Campo Redondo

Torre de Hanoi Feminino 33 anos Santa Cruz

Escala Feminino 20 anos Campo Redondo

Pega-varetas Feminino 18 anos Santa Cruz

Tangram Masculino 18 anos Santa Cruz

Ábaco Masculino 20 anos Campo Redondo

Bingo Masculino 26 anos Santa Cruz

Geoplano Masculino 25 anos Santa Cruz

Xadrez Masculino 21 anos Santa Cruz

Pentaminó Masculino 20 anos Lajes Pintadas

Ludo Masculino 18 anos Campo Redondo

Fonte: Cadastro dos alunos no PIBID

Olhando a Figura 3, percebemos que, em sua maioria, os bolsistas estão inclusos na faixa média de idade de ingresso em cursos superiores, pois de acordo com o CENSUP (2010)11 a média de idade de ingresso no ensino superior é de 26 anos. Observamos, também, que apenas oito licenciandos moram na cidade de Santa Cruz, reafirmamos que é um baixo percentual de aproximadamente 53%. Os outros 47% residem em cidades vizinhas e precisam de transportes diários para chegar ao local de estudo ou atividade do PIBID. Consideramos esses dados relevantes, principalmente a questão de deslocamento, pois as cidades de Lajes Pintadas e Campo Redondo não tem transporte público com facilidade, dessa forma, os estudantes precisam do auxílio da Prefeitura ou de utilizar transportes particulares com recursos próprios.

Batalha, Diplomacia, Torre de Hanoi, Escala e Pega-varetas. Temos, também, os meninos Tangram, Ábaco, Bingo, Geoplano, Xadrez, Pentaminó e Ludo.

9 Idade referente ao ingresso no curso em 2012. 10 Residência referente ao ingresso no curso em 2012.

11 Censo da Educação Superior 2010 - Censup (2010). Disponível em http://www.feteerj.org.br/wp- content/uploads/2012/09/censo2010.pdf

Vejamos algumas particularidades das cidades citadas para maior compreensão da realidade local. As Cidades de Santa Cruz, Campo Redondo e Lajes Pintadas estão localizadas na Microrregião da Borborema Potiguar. Ao analisar a Figura 4, constatamos que ela é uma das Microrregiões do estado brasileiro do Rio Grande do Norte. Essa localidade é pertencente à Mesorregião Agreste Potiguar. Sua população foi estimada, em 2006, pelo IBGE em 129.566 habitantes e está dividida em dezesseis municípios. Possui uma área total de 3.922,227 km².

Figura 4 – Mapa da Microrregião da Borborema Potiguar

Fonte: www.google.com.br

A cidade de Lajes Pintadas fica situada a 13 km de Santa Cruz e 136 km da capital estadual, Natal, e sua área é de 130 km². De acordo com os dados do IBGE (2015), a população da referida cidade era de 4 614 habitantes. Vizinho aos municípios de Santa Cruz, São Tomé e Campo Redondo. Através da Lei nº 2.332, no dia 31 de dezembro de 1958, Lajes Pintadas foi desmembrada de Santa Cruz e tornou-se município do Rio Grande do Norte.

Campo Redondo é um município brasileiro do Estado do Rio Grande do Norte, dista 25,3 km de Santa Cruz e 140 km da capital estadual, Natal, e sua área é de 238 km². De acordo com os dados do IBGE (2015), a população da referida cidade era de 10 266 habitantes. Vizinho aos municípios de São Tomé, Lajes Pintadas, Currais Novos, Santa Cruz e Coronel Ezequiel.

Currais Novos é um município brasileiro do Estado do Rio Grande do Norte, situado a 64,4 km de Santa Cruz e 172 km da capital estadual, Natal. Sua área é de 864,34 km². Pertence à Mesorregião do Central Potiguar e à Microrregião do Seridó Oriental. De acordo com os dados do IBGE (2015), a população da referida cidade era de 42 625 habitantes. Currais Novos se encontra na região do Seridó, na região central do estado junto à divisa com o estado da Paraíba. Apesar de termos apenas uma bolsista residente em Currais Novos, é uma realidade da região, pois Santa Cruz é a cidade mais próxima com oferta de Licenciatura em Matemática.

De posse dessas informações, precisamos saber mais detalhes sobre o interesse profissional dos licenciandos para colaborar com o andamento e análise de nossos dados. No momento da entrevista semiestruturada os participantes falaram em relação à escolha do curso de Licenciatura em Matemática, vejamos os relatos: “eu tinha pensado em fazer outro curso de licenciatura, historia, eu sempre tive preferência por cursos de licenciatura [...] escolhi fazer aqui.” (DIPLOMACIA). Como podemos ver, nesse e nas outras falas, a maioria dos bolsistas não fez a escolha pelo curso, mas sim, pela possibilidade de adquirir um ensino superior. Vejamos os outros depoimentos:

Na verdade não era minha opção. Porque, eu queria fazer letras, totalmente oposto. Só que... aqui é bem mais fácil pra mim, o Campus é acessível, depois que eu entrei no curso, percebi que não era a Matemática que via no Ensino Médio, não era a Matemática que tinha no Ensino Fundamental, é outra visão da Matemática, aí eu resolvi ficar e vou concluir. (PEGA- VARETAS).

Na verdade, não foi um resolver.... Eu tinha terminado o ensino médio, coloquei a nota do ENEM e passei, aí, fui fazendo um teste, para vê se gostava... e gostei e eu acho que eu estou segura mesmo, [...] acho que comecei a gostar mais depois do PIBID. (BATALHA).

Eu resolvi fazer licenciatura em matemática porque na minha região foi o que veio de imediato. Eu penso em fazer outro curso, quer dizer eu pensava, porque agora eu quero terminar Matemática. Na minha região é muito pobre de cursos superiores, então o IFRN trouxe a oportunidade de dois cursos que é Física e Matemática, como eu não gosto de Física, eu acho muito complicada, então surgiu a Matemática, e foi uma excelente oportunidade. Eu estava pensando em fazer algum curso em Natal, só que a família influencia, então, esse curso, veio em boa hora e estou feliz por está cursando Matemática, eu estou me sentindo bem. (MEMÓRIA).

A minha irmã me inscreveu para Matemática, ela falou [...]. Só que nós pensamos que a nota não ia dar, [...]. Eu não estudei o ensino médio regular, eu fiz provões para ter o diploma. [...], no fim, a nota deu. [...] Aí fiz a matrícula e comecei, como já estava dentro, tinha que dar. (Risos). [...]. Só

saio por motivo de força maior, tomei gosto. No segundo semestre, [...] eu vi que eu queria mesmo. (DAMAS).

Ah, acho que vai ser um pouco fácil responder, porque assim, tem dois motivos. Um é porque me acho um bom aluno na área, [...] foi a oportunidade que apareceu... Três motivos. Foi a oportunidade que apareceu, eu vi nela um motivo para mudar de vida, pois que você licenciando você tem um bom emprego, entre aspas, um bom emprego, um salário bom, não falta emprego e o incentivo de fora, eu recebi vários incentivos. [...] pelo professor, pelos amigos, pela minha família, [...]. (PENTAMINÓ).

[...] eu fiz o ENEM, usei a nota, é, consegui a vaga não estava fazendo nenhum outro curso superior e resolvi fazer. Eu dizia que não seria professora de jeito nenhum, só que de Matemática eu sempre gostei dos cálculos, aí uniu o útil ao agradável: vaga, ensino superior e Matemática. [...]. Só que agora estou vendo as coisas com outro olhar. (ESCALA). A princípio porque eu não tinha passado no vestibular, eu queria, [...] ingressar na parte de, das exatas, na parte de engenharia, fiz, para engenharia elétrica. [...] Nunca me imaginei fazendo... Eu gosto de matemática, para mim não tinha também essa questão de... Qualquer engenharia para mim também estava bom. Aquele ditado: “quando você não tem um caminho, qualquer caminho serve.” [...]... Como surgiu essa oportunidade na minha cidade, ingressei. Eu fui gostando do curso e pretendo termina-lo. (TANGRAM).

Para entrar foi no embalo do ENEM. Escolhi um curso, entrei e vim fazer. Mas eu não tinha preferência, não conhecia o curso. [...]. Só pela curiosidade de como é que funciona o curso superior. [...] minha intenção era passar só um ano. Era só para eu ver o conteúdo, porque minha área sempre foi mais tecnológica. [...] No decorrer do curso como eu, como eu gostei e vi também que tinha a ver com que eu gostava na área de exatas, tecnológica, ai eu resolvi continuar até o fim. (GEOPLANO).

Na verdade a Licenciatura em Matemática veio como segunda opção, porque o curso que eu queria de fato era arquitetura, e como eu não consegui ingressei em matemática, por conveniência, por o curso ser aqui em Santa Cruz, por ser mais acessível para mim. [...] Achei bom e pensei que não vou ficar assim parado sem fazer nada, mas acabei gostando do curso, estou gostando pra caramba! [...] pensei em ocupar meu tempo fazendo alguma coisa útil que é uma Licenciatura, Matemática eu gosto de Matemática, e gostei bastante do curso. (BINGO).

Questão de eliminação de opções. Entre os cursos que eu olhei os que mais se aproximavam do que eu queria eram Música e Matemática. Só que Música tem o pré-requisito que é partitura, e eu não sei, então só sobrou Matemática. Também por indicação de um professor de Matemática, [...] ele me disse: você é bom em Matemática e você tem interesse em seguir mais por essa área de raciocínio lógico, de raciocínio matemático em si, porque você não escolhe matemática? E também eu escolhi porque se eu não me adaptar a ser professor eu tenho uma base para fazer concursos públicos que exijam ensino médio ou ensino superior. (XADREZ).

Por que desde o meu ensino fundamental eu me identifico muito com a disciplina e eu gosto também de transmitir os conhecimentos para os outros

alunos, que nem agora, eu estou participando do PIBID, aí eu me identifico muito a relação é boa com os alunos também, dá para transferir conhecimento e obter também conhecimento dos alunos. (LUDO).

Bom, primeiramente por gostar mesmo de Matemática, me identificar com a disciplina, porque também queria fazer um curso superior, um dos que era mais viável para mim e por sempre admirar a carreira docente, pelo prazer de ensinar e ver quanto gratificante poder passar um conhecimento para o aluno. Eu admirava bastante os trabalhos dos professores. E por realmente ser mais próximo da minha casa o curso, queria realmente cursar o ensino superior e foi uma ótima oportunidade que apareceu. (ÁBACO).

Adoro matemática. Eu nasci com matemática na cabeça, acredito. Meu pai me levou pro comércio muito jovem, muito jovem não, criança. Eu cresci nesse meio de comércio, comércio que gera dinheiro, que, que é... troco que você tem que raciocinar e ai eu aprendi a gostar da matemática desde... Acho que eu aprendi a ler, já aprendi a ler e a fazer conta, tudo junto. [...] Acho que é de família, eu tenho um tio que ele não sabe ler, mas, ama matemática, faz qualquer tipo de conta e lá na minha casa tenho um irmão que tá fazendo matemática, tenho outra irmã que ela é louca pra fazer matemática, [...]. (TRILHA).

De início, quando eu vim fazer o curso de licenciatura, eu tinha terminado o ensino médio há alguns anos e já estava cursando aqui no Instituto o curso subsequente de refrigeração e climatização. Foi quando surgiu a oportunidade, iria formar a primeira turma de Licenciatura em Matemática. Eu estava cursando o último período de refrigeração; ia iniciar o último período. Eu fiquei pensando, vou colocar minha nota do ENEM, quando eu vi meu nome na lista de selecionados, eu disse, e agora? Fiquei na dúvida de início, porque eu ia iniciar o último período do curso, que já vinha há um ano e meio e para entrar na licenciatura teria que desistir, não tinha como ficar com duas matrículas na mesma instituição. [...] Eu [...], desisti do outro curso e fiz minha matrícula na licenciatura. [...] a partir daquele momento já coloquei na cabeça que iria me preparar para ser professora. (TORRE DE HANOI).

Reforçamos a observação que a escolha por ser professor era minoria. Alguns afirmam que a atividade do PIBID plantou novas possibilidades em relação ao ofício de ser professor de Matemática. Sendo assim, atentamos no próximo capítulo para as reflexões resultantes da atuação desses licenciandos no PIBID.

PARTE II: O ENSINO DA MATEMÁTICA E O DESVELAR DAS