dos Sujeitos *Reconhecimento das especificidades culturais bilaterais *Identificação das necessidades dos imigrantes (de adaptação cultural) *Trabalhando a diversidade bilateral * As estratégias adotadas (na comunicação) *O envolvimento de outros atores (como intérpretes) *As inseguranças (pessoais) *A sensibilidade cultural * O autoconhecimento * Buscando conhecimentos culturais
Em relação aos imigrantes: A.1) Estimulam a autorreflexão (nos enfermeiros)
A.2) Promovem o desenvolvimento da empatia extensiva a “todos” (cidadãos portugueses) A.3) Mais tempo para superação dos desafios A.4) Inseguranças pelo desconhecido
B.1) Pesquisando fontes para melhor cuidar B.2) Redobrando a atenção dispensada (a pais e filhos)
B.3) Dando a conhecer as organizações de saúde
B.4) A necessidade de conhecer que referências tem o “outro” (imigrante)
C.1) Chegando mais rápido e mais perto com as crianças (filhos dos imigrantes)
C.2) Definição de melhores tempos e espaços
D.1) A interpretação e o enquadramento das mensagens
D.2) Individualizando pela proximidade
D.3) Constrangimentos com familiares
D.4) A diluição das “diferenças”
E.1) Sabendo cuidar na diferença de “uns” (imigrantes) sabemos cuidar de todos (sujeitos de cuidados)
E.2) Mais-valias das competências culturais para “todos” de quem se cuida
*A procura de informação (com artefactos)
* Envolvimento na ação entre imigrantes adultos e enfermeiros
*Envolvimento na ação entre crianças (filhas de imigrantes) e enfermeiros * A condução dos encontros * A adequação de estratégias (condução dos encontros) *A condução formal nos encontros *A procura de feedback (na comunicação) *Assegurando a continuidade (nos cuidados) *Expressão de sentimentos (nos cuidados) *A mobilização de crenças (saúde-doença) *A manifestação da liberdade individual (condução do processo de saúde- doença) * Ideias dominantes nos encontros (com imigrantes) Padrão A: No desenvolvimento da consciência cultural Padrão C: As habilidades específicas Padrão B: Explorando conhecimentos culturais Padrão D: Particularidades dos encontros Padrão E: A motivação do “particular” pela aplicabilidade no “geral” Das Dimensões do Sistema de Categorias: Dos Domínios Culturais: Do que os sujeitos nos mostram... Do que os sujeitos nos dizem…
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Figura 16. Os Sentidos Atribuídos pelos Imigrantes à Interação e Cuidados com Enfermeiros – Identificando A Face Visível do Processo de Construção de
Competências Culturais Do que os sujeitos nos dizem … Do que os sujeitos nos mostram …
Em relação aos enfermeiros: F.1) Transmitem saberes
F.2) Nível de proximidade favorece tomadas de decisão
F.3) Humor fortalece relações com adultos e crianças
G.1) Comparação e valorização face ao país de origem
G.2)Sentem-se foco de especial atenção neste país
G.3) Necessidades pontuais de ajustes
H.1) Os enfermeiros dão segurança e estabilidade
H.2) Transmitem afetividade H.3)Estão próximos
H.4) São uma “extensão” da família PADRÕES CULTURAIS: Sentidos nas Experiências dos Sujeitos Padrão F: Nas Vivências da Saúde e da Doença Padrão G: Nos Cuidados de Enfermagem H: Os Enfermeiros nas Transições de Saúde-Doença *As referências ao
país de origem (nos cuidados)
*O funcionamento organizacional (em Portugal)
*As expetativas (nos cuidados) *As relações interpessoais (com equipa de cuidados) *A visibilidade do enfermeiro (em Portugal) * Envolvimento na ação entre imigrantes adultos e enfermeiros *Envolvimento na ação entre crianças imigrantes e enfermeiros *Os imigrantes na procura de cuidados *Expressão de sentimentos (nos cuidados) *Mobilização de crenças (saúde- doença) *Manifestação da liberdade individual (vivência do processo de saúde-doença) *Ideias dominantes nos encontros (com enfermeiros) Das Dimensões do Sistema de Categorias: Dos Domínios Culturais:
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4.1- OS SENTIDOS EM INTERAÇÃO E CUIDADOS
Os sentidos em interação e cuidados entre sujeitos são-nos veiculados no
estudo pelo padrão cultural – No desenvolvimento da consciência cultural.
Este padrão emerge sobretudo caraterizado por temas culturais ligados aos enfermeiros, pois que se trata da “sua” consciência da multiculturalidade em
cuidados com imigrantes – estimulam a autorreflexão (nos enfermeiros),
promovem o desenvolvimento da empatia extensiva a “todos”(cidadãos portugueses), mais tempo para superação dos desafios e inseguranças pelo desconhecido; mas emerge também na lógica de interpretação deste padrão,
um tema cultural ligado aos imigrantes – comparação e valorização face ao
país de origem.
Relativamente aos enfermeiros, quando se reportam aos momentos com pessoas imigrantes identificam que estes sujeitos lhes estimulam a
autorreflexão:
“porque há coisas que não nos fazem sentido e depois culturalmente... lembrei-me agora da questão dos bebés e daquelas coisinhas, rapar o cabelo a nós não fazia (nenhum sentido) mas, depois contextualizando vamos percebendo e até entre equipa (...) vamos discutindo” (G.D.Enf)
Este tipo de reflexão parece compatível com o processo de “conhecimento de si” estimulado nestas interações, com uma tomada de consciência de novos referenciais e do seu ajuste com outros pré-existentes, como aponta Josso (2002).
Identificam também que os encontros com imigrantes lhes promovem o
desenvolvimento da empatia:
“Eu sinto que tenho a necessidade de questionar-me, a questão da empatia de pôr-me no lugar do outro, se eu tivesse … eu sinto essa necessidade de perceber, depois avaliando e fazendo a reflexão da intervenção, já posterior sinto esta necessidade” (G.D.Enf)
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Identificamos também noutros momentos da discussão em grupo, esta empatia como extensiva a “todos” os sujeitos de cuidados, inclusivamente aos cidadãos portugueses.
Os enfermeiros salientam ainda que no caso dos imigrantes, necessitam de
mais tempo para superação de desafios nos momentos de encontro:
“É assim, apesar de não termos mais tempo a gente faz esse prolongamento (nas consultas com imigrantes) e é assim, ou pedes à outra colega (dirigindo-se a outra enfermeira do grupo) ou atrasas a outra colega” (G.D.Enf)
Parece sublinhar-se a necessidade da consciência de outro (e maior) tipo de investimento para a superação de dificuldades bilaterais, na linha apontada por Douglas et al. (2009) nos standards para desenvolvimento dos cuidados de enfermagem culturalmente competentes. Identificamos igualmente aqui a importância da dimensão “tempo” atribuída por Brofenbrenner (2002), face à assunção consciente desta participante, da importância da sua ponderação na reorganização das estratégias para a continuidade dos cuidados em contexto multicultural.
Os enfermeiros salientam também que estes momentos de encontro são por vezes sinónimo de inseguranças pelo desconhecido a que os ligam, como no excerto do grupo de discussão que apresentamos, identificando a colocação da sua capacidade de superação das resistências iniciais dos imigrantes na adesão aos cuidados propostos:
“Pronto, exatamente, mas nós aqui (USF) às vezes para fazer o teste do pezinho sentimos alguma resistência (dos pais imigrantes) que não querem e depois até vamos, continuamos e depois eles começam a vir aqui, aí é que a gente vai ganhando o terreno e criando esses laços e começando a perceber” (G.D.Enf)
Evidencia-se aqui para além da dimensão “tempo” a importância do desenvolvimento da relação de confiança, a partir de uma adaptação gradual cultural entre as partes e conscientemente desenvolvida pelos enfermeiros (Campinha-Bacote, 2002; Griffiths et al., 2003; Degazon, 2011).
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Por outro lado identificámos que os imigrantes ao manifestarem-se neste momentos nas díades, em termos da importância que atribuem à comparação
e valorização face ao país de origem, relativamente aos cuidados que lhes são
prestados, têm impacto junto dos enfermeiros, consciencializando estes profissionais dos juízos de valor e da avaliação feita em função do seu desempenho; os imigrantes identificam outros sentidos no papel dos enfermeiros face às diferenças que encontram entre o país de acolhimento e o país de origem:
“Como eu tive um menino que nasceu no Brasil, que já «tá» com onze anos, aqui eu achei que ela (enfermeira da USF) faz quase a função da médica” (G.D.Im)
Aos olhos destes sujeitos os enfermeiros parecem surgir nos cuidados com um papel sobreponível ao que esperariam do médico. Referenciam-nos ao seu país de origem por comparação a uma perspetiva “medicalizada” das funções dos enfermeiros, que identificam nos contextos de cuidados no país de acolhimento, como referem os estudos de Amendoeira (1999) e Vega (2010). Ao serem alvo deste tipo de visibilidade para os imigrantes, parecem criar-se as condições para os enfermeiros que Meleis (2005) identifica como promotoras de reflexividade, compostas de distintos elementos: intrínsecos e particulares na prática clínica e na disciplina de enfermagem (preocupações individuais dos enfermeiros), e extrínsecos (trazidos neste caso pelos imigrantes e pela organização do trabalho nas unidades estudadas).
A Figura seguinte acrescenta mais elementos definidores ao padrão cultural em análise, a partir do que os sujeitos nos “disseram” e “mostraram” no terreno, para além dos temas culturais já referenciados.
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Figura 17. Elementos definidores do padrão cultural dos enfermeiros – No desenvolvimento da consciência cultural – dimensões dos sistemas de
categorias18 e domínios culturais associados.
Relativamente a este padrão cultural considerámos as categorias emergentes na dimensão Reconhecimento de especificidades culturais, numa perspetiva de adaptação cultural pelos enfermeiros: aceitação das
diferenças, estratégias para a continuidade dos cuidados e a humildade
________________ 18
De acordo com a Figura 17, as dimensões mobilizadas na discussão deste padrão cultural, referem-se ao tema do sistema de categorias das entrevistas e narrativas dos enfermeiros: “A adaptação cultural” (Dimensões – Reconhecimento das especificidades culturais e Identificação das necessidades dos imigrantes) , e ao tema: “Reenquadrando culturalmente os cuidados”(Dimensões – As referências ao país de origem e O funcionamento organizacional), do sistema de categorias das entrevistas e narrativas dos imigrantes.
PADRÕES CULTURAIS: