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2. Práticas recomendadas em intervenção precoce

2.2. Papel do profissional de intervenção precoce

Com base nas mudanças de paradigma anteriormente exposto e num período relativamente curto, tal como referem Buysse e Wesley (2005), os papéis e as responsabilidades dos profissionais de intervenção precoce

Práticas recomendadas Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

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desenvolvimento num campo de compreensão que envolve factores proximais e distais do seu ambiente de crescimento.

As práticas centradas na família colocam as famílias num papel central na tomada de decisões perspectivando as necessidades e recursos da criança, bem como as necessidades e recursos dos pais, à luz das prioridades da família. A dinamização de oportunidades de aprendizagem para a criança em contextos de vida diária, o apoio aos pais, a mobilização dos recursos da família e da comunidade, constituem factores que fortalecem as capacidades e promovem as competências da criança, pais e família. Numa abordagem centrada na família, os apoios incluem informação, aconselhamento, e orientação, que tanto fortalecem o conhecimento e capacidades parentais como promovem a aquisição de novas competências necessárias para cuidar da criança e criar oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem (Carpenter, 2007). Este paradigma na abordagem dos serviços em intervenção precoce tem repercussões importantes no papel do profissional desta área, assunto a que voltaremos em secção posterior do presente trabalho.

O principal objectivo e filosofia subjacentes à abordagem baseada na participação, tem sido promover o envolvimento da criança nas actividades e rotinas da família e da comunidade. De acordo com Sawyer e Campbell (2009), os profissionais planeiam a intervenção com a criança através de estratégias direccionadas aos cuidadores para promoverem a sua participação e aprendizagem, nomeadamente através da definição de objectivos individuais de aprendizagem inseridos nas rotinas e actividades da criança e da família, adaptando-as, bem como aos materiais. Contudo, estes autores referem que os profissionais podem não acreditar nos serviços baseados na participação e a investigação revela que estas práticas não estão generalizadas.

As visitas domiciliárias6 são já uma prática corrente nos serviços de

intervenção precoce. No entanto, muitos profissionais ainda não “despiram a pele” de especialistas, e por isso continuam a realizar, muitas vezes, no

6McWilliam define visita domiciliária como um encontro com a família num local onde esta naturalmente

estaria se a sua criança não estivesse a ser apoiada, que poderá ser em casa ou num contexto comunitário (2003, p. 125).

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contexto de vida da criança, actividades educativas e terapêuticas com características do paradigma tradicional. A literatura revela que a intervenção mais eficaz nas visitas domiciliárias é aquela que é realizada através dos elementos adultos da família. Assim, de acordo com McWilliam (2003), a principal diferença entre o paradigma tradicional e o novo paradigma é a de que o profissional que visita a família não deve ser o responsável pela implementação da intervenção, devendo assumir o papel de ajudar a família a estruturar estratégias e a implementá-las.

Tal como refere o autor supra citado, “as intervenções com as crianças estão sempre a acontecer, quer gostemos ou não, porque as famílias interagem com as suas crianças” (p.130). Por isso, o profissional deve ter conhecimento suficiente para orientar as famílias na intervenção de forma mais específica, e na interacção diária com a criança, de forma mais global, em função de diferentes problemáticas, idades, e famílias, recorrendo, sempre que necessite, ao apoio de outros especialistas.

Um adulto, prestador de cuidados diários, confiante e competente, estará mais disponível para cooperar e terá muito mais impacto na criança do que os apoios directos semanais prestados pelos profissionais. Steelman, Assel, Swank, Smith e Landry (2002; como citados em McWilliam, 2003), referem que a maior influência no desenvolvimento da criança se deve aos cuidados parentais. Assim, a intervenção precoce pode ter um impacto considerável nos cuidados parentais, na medida em que o programa de intervenção pode promover a confiança e competência da família.

A literatura aponta para o facto de que os programas de maior sucesso são aqueles em que profissionais e famílias colaboram entre si, fazendo estas parte integrante da equipa (McWilliam, Winton, & Crais, 2003).

2.2. Papel do profissional de intervenção precoce

Com base nas mudanças de paradigma anteriormente exposto e num período relativamente curto, tal como referem Buysse e Wesley (2005), os papéis e as responsabilidades dos profissionais de intervenção precoce

Práticas recomendadas

Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

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mudaram drasticamente. Esta mudança deveu-se, em grande medida, à necessidade de fazer corresponder as práticas a conceitos veiculados nas abordagens teóricas atrás referidas, bem como a políticas que preconizavam intervenções dirigidas às crianças com necessidades especiais e às suas famílias, em estreita cooperação com estas, nos seus contextos de vida naturais. Como resultado, o papel dos profissionais expandiu-se de uma intervenção directa, providenciando terapia e ensino, para prestarem também serviços indirectos sob a forma de parcerias colaborativas com pais e educadores. Ainda que a necessidade dos profissionais trabalharem directamente com as crianças com incapacidades se mantenha, há uma necessidade urgente de métodos para trabalhar de modo colaborativo com outros adultos e atender às suas prioridades e preocupações em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças.

Contudo, subsiste a necessidade de os profissionais de intervenção precoce compreenderem o delicado equilíbrio entre os papéis de prestação de serviços directos e indirectos, alternando, conforme necessário, do ensino ou terapia dirigida à criança para a oferta de serviços indirectos de consultoria para pais e educadores (Dinnebeil, Miller, & Stayton, 2002).

Bailey e Wolery (1992) estabelecem, com base nos níveis do sistema ecológico, as funções que os profissionais de intervenção precoce deverão desempenhar, a nível da planificação, organização e prestação de serviços (ver Quadro 3).

Quadro 3. Níveis de um sistema ecológico na planificação, organização e prestação de serviços em Intervenção precoce (Adaptado de Bailey & Wolery, 1992)

Níveis do

Sistema Definição Exemplos Tarefas do profissional

Criança Crianças em risco ou com incapacidades - Crianças com condição já estabelecida - Crianças vulneráveis a nível biológico - Crianças alvo de maus-tratos - Crianças oriundas de famílias de risco

- Ter conhecimentos sobre o

desenvolvimento e características da criança

- Ter conhecimentos sobre os efeitos e as condições que conduzem a “desvantagens”

- Avaliar as necessidades e forças da criança

- Definir e implementar “cuidados” e actividades de aprendizagem para a criança

Continua…

Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

________________________________________________________________ … Continuação do Quadro 3 Microssistema Contextos de vida, onde a criança passa uma parte significativa do seu tempo

- Casa dos pais ou familiares - Vizinhos ou amas - Creche ou jardim- de-infância - Hospital - Outras modalidades de atendimento

- Conhecer as características dos contextos de vida da criança - Compreender a influência desses

contextos no comportamento e desenvolvimento da criança - Trabalhar com e nesses diferentes

contextos de vida

- Adequar os contextos em função das necessidades da criança

- Ajudar a criança a adaptar-se às exigências dos contextos

- Comunicar de forma eficaz com os adultos nesses contextos

- Avaliar as necessidades e recursos (forças) da família Prestar consultoria. Mesossistema Inter-relação entre os microssistemas a que a criança pertence - Relações pais e educadores - Relações pais com serviços: saúde, educação, acção social, organizações privadas, etc. - Relações entre profissionais

- Reconhecer e ajudar a resolver problemas: entre profissionais, entre contextos, e entre pais e profissionais - Conhecer e utilizar estratégias

eficazes de comunicação

- Participar e promover o trabalho em equipa

- Servir de defensor dos direitos das crianças e famílias

- Promover a participação da família em reuniões e na tomada de decisões - Facilitar a transição entre Programas

Exossistema Estruturas societais concretas que influenciam as actividades do Microssistema - Serviços estatais e particulares da comunidade - Contexto laboral dos pais - Organizações da comunidade e de vizinhança - Grupos de defesa

dos direitos dos cidadãos - Sistema de transportes - Comunicação social - Sistemas de saúde, Acção Social e Educação

- Conhecer e aderir aos regulamentos do serviço

- Promover a melhoria nas orientações dos serviços

- Actuar como “responsável de caso” e avaliar as famílias no acesso aos vários componentes do exossistema - Compreender a influência das

estruturas sociais no funcionamento da família

- Analisar as atribuições e a

coordenação de serviços a nível local, regional e estatal

- Conhecer o leque de programas e de serviços disponíveis

- Implicar as famílias em decisões acerca das políticas e praticas de intervenção

- Reconhecer a importância das redes de suporte informais Macrossistema Contexto cultural, legislativo e jurídico onde o Micro, o Meso e o Exossistema se inserem - Legislação - Decisões dos Tribunais - Atitudes e normas sociais prevalecentes - Princípios e questões éticas, etc.

- Justificar a necessidade de serviços para a população

- Actuar na defesa dos direitos dos serviços

- Avaliar os serviços dentro do seu contexto social e se correspondem a decisões oficiais e sociais mais vastas - Contribuir activamente para o

desenvolvimento de novos serviços e para reorganização dos já existentes - Compreender o contexto mais vasto

onde as famílias têm de funcionar - Compreender o contexto mais vasto

Práticas recomendadas Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

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mudaram drasticamente. Esta mudança deveu-se, em grande medida, à necessidade de fazer corresponder as práticas a conceitos veiculados nas abordagens teóricas atrás referidas, bem como a políticas que preconizavam intervenções dirigidas às crianças com necessidades especiais e às suas famílias, em estreita cooperação com estas, nos seus contextos de vida naturais. Como resultado, o papel dos profissionais expandiu-se de uma intervenção directa, providenciando terapia e ensino, para prestarem também serviços indirectos sob a forma de parcerias colaborativas com pais e educadores. Ainda que a necessidade dos profissionais trabalharem directamente com as crianças com incapacidades se mantenha, há uma necessidade urgente de métodos para trabalhar de modo colaborativo com outros adultos e atender às suas prioridades e preocupações em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças.

Contudo, subsiste a necessidade de os profissionais de intervenção precoce compreenderem o delicado equilíbrio entre os papéis de prestação de serviços directos e indirectos, alternando, conforme necessário, do ensino ou terapia dirigida à criança para a oferta de serviços indirectos de consultoria para pais e educadores (Dinnebeil, Miller, & Stayton, 2002).

Bailey e Wolery (1992) estabelecem, com base nos níveis do sistema ecológico, as funções que os profissionais de intervenção precoce deverão desempenhar, a nível da planificação, organização e prestação de serviços (ver Quadro 3).

Quadro 3. Níveis de um sistema ecológico na planificação, organização e prestação de serviços em Intervenção precoce (Adaptado de Bailey & Wolery, 1992)

Níveis do

Sistema Definição Exemplos Tarefas do profissional

Criança Crianças em risco ou com incapacidades - Crianças com condição já estabelecida - Crianças vulneráveis a nível biológico - Crianças alvo de maus-tratos - Crianças oriundas de famílias de risco

- Ter conhecimentos sobre o

desenvolvimento e características da criança

- Ter conhecimentos sobre os efeitos e as condições que conduzem a “desvantagens”

- Avaliar as necessidades e forças da criança

- Definir e implementar “cuidados” e actividades de aprendizagem para a criança

Continua…

Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

________________________________________________________________ … Continuação do Quadro 3 Microssistema Contextos de vida, onde a criança passa uma parte significativa do seu tempo

- Casa dos pais ou familiares - Vizinhos ou amas - Creche ou jardim- de-infância - Hospital - Outras modalidades de atendimento

- Conhecer as características dos contextos de vida da criança - Compreender a influência desses

contextos no comportamento e desenvolvimento da criança - Trabalhar com e nesses diferentes

contextos de vida

- Adequar os contextos em função das necessidades da criança

- Ajudar a criança a adaptar-se às exigências dos contextos

- Comunicar de forma eficaz com os adultos nesses contextos

- Avaliar as necessidades e recursos (forças) da família Prestar consultoria. Mesossistema Inter-relação entre os microssistemas a que a criança pertence - Relações pais e educadores - Relações pais com serviços: saúde, educação, acção social, organizações privadas, etc. - Relações entre profissionais

- Reconhecer e ajudar a resolver problemas: entre profissionais, entre contextos, e entre pais e profissionais - Conhecer e utilizar estratégias

eficazes de comunicação

- Participar e promover o trabalho em equipa

- Servir de defensor dos direitos das crianças e famílias

- Promover a participação da família em reuniões e na tomada de decisões - Facilitar a transição entre Programas

Exossistema Estruturas societais concretas que influenciam as actividades do Microssistema - Serviços estatais e particulares da comunidade - Contexto laboral dos pais - Organizações da comunidade e de vizinhança - Grupos de defesa

dos direitos dos cidadãos - Sistema de transportes - Comunicação social - Sistemas de saúde, Acção Social e Educação

- Conhecer e aderir aos regulamentos do serviço

- Promover a melhoria nas orientações dos serviços

- Actuar como “responsável de caso” e avaliar as famílias no acesso aos vários componentes do exossistema - Compreender a influência das

estruturas sociais no funcionamento da família

- Analisar as atribuições e a

coordenação de serviços a nível local, regional e estatal

- Conhecer o leque de programas e de serviços disponíveis

- Implicar as famílias em decisões acerca das políticas e praticas de intervenção

- Reconhecer a importância das redes de suporte informais Macrossistema Contexto cultural, legislativo e jurídico onde o Micro, o Meso e o Exossistema se inserem - Legislação - Decisões dos Tribunais - Atitudes e normas sociais prevalecentes - Princípios e questões éticas, etc.

- Justificar a necessidade de serviços para a população

- Actuar na defesa dos direitos dos serviços

- Avaliar os serviços dentro do seu contexto social e se correspondem a decisões oficiais e sociais mais vastas - Contribuir activamente para o

desenvolvimento de novos serviços e para reorganização dos já existentes - Compreender o contexto mais vasto

onde as famílias têm de funcionar - Compreender o contexto mais vasto

Práticas recomendadas

Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

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Os múltiplos papéis que os profissionais de intervenção precoce têm que desempenhar podem ser enquadrados, segundo Buysse e Wesley (2005), em três grandes metas: a) planear, implementar e avaliar a intervenção com crianças e famílias; b) promover cuidados básicos e educação de elevada qualidade; c) impulsionar o desenvolvimento profissional e este domínio de intervenção. O objectivo fulcral da sua intervenção é melhorar a qualidade de vida para a criança e sua família. A meta que está mais associada a esta missão é a planificação, implementação e a avaliação da intervenção sob a forma de serviços directos prestados às crianças e famílias. As outras duas metas são familiares aos profissionais, mas requerem maior atenção, particularmente no momento actual.

Quanto mais profissionais prestarem serviços em contextos de intervenção precoce na comunidade, maior ênfase é necessário colocar na colaboração com outros adultos, no sentido de serem dadas resposta às prioridades e preocupações que estes adultos expressam relativamente a crianças especificas, assim como para se melhorar a qualidade global do programa de intervenção precoce para todas as crianças (Buysse & Wesley, 2005, p.4).

Neste sentido as autoras referem a pertinência do conceito de prática

baseada na evidência7 em Intervenção Precoce, que se caracteriza por um

processo activo de tomada de decisão, e que é distinto das listagens de práticas, incluindo as listagens de práticas recomendadas. Tais listagens, ao oferecerem orientações gerais, podem não ser apropriadas em todas as circunstâncias. As práticas baseadas na evidência referem-se a um processo sistemático que os promotores dos serviços utilizam e que os capacita para tomarem decisões informadas acerca da prática, as quais beneficiam directamente as crianças e suas famílias. Contudo, para apoiar o processo de tomada de decisões numa intervenção baseada na evidência, os profissionais e as famílias podem consultar listagens de práticas recomendadas. As práticas baseadas na evidência requerem atenção às circunstâncias locais, valores do

7Buysse e Wesley (2005) definem prática baseada na evidência, no âmbito intervenção precoce, como

um processo de tomada de decisão que integra a melhor evidência da investigação com saberes e valores da família e dos profissionais.

Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

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consumidor, e conhecimento individual sobra a criança e a família (Snyder, 2006).

Tornar a intervenção precoce “baseada na evidência”, requer que os profissionais aprendam a pensar de forma critica, analisem perspectivas alternativas e prestem particular atenção ao raciocínio implícito no processo de tomada de decisão, bem como às acções que resultam desse processo. Devem, sobretudo, prestar atenção a pontos de vista opostos, de forma a clarificar as tomadas de decisão, e para que continuamente verifiquem as suas próprias conjecturas sobre o que significa a prática baseada na evidência face às percepções dos outros (colegas, coordenadores, investigadores, políticos, supervisores, professores, entre outros). Adoptar esta prática implica que, inevitavelmente, se queiram correr riscos, num esforço de honrar o compromisso de descobrir o melhor conjunto de serviços e apoios para as crianças e suas famílias, tal como refere Gambrill (2000; como citado em Buysse & Wesley, 2006).

As autoras supra mencionadas citam alguns estudos, efectuados no Reino Unido sobre práticas baseadas na evidência, cujos resultados sugerem que esta abordagem poderá ter potenciais benefícios, visto que a ênfase na recolha e disseminação do saber torna o conhecimento acessível e transparente para quem o deseje; as práticas consideradas eficazes podem ser imediatamente adoptadas e as ineficazes identificadas e excluídas; a clivagem entre investigação, política e prática é ponderada; os pais e profissionais são capacitados a confiarem na evidência para tomarem decisões informadas e participarem na produção de novo conhecimento.

Nesta ordem de ideias, Odom e Wolery (2003) propõem uma teoria

unificada da prática em intervenção precoce, decorrente de diferentes

perspectivas teóricas a nível da psicologia e educação. Assim, identificam e explicam um conjunto de padrões associados a práticas baseadas na evidência identificadas como tendo resultados positivos para as crianças e famílias. Bem como para a qualidade dos serviços prestados: (a) as famílias e as suas casas são os contextos de cuidados primários; (b) fortalecer as relações é um

Práticas recomendadas Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

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Os múltiplos papéis que os profissionais de intervenção precoce têm que desempenhar podem ser enquadrados, segundo Buysse e Wesley (2005), em três grandes metas: a) planear, implementar e avaliar a intervenção com crianças e famílias; b) promover cuidados básicos e educação de elevada qualidade; c) impulsionar o desenvolvimento profissional e este domínio de intervenção. O objectivo fulcral da sua intervenção é melhorar a qualidade de vida para a criança e sua família. A meta que está mais associada a esta missão é a planificação, implementação e a avaliação da intervenção sob a forma de serviços directos prestados às crianças e famílias. As outras duas metas são familiares aos profissionais, mas requerem maior atenção, particularmente no momento actual.

Quanto mais profissionais prestarem serviços em contextos de intervenção precoce na comunidade, maior ênfase é necessário colocar na colaboração com outros adultos, no sentido de serem dadas resposta às prioridades e preocupações que estes adultos expressam relativamente a crianças especificas, assim como para se melhorar a qualidade global do programa de intervenção precoce para todas as crianças (Buysse & Wesley, 2005, p.4).

Neste sentido as autoras referem a pertinência do conceito de prática

baseada na evidência7 em Intervenção Precoce, que se caracteriza por um

processo activo de tomada de decisão, e que é distinto das listagens de práticas, incluindo as listagens de práticas recomendadas. Tais listagens, ao oferecerem orientações gerais, podem não ser apropriadas em todas as circunstâncias. As práticas baseadas na evidência referem-se a um processo sistemático que os promotores dos serviços utilizam e que os capacita para tomarem decisões informadas acerca da prática, as quais beneficiam directamente as crianças e suas famílias. Contudo, para apoiar o processo de tomada de decisões numa intervenção baseada na evidência, os profissionais e as famílias podem consultar listagens de práticas recomendadas. As práticas baseadas na evidência requerem atenção às circunstâncias locais, valores do

7Buysse e Wesley (2005) definem prática baseada na evidência, no âmbito intervenção precoce, como

um processo de tomada de decisão que integra a melhor evidência da investigação com saberes e valores da família e dos profissionais.

Capitulo I. Modelos Conceptuais em Intervenção Precoce

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consumidor, e conhecimento individual sobra a criança e a família (Snyder, 2006).

Tornar a intervenção precoce “baseada na evidência”, requer que os profissionais aprendam a pensar de forma critica, analisem perspectivas alternativas e prestem particular atenção ao raciocínio implícito no processo de tomada de decisão, bem como às acções que resultam desse processo. Devem, sobretudo, prestar atenção a pontos de vista opostos, de forma a