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Ao chegarmos ao final deste trabalho, retomando o percurso traçado até aqui, percebemos que também nós, em nossa investigação, à semelhança da criança, realizamos propósitos significantes sobre a significância a partir da interpretância estabelecida em relação aos princípios teóricos, aos princípios metodológicos e, principalmente, em relação ao discurso da criança. Por isso, entendemos que nosso trabalho de fato cumpre a análise “translinguística” proposta por Benveniste (1969/1989) e necessária para atingirmos a experiência da criança na linguagem, a qual, certamente, não desvelamos por completo, dada a ampla envergadura e a complexidade do fenômeno que se apresenta. Mas temos uma certeza: nessa enunciação também nos singularizamos, tornamo-nos sujeitos de uma enunciação que se volta à interpretação do discurso do outro. Logo, as emissões que aqui verbalizamos se encontram na dependência da percepção do discurso do outro e das relações de interpretância que o outro, em sua vivência na linguagem, estabelecerá. É dessa forma que nos constituímos na cultura via linguagem. Acreditamos que, a partir das emissões aqui apresentadas e das percepções do outro, as quais estão por vir, podemos pensar em novos temas que dialoguem com o aspecto vocal da enunciação da criança na linguagem, os quais poderão contribuir para a melhor compreensão dos fenômenos que marcam a inserção da criança no mundo do homem, como a aquisição da escrita, da capacidade argumentativa, dos rudimentos da cultura em geral que caracterizam seu mover na sociedade e sua experiência humana na linguagem.

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