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2. POLÍTICAS, PROGRAMAS E LEGISLAÇÃO

2.1. P OLÍTICAS

2.2.5. Outros programas e ações

Muitos outros programas foram idealizados pelo governo e por organizações privadas com o intuito de desenvolver novos combustíveis em substituição aos derivados do petróleo, em especial o óleo diesel, assim como tecnologias capazes de reduzir os impactos sobre o meio ambiente em função do uso desse combustível. Além dos programas abordados anteriormente em tópicos específicos, cabe aqui destaque ao Programa Nacional de Energia de Óleos Vegetais – Oveg, Programa de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos – Proóleo, Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico do Biodiesel – Probiodiesel, Programa Tecnológico do Óleo Diesel – Prodiesel e alguns outros.

Esses programas não obtiveram o destaque nem o impacto dos apresentados separadamente. A maioria deles foi abandonada durante o percurso, principalmente pela falta de recursos financeiros e outros ainda estão em sua fase inicial. O Proóleo foi criado

por meio da resolução nº. 7 do Conselho Nacional de Energia no ano de 1980, seguido pelo OVEG, criado no ano de 1983. Ambos tinham como objetivo o desenvolvimento de tecnologia e ações necessárias para substituir parte do diesel consumido no País por óleos vegetais. O percentual de substituição era de até 30% do volume de diesel. Com a queda no preço do petróleo a viabilidade econômica passou a ser questionada, pois a proporção do preço do litro do petróleo para o óleo vegetal, baseado em preços do ano de 1980, era de 3,30 para o óleo de dendê, 3,54 para o óleo de girassol, 3,85 para o óleo de soja e 4,54 para o óleo de amendoim (SANTOS; MATAI, 2008, p.1).

Por meio da Portaria nº. 702, de 30 de outubro de 2002 o Ministério da Ciência e Tecnologia instituiu o Probiodiesel, programa com características semelhantes ao OVEG, porém, focado na utilização do biodiesel. O objetivo era promover o desenvolvimento científico e tecnológico do combustível vegetal. O programa representava um avanço em relação ao OVEG, sob o aspecto tecnológico, mas semelhante quanto ao propósito de fornecer uma alternativa energética para o óleo diesel. Em razão de outros aspectos, além dos tecnológicos, perdeu força e alguns anos depois foi substituído pelo Prodiesel – Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.

O Prodiesel foi criado pela Petrobrás com o propósito de aprimorar a qualidade do diesel produzido pela empresa, resultando na redução da emissão de poluentes atmosféricos. Devido à natureza restrita do programa, a quantidade de informações é extremamente limitada. Cabe aqui ressaltar que este programa não tem relação com o produto chamado de prodiesel, denominação concedida na época para o produto desenvolvido pelo professor Expedito Parente.

Na área de combustíveis alternativos, cabe citar o Programa Brasileiro de Sistemas de Células a Combustível – Procac, instituído pela Portaria nº. 731 de 14 de novembro de 2002. No ano de 2005 o programa passou a ter a denominação de Programa de Ciência e Tecnologia e Inovação para a Economia do Hidrogênio – ProH2. Por ser este um programa recente, com parte das pesquisas ainda sendo realizadas pelo País e ainda com poucos resultados diretos, porém, considerado extremamente promissor, algumas pesquisas com hidrogênio ligadas à área de transportes serão abordados no capítulo seguinte.

Além da área de combustíveis o Brasil instituiu outros programas para o controle da poluição, como o PRONAR. O Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar foi criado por meio da Resolução nº. 5 do CONAMA de 15 de julho de 1989, com vários objetivos, dentre eles o monitoramento da qualidade do ar e a definição de limites para as diversas fontes de emissões. Fora suas próprias ações, ele contava com vários outros programas para o alcance dos objetivos estabelecidos, como o PROCONVE e o Programa Nacional de Inventário de Fontes Poluidoras do Ar.

Diversas outras ações foram idealizadas e algumas executadas com o propósito de reduzir as emissões e implantar o uso de alternativas energéticas ao óleo diesel, porém, sem o êxito esperado. No ano de 1987 o Ministério de Minas e Energia instituiu o Plano Nacional de Gás Natural – PLANGAS, com o propósito de substituir o óleo diesel pelo gás natural na frota de ônibus utilizados no transporte coletivo, contudo, em razão de fatores políticos e econômicos o plano não avançou (RIBEIRO, 2001, p.20).

Não faltaram iniciativas no Brasil para reduzir as emissões dos veículos a diesel, seja por meio da substituição do óleo diesel por outro combustível alternativo ou por meio de tecnologias para reduzir a quantidade de poluentes lançados no ar. Essas tecnologias de certa forma avançaram, contudo, o País ainda está muito além dos índices de emissões de outras regiões do mundo como, por exemplo, da Europa. Quanto ao uso de combustíveis alternativos menos poluentes, os avanços foram menos significativos, considerando que a frota de ônibus e caminhões continua sendo quase que totalmente movida a partir do óleo diesel.

A análise do processo histórico das políticas, programas e seus desdobramentos para o desenvolvimento de alternativas destinadas a redução das emissões de ônibus e caminhões evidencia que Brasil conseguiu obter êxito em algumas de suas iniciativas. Programas como o Proconve e o Proálcool são exemplos de ações bem sucedidas para a introdução de novos combustíveis e a redução das emissões. Apesar dos resultados positivos, o levantamento histórico demonstra que as ações do governo foram tomadas considerando cenários para o curto e médio prazo e orientadas à solução de problemas factuais.

Superados os momentos mais críticos como, por exemplo, com a redução no preço do barril do petróleo ou nos níveis de concentração de poluentes atmosféricos em centros urbanos, como São Paulo, as políticas ganham novos rumos e os programas perdem força, por vezes até são extintos. A descontinuidade institucional, em aspecto mais amplo, certamente tem forte relação com a introdução de tecnologias menos poluentes para ônibus e caminhões no Brasil. O uso dessas tecnologias depende de ações contínuas e realizadas por anos, além do estímulo do Estado para que aconteçam. Oscilações e descontinuidades afetam diretamente na implantação e utilização delas, conforme observado neste capítulo.

Apesar dos percalços, o país continua realizando pesquisas, inclusive dispondo de diversas tecnologias aptas a substituírem parte do consumo do óleo, entretanto, nenhuma ainda utilizada em larga escala. Por essa razão, cabe identificar o atual estágio de desenvolvimento nacional, com tecnologias prontas e em desenvolvimento, e compará-lo ao mundial, para concluir se existe um déficit tecnológico ou são outros fatores os responsáveis pelo retardo em seu uso.

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