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SUMÁRIO

Mapa 5 Outorga no estado do RS.

Org.: MEIER, M. A.

Diante disso algumas medidas estão sendo tomadas para que esta realidade mude e ela se torne realmente um instrumento de gestão:

Para facilitar, para caminhar no sentido de que todo o estado seja dotado de outorga, como instrumento de gestão, têm duas ações em andamento[...]. Primeiro: uma licitação para que o estado seja dotado [...] do conhecimento da disponibilidade hídrica de todas as 25 bacias do estado. E em paralelo com isso, ainda neste ano nós estaremos lançando o cadastro por adesão do DRH110. Então [...] se eu vou ter a disponibilidade e eu vou ter o cadastro, eu vou ter condições de fazer uma primeira versão de balanço hídrico em todas as bacias e consequentemente eu vou poder outorgar com base no balanço hídrico [...] (PAIM, 2010).

Caminhando neste sentido a FEPAM, sendo responsável por estipular a vazão mínima no corpo de água para que permita com que os ecossistemas que dela dependem possam sobreviver. A FEPAM encomendou estudo técnico para a definição de metodologias para estimativa de vazões ecológicas no Rio Grande do Sul (LANNA E BENETTI, 2000).

Percebe-se um esforço para que a outorga realmente se efetive e colabore com a gestão das águas e a sua proteção.

Quanto aos entraves apresentados na efetivação da outorga salienta-se:

110 A entrevista com Paulo Renato Paim foi realizada em junho de 2010, e em outubro do mesmo ano foi lançado

- Estrutura técnica: de acordo com Paim (2010) e Silva (2011) a falta de estrutura técnica (estudos que possibilitem o conhecimento da realidade da BH e as diretrizes básicas para orientar a outorga) como um entrave à implementação da outorga.

- Falta dos Planos de BH e do enquadramento: Sendo este um dos entraves salientados pelos CBH. Se os planos de BH estivessem consolidados seria uma alternativa para sanar o entrave relacionado a estrutura técnica e a outorga possuiria critérios e informações básicas sobre as águas da BH para se basear contribuindo para o alcance das metas do enquadramento. Além disso o enquadramento ao ser definido estabelece restrições ao uso do solo que devem também ser levadas em conta na expedição da outorgas.

- Atuação do Estado: Outro aspecto salientado pelos CBH é falta de um estado mais presente na condução e no aporte financeiro para realizar a gestão de recursos hídricos nas BH do estado.

- Recursos Humanos: existe a falta de técnicos para atuarem dentro do DRH (PAIM, 2010), assim como em especial na divisão de outorga para análise dos processos de outorga (JARDIM, 2011).

- Integração das informações: existe dificuldade de se obter as informações necessárias, verificando-se a necessidade de sistematizá-las para que o processo de análise dos pedidos de outorga se agilizem e se consiga cumprir os prazos estabelecidos, que atualmente não são alcançados (JARDIM, 2011).

O sistema de informações de recursos hídricos seria uma alternativa para a sistematização das informações tendo-se acesso facilitado e rápido as mesmas agilizando o processo de análise das outorgas atendendo os prazos solicitados.

- Recursos financeiros: Este aspecto também foi salientado por PAIM (2010) devido a falta de recursos financeiros dentro da estrutura do CRH e DRH, para que possa dar conta da demanda de atividades a serem desenvolvidas na gestão e gerenciamento das águas no Estado. Quanto a falta de recursos financeiros este seria minimizado se a cobrança pelos recursos hídricos fosse implementada, isso porque a fonte de financiamento atual para a gestão das águas no estado é o FRH/RS e este não dá conta das necessidades apresentadas (HASSE; GUTIERREZ, 2008).

4.2.2.2 Cobrança pelo uso da água

Em nível mundial já se percebe a estruturação da cobrança pelo uso da água em países como na França (desde 1964), Alemanha (desde 1987), Holanda, Inglaterra e País de Gales (desde 1969), Estados Unidos, Japão, Canadá e Austrália. Legislação referente ao tema foi aprovada na Espanha, Portugal e Itália (HERRINGTON, 1997 apud STE 1998). Em nível nacional temos algumas bacias de domínio da União com a sua cobrança consolidada, caso das BHs do Paraíba do Sul; do Piracicaba-Capivari-Jundiai (PCJ) e do São Francisco. Nas duas primeiras BH o valor cobrado, o Preço Público Único (PPU) é de R$ 0,02 por m3 de água derivada do curso de água, podendo aumentar ou reduzir o valor a ser pago de acordo com o tipo de usuário (abastecimento, indústria, irrigação), características dos efluentes lançados e consumo efetivo de água (ACL, 2009c).

Este aspecto se remete a um paradoxo, pois como é possível realizar a cobrança pelo uso da água, mediante um preço único, em uma BH onde o enquadramento da água definiu níveis diferentes de qualidade para cada trecho, sendo que cada usuário teve diferentes níveis de restrições a serem respeitadas e dificuldades em atingi-las.

Nas BH de dominialidade estadual até 2009 foram implementadas a cobrança em todas as BH do estado do Rio de Janeiro, nos rios estaduais da BH do PCJ e Paraíba do Sul no estado de São Paulo. Na porção mineira do PCJ, nas BH do Rio das Velhas e na BH do Rio Araguari, no estado de Minas Gerais, e nas BH do Rio Sorocaba e Médio Tietê, no estado de São Paulo, o processo de implementação da cobrança teve continuidade em 2010 (ANA, 2011a).

No RS nenhuma BH possui implementada a cobrança pelo uso da água efetivamente. O que se tem atualmente são propostas criadas no âmbito dos Planos de BH do Rio Pardo e das sub-bacias do Arroio Tigre e Rio Campo na BH do Apuaê Inhandava. Estas propostas foram enviadas ao CRH/RS para apreciação e aprovação. Somente estas duas BH conseguiram estabelecer propostas para a cobrança vinculadas aos seus planos de BH, por possuírem toda a base para sua consolidação, CBH consolidado e Plano de BH concluído em suas três fases, mas não se efetivaram devido a falta das ARH e condições políticas para tal (PAIM, 2010), identificando-se um de seus entraves.

A BH do Rio Santa Maria foi uma das pioneiras nos estudos sobre a cobrança pelo uso da água, com a parceria real e contínua do CBH. Vários são os estudos que foram realizados

sobre a cobrança pelo uso da água nesta BH,por diferentes grupos de pesquisa como a PUC e a UFSM todos com interveniência do DRH/ SEMA111.

A BH do Rio Ibicuí possui um estudo intitulado "Avaliação quali-quantitativa das disponibilidades e demandas de água na Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí" onde foram estabelecidos alguns critérios e diretrizes para a cobrança, mas que não se efetivaram na prática, apenas permaneceram no papel sem envio ao CRH/RS para aprovação (STE,1998).

No mapa 6 a seguir pode-se verificar as BH que possuem propostas de cobrança pelo uso da água: