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CAPÍTULO 1 CAMINHO METODOLÓGICO ADOTADO

1.2 O contexto da pesquisa

1.2.5 Os sujeitos da enunciação

Após o primeiro contato com a instituição, que teve por objetivo a explicação de como se daria o estudo, conhecemos todas as professoras (em horários diferenciados,

adequados à rotina de cada CMEI) e apresentamos a proposta do trabalho que seria desenvolvido.

Explicitamos que o critério de escolha para a participação na entrevista se daria a partir das informações colhidas com o questionário e entregamos o questionário a todas as professoras (ficha do perfil profissional - ver em Apêndice I).

Sendo assim, após o recolhimento dos questionários de todas as instituições – reforçando que em algumas instituições não obtivemos todos os questionários de volta – traçamos o perfil profissional das professoras a fim de facilitar nossos critérios de escolha dos doze sujeitos da enunciação.

A partir das informações dos questionários elaboramos um quadro que ilustra a realidade das instituições campo de pesquisa no que tange à quantidade de professoras atuantes, ao vínculo empregatício de cada uma delas, e ao tempo de atuação na Educação Infantil.

QUADRO Nº 4 - LEVANTAMENTO DAS PROFESSORAS QUE ATUAM NOS CMEI’s SELECIONADOS E QUE RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO

INSTITUIÇÃO QUANTIDADE DE PROFESSORAS

VÍNCULO TEMPO MÉDIO DE

ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL A 07 Contratadas – 06 11 anos Efetivas – 01 B 04 Contratadas – 04 10 anos Efetivas – 0 C 04 Contratadas – 01 8 anos Efetivas – 03 D 06 Contratadas – 04 6 anos Efetivas – 02 E 03 Contratadas – 02 7 anos Efetivas – 01 F 10 Contratadas - 07 6 anos Efetivas – 03

Diante do exposto no quadro acima (Nº 4), podemos perceber que atualmente o município de Caruaru conta com um número elevado de professores contratados em relação ao quantitativo de professores efetivos. Das 34 professoras que responderam ao nosso questionário, 24 são contratadas e apenas 10 efetivas. Caso especial ocorre no CMEI “B” onde não há nenhuma professora com vínculo efetivo.

O primeiro ponto que queremos chamar atenção com relação às informações obtidas a partir dos questionários é que não há atualmente na rede municipal de ensino professoras atuando nos berçários (crianças a partir de quatro meses). Nossa intenção inicial era contemplar toda a Educação Infantil, ou seja, elencando professoras desde o berçário até a turma de pré – II (envolvendo assim crianças de zero a cinco anos).

Porém, a realidade por nós encontrada não nos deu a possibilidade de tal empreendimento, portanto, a presente investigação terá como sujeitos da enunciação professoras que atuam com crianças a partir dos dois anos de idade (turma de berçário – I).

Outro dado que vale salientar é que muitas das instituições do nosso campo empírico possuem um número pequeno de professoras. Essa questão pode ser justificada pelo fato de algumas professoras atuarem em período integral com as crianças, ou até em turmas diferentes (uma faixa etária no horário da manhã e outra no horário da tarde).

Entendemos que essa realidade traz para o espaço da Educação Infantil um aspecto positivo, principalmente quando falamos da faixa etária de zero a três anos, na medida em que as crianças têm a possibilidade de criar um elo afetivo, de confiança e parceria com a professora, assim como dá a oportunidade para a professora desenvolver um trabalho com maior mobilidade e tranquilidade em relação aos horários, pois tem o período integral para a realização das atividades planejadas.

É interessante notar, também, que a partir desse levantamento pudemos identificar que algumas professoras estão na instituição desde a sua fundação e que, por isso, já trabalharam com crianças de todas as idades atendidas pelo CMEI.

Essa questão se refere à nossa segunda unidade de registro que são as instituições as quais estão vinculados nossos sujeitos da enunciação, então, a permanência das professoras no CMEI revela a condição e o lugar de produção de seu discurso.

Tal como nos coloca Fischer (2012, p. 83) é necessária a indagação “sobre o ‘lugar de onde fala’, o lugar especifico no interior de uma dada instituição, a fonte de discurso daquele falante; e sobre sua efetiva ‘posição de sujeito’ – suas ações concretas, basicamente como sujeito incitador e produtor de saberes”.

Tendo como base esses pressupostos, o sujeito da enunciação manifesta um lugar de dispersão e descontinuidade de enunciados, assim como,

O discurso, assim concebido, não é a manifestação, majestosamente desenvolvida, de um sujeito que pensa, que conhece e que diz: é, ao contrário, um conjunto em que podem ser determinadas a dispersão do sujeito e sua descontinuidade em relação a si mesmo (FOUCAULT, 2009a, p. 61).

Diante das observações, selecionamos as doze professoras que participaram da nossa investigação, com vistas a contemplarmos professoras que atuassem com crianças de dois a cinco anos, que tivessem vínculo efetivo e também por contrato, além daquelas que atuam em tempo integral com as crianças e em meio período.

A permanência em nosso campo empírico ocorreu entre os meses de maio e novembro de 2012, e os contatos para a realização das entrevistas foram agendados previamente, a fim de não atrapalhar as atividades cotidianas, bem como respeitando a disponibilidade de cada sujeito.

A fim de apresentarmos as professoras participantes dessa investigação, organizamos as informações sobre as mesmas em um quadro, denominado de Quadro Nº 5. Nesse quadro, retratamos o perfil profissional das professoras entrevistadas; desse modo, destacamos a formação que possuem, a idade, o vínculo, a turma e a faixa etária atendida, como também o tempo que a professora atua na instituição.

Ressaltamos que adotaremos a letra P seguida da numeração de 1 a 12 para nos referirmos aos sujeitos, a fim de mantermos em sigilo a identidade dos mesmos. Segue o quadro:

QUADRO Nº 5 - PERFIL PROFISSIONAL DAS PROFESSORAS ENTREVISTADAS

INSTITUIÇÃO PROFESSORA/

FORMAÇÃO/IDADE VÍNCULO

TURMA/FAIXA

ETÁRIA INSTITUIÇÃO TEMPO NA

A P1 superior/pedagogia (38 anos) Contratada B- I /2 e 3 anos 4 anos Pré- I /4 e 5 anos P2 superior/pedagogia

(26 anos) Efetivo B- II / 3 e 4 anos 6 anos

B

P3 superior/pedagogia

(44 anos) Contratada Pré- I /4 e 5 anos 11 anos P4 superior/ciências

sociais (52 anos)

Contratada Pré- II /5 e 6 anos 12 anos

C

P5 superior/ pedagogia

(34 anos) Efetiva Pré- II /5 e 6 anos 14 anos P6 especialização/

supervisão e gestão escolar (34 anos)

Efetiva Pré- II /5 e 6 anos 5 anos

D

P7 superior/pedagogia

(39 anos) Contratada Pré- II /5 e 6 anos 3 anos P8 superior/pedagogia

(37 anos) Efetiva Pré- I / 4 e 5 anos 3 anos

E

P9 médio/magistério

(idade não informada) Contratada

Pré- I e pré- /4 a 6 anos 5 anos P10 médio/magistério (48 anos) Contratada B- I e B- II /2 a 4 anos 10 anos F P11 superior (cursando)/nutrição (23 anos)

Efetiva B- I /2 e 3 anos 3 meses

P12 superior/letras

(32 anos) Efetiva B- II /3 e 4 anos 1 ano

A partir do exposto no quadro acima, explicitamos que dentre os nossos sujeitos de enunciação, temos quatro professoras que atuam no pré - I, cinco que trabalham no pré – II, uma no B – I e duas no B – II. Das doze professoras entrevistadas, apenas duas trabalham em tempo integral (professora P1 e P5), sendo que P1 atua na instituição em turmas diferentes (berçário – I pela manhã e pré – I à tarde).

Em relação às turmas, especificamos a nomenclatura de cada uma: Berçário – I (B- I/2 e 3 anos), Berçário – II (B – II/3 e 4 anos), Pré - I (4 e 5 anos) e Pré – II (5 e 6 anos), e esclarecemos que ao nos referirmos às turmas dos berçários, utilizaremos apenas a inicial (B – I, B – II).

É preciso salientar que a permanência de crianças com 6 anos em CMEI’s se deve ao fato de que, para ingressar no Ensino Fundamental, é necessário que elas já tenham os seis anos completos ou que completem até o início do ano letivo, conforme determinam as orientações legais e normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) através do Parecer CNE/CEB nº 18/200510.

Diante disso, é comum encontrarmos crianças com seis anos ainda nas instituições de Educação Infantil, pois o mês de nascimento ultrapassa a data de corte determinado pela legislação vigente, o que impede sua matrícula no ensino fundamental.

Como afirmamos anteriormente na caracterização das instituições campos de pesquisa, identificamos uma particularidade na instituição “E”, cujas turmas foram integradas. Dito de outro modo, as professoras que atuam nesse CMEI trabalham em turmas onde B – I e B – II estão numa mesma sala, assim como as turmas de pré – I e pré – II.

Outro caso que merece destaque se refere à instituição “B”, que não possui nenhuma professora efetiva e que a maioria dos profissionais trabalha há mais de dez anos no CMEI, geralmente nas mesmas funções.

Ainda no que concerne ao tempo de trabalho das professoras nos CMEI’s, destacamos que há profissionais que ingressaram na instituição há apenas três meses, bem como identificamos uma professora que já está há catorze anos no mesmo CMEI.

Em relação à formação, podemos observar que grande parte das professoras possui curso superior na área da educação; apenas P11 cursa atualmente Nutrição, mas durante as entrevistas demonstrou interesse em cursar Pedagogia; P9 e P10 possuem formação apenas em nível médio, ou seja, cursaram o antigo magistério.

No que tange à faixa etária das professoras, salientamos que a média de idade gira em torno dos 37 anos, o que nos faz concluir que se trata de um grupo de jovens professoras.

10 Para acompanhar as orientações do Parecer acesse: http://portal.mec.gov.br. Parecer CNE/CEB nº 18/2005.

As questões suscitadas a partir da contextualização de nossas opções teórico- metodológicas, bem como da caracterização de nosso campo e sujeitos de pesquisa, revelam a complexidade da tarefa por nós aqui empreendida.

Desse modo, cabe reiterar nosso desejo em trazer não apenas resultados, mas, sobretudo, contribuir com o debate acerca de modos de dizer a criança e a infância, cujo “falar” e “pensar” se refletem nas ações organizadas e desenvolvidas nos espaços da Educação Infantil.

CAPÍTULO 2 AS CRIANÇAS E SUAS INFÂNCIAS: DA NEGAÇÃO À