PARTE II: A PRESENÇA ONLINE DAS EMPRESAS EM PORTUGAL
CAPÍTULO 2: ESTUDO EMPÍRICO
3. Panorama da Publicidade online das empresas
3.1. Panorama: Portugal no contexto Mundial
A eMarketer (2009) prevê que em 2009, nos Estados Unidos, 9,9% de toda a Publicidade do país seja estritamente Publicidade online e apura, ainda, que 5 a 10% do orçamento dos Publicitários Americanos seja focalizado para a Internet.
No que diz respeito à Europa, a European Interactive Advertising Association (EIAA) confirmou que o investimento em publicidade online está a aumentar, sendo o crescimento esperado no cenário europeu de 18% em 2009, 21% em 2010 e 15% em 2011. Os marketeers inquiridos no estudo referiram ainda que tencionam aumentar o seu investimento no panorama digital (70%) e que o objectivo da Publicidade em contexto digital é a combinação entre o Marketing directo e a Publicidade das marcas (European Online Marketing Tactics, 2009).
Quando inquirido, em entrevista, sobre o enquadramento de Portugal no Mundo, no panorama publicitário, Pedro Janela destacou os diferentes segmentos de desenvolvimento do mercado interactivo, em que os Estados Unidos e a Inglaterra se encontram à frente, com cerca de três a quatro anos de diferença do mercado europeu – e muito à frente do mercado no que diz respeito às técnicas de optimização de sites para motores de pesquisa, em que Portugal e Espanha estão cerca de um ano atrás. Já no que diz respeito à Web 2.0, ou seja nas técnicas de engagement, para Pedro Janela, Portugal está apenas um ano atrás e muito atrás, assim como a Espanha e a América do Sul, em media online1, em especial nos níveis de investimento que são feitos. Neste aspecto Pedro Janela culpa as agências de meios em Portugal por continuarem a aconselhar os clientes a investir nos meios de comunicação tradicionais, como a televisão e os jornais, onde os clientes não estão, e não na Internet, onde os consumidores estão cada vez mais. Isto por influência dos meios tradicionais, da medição de audiências e dos grandes grupos de
media – para Pedro Janela o “mix de media a desfavor da Internet” é um factor que atrasa em muito a
condição de Portugal. Por outro lado, Pedro Janela diz que Portugal está mais avançado nas componentes visuais, nas componentes criativas e no desenvolvimento de websites. Centrando uma vez mais o olhar num dos pontos de referência a nível de desenvolvimento nesta área, os Estados Unidos, pela análise da tabela abaixo apresentada (Tabela 8), verificamos que a maior aposta dos publicitários em termos de Publicidade online é o email marketing, com 74,4% dos publicitários americanos a utilizarem esta técnica no ano de 2009, e as email newsletters (70,5%), a que se seguem as online
promotions (46,5%), as display ads2 com 40,9%, SEO3 (39%) e a publicidade em redes sociais com 34,3%.
1 Media online diz respeito ao search, patrocínio de conteúdos ou display e às bases de dados de Permission Marketing. 2 As display ads englobam a publicidade online baseada em imagens como os banners, ou publicidade online com vídeo, som ou outras tecnologias (Stokes, 2008). 3 SEO – Search Engine Optimization.
As tipologias de publicidade online que registaram um maior crescimento entre os anos de 2008 e 2009 foram as publicidades realizadas nas redes sociais, com um aumento de 16,9% em 2008 para 34,3% em 2009, a merecerem também destaque o aumento dos blogs corporativos (de 27% para 38,6%), as video‐site
campaigns (de 14,9% para 21,3%) e as email newsletters (de 63,5% para 70,5%).
Tabela 8: Tipologias de publicidade online utilizadas pelos publicitários americanos nos anos de 2007, 2008 e 2009. Fonte: (eMarketer, Will Digital Marketing Prove Profitable?, 2009) Contudo, estes são os dados relativamente ao panorama Mundial, o contexto Ibérico e Nacional apresenta dados bastante díspares. Inicia‐se a análise do panorama Ibérico.
3.2. Panorama: Portugal no contexto Ibérico
Pedro Janela, um dos partners do WYGROUP, a que pertence a empresa By, foi elemento activo na expansão deste grupo de comunicação em terras Espanholas num projecto de consultadoria de Marketing digital com a agência Digital Intelligence. Falou, deste modo, em entrevista realizada para recolha de dados, daquelas que considera ser as principais diferenças entre o mercado Português e Espanhol na área de comunicação e publicidade online.
Nesta comparação Pedro Janela considera importante fazer uma distinção entre três grandes grupos que constituem as actividades de comunicação no que diz respeito a serviços online: a construção de plataformas ou desenvolvimento de sites; a manutenção e a media online.
No que diz respeito ao desenvolvimento de sites Pedro Janela destaca como principal diferença entre Portugal e Espanha o investimento – em Espanha a dimensão dos clientes é maior, assemelhando‐se a um
mercado global, o que significa que estão predispostos a investir também mais, com quantias que podem ser o dobro daquelas que se praticam em Portugal, mesmo para um conteúdo igual. A dimensão de grupos como o banco Santander, Telefonica ou Repsol não tem comparação com qualquer grupo Português, apenas, em parte, com a Vivo da PT mas esta está voltada para o mercado brasileiro.
Relativamente à manutenção dos sites e plataformas, inclusive Web 2.0, e da comunicação criativa, para Pedro Janela o mercado espanhol tem maior actividade, mais pessoas a trabalharem num projecto, o que significa, de igual modo, mais dinheiro investido.
A maior diferença registada, segundo Pedro Janela, é mesmo em media online, que inclui as bases de dados de Permission Marketing, investimento em search e patrocínio de conteúdos ou display. Em media online os valores de investimento comparativamente entre Portugal e Espanha são mais notórios: “O orçamento
mínimo de um cliente de media online em Espanha é no mínimo dos mínimos um milhão de euros e em Portugal o mínimo dos mínimos uns 50 mil ou cerca de [50 mil]”.
Para além das diferenças a nível de financiamento, o caso Português requer uma análise mais específica. A análise que se segue centra‐se em nove empresas de Comunicação e Publicidade Portuguesas que participaram no estudo. Inicialmente parte‐se para uma pequena contextualização.