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CAPÍTULO 4: ABORDAGEM METODOLÓGICA UTILIZADA

4.4 Os professores

Os professores considerados sujeitos da pesquisa foram aqueles que atenderam aos seguintes critérios: ter assinado o termo de consentimento para participarem da pesquisa; estar atuando em sala de aula, no ano de 2004, com alunos com paralisia cerebral na 7ª série do Ensino Fundamental; ter participado do programa de intervenção até o seu término. Atenderam a essas condições apenas quatro professores, os quais serão aqui denominados de P1, P2, P3 e P4.

x P1

P1 é do sexo masculino, tem 34 anos e é solteiro. Concluiu, em 1991, a Licenciatura em Geografia, pela UFRN. Refere que, durante sua formação acadêmica não obteve informações acerca da educação das pessoas com deficiência. Na ocasião da pesquisa estava cursando uma especialização em Educação, na área de Formação de Educadores para o Ensino Superior, em uma instituição privada de ensino superior da cidade do Natal/RN, com previsão de término em 2005.

Exercia a profissão há 13 anos e trabalhava lecionando a disciplina Geografia em três escolas de Natal/RN (sendo uma privada e as outras duas governamentais – municipal e federal), nos três turnos. Na escola privada (cooperativa), atua no turno matutino, no Ensino Fundamental de 5º a 8º série, três vezes na semana. Na escola municipal, atua durante o período noturno, ministrando aulas para Educação de Jovens e Adultos –EJA (nível III e IV) e no Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET, atua como professor substituto, no Ensino Médio (2º e 3º ano), no turno vespertino.

Dentre os eventos que participou nos últimos cinco anos destaca: o Seminário de Avaliação e Aperfeiçoamento para o Acesso ao Ensino Superior, promovido pela Comissão Permanente do Vestibular – COMPERVE/RN, e o Treinamento sobre Meio Ambiente e Cidadania promovido pelo Ministério Público, ambos em 2003.

Relata já ter tido, anteriormente, experiência em sala de aula regular com aluno com deficiência, especificamente com aluno com deficiência mental - Síndrome de Down, mas não com alunos com paralisia cerebral.

Dentre os temas que gostaria que fossem abordados sobre a educação do aluno com paralisia cerebral no programa de intervenção enfatizou: como agir com esses alunos em sala

de aula; o que é a paralisia cerebral; que problemas esse aluno pode apresentar em relação à sua aprendizagem.

x P2

P2 é do sexo feminino, tem 31 anos de idade e é formada em Licenciatura em História pela UFRN, tendo concluído o seu curso em 1997. Estava cursando, na época, Especialização na área de História do Campo e da Cidade, na mesma instituição que se formou, com término previsto ainda para o ano de 2004.

Não obteve informações, durante sua graduação, sobre a educação de pessoas com deficiência.

Atuando há sete anos como professora, estava lecionando, na ocasião, em duas escolas da cidade do Natal/RN, a disciplina História. Nessa escola privada (cooperativa) ministrava aulas no Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série, no turno matutino e, numa escola municipal, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos durante o período noturno.

Destacou, entre os eventos de que participou nos últimos cinco anos, o Encontro Nacional de Educadores Freinet, em 2001.

Relata já ter tido, anteriormente, experiência em sala de aula regular com aluno com deficiência auditiva e múltipla, porém, essa é a primeira vez que está ensinando a alunos com paralisia cerebral.

Quanto aos temas que gostaria que fossem abordados durante a intervenção enfatiza questões relacionadas ao funcionamento do cérebro e qual a melhor maneira de trabalhar com esse aluno.

x P3

P3 é do sexo feminino, tinha na ocasião 36 anos de idade e concluiu em 1995 a Licenciatura em Letras pela UFRN. Estava cursando uma Especialização em Educação direcionada para Formação de Educadores para o Ensino Superior, em uma instituição privada de Ensino Superior, da cidade do Natal/RN, com previsão de término para 2005.

Salientou que, durante sua graduação, não recebeu informações sobre a educação de pessoas com deficiência.

Exercendo a profissão como docente há 9 anos, atua em três escolas em Natal/RN, ministrando a disciplina de Língua Inglesa. Na escola particular (cooperativa), ensina a alunos

do Ensino Fundamental, de 5ª a 8ª série, durante o período matutino. Na escola estadual, atua no Ensino Médio, no 2º e 3º ano, também no turno matutino e, numa escola municipal, ensina tanto na modalidade de Ensino Fundamental, como na Educação de Jovens e Adultos, nos turnos vespertino e noturno.

Situou alguns cursos dos quais participou, percebendo-os nos últimos cinco anos como relevantes para o exercício da profissão, tais como: curso de Atualização sobre Políticas Educacionais / SUESP 12 anos do processo de inclusão, promovido pela Subcoordenadoria de Educação Especial do Estado do Rio Grande do Norte, em 2002; Curso de Capacitação para Formadores do Ensino Fundamental II (2003); Programa de Formação Continuada – Parâmetros Curriculares em Ação (abril de 2001 a dezembro de 2003) e Curso de Formação Continuada - Educação de Jovens e Adultos (fevereiro de 2004).

Relatou já ter tido, anteriormente, experiência em sala de aula regular com alunos com deficiências mental, física e com alunos autista. Não se lembrava de ter ensinado a alunos com paralisia cerebral.

Dentre os temas que gostaria que fossem abordados, durante a intervenção a ser empreendida, apontou, particularmente, para aqueles relacionados aos materiais de apoio pedagógico para trabalhar com esse aluno, para os que pudessem orientá-lo a como a ajudá-lo a escrever melhor, e também a temas relacionados à própria paralisia cerebral.

x P4

P4 é do sexo feminino, tem 31 anos de idade e também era licenciada em Letras pela UFRN, tendo concluído seu curso em 2001. Não possui pós-graduação. Formada há três anos, estava trabalhando em duas escolas, na cidade do Natal/RN, sendo responsável pela disciplina de Língua Portuguesa. Atuava em uma escola privada (cooperativa) ministrando aulas a alunos do Ensino Fundamental, de 5ª a 8ª série, no turno matutino e numa escola estadual, também do Ensino Fundamental, em turmas de 5ª a 8ª série, no turno vespertino.

Situou que, na sua formação acadêmica, não houve qualquer disciplina que discutisse a questão da educação de pessoas com deficiência.

Interrogada a respeito dos eventos de que participou, nos últimos cinco anos, ressaltou a sua participação em Oficinas de Teatro e Conto Popular para professores, realizadas no Centro de Formação e Pesquisa Teatral, em Natal/RN, em 1999 e 2000.

Relatou que, atuando há dez anos como professora, nunca teve experiência em sala de aula regular com alunos com deficiência e que aquela era a primeira vez que ia lidar com esse tipo de aluno.

Destaca que gostaria de ter o máximo de informações que fosse possível sobre esse tipo de deficiência e sobre como ensinar a esses alunos, durante a nossa intervenção na escola. Em síntese podemos dizer que dos 4 professores que participaram do estudo, conforme situamos acima, três eram do sexo feminino (P2, P3 e P4) e apenas um do sexo masculino (P1). A faixa etária do grupo encontrava-se situada entre 31 e 36 anos. Com relação à formação profissional, todos possuíam curso superior, realizado em instituições públicas, havendo predomínio da formação em Letras. Um dado relevante é que nenhum dos professores participantes da pesquisa referiu ter tido, em sua formação inicial, informações sobre a educação de pessoas com deficiência, embora 3 dos docentes tenham concluído seus estudos, em nível de graduação, após 1994, ocasião em que foi publicada a Portaria 1.793/94, que recomenda a inclusão de disciplinas que abordem questões inerentes a educação de pessoas com necessidades especiais nos cursos de graduação.

Três professores (P1, P2 e P3) encontravam-se realizando Pós-Graduação lato sensu, sendo que a especialização de P2 estava prevista para ser concluída durante o ano da intervenção (2004) e a de P1 e P3 no ano de 2005.

No que se refere ao exercício profissional, os dados revelam que o tempo de atuação dos mesmos, como professor, variava de 7 a 13 anos, evidenciando experiência em docência, e que a maioria dos professores trabalhavam em mais de uma escola, atuando em modalidades de ensino e em turnos diferentes, o que representava, muitas vezes, uma sobrecarga de trabalho. Apenas um dos professores, P3, relatou nos últimos cinco anos a participação num curso local de avaliação relacionado à questão do processo de inclusão escolar, além disso - apesar da maioria dos professores (P1, P2 e P3) ter referido experiência anterior com alunos com deficiência em sala de aula regular - nenhum deles ensinou a alunos com paralisia cerebral, o que justifica as sugestões dos temas que foram dadas pelos mesmos, enfocando esclarecimentos de ordem geral sobre a paralisia cerebral e sobre a educação, propriamente dita, junto a esses educandos.

Ressaltamos que, além desses quatro professores, participaram do programa de intervenção mais 6 outros sujeitos, sendo 5 professores (2 atuantes na Educação Infantil e 3 no Ensino Fundamental) e 1 coordenador pedagógico, responsável pela Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Tal fato ocorreu em função do programa de intervenção ter sido direcionado à escola como um todo e não apenas aos professores que lecionavam a alunos

com paralisia cerebral, de modo que poderia participar qualquer membro da equipe pedagógica. Essa abertura se deve ao fato de acreditarmos que a socialização das informações acerca do atendimento educacional do aluno com paralisia cerebral, por parte do pesquisador, e as discussões e reflexões em torno da prática pedagógica junto a esses educandos poderiam beneficiar a todos os membros da equipe pedagógica.

No entanto, para fins de coleta e análise dos dados para avaliação do programa de intervenção foram considerados apenas os quatro professores citados anteriormente, que atenderam aos critérios previamente estabelecidos.