• Nenhum resultado encontrado

A maior parte da população vê a ciência como algo benevolente que apenas traz coisas boas. Não percebem que a ciência faz experimentos com animais e até pessoas indefesas para conseguir variados produtos; que produz bombas para a destruição em massa, entre outros absurdos que ficam aquém do conhecimento e/ou reflexão da população em geral, os quais só enxergam bons valores vindos da ciência. Isso acontece porque a população tem a crença científica e não o conhecimento científico. Sobre a crença e o conhecimento científico, Silva e Martins (2003, p. 55) os diferenciam da seguinte forma:

Há uma importante distinção entre conhecimento científico e crença científica. Dizemos que alguém tem conhecimento científico sobre algum assunto se ele ou ela sabe os resultados científicos, aceita esses resultados e tem o direito de aceitá-los pois sabe como este conhecimento é justificado e sobre o que está baseado. Crença científica, por outro lado, corresponde ao conhecimento dos resultados científicos, junto com sua aceitação como verdade, quando essa aceitação é baseada no respeito à autoridade do professor ou dos cientistas. Além do mais, é muito mais fácil adquirir crença científica do que conhecimento científico.

Para adquirir um conhecimento mais abrangente sobre ciência faz-se necessário um ensino contextual da ciência, valorizando questões sociais, históricas e filosóficas, “ligadas à como ocorre a construção do conhecimento científico” (DURBANO, 2015, p.21). Sendo assim, é necessário estudar a Natureza da Ciência (NdC), pois ela preocupa-se com a visão científica que é empregue atualmente, principalmente pelos acadêmicos de licenciatura, os quais, com a devida formação, serão os professores que em breve formarão pósteros cidadãos.

Os aspectos que devem ser evitados são os seguintes: a ciência como sendo uma verdade absoluta, ela também é a resposta para tudo, as teorias se tornam leis, entre outros, os quais levam a conceitos errôneos sobre a ciência.

É preciso trabalhar a NdC nas escolas, fazendo com que os alunos consigam adquirir essa leitura em contextos diversos (televisão, internet, escola, revistas, entre outros). Trata-se de uma alfabetização científica e tecnológica, a qual torna o aluno apto a fazer essa leitura. Por isso é importante ter o conhecimento dos dois Estudos das Cores. Sobre os Estudos das Cores de Goethe e Newton, Possebon (2009, p.6) descreve como Goethe encaminhou a sua pesquisa.

Propôs outra direção de ciência, outra postura científica. Sua Teoria das Cores não se ocupa da quantificação, e seu enfoque fenomenológico prioriza o elemento qualitativo. Embora sua teoria não se construa sobre alicerces matemáticos, nem por isso deixa de possuir um rigor de observação dos fenômenos e de suas conexões lógicas.

Goethe propunha uma ciência da natureza que sistematizava a apreensão sensível das Cores, pensando no método perceptivo, trabalha a percepção frente à ciência moderna e mecanicista. Em sua Doutrina ele faz com que o leitor trabalhe os seus sentidos. Teixeira e Kamita (2015, p.75) comentam sobre o desenvolvimento dos sentidos, segundo Goethe:

Sobre o ato desta tradução da natureza, há passagens em que Goethe expõe deliberadamente seu incômodo com os limites das palavras, sugerindo mesmo que falemos menos – ironia do poeta. No curso da experimentação da Farbenlehre, o leitor é levado a um estado de quase cegueira em que tudo enxerga; os sentidos são a tal ponto estimulados que a oposição entre ouvir e ver (não vemos o som, não ouvimos uma imagem) torna-se complementar, é como ver a natureza em sua própria língua.

Se pensarmos na apreensão sensível das Cores de Goethe, no contexto atual, trabalharíamos com mensagens ocultas nas imagens das mídias, por exemplo. Para que o aluno saiba ler uma imagem desde a estética até mensagens subliminares presentes nas mesmas.

Escolhe-se a figura 12, como exemplo, para que o aluno reflita sobre as correlações sociais, que envolvem o Estudo das Cores, assim como a NdC, alfabetização científica e tecnológica, entre outros, que são importantes no contexto escolar. Pode-se trabalhar com as Cores presentes, buscando quais foram os

primeiros pigmentos que constituíram essas Cores, pesquisar o motivo pelo qual a bandeira tem essas Cores, dentre outras abordagens que se pode propor como trabalho com o Estudo das Cores. Mas essa imagem apresenta muitas mensagens contemporâneas. Por exemplo, os três indivíduos pintando a bandeira, a mensagem que essa cena nos passa é que o Brasil está sendo produzido pelo povo brasileiro e que, se esse povo se trabalhar em conjunto, terá mais poder do que os políticos do “planalto acinzentado”. Atualmente, estão sendo cortadas verbas de projetos de pesquisas, abalando o futuro científico brasileiro, é possível alertar em sala de aula sobre os prejuízos trazidos por esse corte e mostrar que é dever do povo não deixar passar atitudes desse nível, que prejudicam o futuro da nação. Por isso se faz necessário a NdC, a alfabetização científica e tecnológica, entre outras, que tornam o aluno mais crítico e apto para lutar por seus direitos. Com a doutrina de Goethe, poderia trabalhar com as emoções causadas pelas cores e comparar entre os participantes da proposta, verificando, através das respostas, as estatísticas. E com o Estudo das Cores de Newton poderia verificar o grau de refrangibilidade de cada cor presente na imagem.

Figura 12 –Brasil político

Fonte: <http://www.salesianos.com.br/politica-para-criancas-e- adolescentes-como-os-pais-e-a-escola-podem-contribuir/> (2019)

Com os conceitos bem trabalhados de NdC, arte e ciência, considera-se que o aluno consiga perceber a importância de estudar ambos os Estudos, de Goethe e de Newton. Esse aluno, embasado por esse conhecimento e entendendo a

importância de sua participação, começaria a não aceitar inverdades e a tomar providências para que não existam mais assuntos ocultos.

Documentos relacionados