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4 PADRÃO DE CONSUMO GLOBAL NO CONTEXTO DAS DISCUSSÕES DO MUNDO CONTEMPORÂNEO: NOVO PARADIGMA DE CONSUMO

LIGADO À SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL.

Haja vista as iniciativas dos diversos países para obtenção dos padrões de consumo e produção sustentáveis, percebe-se a presença da discussão contemporânea acerca da necessidade de se pensar um novo tipo de consumidor, mais consciente, racional e informativo. Porém, em meio à globalização e a presença cada vez maior no mercado de empresas que possuem setores estratégicos bem definidos de marketing e vendas, o consumidor é estimulado à prática do consumo excessivo, muitas vezes supérfluo.

Nesse contexto, faz-se necessário conscientizar o consumidor de que este tipo de consumo não remete ao aumento da qualidade de vida, influenciando de forma quase irreversível a sobrevivência do meio físico natural e da vida humana no planeta.

4.1 - CONSUMIDOR COMO ATOR DE MUDANÇA DO FLUXO DE CONSUMO Portilho (2005) mostra que vem surgindo, como resultado da maior promoção das chamadas práticas sustentáveis, os denominados consumidores verdes, considerados aqueles que levam em conta no ato de adquirir um bem, além do preço, o impacto ambiental. Porém, mesmo o aumento do número de pessoas se tornando ambientalmente conscientes da necessidade de mudança nos estilos de vida e nas práticas socioambientais do cotidiano dos indivíduos, a ótica individualista não é suficiente para moldar uma ação conjunta capazes de pressionar os produtores a aderirem à mudança efetiva dos padrões produtivos.

O movimento em favor do consumo verde teria fracassado em suas pretensões, segundo a autora citada, pela simples razão de que este centra na questão ética individual, e não na transformação fundamental da sociedade capitalista e de sua racionalidade. Dessa forma, o que se faz acaba funcionando como meros ajustes no processo de reorientação da relação produção-consumo em direção a uma consciência mais ecológica. Assim, é urgente a necessidade de se implementar estratégias políticas com o intuito de romper o consumo excessivo nos países ricos e industrializados, em favor do desenvolvimento das nações mais atrasadas, não necessariamente pela via do aumento per capita do consumo de recursos naturais das populações.

Sobre a mudança de passagem de foco para as politicas de consumo, Portilho (2005) mostra, em seu quarto capítulo, que o debate priorizou as mudanças tecnológicas

62 de produtos e serviços mais eficientes e menos poluentes, bem como a mudança comportamental individualista e despolitizada em prol da redução do volume de bens e serviços consumidos, contudo, destacando dilemas e armadilhas presentes em torno do consumo verde, haja vista a influência do mercado em impor um debate que se mostra dúbio ao trazer a ideia do consumo consciente como sendo suficiente para moldar a sociedade contemporânea rumo ao padrão global de produção e consumo necessários à garantia plena dos recursos naturais finitos em longo prazo.

Além disso, por meio de mecanismos de autorregulação, o Estado passou ao mercado a tarefa de promover um padrão mais sustentável de consumo para o cidadão, por meio de suas escolhas de consumo, despolitizando o caráter central do processo de reformulação da complexidade e interdisciplinaridade acerca da temática em questão, ou seja, a ação transformadora na sociedade civil, onde o consumo sustentável precisará estar no centro das discussões, não como a mera redução quantitativa de bens e serviços, mas, sobretudo, como mudança na própria consciência de Ser do indivíduo, o qual remete entender o consumo não apenas como uma atividade econômica ou somente social, mas como uma transação homem/natureza (PORTILHO, 2005).

Sendo assim, a autora citada, ao ligar hábitos cotidianos aos impactos ambientais, representa o consumo como sendo uma dimensão política fundamental, convergindo diretamente com a temática internacional abordada no documento Agenda 21, no qual trata principalmente da necessidade da mudança dos padrões de consumo, bem como da importância do estabelecimento e execução das metas elencadas na agenda com o objetivo de alcançar a sustentabilidade no consumo, a qual só é possível mediante a corresponsabilização e adoção de práticas que orientem o aumento permanente dos canais de informação dos cidadãos-consumidores sobre os efeitos biofísicos do consumo, bem como que fortaleçam os sistemas de certificação ambiental e social.

Ortigoza e Cortez mostram que o consumo e desperdício estão totalmente interligados e refletem as desigualdades, devido às disparidades entre o superconsumo, incentivado de forma pujante cada vez mais na sociedade moderna e o subconsumo, reflexo da pobreza e falta de desenvolvimento de muitas nações. A respeito do superconsumo exacerbado, as autoras demostram que “o nível e o estilo de consumo tornam-se a principal fonte de identidade cultural, de participação na vida coletiva, de aceitação em um grupo e de distinção com os demais” (ORTIGOZA E CORTEZ, 2009, p. 36).

63 Retomando a reflexão sobre a transformação moderna da população em uma sociedade de consumo, as autoras destacam que:

A qualidade de vida e a felicidade têm sido cada vez mais associadas e reduzidas às conquistas materiais. Tal posicionamento acaba levando a um ciclo vicioso, em que o indivíduo trabalha para manter e ostentar um nível de consumo, reduzindo o tempo dedicado ao lazer e a outras atividades e relações sociais. (ORTIGOZA E CORTEZ, 2009, p. 37).

A ação coletiva através das iniciativas promovidas pelas organizações governamentais e sociedade civil tem por objetivo atuar conjuntamente para suprir a carência de consumo para seguimentos mais carentes da população, ao mesmo tempo em que se adotam estratégias de produção e consumo sustentáveis, resultando na efetiva ação política a ser exercida pela demanda, que resultaria na execução da cidadania, como afirma Portilho (2005), mostrando que a perspectiva de um modelo de sociedade sustentável engloba diversos fatores de interdisciplinidade como produção e consumo, cidadania e ações sociais, e a necessidade da ação politica como fomentadora central no processo, bem como fatores mais abrangentes e reflexivos, abordados pelas diferentes áreas das ciências sociais e autores, como o conflito entre desejos e ética que norteiam, haja vista o fato de se perceber uma maior incitação ao consumo via estratégias de marketing mais personalizadas, segmentadas e, portanto, mais atraentes que deturpam cada vez mais o consumidor entre o que de fato são necessidades de consumo ou são bens e serviços supérfluos.

Em sua crítica às ações individuais no mercado e a busca pela racionalidade estratégica e crucial rumo ao consumo sustentável, Portilho (2005) chama a atenção para a importância da organização da sociedade civil, com seus múltiplos atores formando uma espécie de politização do consumo. Com isso, a autora citada ressalta a relevância da estratégia de enfrentamento dos problemas ambientais, não devendo esta se limitar à promoção do debate apenas acerca das mudanças tecnológicas e de produtividade presentemente defendidos no consumo verde, mas sim deve-se refletir sobre o poder da influência da cultura na trajetória das mudanças sociais, de modo que o consumo sustentável não seja visto neste contexto apenas quando ultrapassado à dimensão individualista. (PORTILHO, 2005).

Portanto, somente a politização do consumo, rumo a implantação de estratégias por parte da sociedade civil objetivando a readequação do indivíduo no mercado, bem como a formação de iniciativas governamentais voltadas à mudança dos valores, educação ambiental, promoção da cultura e das particularidades regionais e da

64 conscientização ambiental, como mostra Portilho (2005) e Ortigoza e Cortes (2009), para a incorporação das atividades de consumo consciente ao exercício da cidadania. Nesse sentido:

Consumo e cidadania podem ser pensados de forma conjunta e inseparável, já que ambos são processos culturais e práticas sociais que criam o sentido de pertencimento e identidade, pois quando selecionamos e adquirimos bens de consumo, seguimos uma definição cultural do que consideramos importante para nossa integração e diferenciação sociais. (ORTIGOZA E CORTEZ, 2009, p. 37). Ainda considerando a politização do consumo, sugestões para se alcançar esse fim são descritas tanto em Portilho (2005) como em Ortigoza e Cortez (2009) como formas de pressão política, tais como o apoio às cooperativas mais sustentáveis, boicotes às empresas e a obrigação de novas instruções e informações que fomentem a educação ambiental, como, por exemplo, a ecorrotulagem, que consiste, segundo Ortigoza e Cortez (2009), na:

Atribuição de um rótulo ou selo a um produto ou a uma empresa, informando sobre seus aspectos ambientais. Dessa maneira, os consumidores podem obter mais informações que os auxiliarão nas suas escolhas de compra com maior responsabilidade e compromisso social e ambiental. A rotulagem ambiental pode ser considerada também uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores, comerciantes e consumidores. (ORTIGOZA E CORTEZ, 2009, p. 39).

Assim, tais atitudes formariam a real “cidadania do consumidor”, incorporando o consumo por essa via os fatores sociais, políticos e ecológicos.

Para Sachs (2000), nos últimos 20 anos avanços importantes na institucionalização do meio ambiente, promovidos pelas convenções da ONU, tendo como marco a Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 e a Rio-92, com a elaboração de medidas concretas na Agenda 21, conseguiram instituir uma forma de analisar o crescimento econômico e do mercado para além da expansão da sua base material e de serviços, ressaltando a importância da economia politica no processo em que define como prioridade a sustentabilidade social como sendo a finalidade do desenvolvimento, entendido, segundo o autor, como a redução das desigualdades, que, complementado pela sustentabilidade ambiental, coloca a reflexão acerca do desenvolvimento a partir da ideia da sustentabilidade, colocando assim o desenvolvimento sustentável como um desafio planetário, pois implica a redução das desigualdades territoriais entre norte e sul e eliminação da pobreza como sendo cruciais no processo de formulação e implementação do Ecodesenvolvimentismo.

65 4.2 – PRESSÕES DO CONSUMO

Publicado em 1998, o Relatório Planeta Vivo é considerado um importante instrumento, que, elaborado pelo Fundo Mundial para a Natureza (em inglês – WWF), apresenta como objetivo mensurar as propostas que assegurem o uso de recursos naturais renováveis de forma sustentável, viabilizando promover a redução da poluição e o desperdício no consumo. A publicação realça a visão de muitos cientistas sobre o consumo crescente e o seu impacto sobre o aumento da demanda por energia, solo e água.

Em outubro de 2018, vinte anos depois da primeira publicação, o Relatório Planeta Vivo 2018 foi composto por mais de 50 pessoas da sociedade civil, entre especialistas acadêmicos, governamentais e de entidades de desenvolvimento internacional e conservação, contribuindo para uma ampla análise sobre a preservação dos recursos naturais e iniciativas de redução do consumo excessivo e do desperdício.

4.2.1 - Publicações Nacionais sobre Padrões de Consumo e Produção Sustentáveis (PCS)

Segundo informações extraídas do documento Plano de Produção e Consumo

Sustentável brasileiro (PPCS), publicado pelo MMA (2014), pode-se elencar as

discussões sobre consumo sustentável no Brasil conforme destacado no Quadro 5.

1992 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), no Rio de Janeiro, lança as bases da Agenda 21, que propõe “mudanças nos padrões de consumo”. 1995 A Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU documenta o conceito de consumo

sustentável: “É o uso de serviços e produtos que respondem às necessidades básicas de toda a população e trazem a melhoria na qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduzem o uso dos recursos naturais e de materiais tóxicos, a produção de lixo e as emissões de poluição em todo o ciclo de vida, sem comprometer as necessidades das futuras gerações". 1999 Estabelecimento da Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P.

2005 Manual de Educação para o Consumo Sustentável 2007 Adesão do Brasil ao Processo de Marrakesh.

2008 Primeira campanha do Ministério do Meio Ambiente voltada para o consumo consciente, com o nome “Consumo Consciente de Embalagens: a escolha é sua, o planeta é nosso”. 2009 O Ministério do Meio Ambiente institui 15 de outubro como o Dia Nacional do Consumidor

Consciente.

2010 Versão preliminar do PPCS é submetida à consulta público.

2010 Pesquisa - O Consumidor Brasileiro e a Sustentabilidade: Atitudes e Comportamentos frente o Consumo Consciente, Percepções e Expectativas sobre a Responsabilidade Social Empresarial.

66 2011 Lançamento do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis em seu primeiro

ciclo.

Lançamento do Mês de Consumo Sustentável brasileiro em outubro pelo Instituto AKATU. 2011 Pesquisa Sustentabilidade: Aqui e Agora

2012 RIO + 20

Edukatu – início do desenvolvimento da Rede de Aprendizagem para o Consumo Consciente, projeto voltado à disseminação do consumo consciente em escolas públicas e privadas de ensino fundamental de todo o Brasil.

2013 Consumismo infantil: na contramão da sustentabilidade 2013 Cartilha de Construções Sustentáveis

2014 Nova plataforma AKATU para o Teste do Consumo Consciente (TCC) 2015 Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12:

2015 Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil 2015

2019 Documento temático Brasil-ODS 12

Quadro 5 - Brasil - Linha do tempo sobre consumo sustentável.

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do (MMA, 2014, p. 20-22).

4.2.1.1 - Instituto AKATU

Inicialmente, se faz necessário destacar o importante instrumento na coordenação das iniciativas práticas e acadêmicas relacionadas ao PCS brasileiro, ou seja, o Instituto AKATU, criado no dia mundial do consumidor, 15 de março de 2001. Este Instituto é uma organização não governamental com o objetivo de promover a conscientização da sociedade para o consumo consciente, atuando na mudança de comportamento do consumidor através da Educação e Comunicação.

Em 15 de outubro de 2008, a Consumers International, organização mundial das associações de defesa dos direitos do consumidor, elaborou a campanha sobre Consumo Sustentável chamada Consumer’s Action Day (em português, “Dia de Ação do Consumidor”). O Ministério do Meio Ambiente, seguindo as ações elaboradas um ano antes pela associação mundial de consumidores, Consumers International (CI), instituiu em 2009, no dia 15 de outubro, o Dia Nacional do Consumidor Consciente.

Além disso, em 2014, o referido instituto promoveu o lançamento da nova plataforma para o Teste do Consumo Consciente (TCC), com o objetivo de avaliar o grau de assimilação do consumo consciente dos brasileiros e promover mudanças de comportamento. Após o teste, a plataforma faz uma comparação entre perfis em comum, onde o indivíduo é informado do seu grau de consciência entre quatro categorias (consumidor indiferente, iniciante, engajado ou consciente) e o perfil dos demais brasileiros. Em consulta realizada, no mês de outubro de 2019, verificaram-se os

67 seguintes dados referentes à população brasileira: 38% representam os consumidores indiferentes ao consumo consciente; 32% encontram-se na categoria iniciantes; 20% são considerados consumidores engajados a se tornarem conscientes; e apenas 4% de consumidores são classificados como conscientes. Com isso, observa-se que a meta para 2014 da implementação do PPCS não foi alcançada, mostrando o desafio que o país tem pela frente e a necessidade da articulação entre os mais diversos seguimentos da sociedade.

Mais recentemente, em consulta realizada na pesquisa intitulada Panorama do

Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações (AKATU, 2018),

onde foram entrevistadas 1090 pessoas em doze regiões metropolitanas, verificaram-se os seguintes dados referentes à população brasileira: 38% representam os consumidores indiferentes ao consumo consciente; 38% encontram-se na categoria iniciantes; 20% são considerados consumidores engajados a se tornarem conscientes; e apenas 4% de consumidores são classificados como conscientes. Com isso, observa-se que a meta para 2014, relacionada à implementação do PPCS, não foi alcançada, mostrando assim o desafio que o país tem pela frente e a necessidade da articulação entre os mais diversos seguimentos da sociedade. (AKATU, 2018, p.13).

Além dos dados gerais referentes ao aprofundamento das preferências dos consumidores, o relatório definira distinções entre sociedade sustentável e sociedade consumismo, observando categorias como alimentação, mobilidade, estilo de vida, geração de resíduos, energia, entre outros. (AKATU. 2018, p.22).

Conforme documento citado, um dos desafios para a sociedade brasileira no processo de adoção do consumo sustentável, reside no preço dos produtos, pois 39% dos entrevistados relataram ser esse fator principal obstáculo a não aquisição de um produto considerado mais sustentável.

Em adição, o Instituto AKATU demonstra ainda como obstáculos a necessidade de mudança nos hábitos das famílias e a proliferação das informações voltadas aos

impactos que o consumo de determinados produtos causa ao meio ambiente. (AKATU, 2018, p. 38).

4.2.1.2 - Pesquisa Sustentabilidade: Aqui e Agora

A pesquisa sobre meio ambiente, hábitos de consumo e reciclagem foi um importante instrumento utilizado acerca da importância da educação ambiental.

68 Realizada por meio de um estudo quantitativo entre os dias 27 de setembro e 13 de outubro de 2010 em 11 capitais brasileiras, que apresentaram tendências crescentes em relação ao consumo per capita do Ministério do Meio Ambiente, aplicou-se 1.100 questionários em entrevistas domiciliares em relação aos hábitos de consumo. A pesquisa também teve papel importante na promoção das atividades de educação ambiental e de engajamento dos consumidores que estão previstos no Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), tendo como foco identificar os comportamentos, opiniões e atitudes dos brasileiros que demonstrassem maior adesão à proteção do meio ambiente e hábitos de consumo mais responsáveis.

Entre os resultados positivos, 59% afirmaram que o meio ambiente deve ter prioridade sobre o crescimento econômico, no entanto, apenas 17% das pessoas resolveram não comprar algum produto por acreditar que este faz mal ao meio ambiente. De forma geral, a sociedade deseja consumir produtos que estejam em consonância com o respeito ao meio ambiente, pois 74% das pessoas se declaram mais motivadas a comprar produtos que tenham sido produzidos com técnicas de menor impacto ambiental, como, por exemplo, destaca-se a ampla inclinação da sociedade para ações de substituição de sacolas plásticas, onde 60% manifestaram-se a favor de uma Lei que institua seu banimento. (MMA, 2010, p. 7).

No entanto, de acordo com esta pesquisa, o fator custo é um limitante no momento de decidir por produtos ambientalmente sustentáveis, por serem mais caros, haja vista que 31% dos entrevistados demonstraram vontade de aumentar o nível de consumo, alegando o desejo de querer adquirir mais produtos, além dos necessários para suprir as necessidades básicas. (MMA, 2010, p.9).

4.2.1.3 - O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável

Como parte do projeto de elaboração da Rio +20, a pesquisa, coordenada pelo MMA, intitulada O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo

sustentável, constitui uma publicação nacional de opinião e em suas versões mais

recentes apresentaram dois focos: no primeiro, a edição anual de 2012 trouxe a novidade de tratar o tema Consumo sustentável: mulheres e tendências atuais e

futuras do consumo no Brasil, no qual focou na relação mulheres e consumo

sustentável, através da realização de entrevistas com especialistas e formadores de opinião, visando refletir acerca da necessidade de se alcançar padrões mais sustentáveis de consumo; na segunda edição, já de caráter mais padrão, foi feita a atualização anual

69 das publicações que se iniciaram desde 1992. Em abril de 2012, em cooperação técnica com o PNUMA, o MMA entrevistou 2,2 mil pessoas do País sobre as principais preocupações dos brasileiros. Segundo o documento, o meio ambiente encontra-se no sexto lugar na lista, ficando atrás da saúde e hospitais, com 81%; violência e criminalidade, com 65%; desemprego, com 34%; educação, com 32% e políticos, com 23%. Para efeito de comparação, há seis anos o meio ambiente aparecia na 12ª colocação, à frente apenas de reforma agrária e dívida externa e, em seu primeiro ano de implementação, ano da realização da primeira pesquisa, o tema sequer foi citado. (MMA, 2012, p. 18).

4.2.1.4 - Manual de educação para o consumo sustentável

O MMA publicou em 2005 a cartilha Consumo Sustentável: um manual de educação, em parceria entre o Ministério da Educação (MEC). Estando na sua segunda edição, pode-se destacar sua preocupação com a esfera da produção e do consumo capaz de suscitar reflexões sobre a mudança dos padrões de consumo, entendida como uma forma de fortalecer a ação política dos cidadãos.

O documento aborda o surgimento do conceito consumo verde, integrando com a visão anteriormente abordada em PORTILHO (2005), em que no primeiro momento, a necessidade de redução e modificação do padrão de consumo foi substituída pelo simples “esverdeamento” dos produtos e serviços. Posteriormente, reforça novamente a necessidade da implementação de uma nova proposta de política, mais agregadora, e ampla, por meio da realização de um planejamento estratégico, no qual ficou conhecido como consumo sustentável, pois além das inovações tecnológicas e das mudanças nas escolhas individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e institucionais com pré-requisito necessário à sustentabilidade dos níveis de consumo consciente em associação com o respeito ao meio ambiente.

A ideia aqui é buscar conquistar a eliminação da pobreza, a diminuição da desigualdade social e a preservação do meio ambiente como prioridades para consumidores, empresas e governos se manterem habitando o planeta no presente e no futuro, pois todos são corresponsáveis pela construção de uma sociedade sustentável e mais justa. O documento Consumo Sustentável: um manual de educação traz uma abordagem que respalda essa concepção de educação ambiental, oferecendo um repertório básico, além da orientação prática e sistematizada, para facilitar sua adequação à realidade local. (MMA, 2005, p.10).

70 Com o objetivo de formar uma nova geração de cidadãos capaz de integrar a

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