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MAPA 3 Malha Ferroviária do Recife em 1906: Recife possuía em 1906 um

18 ORIGEM DO PÓLO GESSEIRO

18.2 IDENTIFICANDO AS CARACTERÍSTICAS DO CLUSTER DO GESSO

18.2.7 O Papel do Governo no Cluster

No Cluster do Gesso, é possível identificar os cinco aspectos relevantes atribuídos ao Governo como agente fundamental na viabilização de um Arranjo Produtivo. No caso,

enxerga-se a ação dos três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipais) através de seus diferentes órgãos.

a) estabelecer um ambiente econômico e político estável e previsível – A economia do Estado dá sinais concretos de estar entrando em um período de crescimento e desenvolvimento, após algumas décadas de estagnação. Com o apoio do governo federal o Estado tem sido palco de investimentos estruturadores de vulto, que sinalizam um robusto ciclo de crescimento a médio e longo prazos. Três grandes projetos, o Canal do Sertão, a Ferrovia Transnordestina e o Pólo Industrial de Suape podem representar uma importante alavancagem no Cluster do Gesso pois, parecem ter sido planejados especificamente para facilitar e desenvolver a operação gesso. No aspecto político o cenário é de estabilidade e normalidade, exibindo uma inédita integração de Secretarias de Governo na implementação de ações em apoio ao desenvolvimento sustentável da região.

b) aumentar a disponibilidade, qualidade e eficiência de inputs de caráter geral e das instituições – os principais gargalos do Cluster do Gesso estão sendo considerados nos planejamentos governamentais elaborados como parte das metas oficiais de desenvolvimento. As questões do desmatamento, da escassez de energia e das dificuldades de transporte estão na pauta das discussões oficiais. Como exemplo desta participação, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma), promoveu, entre os dias 5 e 7 de novembro de 2007, no Recife Palace Hotel, a oficina Estratégias para uma Política de Ciência Tecnologia e Informática: Um Novo Olhar para Pernambuco. Durante três dias de palestras, debates e mesas redondas, a comunidade científica do Estado, empresários, políticos, representantes da Sectma e de entidades de classe discutiram e propuseram políticas de Ciência, Tecnologia e Informática para Pernambuco. Órgãos de defesa do meio ambiente como CPRH e Ibama participam ativamente dos debates em torno de novas fontes energéticas auto- sustentáveis.

c) criar um contexto que incentive inovações e avanços – Pesquisas e investigações econômicas têm sido elaboradas e tornadas públicas em documentos oficiais demonstrando a preocupação com os diferentes setores econômicos do Estado e tratando o Cluster do Gesso como um Pólo de importância fundamental para o desenvolvimento do Sertão.

d) reforçar a formação de Cluster e sua constante melhoria e avanços na economia – É evidente que os técnicos governamentais enxergam, na presença do Cluster do Gesso, uma extraordinária oportunidade de desenvolvimento da região. O projeto do Centro Tecnológico do Araripe tem como metas educacionais formar técnicos para as indústrias instaladas em uma região que apresenta um dos maiores índices de analfabetismo do Estado. Formar técnicos que podem ser aproveitados em seu próprio ambiente se constitui na solução ideal de desenvolvimento humano, pois traz o saudável efeito de reduzir a migração dos jovens adultos para centros urbanos mais desenvolvidos em busca de condições de sobrevivência. e) criar e comunicar uma visão econômica nacional, positiva, distinta e atuante que possibilite mobilizar os cidadãos para a ação – O surto de desenvolvimento que desponta no horizonte curto da historia econômica do Estado de Pernambuco já foi assimilado pela sociedade. É generalizada a noção de que as oportunidades de emprego estão exigindo mão de obra mais qualificada, o que orienta o foco das empresas da área de formação profissional e de recrutamento de pessoal. A mídia tem cumprido o seu papel na divulgação das oportunidades e de investimentos retro-alimentando o circulo virtuoso.

18.2.8 O Papel do Órgão Articulador do Cluster do Gesso

a) estudos e acompanhamento - o Sindugesso desenvolve um constante esforço na integração com outros sindicatos no sentido de estimular experimentos de novas técnicas de construção com o emprego de gesso. Recentemente acompanhou a construção de duas centenas de casas populares a base de gesso, no interior do Estado, além da participação no evento Casa Cor, quando apresentou um protótipo de casa de praia, com projeto moderno, à base de gesso.

Identifica-se esforço concentrado na conscientização dos grandes mineradores de gesso em apoio a projetos cooperativos envolvendo a participação em feiras, seminários e pesquisas visando o desenvolvimento de novos mercados.

A Secretaria de Ciências e Meio Ambiente (Sectma) patrocina estudos de mercado e pesquisas de necessidades das empresas do Pólo, que podem orientar os esforços conjuntos de investimento na melhoria do perfil profissional da população economicamente ativa da região. Estas necessidades serviram para orientar os objetivos do Centro Tecnológico do Araripe.

Como representante do setor, o Sindugesso promove reuniões e debates entre os diferentes agentes do Cluster no sentido de identificar as oportunidades e desafios associados à atividade.

Atualmente a entidade discute uma relação de oportunidades mercadológicas que podem ser aproveitadas mediante ações específicas:

- crescimento do setor Construção Civil acima do PIB; - demanda reprimida do mercado internacional;

- baixo consumo per capita/gesso no Brasil; - déficit habitacional – população de baixa renda; - baixo Nível de Taxação na Europa;

- praticidade dos Sistemas Construtivos de Gesso; - baixo custo dos Sistemas de Gesso;

- acordo e parcerias com Empresas Internacionais

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b) apoiar novos empreendedores: fertilização cruzada - as empresas de maior porte que operam no pólo gesseiro se concentram na exploração, calcinação e fornecimento do gesso ou da gipsita com este mínimo de processamento. Nesta operação há pouco espaço para a entrada de tecnologias diferenciadas, uma vez que a natureza da operação é exploratória rodeada de pequenas empresas que sobrevivem produzindo placas de gesso em atividades de sobrevivência. Porém, na criação de novos produtos e/ou aplicações do gesso, atividades que não necessariamente precisam estar geograficamente próximas, percebe-se um saudável esforço no sentido de estimular empresas e profissionais liberais a se juntarem em um processo classificado como fertilização cruzada.

b) aperfeiçoamento dos processos produtivos - o setor do gesso promove ações como: viagens técnicas a novos centros, a mercados externos com o objetivo de estimular a abertura de frentes de negócios. No processo produtivo o setor investe em treinamento e capacitação de mão de obra, alem de investir em equipamentos que melhorem a qualidade do produto final como laboratórios, e módulos controladores da produção. Desde a instalação do Pólo, identifica-se uma seqüência evolutiva no processo produtivo provocada pelas exigências do mercado. A calcinação começou a ser feita de forma precária em tachos utilizados para torrar farinha, que passaram a desidratar a gipsita para atender a pequenas aplicações. O volume principal era entregue in natura principalmente para a indústria do cimento e agricultura. A

partir da década de 1980 a indústria do cimento passou a utilizar o fosfogesso o que representou um ganho de qualidade dos processos produtivos. Para continuar no mercado, as mineradoras tiveram que investir em equipamentos e fornos de calcinação. A principio a calcinação acontecia sob condições normais de pressão, o que produz um gesso, conhecido como beta, que apresenta baixa uniformidade no teor de umidade e na granulometria. A partir da segunda metade da década de 1990, o mercado exigiu e as principais empresas do Pólo investiram em equipamentos de controle e fornos automáticos para a produção de gesso sob pressão atmosférica controlada, o que garante maior uniformidade no teor de umidade e na granulometria, o chamado gesso alfa. Todos estes estágios representaram ganhos de qualidade e exigiram largos investimentos no desenvolvimento da tecnologia.

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