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4 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA

4.2 OS SUJEITOS DA PESQUISA

A presente pesquisa foi desenvolvida em duas turmas que cursavam o 8º ano em 2017, sendo uma no turno matutino e outra no vespertino. A turma do matutino tem 24 alunos: 11 meninas e 13 meninos; a do vespertino, 16 alunos: 10 meninas e 6 meninos. A maioria deles é afrodescendente, mas também há indígenas e descendentes de imigrantes italianos.

Analisando-se a faixa etária dos alunos, percebemos que alguns estão com a

relação idade/série defasada, principalmente no turno vespertino, como observamos nos Gráficos 1 e 2, a seguir.

Gráfico 1 - Idades dos alunos do 8º ano – Turno Matutino

25% 25%

0 4,20%

12,50%

25%

4,20% 4,20%

13 ANOS 14 ANOS 15 ANOS 16 ANOS

MENINOS MENINAS

Fonte: Elaborado pelo (a) autor (a) (2018) a partir dos dados do Sistema SEGES4 (2017)

Gráfico 2 - Idades dos alunos do 8º ano - Turno Vespertino

13%

6% 6% 6% 6%

13% 13%

19% 19%

13 ANOS 14 ANOS 15 ANOS 16 ANOS 17 ANOS 18 ANOS

MENINOS MENINAS

Fonte: Elaborado pelo (a) autor (a) (2018) a partir dos dados do Sistema SEGES (2017)

No turno matutino, a maioria dos alunos (87,5% da turma) tem idade entre 13 e 14 anos, enquanto que, no vespertino, apenas cinco alunos (31,25%) estão nessa faixa etária, que seria a adequada para o 8º ano. Além da idade, outra diferença está na residência dos alunos: no turno matutino, 80% da turma mora na zona urbana, enquanto que, no vespertino, somente 30% vivem ali.

Por meio de perguntas feitas em sala de aula5, constatamos que muitos discentes

sempre moraram na região, porém outros são filhos de migrantes, principalmente vindos do Nordeste do Brasil. As perguntas foram:

 Qual o seu nome completo e o de seus pais? Você conhece a origem dos seus sobrenomes6?

 Sua família sempre morou aqui em Timbuí ou você nasceu e morou em outro lugar antes?

Analisando as respostas para essas perguntas, constatamos que, no turno matutino, 60% da turma sempre morou em Timbuí, enquanto que, no vespertino, apenas 30% da turma sempre morou na região. Em relação à origem de seus sobrenomes, 40% dos alunos do turno matutino não sabiam informar sua origem; já no turno vespertino, 70% dos alunos não tinham essa informação.

5 As perguntas foram passadas no quadro, durante a aula, mas os alunos foram orientados a respondê-las em casa, com a orientação dos pais ou responsáveis.

6 A razão de perguntarmos o sobrenome é sabermos a origem étnica dos estudantes e se houve contato entre o português e outra(s) língua(s) em sua família.

Por meio de um Formulário socioeconômico7 - Apêndice A -, elaborado por nós com

base em questionários aplicados por instituições escolares em exames vestibulares, analisamos também o nível de renda das famílias dos alunos e a escolaridade dos pais. Os questionários foram anônimos, para que os alunos os respondessem com sinceridade, o que, a nosso ver, foi conseguido8. Muitos sentiram dificuldades para

compreendê-lo e fizeram várias perguntas durante a sua aplicação, já que era a primeira vez que respondiam a esse tipo de perguntas. Neste ponto, é importante salientar que analisamos em forma de gráficos apenas as questões que consideramos essenciais para entendermos o desempenho dos alunos na sequência didática.

Como resultado da análise do questionário socioeconômico, percebemos que, em relação à renda, a maioria das famílias recebe por mês um salário mínimo, 70% das famílias do turno vespertino e 55% das famílias do turno matutino. Entretanto, no matutino temos famílias com uma renda maior - mais de três salários -, como mostra o Gráfico 3, a seguir.

Gráfico 3 – Renda familiar declarada dos alunos

55% 30% 15% 70% 30% 0

UM SALÁRIO MÍNIMO DE DOIS A TRÊS SALÁRIOS MAIS DE TRÊS SALÁRIOS MATUTINO VESPERTINO

Fonte: Elaborado pelo (a) autor (a) (2018)

Em relação ao nível de escolaridade das mães de nossos alunos, elas, em sua maioria, têm o ensino fundamental, tanto as do turno matutino quanto as do vespertino. Quanto ao ensino superior, seis mães do turno matutino e apenas uma

7 No capítulo de Discussão dos Resultados, os dados obtidos por meio dos questionários serão analisados.

8 A veracidade das informações não foi confirmada por nós, já que a escola não tem essas informações. Dessa forma, tivemos que confiar nas respostas dos alunos e das famílias.

do vespertino apresentam esse nível escolar. O Gráfico 4 a seguir apresenta esses dados.

Gráfico 4 – Escolaridade das mães dos alunos

17% 34% 25% 25% 26% 40% 26% 8%

1ª A 5ª SÉRIE 5ª A 8º SÉRIE ENSINO MÉDIO ENSINO SUPERIOR MATUTINO VESPERTINO

Fonte: Elaborado pelo (a) autor (a) (2018)

Com relação aos pais, no turno matutino, a maioria cursou o ensino médio e alguns chegam a ter o ensino superior. No turno vespertino, alguns alunos, por não terem contato ou não conhecerem o pai, não tiveram como dar essa informação, mas nenhum deles tem ensino superior e apenas um não tem nenhuma escolaridade. No Gráfico 5, a seguir, esses dados são apresentados.

Gráfico 5 – Escolaridade dos pais dos alunos

0% 21% 25% 42% 13% 10% 30% 60% 0% 0% NENHUMA ESCOLARIDADE

1ª A 4ª SÉRIE 5ª A 8ª SÉRIE ENSINO MÉDIO ENSINO SUPERIOR MATUTINO VESPERTINO

Fonte: Elaborado pelo (a) autor (a) (2018)

Diante dos dados que expusemos pelas características dos alunos e sua família, podemos constatar que a situação social e econômica de nossos alunos é bastante complexa, e ela se reflete no desempenho dos educandos. Por exemplo, na turma matutina, os alunos se planejaram para os debates, pesquisando e trazendo materiais para a aula, enquanto que, na turma vespertina, não constatamos o mesmo empenho. Por outro lado, podemos justificar essa falta de comprometimento dos alunos do vespertino pelo fato de a maioria deles residir na zona rural, o que lhes dificulta o acesso à internet e a jornais e revistas.

Quanto ao rendimento dos discentes na disciplina Língua Portuguesa, constatamos que os alunos do matutino, de modo geral, obtêm melhores notas que os do vespertino; porém, ao analisamos o interesse dos alunos por atividades de leitura, como o empréstimo de livros, por exemplo, os alunos do turno vespertino se destacam. Essa é outra comprovação da complexidade da situação social de nossos alunos, cuja solução merece e precisa de mais atenção de todos os envolvidos nas questões educacionais.