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O papel dos professores e da escola

No documento Marcelo Lessa Dissertação (páginas 91-102)

Capítulo 7. Apresentação dos dados

7.2. Análise retórica das entrevistas individuais

7.2.3. O papel dos professores e da escola

A categoria ‘ações da escola e dos professores na prevenção’ compreende as ações

que os professores consideram ideais direcionadas à prevenção do consumo dos alunos, tanto

da escola como deles mesmos, assim como as falhas de ambos e as causas dessas falhas.

Comporta ainda as dificuldades apontadas por eles para se efetivar uma ação educativa eficaz

no combate às drogas na escola e na sociedade.

A análise da retórica de J sobre as ações da escola e dos professores é, de maneira

geral, fundada no real e mostra que à medida que os alunos vão se desenvolvendo, o professor

vai deixando aos poucos de se comprometer. Ocorreram casos no colégio de professores

usuários de drogas ilícitas. No caso do aluno a escola procura ajudar caso seja apanhado com

drogas, mas se acontecer com o professor ele é demitido. Professores participam pouco de

eventos no colégio em função de precisarem correr para outra escola. O que ele recebe não é o

suficiente para sustentar a família. É preciso acreditar na recuperação da pessoa humana.

O diálogo foi marcado pela tentativa de J de citar as ações da escola sobre alunos e

professores usuários. Criticou às famílias por não aceitarem os comportamentos impróprios dos

filhos. J tratou do caso de uma família, que ela chamou para conversar sobre o filho que estava

usando drogas. Colocou o caso como exemplo do que se costuma assistir nas reuniões: a falta

de aceitação dos pais em relação aos comportamentos dos filhos. Relatou que o pai olhava

para o próprio filho e dizia "É claro que ele esta andando com fulano, meu filho nunca fez isso!"

(apêndice 1, p. ii), indicando a cegueira do pai em aceitar que seu filho fosse "a laranja podre da

escola" (apêndice 1, p. iv). Em outro caso, a mãe, já sabendo que o filho era usuário e que seria

convidado a se retirar da escola, situação prevista no PPP, preferiu tirar o filho da escola. Outra

ação, em função dos seguranças terem observado traficantes nas imediações do colégio, foi a

de revistar a mochila dos alunos, mas nada foi encontrado.

No caso de professores usuários, se constatado são desligados, como ocorreu com um

professor de artes, que estava alterado e foi mandado embora por justa causa. Critica também

os professores e diz que todos estão cientes de que caso um aluno seja apanhado com drogas

deverão ser alertar a direção e o serviço de psicopedagogia da escola para que providências

sejam tomadas. Constata que os professores evitam uma aproximação maior com o aluno

quando descobrem que há envolvimento com drogas. Acredita que os professores não se

sentem preparados para lidar com a questão. Mas alega que ninguém pode dizer que a escola

não tem um psicopedagogo ativo, já que "agora eu divido com ele e traçamos juntos,

estratégias de acordo com cada caso" (apêndice 1, p. iii). Por outro lado, reconhece que o PPP

precisa ser atualizado, pois a última atualização foi em 2007, e compreende quando os

professores questionam a necessidade do aluno ter que ser expulso se for apanhado com

drogas. Os acordos de J estão resumidos no esquema abaixo.

Quadro 15. Argumentos de J

ARGUMENTOS DE J

Informou que o colégio busca parcerias para desenvolver projetos em diversas áreas,

como a implantação de um trabalho com os grupos de AA e NA no processo de saúde e

cidadania. Alega que várias tentativas foram feitas com os professores, mas eles nunca querem

dar ideias, evitam fazer qualquer comentário e não querem participar de nada. Muitos

professores trabalham em vários colégios, saindo de uma escola para outra, com o tempo muito

apertado, pois precisam sustentar a família. J quis criar eventos no sábado, mas os professores

não participam, dizem que é o único tempo para estar próximo à família. Assim, essas faltas

acabam por ser compreendidas pela direção da escola.

J diz que nas administrações anteriores nunca teve que responder sobre qualquer

questão acadêmica, estando a direção totalmente autônoma para decidir sobre questões

pedagógicas. Eles nunca queriam se envolver. Mas a atual, que assumiu há cerca de um ano,

participa de tudo, tanto o administrativo como o acadêmico, promove reuniões permanentes

com gestores e toma as medidas cabíveis para sanar problemas.

PAPEL DOS PROFESSORES E DA ESCOLA

Ações ideais e reais da escola e dos professores na prevenção do consumo dos jovens

AÇÕES IDEAIS DA ESCOLA

SEGUNDO O PPP É FALTA GRAVE PORTAR OU CONSUMIR DROGAS (verdade)

PROFESSOR QUE USA DROGAS DEVE SER MANDADO EMBORA

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DEVERIAM SER REALIZADAS DE ACORDO COM O CASO O ALUNO MERECE UMA SEGUNDA OPORTUNIDADE

(presunções)

ACREDITA NA TRANSFORMAÇÃO DAS PESSOAS (valor)

DOS PROFESSORES

PARTICIPAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO PPP (valor) PROFESSORES DEVERÃO ACIONAR A DIREÇÃO E A PSICOPEDAGOGIA EM CASO DE DROGAS (presunção)

AÇÕES REAIS FALHAS DA ESCOLA

O PPP ESTÁ DESATUALIZADO DESDE 2007 (fato)

A ESCOLA NÃO FALHA SOZINHA (presunção)

FALHAS DO PROFESSOR

POUCA PARTICIPAÇÃO NAS REUNIÕES PEDAGÓGICAS

OS PROFESSORES GANHAM POUCO, TRABALHAM MUITO E O É TEMPO CURTO

(fatos)

NÃO ESTÁ PREPARADO PARA LIDAR COM DROGAS (presunção)

A análise da retórica de MA fundada no real, sobre as ações da escola e dos

professores, sinaliza para a falta de atitude e a falta de preparo do professor dentro de sala. O

professor escuta de seus alunos relatos de uso de drogas por parte de familiares. Professores

frequentam as mesmas festas que os alunos e veem alunos bebendo até cair. Convidar

usuários de drogas em recuperação para ministrar palestras informativas, poderá ajudar no

processo de informação. Na escola ninguém é obrigado a ser testado para saber se usou ou

não drogas.

O diálogo sobre as ações da escola e dos professores foi marcado pelo relato de MA,

dizendo que nunca se deparou em sala com alunos drogados e sim com situações relacionadas

a parentes que se envolveram com o tráfico de drogas ou simplesmente tornaram-se usuários

de drogas. MA passou por momentos indesejados em festas, pois alega que lá sim conviveu e

convive com alunos usuários de bebida alcoólica do 9º ano do fundamental em diante. O que

impressiona MA é que não existe uma censura para o consumo de bebida alcoólica que são

fornecidas e se apresentam das formas das mais variadas possíveis pelos responsáveis pelas

festas e ao presenciar um caso disse "A dona da casa sabia e nada fazia. Quando ela viu que o

menino estava passando muito mal, resolveu ligar para alguém ir buscar".

Conhece a política institucional da escola, mas repassa todos os casos que lá ocorrem

para a psicopedagogia. Para MA o professor precisa estar preparado para lidar com as

questões das drogas, além de considerar também uma falta de atitude da parte deles. Ressalta

que existe uma banalização sobre drogas muito grande por parte dos alunos em função da

educação recebida em casa, porque muitos estão envolvidos com drogas lícitas e ilícitas.

Palestras e seminários de conscientização para os professores poderão ajudar, mas tem

dúvidas se seriam o suficiente e diz "O que falta é trazer gente de fora com mais experiência.

Só o aprendizado com a disciplina parece não ser o suficiente" (apêndice 1, p. vi).

Quadro 16. Argumentos de MA

ARGUMENTO DE MA

AÇÕES IDEAIS DA ESCOLA

CRIAR FEIRAS OU SEMINÁRIOS COM VISTAS A UM MAIOR CONHECIMENTO E REFLEXÃO DO ALUNO

CONVIDAR MEMBROS DO AA E NA PARA DAR DEPOIMENTOS

(presunções)

DOS PROFESSORES

NINGUÉM É OBRIGADO A FAZER O TESTE NA ESCOLA (verdade)

CONSEGUE RESULTADOS COM O ALUNO PELA INSISTÊNCIA (lugar do preferível)

AÇÕES REAIS FALHAS DA ESCOLA

O PPP NÃO É LEVADO A SÉRIO (fato)

FALHAS DO PROFESSOR

FALTA ATITUDE E PREPARO DENTRO DE SALA (presunção)

PROFESSORES FREQUENTAM FESTAS COM ALUNOS

O PROFESSOR NÃO PEDE AJUDA REPASSA PARA A PSICOPEDAGOGIA TODOS

OS CASOS QUE OCORREM (fatos)

PAPEL DOS PROFESSORES E DA ESCOLA

Em relação ao PPP que diz que o aluno ou professor que for pego consumindo ou

portando drogas, deverá ser convidado a se retirar do colégio, informa que isso deverá ser

provado e ninguém é obrigado a ser testado no colégio. Para um processo de prevenção as

drogas, convidar palestrantes, usuários em recuperação para dar depoimentos de suas histórias

de vida, criar seminários ou feiras capazes de levar os alunos a um maior conhecimento e uma

reflexão sobre drogas seriam importantes. MA vai mais longe, quando revela que todos

deveriam estar engajados no processo único de prevenção as drogas e nesta ordem serem

preparados para esse grande desafio, "inicialmente só com os pais, depois, só com os filhos,

depois só com os professores e uma aberta a toda a comunidade" (apêndice 1, p. vii).

A análise da retórica de LU, fundada no real sobre as ações da escola e dos

professores considera que professores e comunidade escolar não estão preparados ainda para

lidar com a questão das drogas, principalmente se em alguns casos a própria família consome

droga na frente dos filhos. A escola procura solucionar os problemas com drogas na medida em

que eles ocorrem sem um planeamento efetivo. Assim que um aluno é suspeito de ter

consumido ou caso esteja portando qualquer tipo de droga, o professor encaminha à direção

que aplica uma suspensão e procura ligar imediatamente para o responsável vir buscar o aluno.

Todavia, a conscientização, a informação e os valores ficam para trás.

O diálogo sobre as ações da escola e dos professores foi marcado pelo relato de LU,

dizendo que sua experiência com drogas foi em decorrência de sua experiência como

professora, enquanto que na família não soube de qualquer caso relacionado a drogadição. Em

sala, LU relatou casos em que sua maior preocupação era estar ministrando aulas para alunos

que haviam consumido ou mesmo portando drogas.

Em relação às providências, caso ocorra algum caso na sala de aula seria encaminhá-

lo a direção, porém não de imediato, LU tentará se aproximar do usuário e oferecer ajuda,

porém a questão é outra, a maioria dos alunos não quer receber ajuda e muito menos passar

por um tratamento, dentro ou fora da escola. Nesse caso específico, não havia o que fazer,

porque o jovem não queria ajuda. O fato de constar no PPP que o aluno ou o professor poderá

ser convidado a se retirar da escola por qualquer envolvimento com drogas não quer dizer que

isso ocorra. Segundo LU, isso dificilmente acontece e salienta, porque o jovem não vai seguir as

normas, vai seguir seu desejo: "Não adianta, mesmo que exista alguma coisa escrita, a palavra

Quadro 17. Argumentos de LU

ARGUMENTOS DE LU

LU deixa transparecer que a escola não quer lidar com casos complexos como os de

drogadição, para que não receba retaliação de familiares de outros alunos. Acredita que

palestras de conscientização sobre drogas costumam ajudar os professores a lidar melhor com

os alunos e seus familiares. Outro ponto importante é a tentativa por parte da escola de trazer

jovens em recuperação, para darem depoimentos sobre suas histórias de vida. É fundamental

que isso ocorra várias vezes ao ano. Em relação à família LU diz ficar muito preocupada, pois

eles não dispõem de tempo para os seus filhos. Os próprios alunos relatam em sala que os pais

sentem-se cansados ou sem paciência quando chegam do trabalho. Isso acaba prejudicando

todo desenvolvimento do jovem, principalmente dentro de sala.

Por fim LU faz uma colocação surpreendente para alguns, dizendo que meninas do

ensino fundamental II estão ingerindo álcool na mesma proporção que os meninos, nas festas, e

coloca a responsabilidade disso na família, que tem dificuldade de impor limites aos seus filhos.

Faz também uma outra colocação: ‘Isso tem a ver com a liberdade que é dada dentro de casa,

liberdade essa que ele não tem condições de ter. O adolescente precisa ter limites’.

A análise da retórica de GL, fundada no real, sobre as ações da escola e dos

professores, considera que os professores ao saberem que determinado aluno é usuário de

drogas, tentará se ver livre dele de qualquer forma, já que não se sente preparado para lidar

com essas questões. O primeiro passo para o uso de outras drogas é o consumo de álcool que

vem crescendo assustadoramente. A escola deveria trazer usuários jovens em recuperação com

o intuito de mostrar um outro lado da vida sem drogas, isso poderia ajudar o jovem a se decidir,

já que ele acha que pode tudo. Deixar de pensar só em conteúdos e ampliar suas atividades

envolvendo todos os professores e as famílias dos alunos.

O diálogo sobre as ações da escola e dos professores foi marcado pelo relato de GL,

AÇÕES IDEAIS DA ESCOLA

IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO NA ESCOLA COM GRUPOS ANÔNIMOS (NA e AA)

EXPULSAR OS CASOS PERDIDOS (presunções)

DOS PROFESSORES

DEVE EVITAR QUE O ALUNO SE DROGUE (presunção)

SABER O QUE FAZER ANTES DE ACONTECER O PROFESSOR NÃO TEM O QUE FAZER NO

CASO DA FAMÍLIA USUÁRIA (presunções)

AÇÕES REAIS DA ESCOLA

FALTA PLANEJAMENTO PARA TOMADAS DE PROVIDÊNCIAS

(presunção) O PPP NÃO É CUMPRIDO

ALUNO QUE CONSUME OU ESTA PORTANDO DROGA É PUNIDO

(fatos)

FALTA APOIO AO ALUNO E AO FAMILIAR A ESCOLA NÃO LIDA COM DROGAS PARA EVITAR

DESAVENÇA COM OS PAIS (presunções)

DOS PROFESSORES

NÃO TEM AÇÃO PREVENTIVA (fato)

PAPEL DOS PROFESSORES E DA ESCOLA

dizendo que o álcool foi a droga de que mais ouviu falar e mesmo testemunhou muitos jovens

em festas consumindo-o em grande quantidade. Entretanto, num tom de brincadeira, escutou

alguns alunos comentando a respeito de determinadas drogas ilícitas, mas não teve a

oportunidade de conviver diretamente com nenhum caso específico. Segundo GL o professor

não está preparado para lidar com as questões que envolvem as drogas. Tem uma visão que

quase sempre é punitiva, independente de seu conhecimento. Teve a oportunidade de analisar

o PPP e acredita que caso ocorra algum problema relacionado ao professor usuário de drogas,

este não será merecedor de alguma chance, porém o aluno será um caso a ser estudado,

devido a sua complexidade do assunto para o jovem, e diz: "Se for o professor ele não deverá

trazer drogas para o ambiente de trabalho, principalmente, por ser uma pessoa esclarecida,

estudada. Mas se ele trouxer, deverá ser convidado a se retirar" (apêndice 1, p. xi).

Quadro 18. Argumentos de GL

ARGUMENTOS DE GL

Para GL uma das mais benéficas estratégias de se esclarecer e ao mesmo tempo

causar um impacto nos alunos seria a escola convidar usuários em recuperação para dar

depoimentos de suas histórias de vida e de preferência, jovens também. GL acredita que a

linguagem do jovem tem um poder reflexivo diferenciado, quando estão juntos. Quanto às ações

preventivas que poderiam afastar os jovens das drogas, GL aponta para os programas de

prevenção as drogas do Ministério da Saúde como forma de ajudar aos mais necessitados,

inclusive à família, pois muitos pais estão envolvidos com drogas.

GL relata que a escola esta envolvida hoje mais no nível de conteúdo, não se

preocupando com os espaços que poderiam ser abertos à comunidade para diversos fins. Já na

política institucional, a escola poderia realizar algumas coisas, para que as regras fossem

respeitadas, pois não é o que se vê, e tece uma consideração: "Se a gente for levar tudo à

risca, vai ser difícil; confesso que às vezes a gente vê um aluno xingando, mas você vai chamar

AÇÕES IDEAIS DA ESCOLA

RECORRER AOS PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

TRAZER USUÁRIOS JOVENS EM RECUPERAÇÃO DAR APOIO AO PROFESSOR PARA LIDAR COM

AS DROGAS

ABRIR-SE PARA A COMUNIDADE PUNIÇÃO PARA PROFESSORES USUÁRIOS SEGUNDA CHANCE PARA ALUNOS USUÁRIOS

(presunções)

DOS PROFESSORES

ATUALIZAÇÃO DO PPP

CONHECER O PROBLEMA PARA SABER LIDAR COM ALUNO USUÁRIO

(presunções)

AÇÕES REAIS DA ESCOLA

SÓ QUER FORNECER CONTEÚDO O PROFESSOR É DESRESPEITADO NÃO APÓIA O PROFESSOR PARA SE ATUALIZAR

DESVALORIZA O PROFESSOR NÃO TEM ESPAÇO PARA CRÍTICA A POLÍTICA INSTITUCIONAL NÃO FUNCIONA

O PPP NÃO AJUDA O ALUNO A ESCOLA SE FECHA À COMUNIDADE

(presunções)

DOS PROFESSORES

NÃO PARTICIPA DO PPP

NÃO CONVERSA SOBRE DROGAS COM OS ALUNOS QUER DISTÂNCIA DO ALUNO USUÁRIO

(fatos)

PAPEL DOS PROFESSORES E DA ESCOLA

a atenção dele até certo ponto, senão, toda vez que isso acontecer você vai acabar levando um

aluno para direção" (apêndice 1, p. xii). O desrespeito ao professor é visível. Por fim, apenas

uma coisa é intolerável, a agressão física.

A análise da retórica de JU fundada no real sobre as ações da escola e dos

professores considera que tanto a escola como os professores poderiam fazer mais pelos seus

alunos. Leituras, orientações, medidas preventivas e principalmente preparando o professor

através de cursos e seminários, de modo a tornar esse profissional uma referência para os

alunos, para os responsáveis e para a própria escola.

O diálogo sobre as ações da escola e dos professores foi marcado pelo relato de JU

que diz ter alunos usuários de drogas, tanto no ensino médio quanto no fundamental. Acredita

que a escola investe muito pouco em programas de prevenção as drogas, mas estaria no

caminho certo para o sucesso e fornece algumas soluções: "Investir no profissional; pouco se

faz por ele, como por exemplo, a ida de professores a congressos, a debates..." (apêndice 3,

lxv). Em relação ao PPP se confundiu um pouco no início da fala, mas deixou claro que medidas

precisam ser tomadas quando ocorre alguma irregularidade na escola.

Acredita que hoje o professor não está preparado para lidar com a drogadição de seus

alunos. Caso perceba que um aluno esteja portando ou consumindo drogas, tenta se aproximar

e ajudar de alguma forma, porém se isso fugir ao seu controle procuraria alguém para ajudar, de

imediato comunicando a direção da escola e pedindo aos pais que compareçam à escola.

A professora procura não expor o aluno e elevar o tom de voz dentro de sala e revela:

"Preciso depois, chamar os pais e tentar colocar da forma mais clara possível. É um trabalho de

integração em que todos os envolvidos precisam participar. Em momento algum passa pela

minha cabeça agir sozinha" (apêndice 2, p. xliii).

Para JU um trabalho permanente de orientação às drogas por profissionais

especializados seria importante. Trabalhou em sala de aula com os alunos um livro que conta

uma história de um personagem que se envolveu com drogas. JU conseguiu envolver toda a

turma a ponto de pedir a todos que preparassem uma apresentação que no final contou com a

participação de um dependente em recuperação que contou sua história de vida e ainda

proporcionou um debate que jamais será esquecido. Ressalta que a parceria entre a escola e a

família é fundamental para o bem-estar do jovem.

Quadro 19. Argumentos de JU

ARGUMENTOS DE JU

A análise da retórica de MG fundado no real sobre as ações da escola e dos

professores considera que a curiosidade do jovem é grande e algumas coisas poderão ajudá-lo

a resistir â tentação das drogas, como por exemplo, a orientação do professor ou de alguém

que tenha sofrido com as drogas e que hoje esteja em recuperação. A escola precisa abrir as

portas a toda comunidade sendo a extensão da casa do aluno. O aluno precisa pensar em

coisas saudáveis, pois a curiosidade de usar drogas parece ser ainda maior nos dias atuais.

Professores têm dificuldade de identificar usuários e traficantes dentro e fora da escola.

O diálogo sobre as ações da escola e dos professores foi marcado pelo relato de MG,

dizendo que duas coisas poderão contribuir para erradicar o consumo de drogas. Primeiro a

importância que tem a palavra do professor dentro de sala e segundo a contribuição de

dependentes em recuperação no processo de uso e abuso de drogas.

Uma coisa chama a atenção, todos os entrevistados acreditam que dependentes em

recuperação poderão contribuir e muito no processo de prevenção às drogas, conforme revela:

No documento Marcelo Lessa Dissertação (páginas 91-102)