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CAPÍTULO II O TRABALHO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA PNAS:

2.3. Os Serviços Socioeducativos e o Trabalho Social no SUAS

Esta reflexão pauta-se na problematização das contribuições do trabalho profissional dos assistentes sociais inseridos nos serviços socioeducativos do PAIF. O viés aqui adotado é o do fortalecimento, do estímulo e da consolidação de processos participativos dos demandantes da assistência social nos espaços decisórios das políticas públicas e na sociedade na qual fazem parte. Essa abordagem pressupõe, necessariamente, pensar sobre a caracterização da Política Nacional de Assistência Social de 2004 acerca das ações socioeducativas desenvolvidas nos CRAS e, ainda, sobre as metodologias utilizadas no trabalho social com as famílias deste equipamento social.

No período que abrange os anos de 1990 e 2000, presenciou-se a retomada da discussão sobre trabalho profissional no âmbito das políticas públicas. Assistiu-se,

também, ao retorno do debate sobre as medidas socioeducativas, em razão do advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Propôs-se, nessa legislação, que a população com menos de 18 anos que cometesse atos infracionais participasse de medidas socioeducativas como porta de saída e de regresso do adolescente à família e à sociedade. A permanência do caráter punitivo e excludente nestas medidas impulsionou exigências por propostas para os serviços socioeducativos, com o intuito de superar a noção de que é possível realizar o trabalho social sem esclarecer e definir intencionalidades e objetivos (MDS, 2009a).

A Política Nacional de Assistência Social se debruça nessa reflexão, propondo serviços socioeducativos que tenham a ver com liberdade e cidadania, entendida como: “estado pleno de autonomia [...] saber escolher, poder escolher e efetivar as escolhas [...] num trabalho permanente de criação, recriação, de invenção e reinvenção de instituições através das quais se exerce a autonomia”. (MDS, 2009a apud OLIVEIRA, 1999, p. 42). Na tentativa de assegurar serviços socioassistenciais de qualidade, a política de assistência social de 2004 assentam em suas linhas, por meio das seguranças de convívio ou vivência familiar e de acolhida, o desenvolvimento de ações socioeducativas, veja-se:

Segurança de convívio ou vivência familiar: através de ações, cuidados e serviços que restabeleçam vínculos pessoais, familiares, de vizinhança, de segmento social, mediante a oferta de experiências socioeducativas, lúdicas, socioculturais, desenvolvidas em rede de núcleos socioeducativos e de convivência para os diversos ciclos de vida, suas características e necessidades. Segurança de acolhida: através de ações, cuidados, serviços e projetos operados em rede com unidade de porta de entrada destinada a proteger e recuperar as situações de abandono e isolamento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, restaurando sua autonomia, capacidade de convívio e protagonismo mediante a oferta de condições materiais de abrigo, repouso, alimentação, higienização, vestuário e aquisições pessoais desenvolvidas através de acesso às ações socioeducativas. (MDS, 2004a, p. 38).

O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por meio das concepções e fundamentos do ProJovem Adolescente (PJA), resgatou o termo “socioeducativo”, auferindo-lhe nova significação ancorada no entendimento e no contexto hodierno de definições e exercícios de direitos, de liberdade e de autonomia. Para tanto, o documento cotejou o estabelecimento de mediações para compreensão e

para o desvelamento das múltiplas expressões das questões sociais trazidas pelos usuários das políticas públicas.

Buscou-se a superação da visão reducionista da cidadania difundida no país, restrita aos cumprimentos de deveres - votar, pagar impostos, respeitar as leis, dentre outros. Embora a perspectiva de direitos tenha sido transformada, é cotidiano ao CRAS que os demandantes da política de assistência social busquem nele um atendimento pautado na ideia de que os direitos são concessões. A definição de cidadania presente na constituição do ProJovem vai de encontro àquela compartilhada por muitos usuários, vez que entende que: “cidadania não é presente, dádiva; é construção, conquista a partir da nossa capacidade de organização, participação” diante das contradições societárias. (MDS, 2009a, p.41).

Dessa forma, ao referir-se aos serviços socioeducativos ofertados pela PNAS/2004, faz-se indispensável o esclarecimento de que sua direção aponta para o despertar da capacidade analítica e crítica dos usuários, incentivando a sua participação na vida pública da sociedade. Trata-se de abrir caminhos para autonomia e liberdade, onde os indivíduos e famílias não apenas compreendam o processo, mas também se sintam parte dele. A construção de um novo olhar supõe a desconstrução do entendimento e das explicações que os sujeitos de direitos formulam e aceitam em sua vida real, uma postura exemplificada pela a naturalização de sua condição de pobreza. A finalidade socioeducativa prevista nos fundamentos e concepções do PJA concerne à criação de situações de aprendizagens capazes de ampliar a participação e multiplicar as possibilidades de convivência dos usuários.

Os serviços socioeducativos da assistência social brasileira, no âmbito da proteção social básica, passam a ter caráter proativo, ao se apostar e ao se investir na prevenção, e ao se exigir novas categorias teóricas e metodológicas no trabalho social com famílias desenvolvido nos CRAS. A partir disto, as ações socioeducativas destes equipamentos sociais passam a requerer intencionalidade política, clareza teórica- metodológica, debate e formação:

O socioeducativo assume, conceitualmente, uma nova dimensão, pautada no planejamento e desenvolvimento de atividades que sejam libertadoras dos potenciais criativos dos usuários, incentivando a independência, recuperando a autoestima, a capacidade transformadora, a discussão das possibilidades de

inserção no mundo do trabalho, que tem o conhecimento produzido pela humanidade como mediação fundamental, articulado à riqueza dos saberes advindos da experiência individual e coletiva. (MDS, 2009a, p. 47).

Um duplo desafio apresenta-se na formulação e no desenvolvimento da nova dimensão das ações socioeducativas: a produção de um saber que seja reconhecido e valorizado pelos próprios demandatários dos serviços e a fomentação da atuação dos usuários nos espaços públicos. Um desfecho profícuo para o primeiro está na construção de um saber prático que resultasse da colaboração entre os profissionais da assistência social e os seus demandantes, de um conhecimento alicerçado em intervenções capazes de gerar mudanças na coletividade. Os aprendizados advindos das ações socioeducativas podem ampliar os conhecimentos práticos dos usuários, essencialmente os saberes necessários à pesquisa e acesso a informações em sentido amplo. Para tanto, as escolhas dos sujeitos precisam ser vistas como um campo de compartilhamento de responsabilidades com os profissionais, a fim de configurar práticas socioeducativas passíveis de contribuir para que os usuários realizem suas próprias escolhas (MDS, 2009a).

A problemática da participação dos sujeitos de direitos nos espaços públicos consiste no segundo desafio aos serviços socioeducativos desenvolvidos nos Centros de Referência de Assistência Social. Na perspectiva socioeducativa, é desejável ampliar a circulação dos cidadãos pela cidade, promovendo maior interação entre os grupos, maior acesso e maior usufruto de direitos culturais. Para que isto aconteça, é preciso que os gestores municipais desta política pública criem condições concretas para fortalecer e ampliar o campo de aprendizados na comunidade na direção da autonomia, liberdade e emancipação (MDS, 2009a).

O assistente social inserido nos CRAS deve, dessa maneira, trabalhar em uma perspectiva socioeducativa que tenha como horizonte a liberdade e não, a punição significa oferecer serviços que respondam a necessidades e interesses reais objetivos e subjetivos, manifestados pelos usuários em debates coletivos e individuais. É necessário conduzir o indivíduo, cujo tratamento ofertado pela assistência social foi historicamente, pautado em ações disciplinadoras e na adequação à ordem estabelecida, para a emersão do sujeito cidadão, capaz de ser protagonista não só das

políticas públicas e da comunidade a qual pertence, mas também dos espaços de decisões diversos da sociedade em que vivem. Nessa perspectiva, oferecer serviços públicos de caráter socioeducativo significa:

(1) Desvelamento da demanda e desejos dos usuários, criando e fortalecendo o corredor de confiança entre eles e o serviço socioeducativo; (ii) Utilização de métodos e técnicas participativas que contribuam para a construção coletiva de conhecimentos e ações; (2) Aproximação aos arranjos familiares constituídos, construindo e negociando canais efetivos de participação da família nos espaços públicos; (3) Incentivo à participação ativa dos usuários nas relações comunitárias nos diferentes territórios onde tecem relações cotidianas e em novos territórios nos quais possam experimentar novas inserções e apropriações; (4) Desenvolvimento de atividades culturais que viabilizem o exercício da criação e da produção cultural; (5) Desenvolvimento de atividades de lazer que proporcionem a integração grupal e os valores da cooperação solidária. (MDS, 2009a, pp. 47-48).

O trabalho socioeducativo encontra-se dotado da contradição de poder ser constituído como um meio tanto de dominação quanto de emancipação, sendo capaz de ser, de um lado, uma ferramenta de controle e, de outro lado, um instrumento de libertação. É fundamental, portanto, que os profissionais busquem a compreensão da realidade social e que sejam capazes de elaborar ações que fortaleçam a participação da população nos espaços de decisão da sociedade. Isto não ocorrerá sem uma conscientização das mudanças sofridas na configuração das famílias: metodologias para o trabalho social desenvolvido nos serviços socioeducativos dos CRAS que desconsiderem essas transformações, não serão capazes de estimular o protagonismo dos usuários da assistência social.

Nas últimas décadas do século XX, o mundo esteve diante de inúmeros confrontos que propalaram transformações societárias e inéditas manifestações da questão social. As maiores expressões deste processo se caracterizavam nas substanciais mudanças na sociedade salarial e no mundo do trabalho, tais como a flexibilização, terceirização e precarização do trabalho. O Brasil da primeira metade do século XXI sofreu forte influência do movimento mais amplo do processo de reestruturação do capital globalizado. Análises realizadas tanto pelos mecanismos internacionais como por especialistas21, informam que as metamorfoses ocorridas no

mundo do trabalho subalternizam-no à ordem do mercado. Presenciou-se o desmonte dos direitos sociais que colocaram para a questão social novas configurações, com destaque para a insegurança e a vulnerabilidade do trabalho. Tais mudanças acabam por aumentar a pobreza, as desigualdades sociais e o sucateamento de espaços que contribuem à efetivação do protagonismo da população por todo o mundo (WANDERLEY, 2008).

As instituições sociais são, ao certo, impactadas por essas transformações sociais. Diante disso, torna-se essencial entender que falar de família nessa conjuntura significa referir-se aos impactos societários que nelas incidem, resultando na redefinição de laços e criação de novos arranjos familiares, a exemplo. Do ponto de vista da implementação de políticas públicas, é imperativo também que se construam metodologias de trabalho social com possibilidades “de aproximações com estas famílias contemporâneas e, que ao mesmo tempo, possibilitem reduzir suas vulnerabilidades e fortalecer suas potências”. (WANDERLEY, 2008, p.12).

A análise de conjuntura faz-se basilar, já que os problemas da prática do mundo real não se apresentam aos trabalhadores como estruturas bem delineadas. Resguardam características de complexidade, incerteza, instabilidade, singularidade e conflito de valores. Por essa razão, a realidade social resiste em ser enquadrada em esquemas preestabelecidos e, portanto exige potente capacidade analítica sobre a conjuntura política, econômica, cultural e social. Nesse sentido, Couto (2004, p. 50) refere que:

A discussão sobre os interesses diversos da sociedade é fundamental. Não é possível pensar no trabalho social na lógica da garantia do atendimento às necessidades sociais da população em geral sem pensar-se efetivamente no campo da discussão de projeto de sociedade política que tem-se e sem pensar- se na democracia, embora seja importante ter claro que o sistema democrático pode ser extremamente funcional ao capitalismo.

Partindo do pressuposto da assistência social como campo de disputa política, torna-se imperioso que os desafios impostos ao trabalho social, a partir do início do século XXI, não podem ser enfrentados desconsiderando a Constituição e sua outorgarão para que a seguridade social fosse assegurada como um sistema de

proteção social. Pela primeira vez na história política brasileira, o campo não contributivo se destacou e acabou por assegurar diversas conquistas históricas no terreno dos direitos sociais. A realidade atual da formação profissional dos trabalhados sociais tem se demonstrado fragilizada pelas armadilhas impostas pela sociedade do consumo. Estariam as universidades a garantir instrumentos satisfatórios para o “agir social competente”?

O questionamento da qualidade e dos vieses presentes na formação dos trabalhadores sociais é polêmico. Diante das insatisfações no que se refere à baixa competência dos trabalhadores sociais em mover processos que promovam mudanças substantivas, emancipação e participação. Se o trabalho social se apresenta como sendo, conservador, repetitivo, burocrático, pragmático, imobilista, impotente, as práticas absolutamente funcionais ao sistema capitalista fizeram-se presentes nas instituições de formação profissional.

A definição do que trabalho social pode presentar só se realiza a partir de uma apreensão do contexto histórico em que este se constitui. Desta forma, é fundamental a consideração de que a tutela, o clientelismo, o paternalismo e o patrimonialismo são características que acompanham persistentemente a trajetória das políticas públicas brasileiras, incidindo, ao certo no campo de atuação dos trabalhadores sociais. Estas práticas se reapresentam, e nem o processo de redemocratização experimentado pelo país fez frente ao reiterado conservadorismo no trabalho social.

Como uma característica marcante da sociedade brasileira, esses elementos acabam por fundar a compreensão de que a população mais pobre do país não possui condições de protagonismo, pois suas enormes fragilidades inviabilizariam sua autonomia. O clientelismo, o paternalismo, o patrimonialismo e a tutela restringem o trabalho social a uma perspectiva de adequação desses sujeitos aos parcos recursos que são empregados nas políticas sociais. Existe uma dupla finalidade para isto: a de extirpar do sujeito seu protagonismo, deslegitimando suas falas e seus argumentos e a de reduzir o trabalho profissional à dimensão da caridade. Ser caridoso, entender as demandas da população carente e fazer com que os pobres compreendam que o Estado não tem condições de atender a todas as suas demandas passam a ser funções a serem exercidas no cotidiano institucional.

A ideologia tutelar é aquela que banaliza as capacidades dos desiguais, os seus atos de reflexão, o seu transitar com autonomia, e o seu exercício de liberdades. A tutela será sempre resultante do assistencialismo, do apadrinhamento e do clientelismo. O pensamento tutelar está enraizado no fazer público. Está presente nas políticas, programas e serviços de assistência social, educação, saúde, combate à pobreza. A tutela está presente não apenas nas doações em espécie, mas, sobretudo, no acesso aos serviços e na oferta de oportunidades.

Dar-se-á revelo, aqui, a dois mecanismos de combate à cultura da tutela, eminentemente refratária na história das políticas públicas do país, a saber: ao fim da hierarquização de saberes, em que impera o discurso do trabalhador social sobre o saber do usuário, e à reflexão sobre a ética do trabalho social. Supereminente a qualquer discussão acerca do trabalho social está seu significado ético, de realimentação do sentido mesmo da ação que se quer pública, tornando-se fundamental discutir o aspecto da politização. A partir daí, é que se deve buscar a promoção do protagonismo necessário aos usuários da assistência social, “pois o campo político é o da realização coletiva” (COUTO, 2004, p. 50). É por meio dela que se constroem estratégias coletivas: ela “é o campo por excelência da coletivização das estratégias” (Id., 2004, p. 50). Deriva-se disso a imprescindibilidade de se ter clareza do projeto político com o qual se trabalha.

Defende-se aqui um fazer ético comprometido com a defesa intransigente da população demandante da política da assistência social na direção do fortalecimento de seu protagonismo nos espaços decisórios da sociedade. Isso requer a afirmação de que:

O sentido da presença, de acolher os usuários como estão; reconhecer e valorizar aquilo que podem; o que já sabem e as escolhas que querem fazer. E, sobretudo, acreditar que eles podem ser mais, que a convivência entre iguais e diferentes pode expandir o sentido da sua existência para além de estigmas e qualquer outra forma de aprisionamento, seja ele material, relacional ou afetivo. Explicita-se uma ética que valoriza as potências para agir e criar coletivamente. (MDS, 2009a, p. 44).

A outra ferramenta de combate à cultura da tutela consubstancia-se na necessidade de que os trabalhadores sociais se conscientizem de que o saber deles

não é maior que o saber da família ou do indivíduo, sendo, apenas, um saber diferente. Partindo desse pressuposto, os profissionais inseridos nos serviços socioeducativos dos CRAS terão maiores possibilidades de implementar ações que resultem no alargamento dos espaços decisórios dos usuários da assistência social do país, rumo à expansão dos direitos socais.

O valor desta concepção está em não criar hierarquias que se desdobrem em opressões - originadas pelos trabalhadores e sofridas pelos usuários. Não se pode prescindir da valorização dos saberes não formalizados, dos conhecimentos adquiridos na trajetória de vida de cada sujeito. Isso possibilita o estímulo ao reconhecimento de “presenças”, desconstruindo a ideia tão propagada de que os demandantes da assistência social apenas possuem “ausências”.

Diante do exposto, acredita-se que a metodologia do trabalho social trata-se de potente instrumento de estímulo à consolidação da cultura de direitos nos serviços socioeducativos dos CRAS, por intermédio de ações profissionais que possibilitem o fortalecimento do protagonismo dos usuários da política de assistência social brasileira. O desenho metodológico do trabalho social deve estar, por essa razão, fundamentado em princípios, nas diretrizes e nas estratégias que garantem direção política emancipadora à ação:

Definir uma metodologia de intervenção significa exercer a difícil arte de transformar os pressupostos teóricos escolhidos em diretrizes operacionais e detalhar processo e técnicas de abordagem no seio das relações sociais que se pretende alterar. Significa também fazer o caminho inverso, a partir da experimentação, ao colocar em prática esse modelo criado. A prática pode levar à reformulação de princípios e diretrizes. (WANDERLEY, 2008, p.13).

A transformação da população em sujeito político, nas sociedades regidas pelo ideário neoliberal, não é imediata à formulação de aparatos legais que constituem direitos, mas que dependem de pragmatismo para serem concretizados. O elemento jurídico prescreve o exercício de direitos, a realidade democrática possibilita a construção de alternativas imprescindíveis ao progresso desses mesmos direitos. São nessas vicissitudes que devem ser focalizados o trabalho social e suas metodologias de

caráter emancipatório, pois, a política de assistência social se materializa exatamente por intermédio dos serviços socioassistenciais.

O trabalho social, vislumbrado e assegurado pela política de assistência social do ano de 2004, foi ao encontro dos interesses construídos no processo de redemocratização do país, principalmente no que concerne a práticas fortalecedoras de mecanismos eficazes para a consolidação da participação protagônica da população. Assim, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS, 2012a, p.12) assentou, em suas linhas, que:

O trabalho social com famílias, no âmbito do PAIF é definido enquanto: conjunto de procedimentos efetuados a partir de pressupostos éticos, conhecimento teórico-metodológico e técnico-operativo, com a finalidade de contribuir para a convivência, reconhecimento de direitos e possibilidades de intervenção na vida social de um conjunto de pessoas, unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade – que se constitui em um espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, com o objetivo de proteger seus direitos, apoiá-las no desempenho da sua função de proteção e socialização de seus membros, bem como assegurar o convívio familiar e comunitário, a partir do reconhecimento do papel do Estado na proteção às famílias e aos seus membros mais vulneráveis. Tal objetivo materializa-se a partir do desenvolvimento de ações de caráter “preventivo, protetivo e proativo”, reconhecendo as famílias e seus membros como sujeitos de direitos e tendo por foco as potencialidades e vulnerabilidades presentes no seu território de vivência.

O desenho metodológico a se realizar no trabalho social deve estar alicerçado nas diretrizes políticas da assistência social e nas estratégias maiores que viabilizem direção política à ação. As metodologias afirmam intencionalidades, direcionam a escolha de processos, conteúdos e estratégias de ação, possibilitando, inclusive que possam ser monitorados em seu desempenho e nos resultados que pretende obter

(WANDERLEY, 2008).

Os métodos devem impulsionar os usuários ao reconhecimento de sua cidadania, e, como tais, ao pertencimento do mundo, com condições de entendê-lo e de