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102 os representantes das organizações Foi apresentado calendário de planejamento de

atividades da SME e suas prioridades. Foi a partir daí que o Projeto TAMAR e a ONG ASSU passaram a ampliar seu trabalho junto à SME.

Durante Oficina sobre Educação Ambiental, conduzida pela presente autora e a equipe da Secretaria Municipal de Educação, realizada no II Ciclo de Palestras da Semana de Meio Ambiente de Ubatuba em 10 de junho de 2006, os professores levantaram (tempestade de idéias) as práticas de EA já desenvolvidas. São elas: Horta; Pomar; Arborização, Conservação e economia de energia; Água: Despoluição do Rio, uso racional, gincana, reaproveitamento da água da chuva para limpeza; Higiene pessoal; Lixo: coleta seletiva, reciclagem, arte com sucata, instrumentos musicais com sucata; Conscientização da comunidade; Cidadania; Dramatização; Eventos culturais; Atividades extra classe (visitação, saídas, dança, artesanato, etc.), Alimentação: hábitos, cozinha infantil, nutrição; Saúde bucal.

Alguns supervisores, por sua vez, durante suas respectivas entrevistas, também destacaram os projetos de EA realizados pelas escolas que assessoram, bem como relataram as principais dificuldades na realização da EA em seus pontos de vista. Apresentamos abaixo um resumo de algumas de suas falas:

A EM Iberê, na Picinguaba, a Cati (diretora) faz o projeto ‘Aprendendo com a Natureza’ e agora desenvolve o projeto sobre Memória e Cultura de Ubatuba. Na EM Camburí, que é vinculada a EM Iberê, há uma ong que desenvolve um projeto com bambu, incluindo a comunidade. Na EM

Altimira tem o projeto da Horta. Eles até entraram no projeto da Nestlé em

2005 sobre alimentação saudável e de fácil acesso; teve também o projeto da árvore, em parceria com a Elektro, e projeto do Tamar com os deficientes, com a preservação dos animais marinhos. Lá também teve o projeto Agenda 21 das escolas, que foi financiado pelo FEHIDRO. Na EM

Semíramis, estão com um projeto sobre Memória e Cultura de Ubatuba, um

projeto da EJA que foi adotado por toda a Rede Municipal de Ensino. Eles estão levando os alunos pra visitar os pontos turísticos, querendo levar as crianças mais em contato com a natureza...eles estão caminhando...tentando uma parceria com o condomínio Pedra Verde. A EM

Mário Covas está trabalhando memória e cultura de Ubatuba, a história de

Ubatuba, migração, estrada BR, mostraram que os alunos estão conhecendo bem a história...isso é educação ambiental. Na EJA desta escola, a questão principal é com relação a alfabetização. Então os professores acabam focando nisso, acham que eles tem que alfabetizar....Só que os professores em geral não sabem utilizar a educação ambiental para alfabetizar. (MATSUOKA, comunicação pessoal, 2007)

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A EMEF Honor Figueira trouxe muitos trabalhos durante a Semana do meio ambiente, estão trabalhando sobre o quilombo do Camburi e também utilizam o espaço bonito da Itamanbuca. A diretora atual diz que a escola anda sozinha e nem precisaria dela, porque é uma escola organizada, os professores caminham juntos, se ajudam, talvez não façam mais, porque muitos são de Paraty, eles trabalham apenas no tempo da escola e não se envolvem a mais, quando o professor é daqui pensa mais na nossa realidade. A EMEF Silvino dá trabalho na relação entre eles e com a supervisão, na verdade é de comunicação. Não vejo a interdisciplinaridade, não há projetos comuns entre os professores. Cada uma faz o seu. A EMEF

Maria da Cruz Barreto montou uma sala de brinquedo (tipo casa do

brinquedo) e um parquinho, tudo com dinheiro da APM e de parceiros. A horta ainda não vi, mas sei que está linda. A diretora fez um filme para os pais e mães. Lá na EMEF do Araribá a gente vê que a cara da escola é outra, percebe-se a mudança do diretor, poucas mudanças dos professores. A EMEF Maestro Pedrinho é uma nova escola. Eles fazem trabalhos de educação ambiental, pela banda escolata com reciclagem, com as crianças de lá que são muito carentes (só tem alimentação na escola). Lá tem uma vice diretora que é super atuante. Eles estavam trabalhando sobre a água também. A sala multiseriada da EMEF do Monte Valério ouve um começo de projeto, queríamos fazer algo tipo bosque do saber. Nós temos um super potencial, as escolas poderiam utilizar o espaço lá, fazer trilha, com sinalização. A professora de lá não usa muito este espaço, não explora esse lado. Parece que as pessoas que vivem perto não têm interesse, é corriqueiro (LEITE46, comunicação pessoal, 2007)

Na EMEF do Poruba, que tem um potencial enorme, trabalha com a educação ambiental (poderia desenvolver mais, contudo os professores de lá são muito flutuantes). O que acontece é que os projetos não têm continuidade. A professora de ciências está trabalhando a questão do rio. Os alunos têm uma postura de matar passarinho, me surpreendi com isso, então os professores estão trabalhando para melhorar isso. Eles precisam de continuidade, meta. Na EMEF Olga Gil tem uma questão muito forte, por conta de alguns professores que são caiçaras, eles trabalham bem legal com a cultura caiçara. Levam os alunos ao centro, explicam... Na EMEF

Anchieta eles levam tb a questão ambiental, mas falta continuidade. Agora

eles estão passando por um processo bem legal, revendo o Projeto político- pedagógico, que era antigo e, sobretudo pelo empenho dos professores, eles estão fazendo isso e com um potencial bem grande. Na EMEF

Tancredo (de 5ª a 8ª série) eles estão usando a internet para trabalhar a

educação ambiental, no projeto Plantando lixeiras, mas não há um envolvimento de todos. O professor de português vai até para os Estados Unidos, por conta desse projeto. Existe uma página na internet, formando uma rede, chama-se thing.com, conectando as escolas, é bem legal (COMITTE, comunicação pessoal, 2006).

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As escolas onde existe EJA trabalham a questão ambiental, não tão à campo, porque a EJA é mais complicado, eles tem uma certa resistência em sair, mas mesmo assim vale ressaltar que uma professora na EM Madre Glória elaborou um canteiro de ervas medicinais, que não estava no jardim, e ela fez no corredor nos vasinhos, e hoje foi pro jardim, que já estão grandes. Isso foi uma coisa que vi presente no EJA. Outros trabalham projetos, mas ir à campo, lançar a ea é muito difícil. A partir do momento que tivemos a preocupação com o tema gerador Ubatuba, aí já começava a preocupação com as questões ambientais, já mais direcionados para isso. Eles tem essa preocupação, procuram trabalhar estas questões. Achei bem interessante o trabalho de uma professora da EMEF do sertão do Perequê- mirim, ela desenvolveu o senso crítico dos alunos, eles não ficam somente na escola. O ano passado ela trouxe eles para assistir uma sessão de Câmara. Isso é cidadania. A gente está tentando fazer a diferença, como cidadão. Existem estes trabalhos e a gente tem a preocupação de estender esse trabalho para todos, mas a maioria trabalha o dia todo e não só fora de casa, porque muitas mulheres passam o dia na labuta da casa, do dia-a-dia, cuidar dos filhos, então precisam de um trabalho diferenciado no EJA. Aprender com prazer, pra não ficar pesado. A gente tem essa preocupação de fazer um trabalho diferenciado para jovens e adultos (SALETE47, comunicação pessoal, 2007).

Dos relatos acima, alguns pontos são relevantes para se refletir, iniciando-se pelos projetos. O trabalho sobre memória e cultura de Ubatuba, que será mais detalhado a frente neste capítulo, constituiu-se tema da SME de 2008, motivo pelo qual estes projetos foram citados.

Um trabalho relevante de EA desenvolvido na EMEF Iberê Ananias, na Picinguaba, foi o projeto ‘Aprendendo com a Natureza, Aprendendo com a Comunidade’, atividade voltada ao resgate da cultura caiçara, onde temas ambientais são relacionados ao conhecimento dos alunos e das comunidades.

Nesse processo, ampliam-se as oportunidades de aprendizado, conhecendo e reconstruindo o universo da cultura caiçara através de entrevistas com moradores, aulas de artesanato, estudo do meio com destaque para o manguezal. Os professores em processo contínuo de capacitação assistem a palestras com profissionais das seguintes áreas: biologia, pedagogia, psicologia, fonoaudiologia, agronomia, entre outros, e analisam o bairro e os costumes da comunidade, conhecendo casas de farinha, obtendo relatos de vida dos moradores mais antigos (Assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Ubatuba, 27/10/2005).

Os projetos de horta serão mencionados no capítulo 6, contudo vale a pena destacar que em muitas escolas é recorrente a associação do desenvolvimento da EA com a horta, propiciando trabalho sobre alimentação dos alunos.

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