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7. PALEONTOLOGIA DE VERTEBRADOS PALEOZÓICOS EM SÃO PAULO

7.3. Osteichthyes e tetrápodes 1 Paleonisciformes

Os Paleonisciformes são os fósseis mais comuns e os mais citados em trabalhos científicos. Um dos primeiros trabalhos foi de FLORENCE (1907), que observou escamas e dentes isolados em sedimentos da Formação Corumbataí.

Os mais antigos fósseis de paleonisciformes no Estado de São Paulo são escamas da família Acrolepidae dispersas em um tilito do Carbonífero que foram descritas por BRYANT (1929), aparentemente do Subgrupo Itararé. BARBOSA & ALMEIDA (1949) identificaram Elonichthys sp. no Grupo Tubarão da região de Monte Mor. Ainda dentro do Grupo Tubarão, LIMA et al. (1976) destacaram a presença de escamas em concreções provenientes do topo do Subgrupo Itararé associadas a foraminíferos aglutinantes, grãos de pólen e braquiópodes, nas proximidades de Araçoiaba da Serra.

A Formação Tatuí apresenta fósseis de paleoniscídeos em grande quantidade, porém os estudos são raros. SILVA SANTOS (1991) descreveu restos de Paleonisciformes do tipo Platysomoidea em um folhelho cinza da Formação Tatuí na estrada Piracicaba - Americana. O fóssil foi encontrado em associação com crustáceos descritos por MEZZALIRA &

MARTINS NETO (1992).

RAGONHA (1978) e MOCHIZUKI (2001) chamam atenção para a abundância de escamas e dentes de paleonisciformes nas formações Tatuí e Irati, mas não descrevem ou identificam este material.

Na Transição entre os grupos Tubarão e Passa Dois MARASCO et al. (1993), CHAHUD & FAIRCHILD (2002) e CHAHUD (2003) registram a existência de escamas, coprólitos, dentes e partes ósseas dispersas nas regiões de Rio Claro e Itapetininga, sempre associados a Tetrapoda, Sarcopterygii e Chondrichthyes.

A Formação Irati é muito pobre em restos de peixes no Estado de São Paulo.

RAGONHA (1985) descreveu o melhor espécime da formação, uma impressão de peixe em folhelho negro do Membro Assistência de uma pedreira no município de Rio Claro. Segundo RAGONHA (1985), o exemplar apresenta claras afinidades com a família Acrolepidae; ele sugere, ainda, mas com restrições, que os Paleonisciformes deveriam ter habitado água doce durante o Permiano e teriam invadido os mares no Triássico. Desta mesma formação,

CAMPANHA (1985) descreveu em testemunho proveniente de um poço na região de Marília partes ósseas, dentes e escamas de paleoniscídeos associadas a braquiópodes lingulídeos e foraminíferos aglutinantes. CHAHUD & FAIRCHILD (2002) descreveram escamas e dentes de paleoniscídeos no folhelho cinza do Membro Taquaral na região de Rio Claro.

Escamas e dentes de peixe ocorrem em toda a extensão da Formação Corumbataí (MARANHÃO, 1995), mas apenas dois trabalhos foram realizados com fósseis completos de Paleonisciformes. DUNKLE & SCHAEFFER (1956) descreveram talvez o peixe paleozóico mais importante de São Paulo, um espécime completo da familia Acrolepidae, designado

Tholonotus braziliensis, proveniente de uma pedreira no município de Conchas. O peixe

fóssil é fusiforme com escamas romboédricas, um crânio que corresponde a um quarto do comprimento total do corpo, grandes olhos e cauda heterocerca. Os ossos do crânio eram rígidos e recobertos por várias camadas de ganoína, as escamas apresentam articulação e nem sempre são lisas.

FIGUEIREDO & CARVALHO (2004) apresentaram o segundo peixe completo da Formação Corumbatí, que teria sido coletado na cidade de Angatuba por Josué Camargo Mendes em 1964, Angatubichthys mendesi. Trata-se de um peixe fusiforme, com região cefálica curta e alta, e escamas romboédricas e lisas, com algumas diferenças em determinadas partes do corpo.

7.3.2. Dipnoi

Os peixes pulmonados ou dipnóicos representam um dos grupos menos estudados de peixes paleozóicos da Bacia do Paraná. Até o momento no Estado de São Paulo apenas foram encontrados na Formação Corumbataí do Grupo Passa Dois.

RAGONHA (1989b, 1991) identificou diversas placas dentárias de espécies

pertencentes ao gênero Ceratodus em afloramentos do município de Angatuba, próximo à rodovia Raposo Tavares, e na região de Rio Claro. RAGONHA (1991) reparou que as placas estavam associadas a fósseis de Xenacanthiformes e por isso interpretou os peixes como sendo de ambientes de água doce.

TOLEDO (2001) estudou diversas placas dentárias tri e tetracuspidadas. A partir de uma análise estatística multivariada, como uma nova técnica de identificação de espécies, foram identificados dois grandes grupos, sendo que um é representado pelas famílias Ceratodontidae e Neoceratodontidae e o outro Gnarthorizidae.

RAGONHA (1989b, 1991) considerou a idade dos Dipnoi fósseis como triássica. No entanto, TOLEDO (2001) observou a presença de petalodontes em camadas superiores da Formação Corumbataí, caracterizando idade permiana.

7.3.3. Actinistia

De todos os grupos de vertebrados fósseis do Paleozóico de São Paulo, os Actinistia são os menos estudados. Nenhum exemplar completo ou articulado foi encontrado, sendo conhecidos apenas por escamas isoladas. BRYANT (1929) foi o primeiro a mencionar a existência de celacantídeos no estado, ilustrando uma escama cosmóide completa de um tilito do Subgrupo Itararé. Já no Grupo Passa dois, CHAHUD (2003) ilustrou diferentes escamas de Actinistia dos folhelhos do Membro Taquaral, na divisa de Rio Claro com Ipeúna, e sugeriu que representariam espécies diferentes. WÜRDIG - MACIEL (1975) e MARANHÃO (1995) mencionam a presença de escamas provenientes da Formação Corumbataí na região de Piracicaba.

7.3.4. Rhipidistia e tetrápodes basais

Os ripidístios são peixes raros em rochas permianas do estado, sendo que as únicas ocorrências destes peixes são de dentes labirintodonte típicos deste grupo na Transição Tatuí - Irati citados por RAGONHA (1978) e CHAHUD & FAIRCHILD (2002).

Como os ripidístios e os tetrápodes basais possuíam dentição labirintodonte, fica difícil diferenciar os dentes destes grupos. Por exemplo, RAGONHA (1978), em sua dissertação de mestrado, não identificou a presença de tetrápodes, mas apenas peixes ripidístios, porém TOLEDO (2001), ao contrário, acreditou que todos os dentes

labirintodontes descobertos na Formação Corumbataí seriam de tetrápodes.

CHAHUD (2003) aventou a possibilidade da presença de dentes labirintodontes de ambos em um afloramento da Transição Tatuí - Irati na divisa de Ipeúna com Rio Claro.

7.3.5. Répteis

Répteis paleozóicos são encontrados em São Paulo apenas no Membro Assistência da Formação Irati e na Formação Corumbataí. Os mais conhecidos são os mesossaurídeos, que de todos os vertebrados são os de melhor estado de preservação, com animais

completos apresentando grande riqueza de detalhe anatômico. As três espécies conhecidas de mesossaurídeos, Stereosternum tumidum Cope 1886, Mesosaurus braziliensis McGregor 1908 e Brazilosaurus sanpauloensis Shikama & Ozaki 1966, são encontradas em São Paulo, predominantemente Stereosternum tumidum (MEZZALIRA, 1989). Os melhores

mesossauros foram descobertos na Formação Irati, porém à 6km do município de Santa Rosa de Viterbo dentro da Formação Corumbataí também foi encontrados restos

Outros répteis são citados por TOLEDO (2001), que menciona, mas não ilustra dentes reptilianos descobertos na Formação Corumbataí.