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1.5 O Período Constitucional

1.5.2 Os Princípios Constitucionais

Plasmados na Constituição da Republica Portuguesa – CRP, desde a sua criação e entrada em vigor no que aos trabalhadores diz respeito, são os:

“Direitos liberdades e garantias dos trabalhadores, a sua liberdade de associação, a sua opção de escolha e de filiação sindical ou não, e a liberdade de representação sindical”.

Foram e mantém-se actuais, são princípios essenciais na defesa e interesses dos Trabalhadores e da intervenção dos Sindicatos na vida laboral das Empresas, nas relações de trabalho, na negociação colectiva, na aquisição de direitos e também de deveres através das associações sindicais, vulgo sindicatos, como legítimos representantes dos seus filiados em particular e dos trabalhadores em geral.

Após a última revisão constitucional no ano de 2005, o legislador considerou, e continua a considerar essencial para a sociedade e para os trabalhadores portugueses, no Capítulo II, da Constituição “ Direitos Liberdades e Garantias dos Trabalhadores” a previsão dos seus Direitos:

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No artigo 56.º, o Direito das associações sindicais e a contratação colectiva, a

Constituição da República Portuguesa, especifica esses princípios, reconhece, e considera a Liberdade de associativismo dos trabalhadores, e o Direito à Contratação Colectiva, como pilares essenciais da democracia, do estado de direito, e fundamentais para a sociedade portuguesa.

Para nós estudiosos e interessados nesta vertente ligada ao direito do trabalho o artigo 56º, da Constituição da Republica Portuguesa é sem dúvida aquele define os princípios fundamentais em que deve assentar a Contratação Colectiva, e finalmente em termos legislativos o Código do Trabalho como diploma normativo definidor da legislação laboral, e do regime jurídico do direito colectivo do trabalho, da Sobrevigência e da Caducidade das Convenções Colectivas, e é por essa razão que como objectivo fundamental deste trabalho, que nos vai merecer um desenvolvimento e uma análise mais detalhada e pormenorizada.

Constituição da República Portuguesa

(Direitos das associações sindicais e contratação colectiva)

Artigo 56º

Direitos das associações sindicais e contratação colectiva.

1. Compete às associações sindicais defender e promover a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores que representam.

2. Constituem direitos das associações sindicais:

a) Participar na elaboração de legislação de trabalho;

b) Participar na gestão das instituições de segurança social e outras organizações que visem satisfazer os interesses dos trabalhadores;

c) Pronunciar-se sobre planos económico-sociais e acompanhar a sua execução; d) Fazer-se representar nos organismos de concertação social, nos termos da lei; e) Participar nos processos de reestruturação da empresa, especialmente no tocante

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3. Compete às associações sindicais exercer o direito de contratação colectiva, o qual é garantido nos termos da lei.

4. A lei estabelece as regras respeitantes à legitimidade para a celebração das convenções colectivas de trabalho, bem como à eficácia das respectivas normas.

Analisando mais em pormenor e concretamente cada um dos ponto do artigo 56.º, da Constituição, pode ficar-se com um entendimento mais claro do direito das associações sindicais à promoção e a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores que representam.

O princípio consagrado no n.º1, do artigo 56.,º da CRP, atribui às associações sindicais a competência para a promoção da defesa dos direitos e interesses colectivos dos trabalhadores que representam, mas assegura também que a essas associações sindicais a possibilidade de defesa colectiva dos seus interesses individuais enquanto associações de defesa colectiva de interesses individuais.

Quanto ao n.º 2, do mesmo artigo 56.º, da Constituição, este compõe-se de diversas alíneas que definem os direitos das associações sindicais:

Na alínea a);

O n.º 2, do artigo 56.º, a Constituição, consagra a participação das associações

sindicais, na elaboração de legislação de trabalho, não estando definido na Constituição esse conceito, pressupõe a legislação que pretende regular as relações individuais e colectivas de trabalho, bem como os direitos fundamentais dos trabalhadores que a constituição reconhece como tal, não fazendo distinção entre trabalhadores da Administração Pública ou de Entidades públicas e restantes trabalhadores de Empresas ou Entidades privadas.

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Do n.º 2, do artigo 56.º, a Constituição, consagra o direito das associações sindicais representativas dos trabalhadores, a participarem na elaboração de legislação laboral, embora como será normal a Constituição não define o conceito de legislação do trabalho, no entanto este princípio deve ser entendido, e é entendido pelo legislador, como visando a regulação das relações de trabalho quer individuais quer colectivas, até porque a Constituição considera e integra este princípio nos direitos fundamentais dos trabalhadores, e ainda não faz a descriminação entre trabalhadores da administração publica e os restantes trabalhadores logo, este vincula as entidades publicas e privadas sem excepção como nos é dito pelo artigo 17º, e 18º da Constituição.

Por sua vez;

O n.º 3, do artigo 56.º da Constituição, atribui às associações sindicais e

concretamente aos sindicatos, a competência para o exercício do direito de contratação colectiva, remetendo no entanto para o legislador a delimitação e abrangência se quisermos a definição da amplitude e modelação desses direitos de defesa de interesses que os sindicatos possam ter, na contratação colectiva.

O n.º 4, do artigo 56.º da Constituição, remete para o legislador e

consequentemente para a Lei, que na actualidade é o Código de Trabalho, a definição da legitimidade das associações sindicais para a celebração de convenções colectivas, bem com a eficácia das respectivas normas. O Código do Trabalho define claramente quem tem legitimidade para negociar convenções colectivas, em que termos, qual a eficácia, efeitos, e consequências.

O período imediato ao pós 25 de Abril de 1974, conhecido social e politicamente como período do PREC, foi farto em publicações e entrada em vigor de diversos diplomas na vertente do direito de trabalho antes de aprovada a primeira Constituição em 1976, a evolução e pressões continuas das organizações sindicais de esquerda e dos trabalhadores agrupados ou não na luta político laboral para aquisição de direitos, obrigou os governos a avançar com diversos diplomas legais, alguns deles influenciados e carregados de conceitos políticos esquerdistas, os que mais influenciaram a legislação

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laboral nesse período, não nos podemos esquecer que a Constituição só entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, transcrevendo no seu preâmbulo e como objectivo final “a

abertura do caminho para o socialismo…”,26

a colectivização da sociedade, o que na

nossa opinião influenciou de alguma forma a criação ávida de legislação laboral proteccionista de uma classe explorada ao longo de décadas e cujos os direitos apenas existiam formalmente e não podiam ser exercidos em liberdade.

Numa sequência lógica, remetendo a Constituição para a lei a definição da forma, procedimentos e normas para o exercício desse direito, o legislador cerca de 10 meses após a entrada em vigor da Constituição em 1976, encarregou-se de criar um novo diploma quadro, o Decreto-Lei nº. 49-A/77, que definia todas as normas, a que devia passar a obedecer a Contratação Colectiva.

No entanto quase de imediato e após cinco meses passados sobre a entrada em vigor do diploma acima referido, o legislador entendeu aprovar um novo decreto lei,27 no sentido de interpretar melhor o conteúdo desse decreto lei, tornando-o um pouco mais claro no esclarecimento das normas a que devia obedecer a contratação colectiva, acrescentando-lhe apenas mais dois novos artigos. Transcrevia também o seguinte “

artigo 4.º, n.º 3, - A remuneração mensal efectiva auferida a 31 de Dezembro de 1976 por qualquer trabalhador por conta de outrem não poderá sofrer aumento superior a 15% «a menos que seja imposto por instrumento de regulamentação Colectiva»”, o

que demonstrava a força normativa das CCT face à lei.