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Pernambuco (1850 – 1950): cem anos de reflexão, antes do cluster do gesso

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Academic year: 2017

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MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

PERNAMBUCO (1850 – 1950): CEM ANOS DE

REFLEXÃO, ANTES DO

CLUSTER

DO GESSO

PAULO ROBERTO DA SILVA

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PAULO ROBERTO DA SILVA

PERNAMBUCO (1850 – 1950): CEM ANOS DE REFLEXÃO,

ANTES DO CLUSTER DO GESSO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade Boa Viagem, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. José Raimundo Oliveira Vergolino, PhD.

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PAULO ROBERTO DA SILVA

PERNAMBUCO (1850 – 1950): CEM ANOS DE

REFLEXÃO, ANTES DO

CLUSTER

DO GESSO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade Boa Viagem, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada em: 30 de julho de 2008

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ José Raimundo Oliveira Vergolino, Ph.D. (Orientador)

Faculdade Boa Viagem

_____________________________________________________ Profº. Dr. Fernando de Mendonça Dias (Examinador Externo)

Universidade Federal de Pernambuco

_____________________________________________________ Olímpio José de Arroxelas, Ph.D. (Examinador Interno)

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AGRADECIMENTOS

Muitos são aqueles a quem devo agradecer.

Aos colegas de turma pelo apoio e paciência demonstrados nas intermináveis discussões durante nossos encontros, dentro e fora das salas de aula.

Aos professores que nos orientaram e toleraram serenamente nossas idéias e colocações, na maioria das vezes, calcadas mais em preconceitos do que em informação.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar os principais movimentos econômicos ocorridos no Estado de Pernambuco desde a década de 1850, que marcou o início do declínio do ciclo da cana de açúcar, até os dias atuais. Período em que, a despeito das reservas minerais do Estado e dos elevados investimentos oficiais, inicialmente sob a bandeira de combate à seca e, a partir de 1960, através de programas de desenvolvimento industrial coordenados pela Sudene, ficou marcado por índices econômicos e sociais declinantes e pouco significativos, revelando um longo período de estagnação e pouco desenvolvimento. A análise abrange as principais condições ocorridas do ponto de vista social, econômico e histórico que possam ter atuado como determinantes para o fraco desempenho em termos de desenvolvimento social da região. Ao final do período, é dado ênfase na caracterização do Arranjo Produtivo Local do Gesso como Cluster e seu potencial de influência no desenvolvimento da região do Araripe.

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ABSTRACT

This research has the objective, to analyze the main Penambucanian economic movements occurred since 1850 decade, which marked the very beginning of the sugarcane economical circle decline, up to the present. This period of time has passed, without any significant economic initiative which has reached sustainability in spite of the mineral state potentialities and the large investments done, initially to minimize the drought effects, and latter through official development programs conducted by the regional agency Sudene. The analysis intends to cover the main conditions occurred from the economic, social and historical standpoints which determined the poor regional social development. The Gypsum Pole characterization as a regional Cluster is emphasized as far as its potential as the Araripe region development influencer.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

MAPA 1 Localização da Principal Reserva de Calcário no Estado: Escala

1:100.000 ... 32

FIGURA 1 Cadeia Produtiva de Gipsita ... 39

MAPA 2 Municípios que Compõem a Região do Araripe ... 51

FIGURA 2 Formação de Cluster ... 65

FIGURA 3 Comparativo entre Paredes de Gesso Acartonado e Paredes de Tijolos 80 FIGURA 4 Evolução do Preço do Petróleo Bruto no Mercado Internacional – 1994-2007 ... 84

FIGURA 5 Identificação dos Gargalos ao Desenvolvimento do Cluster do Gesso .. 93

FIGURA 6 Núcleo de Gestão do Gesso ... 97

FIGURA 7 Maquete do Centro Tecnológico do Araripe ... 123

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Participação no Total das Exportações Brasileiras (%) ... 23

TABELA 2 Rochas Ornamentais Reservas e Produção (2005)... 35

TABELA 3 Consumo de Gesso Comparativo kg/habitante/ano ... 37

TABELA 4 Gesso: Produção de Mundo, por País 1, 2 (em Mil Toneladas Métricas) 38 TABELA 5 Índices Sociais – Grandes Regiões e Total Brasil ... 46

TABELA 6 Índices de Nível de Vida – 1985 – 1999: Nordeste por Estado – Total Nordeste – Região Sudeste – Total Brasil ... 47

TABELA 7 Taxa de Crescimento Anual (%) do V.A.B. de PE: por Atividade Econômica – 2002–2005 ... 49

TABELA 8 Taxa de Crescimento Anual (%) do Valor Adicionado Bruto por Atividade da Indústria de Transformação - 2002–2005 ... 50

TABELA 9 PIB, a Preços de Mercado, (BR, NE e PE): 2002 – 2005 ... 51

TABELA 10 Microrregião de Araripina: Efetivo do Rebanho Animal e Extrativo: 2005 ... 53

TABELA 11 Microrregião de Araripina: Extração Vegetal e Silvicultura: 2005 ... 53

TABELA 12 Microrregião de Araripina: Indicadores Econômicos – 2000 e 2004 .... 56

TABELA 13 Microrregião de Araripina: Indicadores Sociais: 2000 ... 57

TABELA 14 Reservas Brasileiras de Gipsita: Quantidades Medidas – Evolução Entre 2001 e 2005 ... 70

TABELA 15 Produção Brasileira de Gipsita: Quantidades Medidas – Evolução Entre 2001 e 2005 ... 71

TABELA 16 Produção de Gesso no Brasil 1999 a 2005 em 103 ton. ... 72

TABELA 17 Participação das Principais Empresas na Produção Total, 2000 ... 73

TABELA 18 Produção Brasileira de Gipsita por Estado ... 75

TABELA 19 Consumo Pólo Gesseiro – PE (2005) ... 83

TABELA 20 Custo do Combustível na Calcinação (por Tonelada de Gesso) ... 83

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção

Abragesso – Associação Brasileira dos Fabricantes de Blocos e Chapas de Gesso

APIEGCP – Associação Profissional das Indústrias de Extração de Gipsita e da Calcinação do Estado de Pernambuco

APL – Arranjo Produtivo Local APR – Arranjo Produtivo Regional BNB – Banco do Nordeste Brasileiro

CEDENE – Centro de Desenvolvimento do Nordeste

Codevasf – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco CPRH – Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FADE – Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco FGV – Fundação Getúlio Vargas

Fiepe – Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco Fundaj – Fundação Joaquim Nabuco

GPS – Global Position System

Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ITEP – Instituto Pernambucano de Tecnologia

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PBQP-H – Programa Setorial da Qualidade do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RF – Chapas Reforçadas

RU – Chapas Resistentes à Umidade

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Sindugesso – Sindicato da Indústria do Gesso de Pernambuco

Sinduscon/Pe – Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco SNIC – Sindicato Nacional da Indústria de Cimento

ST – Chapas Standard

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 OBJETIVO GERAL ... 17

3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 18

4 JUSTIFICATIVA ... 19

5 HIPÓTESES ... 20

6 NO PRINCÍPIO ERA O AÇÚCAR ... 21

7 INÍCIO DO SÉCULO XX ... 24

8 DESENVOLVIMENTO INSUSTENTÁVEL ... 26

9 O FENÔMENO DA SECA ... 28

9.1 CAUSAS DA SECA ... 30

9.2 EFEITOS SOCIAIS E POLÍTICOS ... 31

10 RESERVAS MINERAIS: ECONOMIA DE SUBSOLO ... 32

10.1 O CALCÁRIO ... 32

10.2 GRANITO: RIQUEZA A CÉU ABERTO ... 34

10.3 GIPSITA PERNAMBUCANA: ENTENDENDO O GESSO... 36

11 ANÁLISE DAS EVIDÊNCIAS E OBSERVAÇÕES ... 41

11.1 A RAIZ DO DECRESCIMENTO ... 41

11.2 SÉCULO XX: A ECONOMIA CONTINUA A DECRESCER ... 43

12 A ECONOMIA DA REGIÃO NORDESTE ... 46

12.1 ÍNDICES ECONÔMICOS RECENTES DE PERNAMBUCO ... 48

12.2 O AMBIENTE SÓCIO-ECONÔMICO DO SERTÃO ... 51

12.3 AGROPECUÁRIA: A SOBREVIVÊNCIA DAS ESPÉCIES ... 52

12.4 EXTRAÇÃO VEGETAL E SILVICULTURA ... 53

12.5 MANDIOCA: CULTURA TÍPICA DE SUBSISTÊNCIA ... 54

13 OS INDICADORES SOCIAIS DA REGIÃO DO ARARIPE ... 56

14 METODOLOGIA ... 58

15 ESTADO DA ARTE ... 59

16 JUSTIFICATIVAS TEÓRICAS ... 61

16.1 AGLOMERAÇAO DE EMPRESAS (CLUSTER) ... 62

(13)

16.2.1 Aglomeração ... 66

16.2.2 Afinidade ... 66

16.2.3 Articulação ... 67

16.2.4 Ambiente de Negócio Positivo ... 67

16.2.5 Apoio Institucional ... 67

16.2.6 Agentes e Atores do Cluster ... 67

16.2.7 O Papel do Governo numa Iniciativa de Cluster ... 68

16.2.8 O Papel do Órgão Articulador do Cluster ... 69

17 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 70

17.1 PÓLO GESSEIRO PERNAMBUCANO: DADOS HISTÓRICOS ... 70

17.2 PRODUÇÃO DE GIPSITA E GESSO ... 73

17.2.1 Mineração ... 76

17.2.2 Calcinação ... 76

17.2.3 Fornos Tipo Panela (ou Tachos) ... 76

17.2.4 Fornos Tipo Marmita ... 77

17.2.5 Fornos Tipo Marmita Rotativos ... 77

17.2.6 Fornos Tipo Marmita Giratórios ... 77

17.2.7 Produção de Pré-moldados ... 78

17.2.8 Drywall ... 79

17.2.9 Meio Ambiente ... 81

17.2.10 A Matriz Energética ... 82

17.2.11 Mamona: o Petróleo Vegetal ... 85

17.2.12 A Questão do Transporte ... 87

18 ORIGEM DO PÓLO GESSEIRO ... 88

18.1 PÓLO GESSEIRO: CLUSTER OU ARRANJO PRODUTIVO REGIONAL ... 89

18.2 IDENTIFICANDO AS CARACTERÍSTICAS DO CLUSTER DO GESSO .... 90

18.2.1 Aglomeração ... 90

18.2.2 Afinidade ... 91

18.2.3 Articulação ... 92

18.2.4 Ambiente de Negócio Positivo ... 96

18.2.5 Apoio Institucional ... 96

18.2.6 Agentes e Atores do Cluster ... 98

(14)

18.2.8 O Papel do Órgão Articulador do Cluster ... 100

19 CONCLUSÃO ... 103

REFERÊNCIAS ... 106

(15)

1 INTRODUÇÃO

A região, ao Nordeste do Brasil, onde hoje se localiza o Estado de Pernambuco, foi durante quase cinco séculos, palco do mais intenso, longo e importante movimento econômico das colônias tropicais, gerando para os fidalgos portugueses, renda duradoura e farta. Nos meados do século XVI quando ocorreu a disseminação de engenhos canavieiros no Brasil, havia transcorrido mais de um século desde o início do cultivo e processamento da cana nas ilhas portuguesas do Atlântico, principalmente na Madeira.

Estavam asseguradas, assim, as principais condições para o desenvolvimento do arranjo produtivo, além mar: a) dominavam-se as técnicas do fabrico do açúcar; b) estavam consolidados os contatos comerciais para a distribuição do produto na Europa; c) dispunha-se de crédito junto a importantes centros financeiros (FERLINI, 1988).

Até o século XIV a produção de açúcar era restrita ao mediterrâneo, baseada no plantio da beterraba, (Quenopodiácea) do tipo açucareiro, de safra semestral cultivada durante

o verão europeu. Com a descoberta e o início da colonização das terras da América, os portugueses praticamente passaram a controlar o mercado mundial de açúcar, o que durou quase três séculos. De início com o estabelecimento de engenhos nas ilhas do Atlântico, sobretudo na Madeira, depois com a implantação e rápida disseminação de atividades agro-açucareiras no Brasil, principalmente no litoral nordestino (GODINHO, 1983).

Enquanto os engenhos nordestinos produziam açúcar para abastecer o mercado europeu, a demanda interna de derivados do açúcar era atendida por pequenos engenhos artesanais localizados mais ao sul, na região onde se situa o Estado de Minas Gerais.

Sua origem e desenvolvimento, até o final do século XIX, estiveram estreitamente vinculados ao capital mercantil e suas determinações: produção açucareira em larga escala, organizada em bases manufatureiras, apropriação de vastas extensões de terra, emprego de volumoso contingente de trabalhadores escravos e produção orientada para mercados externos (FERLINI, 1988).

(16)

A influência do arranjo produtivo do açúcar se estendeu a diversas áreas. O algodão arbóreo, planta perene nativa do sertão, foi identificado como um importante insumo na produção de sacaria para o principal item de exportação. A extensão do plantio para o Agreste, a partir do final do século XVII viabilizou outra variedade arbustiva, anual de maior produtividade dando início ao segundo maior movimento econômico do Estado que sobreviveu paralelamente ao ciclo do açúcar, por dois séculos.

Embora os registros históricos sejam escassos, as evidências que sobreviveram ao fim do ciclo do açúcar dão idéia do vigor e da intensidade do fenômeno. Do ponto de vista social, criou-se uma oligarquia canavieira, que ainda hoje exerce forte influência política na vida das populações. Na base da pirâmide, uma grande massa popular formada de ex-escravos, meeiros e colonos, semi-analfabetos se manteve até os dias atuais desafiando as políticas de desenvolvimento puxando para baixo todos os indicadores sociais medidos periodicamente.

Tendo oficialmente se encerrado no final do século XVII, o domínio açucareiro no Estado de Pernambuco se estendeu até as primeiras décadas do século XX e arrastou por algumas décadas sua influência inercial, criando um vácuo de novos empreendimentos que durou por quase meio século.

Embora seja incerto estabelecer um marco decisivo para o início do declínio econômico do Estado, a década de 1850 ficou marcada por duas ocorrências que sinalizaram mudanças no contexto, que podem bem caracterizar a origem do ciclo regressivo da economia pernambucana.

A promulgação da Lei das Terras em setembro de 1850 mudou a sistemática de uso do solo, introduzindo a propriedade em lugar da posse derivada das doações vigente até então. Este instrumento provocou a concentração de propriedade nas mãos dos abastados e excluiu os pequenos produtores, perpetuando até os dias atuais, o modelo latifundiário brasileiro.

A guerra de preço do açúcar no mercado europeu, provocada pelo crescimento da produção cubana e das Antilhas, associada à defasagem tecnológica apresentada pela produção brasileira, derrubou os volumes exportados pelo Brasil, iniciando um período de lento declínio nos negócios.

(17)

Neste processo lento e continuado de redução da atividade econômica, o Estado de Pernambuco chegou quase à metade do século XX, sem apresentar nenhum outro evento econômico importante. O arranjo produtivo do algodão pernambucano enfrentou algumas crises, mas manteve-se fiel ao modelo de exportação da fibra longa in natura e a produção de

tecidos grossos para consumo local. A crise de 192 levou as principais produtoras de tecidos finos a buscarem novos mercados, para sustentar sua capacidade produtiva. A oferta de bons tecidos importados a preços acessíveis inaugurou uma nova era no consumo do brasileiro surpreendendo a indústria local atingida na sua principal fraqueza, o baixo índice de tecnologia de produção. O surgimento das fibras sintéticas derivadas do petróleo, apoiadas por eficientes campanhas de marketing colocou a fibra natural em uma posição secundária na preferência do mercado.

Na seqüência, a chegada da soja nas terras brasileiras enfraqueceu mais ainda o algodão substituindo o óleo comestível, extraído do seu caroço, pelo óleo de soja com apelo mais saudável e oferta abundante.

A praga do bicudo na década de 1970 encerrou definitivamente uma atividade que teve seus momentos de glória, mas não foi capaz de atualizar-se e sobreviver aos novos hábitos de consumo e às novas estratégias mercadológicas.

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2 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo geral analisar e discutir os principais movimentos econômicos de Pernambuco, desde a década de 1850, incluindo o ciclo do algodão e o declínio do ciclo da cana de açúcar, até os dias atuais, dando ênfase ao Pólo Gesseiro do Araripe, buscando evidências que o caracterizem como um Cluster.

A análise abrange as principais condições ocorridas do ponto de vista social, econômico e histórico que atuaram como pano de fundo determinante para o fraco desempenho em termos de desenvolvimento do Estado. E pelo encerramento dos processos econômicos que, tendo sobrevivido por longos períodos, extinguiram-se quase totalmente, deixando pálidas evidências de seu vigor. Foi dada ênfase na caracterização, do Pólo Gesseiro como Cluster e seu potencial de influência no desenvolvimento da região do Araripe e na auto

sustentabilidade do setor.

A história econômica de Pernambuco, na primeira metade do século XX, ficou marcada pelos investimentos oficiais, no combate aos efeitos da seca, orientados para a construção de açudes, frentes de trabalho e obras para armazenamento de água.

A partir do advento da Sudene, houve uma mudança no foco dos investimentos que passaram a estimular projetos de desenvolvimento econômico sustentável que pudessem prosperar e sobreviver à saída do capital federal na forma de financiamentos ou incentivos fiscais.

(19)

3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) identificar as potencialidades minerais existentes no Estado e as suas possibilidades econômicas;

b) identificar e analisar as principais justificativas históricas, sociais e ambientais para o não desenvolvimento da região no período analisado;

(20)

4 JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento deste trabalho tem como ponto de partida a investigação de evidências que possam responder a indagação: Constitui-se o Pólo Gesseiro do Araripe, pela sua função e estrutura, um Cluster?

O conceito de Cluster, recentemente elaborado e aplicado a Arranjos Produtivos

Locais, trouxe à luz algumas características que isoladamente podem estar presentes em diferentes arranjos sem que isso os tipifique como Clusters. Na compreensão de Almeida et

al. (2003) “o foco da análise deveria centrar-se não na replicabilidade de uma determinada experiência de Cluster, mas sim nas funções que os Clusters podem desempenhar e nas suas

características básicas”.

Duas principais características presentes em definições alternativas são: a coesão entre os elementos e; que os Clusters tenham uma clara delimitação, fronteira que os isole dos

demais. Outras características fundamentais do conceito dizem respeito exatamente às funções

do Cluster que deveriam, no entendimento de Marshall (1982), contornar e dar forma ao

Cluster, são elas:

a) o ganho em eficiência como resultado da organização; b) a especialização e qualificação do trabalhador;

c) a concentração espacial da indústria e outras atividades econômicas, suas causas e efeitos; d) os ganhos de escala internos e externos às firmas.

Das manifestações econômicas que surgiram no Estado desde o século XIX até os dias atuais, o Arranjo Produtivo do Gesso, pela sua contemporaneidade com as regras da economia globalizada, sugere um comportamento de genuíno Cluster.

(21)

5 HIPÓTESES

Para o desenvolvimento da pesquisa e análise do material coletado, foram delineadas duas hipóteses, ao redor das quais se construiu o raciocínio analítico.

A primeira hipótese diz respeito às características dos principais movimentos econômicos ocorridos no Estado de Pernambuco, que apesar da longevidade – açúcar, quatro séculos; algodão, quase dois séculos - não se constituíram em Clusters pela individualização,

falta de coesão e principalmente pelos resultados alcançados em termos de desenvolvimento, sobrevivência e incapacidade de enfrentar os problemas comuns com soluções de consenso.

A segunda hipótese busca analisar o surgimento, desenvolvimento e posicionamento estratégico do Pólo Gesseiro Pernambucano com vistas a identificar características capazes de tipificá-lo como um Cluster incluindo sua capacidade de sobreviver e desenvolver a região

(22)

6 NO PRINCÍPIO ERA O AÇUCAR

O Estado de Pernambuco sediou nos primeiros quatro séculos de sua história o mais longo, intenso e importante ciclo econômico do Brasil, tanto do ponto de vista político como econômico, e na sequência viveu nas primeiras seis décadas do século XX um período marcado pelo lento declínio econômico e estagnação social.

O ciclo da cana de açúcar, no Estado, parece ter se estendido muito além do século XVIII quando, segundo os livros didáticos do ensino fundamental, encerrou-se o ciclo açucareiro no Brasil. Vergolino e Monteiro Neto (2002, p. 29) afirmam que “a economia pernambucana por cerca de quatro séculos – de 1500 a 1900 – esteve fundamentada na exploração e desenvolvimento da atividade açucareira”. Esta longevidade do ciclo açucareiro promoveu o crescimento econômico da região costeira e criou uma oligarquia canavieira, que dominou a política e a vocação econômica do Estado por quatro séculos. Também legou uma extensa massa popular de desassistidos, composta por ex-escravos, colonos, meeiros e trabalhadores avulsos que não lograram, em boa parte até os dias atuais, alcançar algum desenvolvimento que os resgatasse do atraso refletido nos baixos índices sociais medidos periodicamente.

O açúcar, ao longo destes cinco séculos, (incluindo todo o século XX) sofreu mínimas alterações na sua forma de produto final tendo sido, sempre, exportado como uma commodity,

com o mínimo necessário de processamento. Todavia provocou o surgimento de outros complexos produtivos gerando novas unidades de produção conexas àquelas como: a produção de sacos, metalurgia (fabricação e manutenção de eixos e moendas) e caldeiraria.

Pelas particularidades topográficas, o plantio e a colheita também sempre foram feitos manualmente, apresentando pouco espaço para adoção de novas tecnologias que propiciariam o surgimento de pólos industriais mais diversificados.

Duas características marcantes da atividade açucareira, nos moldes em que se manteve ativa por quatro séculos, foram: a limitação mono-cultural – na zona da mata - que inibiu o desenvolvimento de outras atividades agrícolas em escala econômica, e a semestralidade da safra que empurrava a mão-de-obra menos qualificada para baixo da linha de subsistência, na outra metade do ano, gerando uma dependência continuada ao pólo produtor.

(23)

de que no período de 1840 a 1910 houve modernização no processo da indústria açucareira pernambucana sem, contudo, haver mudanças entendendo que o quadro social e a própria economia não se desenvolveram na mesma proporção da receita gerada pela produção e exportação do açúcar. Resumindo o pensamento do autor, as receitas com as exportações de açúcar se concentraram nas mãos da oligarquia, não se traduzindo em desenvolvimento da economia e nem fortalecimento do setor, o que resultaria na sua sobrevivência e adaptação aos tempos e exigências futuras do mercado.

O restante do Estado, especialmente o Agreste e o Sertão a partir dos anos 1790, viu nascer um robusto ciclo de produção de algodão. As indústrias que processavam a fibra se instalaram na região metropolitana do Recife certamente em busca de mão-de-obra mais qualificada, oferta de energia e saída para exportação, além da proximidade com o mercado consumidor.

A exploração do algodão, com a tecnologia disponível na época, se dava em duas operações distintas: a primeira era a separação do caroço conhecida como descaroçamento, e seu conseqüente esmagamento para produção de óleo comestível e ração animal. A outra operação de beneficiamento da fibra ou pluma, pode também ser dividida em duas etapas conhecidas genericamente por fiação e por tecelagem. A fiação, simplificadamente, é a produção do fio em um diâmetro controlado que dará um padrão regular ao tecido. A tecelagem, calcada em teares, produz a malha conhecida como tecido. Inicialmente o algodão brasileiro era exportado in natura para ser processado no destino. A operação de

esmagamento do caroço do algodão pernambucano, em pequenas usinas espalhadas pela região, surgiu antes das operações de beneficiamento da fibra.

A primeira tentativa de instalação de uma indústria têxtil no estado ocorreu em 1826, com a abertura de uma fábrica de tecidos no Recife. A experiência, porém, não deu certo e logo essa fábrica fechou. Duas décadas mais tarde, outras unidades surgiram e, desta vez, não fracassaram: aos poucos o setor foi-se consolidando.

Mas, a crescente ascensão da indústria têxtil no Estado só ocorreria a partir de 1860, principalmente por conta da Guerra da Secessão nos Estados Unidos, quando o abastecimento norte-americano para a indústria inglesa foi interrompido, gerando uma grande procura pelo algodão que, por isso, alcançou preços elevados (ECONOMIA..., 2008).

(24)

TABELA 1: Participação no Total das Exportações Brasileiras (%).

Anos Açúcar Algodão

1821 – 30 30,1 20,6 1831 – 40 24,0 10,8 1841 – 50 26,7 7,5 1851 – 60 21,2 7,5 1861 – 70 12,3 18,3

1871 – 80 11,8 9,5

1881 – 90 9,9 4,2

1890 – 1900 6,0 2,4 1901 – 1910 1,2 2,1

FONTE: EISENBERG, 1977.

Segundo Stein (1979, p. 25), uma evidência das preocupações econômicas da época foi registrada em 1965 pelo brasileiro Sebastião Ferreira Soares que analisando os números da balança comercial concluiu que, embora a produção agrícola tivesse crescido nas décadas anteriores, havia um déficit acumulado entre 1834 e 1863 de 33.722 contos. Registrou também a necessidade de se estabelecer fábricas têxteis e outras indústrias para evitar a evasão de divisas em objetos corriqueiros que tendo sido produzidos no estrangeiro, com matéria prima exportada, eram comprados de volta a preços elevados.

Em 1876, surge a Fábrica da Madalena, no Recife, com 45 teares mecânicos de ferro e mestres tecelões trazidos de outros países. Depois, vieram outras unidades: a Companhia de Fiação e Tecidos de Pernambuco (Fábrica da Torre), Fábrica de Tecidos Paulista (1891), Cia. Industrial Pernambucana, em Camaragibe (1891), além de fábricas de tecidos em Goiana e Apipucos e uma fábrica de malhas na Várzea cujo prédio preservado, até hoje, dá um indicativo da força da economia da época. A instalação destas fábricas coincide com a redução no volume de exportação que nas duas décadas seguintes, caiu para 2,4% das exportações brasileiras, entrando no século XX representando apenas 2,1% da balança.

(25)

7 O INÍCIO DO SÉCULO XX

No século XX o setor algodoeiro pernambucano foi ampliado com a instalação, entre outras, das seguintes unidades: Societé Cottonière Belge-Brasilienne, em Moreno (1908);

Fábrica Pirapama, em Escada, (1925); Companhia. Manufatora de Tecidos do Norte/Fábrica Tacaruna, entre Recife e Olinda (1925); Tecelagem de Seda e Algodão de Pernambuco (TSAP), no Recife (1925); e Cotonifício José Rufino, no Cabo, em 1926.

O algodão foi, no século XIX e primeira metade do século passado, um dos produtos mais importantes do Nordeste, inclusive para as exportações. A produção, difusa no Sertão mais voltada para o algodão arbóreo, de fibra longa, e no Agreste, mais dedicado ao algodão herbáceo, disseminou pelo interior médias e grandes usinas de beneficiamento, emprestando dinamismo à economia (ALBUQUERQUE, 2002, p. 164).

Esta vitalidade da indústria algodoeira nordestina sofreu o primeiro abalo durante a grande recessão de 1929. A crise que abalou o mundo atingiu o Brasil e chegou ao Nordeste. A mudança conjuntural mostrou um setor acomodado, que produzia tecidos grossos de algodão, protegido por tarifas alfandegárias.

A concorrência entre os industriais brasileiros nessa época [1927] devia-se em grande parte, ao fato de que escudadas por mais de um quarto de século em barreiras alfandegárias, a maioria das fábricas, tanto urbanas como rurais prosperara através da fabricação e venda de tecidos grossos de algodão, o seu forte. Isso se aplicava particularmente às fábricas dos Estados do Nordeste e de Minas Gerais do Rio de Janeiro (STEIN, 1979, p. 125).

Segundo ainda Stein (1979), os empresários acomodados com os resultados econômicos obtidos nas primeiras duas décadas do século XX não cogitavam de mudar seus processos de produção e nem de oferecer produtos mais ao gosto do consumidor. A grande recessão trouxe, para o país a preços mais atrativos, produtos estrangeiros de melhor qualidade que atendiam às demandas da população urbana. O mercado rural, atendido principalmente pelas fábricas regionais, sentiu a retração na renda provocada pela crise mundial forçando o setor a se adaptar às novas regras do mercado, não sem antes amargar alguns anos de crise.

(26)

Os fios sintéticos, derivados na sua maioria do petróleo, vieram substituir de forma economicamente mais vantajosa os tecidos de fibras naturais. A indústria internacional, através de uma eficiente estratégia mercadológica, posicionou-os como substitutos mais duradouros e mais baratos do que o algodão, jogando a fibra natural a um segundo plano na preferência do consumidor.

A introdução da cultura da soja, no Brasil – uma herbácea (Glycine max (L.) Merrill)

menos exigente do que o algodão, com plantio e colheita plenamente mecanizáveis, introduziu tecnologia de beneficiamento de grãos mais eficiente e passou a oferecer óleo comestível inodoro a um custo inferior ao óleo de caroço de algodão, até então, o substituto mais saudável da banha de porco, na mesa do brasileiro. O avanço da soja em todo o território nacional foi rápido e o óleo, como seu produto mais visível, praticamente inviabilizou óleos comestíveis derivados de outros grãos.

Somente algumas décadas depois ressurgiram óleos mais requintados que ocupam segmentos nobres como: o sorgo, conhecido como canola, (Canadian Oil Low Acidity), o

girassol e o milho. O óleo de algodão foi esquecido e desapareceu das prateleiras dos supermercados.

Na década de 1970 a praga do bicudo (Anthonomus grandis) atacou massivamente a

cultura, já com sérios problemas de sustentabilidade, e encerrou definitivamente, esta fase da indústria nordestina do algodão.

Somente na década de 1990 a cultura do algodão retornou, em escala industrial, aos solos nordestinos (Bahia, Paraíba, Ceará, Paraíba e Piauí) graças principalmente à Embrapa que introduziu variedades mais resistentes e novas tecnologias de produção de fibras coloridas, o que atende ao atual interesse do consumidor por produtos naturais. Pernambuco ainda não retomou o plantio de algodão em escala.

(27)

8 DESENVOLVIMENTO INSUSTENTÁVEL

Até as primeiras décadas do século XX, Pernambuco manteve o perfil, social, econômico e político, herdado em grande parte da colonização e mantido pela influência da monocultura canavieira tradicional que, embora declinante, ainda dominava a zona costeira.

Recife era uma das principais cidades do país, com uma infra-estrutura urbana à altura das melhores metrópoles européias. Uma extensa malha de bondes a vapor cortava a região metropolitana (MAPA 3), Clube de Golfe, bancos internacionais e grandes empresas Inglesas instaladas, propiciavam uma movimentação social que ia além do cais do porto.

No Agreste e no Sertão, mais vulneráveis à seca, além da cultura do algodão, permaneceu a agropecuária de subsistência, entrecortada por eventos localizados como o florescimento de um pólo doceiro na região serrana de Pesqueira1, até o surgimento do pólo fruticultor de Petrolina, na bacia do São Francisco, nos anos 70. Impulsionado por investimentos externos (empresas da região sul e algumas transnacionais) e incentivos fiscais, iniciou-se o cultivo de uvas e frutas irrigadas na região.

O vinho é produzido no Submédio São Francisco há menos de 20 anos. As primeiras variedades foram introduzidas ainda na década de 50 pela Comissão do Vale do São Francisco – hoje Codevasf , a Sudene e a FAO. Porém, na década de 70, com a criação da Embrapa Semi-Árido e o início das atividades da Vitivinícola Vale do São Francisco (Vinhos Botticelli), é inaugurada a vitivinicultura na região. Em 2005, o Submédio respondeu por 15% do mercado nacional de vinhos finos, com uma produção de aproximadamente 7,5 milhões de litros (UVA..., 2006).

1 A Indústria Carlos de Brito, conhecida como Fábrica Peixe, foi a primeira unidade industrial instalada no

Nordeste. Fundada, no município de Pesqueira em 1898, por Maria da Conceição Cavalcanti de Brito (Dona Yayá) que decidiu investir na fabricação de goiabada caseira.

Em 1904, ela comprou tachos a vapor de fabricação inglesa e mecanizou a produção, contratando dezenas de operários. Em 1907, a Fábrica Peixe adquiriu um bonde e quatro troles para transportar matéria-prima e equipamentos.

Em 1910, recebeu, na Bélgica, o Grande Prêmio da Exposição Internacional de Bruxelas, consagrando-se como uma das maiores indústrias do Brasil. Produzia doces e creme de tomate.

Entre as décadas de 1940/50, entrou em decadência, permanecendo apenas como um monumento à prosperidade do passado. Em fevereiro de 1998, o Grupo Bombril-Círio adquiriu e iniciou sua recuperação. Mas, antes mesmo do final daquele ano, a 20/11/1998, a fábrica foi novamente fechada e todos os funcionários demitidos.

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A vitivinicultura é apenas um segmento do setor produtivo de agricultura irrigada da bacia do São Francisco. Segundo Albuquerque (2002, p. 167), o Pólo Petrolina-Juazeiro apresenta área irrigada de 44,4 mil hectares sendo que somente a produção de mangas evoluiu de 10,6 milhões de frutos em 1990 para 384,2 milhões em 2000. Paralelamente a esses indicativos de crescimento, o autor registra duas grandes dificuldades a serem vencidas: “A insuficiência de infra-estrutura de transportes e o acanhado apoio científico-tecnológico”.

A modernização acelerada do país a partir dos anos 1960 provocou poucas mudanças em Pernambuco. A criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1959 encontrou a economia do Estado estagnada e o pouco que restava do ciclo do açúcar, estava em processo lento e continuado de declínio, o mesmo acontecendo com o legado do algodão.

Os contrastes e conflitos sociais internos acentuaram-se e embora as condições de exploração social fossem uma constante em toda a região, o Estado foi o único local do país onde a população rural deu ressonância às idéias comunistas, esboçando um movimento político social de transformação do modelo vigente, quase feudal.

Em 1956 surgem as Ligas Camponesas, movimento em defesa da reforma agrária e dos direitos do homem do campo que foi devidamente rechaçado pelo regime militar2.

Como todo o Nordeste, o Estado passa então a contar com os recursos da Sudene. Pernambuco recebeu também investimentos da política de incentivos fiscais dos governos militares nos anos 70, sobretudo para a agroindústria do açúcar e do álcool e para alguns setores industriais, como o têxtil e o turístico. O desenvolvimento da indústria, intentado com base na política de incentivos fiscais e financiamentos de longo prazo com juros subsidiados, foi insuficiente para gerar um verdadeiro pólo industrial no Estado de Pernambuco e absorver a mão-de-obra liberada pelo campo, o que impulsionou a migração para outras regiões do país.

2 As ligas camponesas constituiam uma entidade que organizava os camponeses em torno da luta pela reforma

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9 O FENÔMENO DA SECA

Uma das explicações recorrentes para justificar o fraco desempenho econômico e social da região do semi-árido é o fenômeno da seca que, em ciclos previsíveis, provoca danos na produção de subsistência levando um contingente significativo de pessoas a elevados níveis de necessidade e carência, que perduram por dois até três anos. O problema não é novo e nem exclusivo do Nordeste brasileiro, ocorre com freqüência, apresenta uma relativa periodicidade e pode ser previsto com certa antecedência. As secas são conhecidas, no Brasil, desde o século XVI.3

3 Histórico das secas no Brasil depois do ano 1500

1583/1585 - Primeiro relato da seca nordestina feita pelo padre Fernão Cardin: "...uma grande seca e esterilidade na província e que 5 mil índios foram obrigados a fugir do sertão pela fome, socorrendo-se aos brancos". Grandes percas de cana e aipim.

1692/1693 - A capitania de Pernambuco é atingida por "peste". Frei Vicente do Salvador relatou ques indígenas, foragidos pelas serras, reuniram-se em numerosos grupos e avançaram sobre as fazendas das ribeiras.

1709/1711 - Grande seca que atingue a Capitania do Maranhão.

1720/1721 - Seca com gravíssimas consequencias sobre as províncias do Ceará e do Rio Grande do Norte. 1723/1727 - Grande seca que matou quase a totalidade dos escravos da região. Segundo Irineu Pinto, fiscais da Câmara pediram ao rei o envio de escravos.

1744/1745 - Grande desnutrição infantil assola a região.

1776/1778 - Seca e surto de varíola na região NE, com alto índice de mortalidade humana e animal (gado bovino) na caatinga. A Corte Portuguesa determina reunião de flagelados nas margens dos rios para repartição de terras adjacentes.

1782 - Censo determina população de 137.688 habitantes atingida por seca.

1790/1793 (1791-1792?) - Chamada de "grande seca" pelos velhos sertanejos foi também a seca dos pedintes. Uma Pia Sociedade Agrícola foi criada como a primeira organização de caráter administrativo assistêncialista. O governo da metrôpole estabeleceu um único corretivo, uma severa proibição ao corte das florestas. Segundo Euclides da Cunha, cartas régias de 17 de março de 1796, nomeando um juiz conservador de matas, e a 11 de junho de 1799, decretava que "se coíba a indiscriminada e desordenada ambição dos habitantes (da Bahia e Pernambuco) que têm assolado a ferro e fogo preciosas matas... que tanto abundavam e já hoje ficam à distâncias consideráveis, etc".

1808/1809 - Seca atinge Pernambuco na região do rio São Francisco. 500 morreram de fome.

1824/1825 - Seca e varíola juntas definem essa grande seca. Campos esterilizados e fome atinguem engenhos de cana-de-açúcar.

1831 - A Regência Trina autoriza a abertura de fontes artesianas profundas.

1844/1846 - Grande fome. O saco de farinha de mandioca foi trocado por ouro ou prata.

1877/1879 - Uma das mais graves secas que atingiram todo o Nordeste. O Ceará com uma população de 800 mil habitantes na época foi intensamente atingido. Dessa população, 120 mil (15%) migraram para a Amazônia e 68 mil pessoas foram para outros Estados. Seca considerada devastadora: cerca de metade da população de Fortaleza pereceu, a economia arrasada, as doenças e a fome dizimaram também ao rebanho. Um registro pictoral: uma familia de retirantes é fotografada em uma estação ferroviária do Nordeste brasileiro (Ceará). 1888/1889 - Lavouras destruídas e vilas abandonadas em Pernambuco e Paraíba.

1915 - O Presidente Hermes Rodrigues da Fonseca na seca de 1915 reestruturou o Instituto de Obras Contra as Secas (IOCS), que passou a construir açudes de grandes portes. Com temor de saques, campos de concentração foram criados em praias nordestinas para isolar a população faminta e impedir-lhe o movimento em direção as cidades. D. Pedro II criou a Comissão Seca resultando no açude na cidade de Quixadá, no Ceará.

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No Nordeste brasileiro, de acordo com registros históricos, o fenômeno aparece com intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por períodos de três, quatro e, excepcionalmente, até cinco anos.

As chuvas no semi-árido nordestino normalmente ocorrem de dezembro a abril. Quando elas não chegam até março, o sertanejo interpreta como um sinal de que haverá seca. Muitas vezes fica sem chover dois ou três anos; em casos excepcionais, a falta de chuvas pode durar até cinco anos, como aconteceu de 1979 a 1984.

A seca se manifesta com intensidades diferentes. Quando há uma deficiência acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que necessitam as plantações, a seca é absoluta. Em outros casos, quando as chuvas são suficientes apenas para cobrir de folhas, mas não permitem o desenvolvimento normal dos plantios agrícolas, dá-se a seca verde.

Essas variações climáticas prejudicam o crescimento das plantações e acabam provocando um sério problema social, uma vez que expressivo contingente, de pessoas que habitam a região, vive verdadeiramente em situação de extrema pobreza.

Segundo informações contidas na página web da Fundação Joaquim Nabuco, a seca é o resultado da interação de vários fatores, alguns externos à região – como o processo de circulação dos ventos e as correntes marinhas, que se relacionam com o movimento atmosférico, impedindo a formação de chuvas em determinados locais - e de outros internos - como a vegetação pouco robusta, a topografia e a alta refletividade do solo (SECA NO NORDESTE BRASILEIRO, 2008).

1970 - Seguida pelo início da construção do rodovia Transamazônica durante o período do chamado Milagre Econômico. Ação do governo militar do Brasil visando transferência da população pobre do NE para as margens da gigantesca rodovia Transamazônica. O projeto também visava a ocupação territorial da Amazônia brasileira. Hoje a Transmazônica encontra-se parcialmente intransitável.

Década de 1980 - A década é considerada chuvosa, sendo marcada por um período de estiagem, até 1984. Década de 1990 - Os anos de 1993, 1996, 1997, 1998 e 1999 foram anos sofríveis. A tendência de seca em 1998 antecedeu sua ocorrência graças a percepção do fenômeno El Niño nas águas do Pacífico leste, mas as ações de precaução e prevenção continuaram a ser pouco efetivas em mitigar o problema.

2000 e 2001 - Anos de estiagem relativa. 2004-2006 - Estiagem na Região Sul do Brasil.

2005 - A região Amazônica enfrenta um período de estiagem intensa.

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9.1 CAUSAS DA SECA

Muitas têm sido as causas apontadas, para a seca, e recentemente a lista foi acrescida do fenômeno El Niño, que consiste no aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico,

ao largo do litoral do Peru e do Equador.

A alta temperatura média da região, a pequena quantidade de chuvas, o relevo topográfico e as manchas solares são causas listadas no rol dos fenômenos naturais que explicam a seca. A ação do homem tem contribuído para agravar a questão, pela constante destruição da vegetação natural, seja pela exploração da lenha da caatinga, ou por meio de queimadas, acarretando a expansão do clima semi-árido para áreas onde anteriormente ele não ocorria. Mais recentemente ainda a mídia popularizou o termo efeito estufa que de forma genérica explica o aquecimento global que, como a própria expressão indica, aumenta mais ainda a refração solar aumentando a temperatura média do globo.

9.2 EFEITOS SOCIAIS E POLÍTICOS

A seca é um fenômeno ecológico que se manifesta na redução da produção agropecuária, provoca uma crise social e se transforma em um problema político. A idéia de resolver o problema da seca no semi-árido nordestino se perde no tempo. O folclore político registra a frase atribuída a D. Pedro II de que venderia até a última jóia da coroa para acabar com a falta de água proferida em 1880, ao determinar a construção do açude do Cedro no Estado do Ceará.

Marcos Formiga assinalou que os estudos acadêmicos sobre a diversidade regional brasileira existem há mais de 150 anos e começaram a ser feitos durante o século XIX, quando uma grande seca assolou o Nordeste. Foi nesta época que o imperador Dom Pedro II prometeu que venderia até a última jóia da coroa para que nenhum outro nordestino morresse de fome (FORMIGA, 2008).

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Estabeleceu a reserva, no orçamento do governo, de 3% da arrecadação fiscal para investimento na região nordestina em busca de aproveitamento mais racional dos recursos naturais, diretriz que visava fomentar o desenvolvimento da região e não simplesmente armazenar água.

Art. 198 - Na execução do plano de defesa contra os efeitos da denominada seca do Nordeste, a União despenderá, anualmente, com as obras e os serviços de assistência econômica e social, quantia nunca inferior a três por cento da sua renda tributária (BRASIL. CONSTITUIÇÃO..., 2008).

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10 RESERVAS MINERAIS: ECONOMIA DE SUBSOLO

A longevidade dos ciclos da cana e do algodão parece ter condicionado o pensamento econômico do Estado que se ocupou primordialmente da agricultura, ignorando outras atividades econômicas baseadas em recursos naturais. Esta atitude se materializa na, relativamente pequena, disponibilidade de estudos técnicos e econômicos de prospecção e avaliação das reservas minerais do Estado. Como decorrência o Estado começou a descobrir suas potencialidades minerais e a explorá-las economicamente apenas a partir de 1950.

10.1 O CALCÁRIO

O Estado de Pernambuco apresenta grandes reservas minerais de calcário, em condições favoráveis de exploração, em todo o seu território, principalmente na faixa de até 200 km do mar. Segundo dados da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), somente a cidade de Vertente do Lério detém 57,58 % do total desta substância armazenada em todo o Estado, equivalente a 1,7 bilhões de toneladas (ABCP, 2008).

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As duas indústrias que mais consomem calcário são a do cimento e a de corretivos agrícolas. Na produção do cimento o calcário é misturado à argila formando uma mistura crua e homogênea que calcinada a 1450oC produz o clínquer. Em seguida vem a moagem

transformando o clinquer em um pó finíssimo que, misturado ao gesso, produz o cimento

comercial.

Desde 1951, o Grupo João Santos produz cimento no Estado e, tendo produzido 5.079 mil toneladas em 2006, manteve o título de segundo maior produtor de cimento do país segundo dados do Relatório Anual 2006 do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) (SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE CIMENTO, 2008).

É importante registrar que o setor do cimento, embora seja de processo produtivo simples e pouco exigente em tecnologia, demanda investimentos da ordem de 200 a 300 milhões de dólares, dependendo da localização da planta. E consome 3 a 5 anos para a implantação de um projeto.

Uma planta de cimento somente alcança seu ponto de equilíbrio a partir de 1 milhão de toneladas anuais na capacidade instalada e, por ser um produto de larga escala e com baixo valor agregado, é altamente sensível a pressões de custo. Neste particular a indústria brasileira apresenta um consumo de energia por tonelada da ordem de 107 kw/h contra 146 kw/h nos Estados Unidos, terceiro maior produtor de cimento no mundo, atrás apenas da China e Índia.

O cimento por ser um produto de baixa relação preço/peso, é altamente onerado pelo frete, na distribuição, sofrendo o impacto com os aumentos de combustíveis e outros derivados de petróleo. Por conta desta característica, as minas localizadas mais próximas dos centros de consumo, apresentam melhores condições de economicidade (SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE CIMENTO, 2008).

Na agricultura, o calcário exerce importante papel na correção de solos ácidos que limitam o rendimento da maioria das culturas. Solos considerados ácidos, pela agricultura, são aqueles com altos teores de elementos tóxicos às plantas, principalmente alumínio e manganês, e baixos teores de macro-nutrientes, especialmente nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio.

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A agricultura e a indústria do cimento, pelos volumes envolvidos, representam uma oportunidade de mercado suficiente para justificar a melhor exploração do calcário pernambucano, o que até o presente não ocorreu na proporção esperada. As evidências apresentadas mostram que o Estado possui reservas minerais de vulto, ainda não exploradas de forma econômica e sistemática, o que existe, por enquanto é a extração verticalizada para a produção de cimento. Esta atividade, no formato em que é exercida, em regime cartelizado, passa muito longe do conceito de Cluster. Fica evidente que não se pode considerar a

existência, no Estado, de nada que possa ser caracterizado como Cluster do Calcário.

10.2 GRANITO: RIQUEZA A CÉU ABERTO

As rochas ornamentais e de revestimento, também chamadas pedras naturais, rochas lapídeas e rochas dimensionais, do ponto de vista comercial, são basicamente classificadas em mármores e granitos. Os granitos são classificados como rochas silicáticas e os mármores como rochas carbonáticas (SPÍNOLA; GUERREIRO; BAZAN, 2004).

Adentrando o Estado em direção ao Agreste, a menos de cem quilômetros, depara-se com uma reserva mineral de granito que tem sido pouco explorada economicamente, enquanto que a demanda local do produto é atendida, segundo informações do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon/Pe) pela produção oriunda do Sudeste (ES).

O granito4, uma rocha ornamental de alta dureza, oferece além da beleza natural derivada dos padrões de veios - que nunca se repetem - características físico-químicas de dureza e baixa porosidade, que o tornam bastante resistente ao desgaste natural, à corrosão, ao ataque de produtos químicos e à ação dos poluentes industriais.

A combinação de beleza e resistência do granito acelera o ritmo do crescimento do consumo e a sua aceitação na indústria da construção civil, em peças de acabamento para pisos, fachadas de edificações sendo considerado um material nobre e de uso elitizado.

Segundo o Anuário Estatístico do DNPM, as reservas de granito existentes no Estado de Pernambuco estão concentradas nos municípios de Alagoinha, Belo Jardim, Bom Jardim,

4 A composição mineralógica dos “granitos” é assim definida por associações muito variáveis de quartzo,

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Capoeiras, Caruaru, Garanhuns, Ibirajuba, Pedra, São Caetano, São José do Belmonte, Sertânia, Toritama e Venturosa (BRASIL. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA..., 2006b).

Estes municípios compõem a região agrestina do Estado e são servidos por uma boa infra-estrutura de estradas pavimentadas permitindo, assim, o escoamento da produção e próximas ao principal mercado consumidor do Estado, – Região Metropolitana do Recife – e do Porto de Suape.

Embora, proporcionalmente às reservas totais brasileiras, representem pouco mais de 1%, (Tabela 2) o pólo de granito de Pernambuco reúne características singulares e estimuladoras do seu próprio desenvolvimento:

a) proximidade da zona portuária, o que diminui os custos de transporte; b) crescente demanda de mercado, e;

c) simplicidade do processo extrativo pela exposição a céu aberto.

Estas vantagens competitivas, aparentemente não foram suficientes para induzir o florescimento desta importante possibilidade econômica para o Estado. A última iniciativa neste sentido, realizada no final da década de 90 do século XX não foi adiante, o que culminou com a importação de blocos de granito do Sudeste do país para beneficiamento local. A explicação, veiculada na mídia da época, para o desfecho melancólico foi a incapacidade das empresas locais de competir, com as mineradoras do Espírito Santo, nos custos de extração (BELFORT, 2001).

TABELA 2:Rochas Ornamentais Reservas e Produção (2005).

Reservas (m3) Brasil PE %

Medida 17.801.431.866 207.980.223 1,17%

Inferida 3.610.577.319 78.659.223 2,18%

Lavrável 14.914.859.156 78.659.223 0,53%

Produção (m3)

Bruta 394.012 4.383 1,11%

Beneficiada 799.432 - 0,00%

FONTE: BRASIL. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA..., 2006a.

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Os mapas turísticos das praias do litoral sul do Estado mostram uma formação rochosa com cerca de 4 km2 de área e uma altura de 60 m conhecida como Granito do Cabo. Em 1902, John Casper Branner mencionou pela primeira vez o referido granito no seu trabalho

Geology Along the Pernambuco Coast South of Recife, publicado no Geological Society

America Bulletin.

O Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco possui banco de estudos geológicos que identificam a existência de formações rochosas no Estado, principalmente na região costeira, em volume muito superior ao catalogado pelo DNPM. Nascimento et al. (2004) confirma a existência de variedades de rochas ornamentais, na região costeira, conhecidas desde o início do século XX, que permanecem inexploradas e ignoradas pelas estatísticas oficiais do DNPM (BRASIL. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA..., 2006b).

A comparação destas evidências sugere que a economia do Estado está muito distante de reconhecer esta importante possibilidade enquanto se abastece de pedras ornamentais oriundas de outros Estados. Com base nestas observações, não se pode falar na existência do Arranjo Produtivo Local do Granito, e menos ainda em Cluster do Granito, pois o setor não conseguiu se estruturar até o presente.

10.3 GIPSITA PERNAMBUCANA: ENTENDENDO O GESSO

A gipsita, quimicamente denominada sulfato de cálcio hidratado (CaSO4. 2H2O), a

matéria bruta do gesso, quando submetida a um processo de calcinação a aproximadamente 160o C, se desidrata parcialmente gerando um hemi-hidrato denominado gesso.

(38)

O desempenho econômico do gesso nos mercados dependentes do nível de sofisticação e a tecnologia utilizada no desenvolvimento dos produtos finais que, por sua vez, determinam o grau de percepção de valor agregado, ao produto, pelo consumidor.

TABELA 3: Consumo de Gesso Comparativo kg/Habitante/Ano.

PAÍS Kg/hab/ano

Brasil 13

Chile 41

Europa 75

EUA 103

FONTE: SINDUGESSO, 2006b.

O Brasil se posiciona como o 12º colocado (Tabela 4) em uma escala que reúne os maiores produtores mundiais, na qual os EUA figuram no primeiro lugar seguido pelo Canadá e Irã. Segundo este levantamento os EUA produzem cerca de 17,0% do gesso mundial enquanto o Brasil contribui apenas com 1,7% - ou seja, dez vezes menos do que o maior produtor. Embora a indústria da construção civil seja a que mais consome gesso e o setor no Brasil ocupe um lugar de destaque, o consumo relativo ainda é baixo pois a construção em alvenaria (barro e tijolo) universalmente difundida em nosso país, requer qualificação mínima, apresenta custo compatível com a renda da maioria da população e está disponível a qualquer tempo e lugar.

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TABELA 4: Gesso: Produção de Mundo, por País 1, 2 (em Mil Toneladas Métricas).

País 1998 1999 2000 2001 2002 e

Estados Unidos 7 19000 22400 19500 16300 15700 3 Irã 11843 10834 11000 e 11000 e 11500 Canadá 4 8967 9345 9232 7821 r 8847 p Espanha e, 4 8000 7500 7500 7500 7500 China e 6800 6700 6800 6800 6850 México 4 7045,197 6953,756 5654,06 r 6237,056 r 6500 Tailândia 4334 5005,173 5830,326 6533 r 6331 3 Japão 5304,847 5549,285 5917,241 5874,345 r 5900 Austrália e 1900 2500 3800 3800 4000 França e, 4 4500 4500 4500 4500 3500 Alemanha, e marketable, 4 3000 2500 2500 2500 2500 Índia e 2191,784 3 2200 2210 2250 2300 Egito e, 4 1338 3 2000 2000 2000 2000 Brasil 4 1631,957 1527,599 r 1497,75 r 1506,619 r 1510 Reino Unido e, 4 2000 1800 1500 1500 1500 Itália e 1300 1300 1300 1300 1300 Uruguai 1123,376 1049,597 1076 r 1127 r 1130 Polônia 4 1702,7 2023,1 1283,3 r 1096 r 1100 Áustria e, 4 1000 1000 1000 1000 1000 Total 92981,861 96687,51 94100,677 r 90645,02 r 90968

e estimado p preliminar r revisado

- zero

2 A tabela inclui dados disponíveis até 15 de julho de 2003 3 número reportado

4 inclui anidro

5 menos de 1/2 unidade

1 totais mundiais, dados dos Estados Unidos, e dados estimados são arredondados para não mais do que 3

dígitos significantes; pode não somar os totais apresentados

(40)

A cadeia produtiva da gipsita é complexa e, no mercado brasileiro, está longe de ser esgotada. Na cadeia principal destacam-se três tipos de produtos originais gerados a partir de processos produtivos distintos. A gipsita ín natura que requer o menor aporte de tecnologia

apresenta o segundo maior volume de consumo e o maior potencial de crescimento, haja vista as potencialidades agrícolas do território brasileiro. O gesso tipo alfa ( ), calcinado sob pressão apresenta melhor granulometria e uniformidade no teor de umidade e atende a três grandes segmentos: o medicinal/odontológico, o uso cerâmico e finalmente o industrial que envolve dezenas de aplicações como insumo de revestimentos, moldes, pisos e drywall,

(divisórias de gesso acartonado).

Como último produto da cadeia principal, temos o gesso produzido a partir do processo de calcinação sob condições de pressão ambiental, denominado gesso tipo beta ( ) que usa tecnologia mais simples e gera um produto com qualidade menos homogênea no que diz respeito à granulometria e teor de umidade.

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CADEIA PRINCIPAL CADEIA AUXILIAR

Fonte: Nordeste 2002 – Competitividade Auto-Sustentada. FGV Consulting.

GIPSITA NATURAL

Gesso tipo

In Natura - Gesso agrícola - Gipsita microgranulada - Filler (asfalto e vidro) - Anidrita (cimento e tinta)

Usos Medicinal e Odontológico

- Gesso ortopédico - Imobilização ortopédica - Gesso odontológico

Uso Cerâmico

- Gesso cerâmico - Molde para louça

Uso Industrial

- Gesso de fundição - Revestimento manual - Placas

- Blocos para divisórias - Carga mineral

- Contrapisos, forros e massas - Massa corrida seca

- Giz industrial

- Gesso acartonado (dry wall)

Gesso tipo

Uso Geral

- Composição de ração animal - Giz Escolar

- Ourivesaria e peças artísticas

Agricultura

Setor de Saúde

Indústria de Equipamentos

Construção Civil

Transportes

Pré-Moldados

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11 ANÁLISE DAS EVIDÊNCIAS E OBSERVAÇÕES

11.1 A RAIZ DO DECRESCIMENTO

A capitania de Pernambuco foi palco, no século XVI, da primeira atividade econômica nas terras ocidentais da Coroa, iniciando a sociologia da cana que trouxe o tráfego de escravos, mercadores holandeses, estimulou movimentos sociais separatistas e só começou a perder fôlego a partir de 1850.

O açúcar pernambucano, destinado à exportação, foi durante três séculos o principal item na balança comercial da Colônia. A atividade econômica tomou conta da zona costeira, aproveitando-se do solo rico em matéria orgânica, que dispensava insumos, e chuvas regulares, na época e na quantidade certas.

Este modelo econômico, que sobreviveu por quase quatro séculos, parece ter condicionado profundamente o inconsciente coletivo levando a oligarquia canavieira, cujos filhos estudavam na Europa, a ignorar a imensa massa de excluídos que orbitava a Casa Grande. Esse contingente era considerado apenas mais um instrumento de produção. O quadro sociológico da cana de açúcar registrado no começo do século XX, pelo mestre Gilberto Freyre que se notabilizou internacionalmente por retratar a convivência entre os dois mundos. Justamente o aspecto mais duro e marcante do modelo econômico baseado em mão de obra escrava intensiva e intermitente que pouco mudou, após a chamada abolição da escravatura.

Do ponto de vista econômico, os dois estamentos permaneceram bem definidos até os dias atuais, quando resta uma pequena amostra do que foi o ciclo da cana. Esta massa anônima, carente, analfabeta, que exibe um dos menores índices de desenvolvimento humano do país, é o legado mais vistoso do mais intenso e duradouro ciclo econômico da história do Brasil.

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balança de exportação brasileira do século XIX, tornando-se o segundo maior fornecedor da fibra para o mercado Europeu. A guerra civil americana inibiu as exportações da fibra durante cinco anos (1860/65), quando o algodão brasileiro deu um salto nos volumes de produção. Esta alavancagem provocou um movimento econômico novo com o surgimento de indústrias conexas, como usinas para esmagamento do caroço para a produção de óleo comestível e ração animal. Estas usinas se localizavam no Sertão e Agreste, como fornecedoras de insumo para a criação de gado que conviveu com o ciclo do algodão. Já as tecelagens preferiram a zona urbana no litoral para instalar suas fábricas.

As décadas de 1850 e 1860 marcaram os destinos das duas principais forças econômicas da capitania, de forma definitiva, em sentidos opostos, mas que pode ser percebida muitas décadas depois. A cana sofreu o baque da concorrência do açúcar cubano e das Antilhas (produzido pelos holandeses) que quebrou a hegemonia do açúcar brasileiro. A Guerra da Secessão nos EUA abriu o mercado europeu para o algodão brasileiro, alavancando as exportações da fibra e fortalecendo a economia Pernambucana.

Em 1850 foi aprovada, pela Câmara Legislativa Imperial, a Lei das Terras (Lei 601/50) que inaugurou uma linha divisória entre a posse e a propriedade, transformando a terra em um ativo contábil. O regime de Sesmarias, vigente até então, não era específico e não delimitava claramente até onde ia a posse da terra, o que criava tensões e conflitos internos. A nova lei, se por um lado, apaziguou os ânimos, por outro, praticamente excluiu a posse da terra dos mais pobres e a concentrou nas mãos da oligarquia dando origem a um modelo latifundiário que desafia os gestores públicos até os dias atuais.

Os ciclos da cana e do algodão conviveram simultaneamente por quase dois séculos, nas terras de Pernambuco, sem se confundirem dado as particularidades de cada um. Enquanto a cana iniciava seu lento declínio, o algodão cresceu e ganhou importância como um modelo concentrado, que envolvia a produção de fios e tecidos rústicos, por um lado e de óleo comestível e farelo para ração animal por outro, alimentando paralelamente a pecuária que se sustentava na região.

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Considering its pioneer spirit, it seems odd that Recife was the last major capital in Brazil to install an electric tramway. The Great Western of Brazil Railroad, which operated steam trains northwest of the city, proposed an electric line in 1899 that would run from Brum station directly north along the isthmus to Olinda But the

Western Telegraph Co. protested that electricity would interfere with its underwater cables, and the plan was never realized (MORRISON, 2006).

11.2 SÉCULO XX: A ECONOMIA PERNAMBUCANA CONTINUA A DECRESCER

O século XX alcançou um país agrícola, com um PIB per capita em torno de US$ 33,60, segundo projeções do IPEA a população predominantemente rural, insalubre e elevadíssimos índices de analfabetismo. Pernambuco, neste quadro, se posicionava como um Estado rico, dono de uma economia vibrante, que fazia jus ao dístico o Leão do Norte conquistado graças a seu passado de intensas mobilizações políticas, desde a época da expulsão dos holandeses.

No final do século XIX e no começo do século XX, a Inglaterra que detinha a mais poderosa marinha mercante do mundo não ficou ausente da próspera economia pernambucana. A influência dos ingleses era marcante na cidade do Recife. Essa forte presença deixou marcas visíveis até hoje estampadas em instituições como: o Cemitério dos Ingleses (1852), a Pernambuco Powder Factory mais conhecida como Fábrica Elephant,

(1890) o Sport Club Recife (1906), o Caxangá Golf Club e o Country Club (1928).

O recém criado Estado de Pernambuco se destacava de seus vizinhos pela elevada concentração de: tecelagens, usinas de açúcar e indústrias mecânicas e de caldeiraria, o que atraiu o interesse de grandes conglomerados europeus, voltados à prestação de serviços. Empresas de porte internacional estabeleceram sucursais na região como: The Great Western

of Brazil Railroad, The Western Telegraph Co., London & Brazilian Bank, se instalaram e

prosperaram nas primeiras décadas do século XX, atendendo a uma população com elevado padrão de vida.

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Recife was the starting point in 1858 of Brazil's second railroad, a 31 km line from Cinco Pontas station to Cabo (the route of Metrorec's Linha Sul today) (see map]. Recife was also the second city in Brazil, after Rio de Janeiro, to operate steam locomotives on its streets and was allegedly the first city in the world to use

locomotives designed specifically for that purpose. The steam tramways in both Rio de Janeiro and Recife were called "maxambombas" – after the little railed carriages used to load cargo onto riverboats. (It is uncertain whether the word was used to designate the locomotive, the passenger car, or the whole train (MORRISON, 2006).

Em outras regiões do Estado, a economia também se destacava com eventos localizados e independentes que representaram papéis importantes no contexto geral. Os indicadores econômicos e sociais relativos ao período, disponíveis hoje em dia, são incompletos e de forma geral não retratam com fidelidade os reais efeitos e importância desses fatores. Mas, pela duração, importância econômica e influência social, nenhum desses movimentos teve a ressonância da cana e do algodão.

A fábrica Peixe (1898) polarizou a produção de doces e conservas que se desenvolvia na região serrana da cidade de Pesqueira e durante quase um século estabeleceu marcas que ficaram na historia econômica do Estado. Foi a primeira empresa pernambucana a ser premiada internacionalmente (1910) em Bruxelas. Foi a primeira empresa brasileira a anunciar experimentalmente na nascente televisão, em uma época em que não existiam aparelhos de televisão e, portanto, não existia audiência.

O então, denominado, grupo Bunge Y Born, instalou inúmeras plantas no Nordeste

Brasileiro (boa parte em Pernambuco) voltadas primordialmente para o processamento de

commodities como o algodão, fibra e caroço evoluindo para subprodutos como óleo de

algodão, e posteriormente de soja.

A Sanbra - Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, foi criada pela Bunge em 20 de junho de 1923, na cidade de Recife, PE. No início centrava-se na negociação de fibras de algodão, mas, ao longo de sua trajetória, investiu nas mais variadas matérias primas visando a extração de óleo comestível. Entre inúmeros produtos alimentícios lançados, podemos destacar o óleo Salada, de 1929 (FUNDAÇÃO BUNGE..., 2008).

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TABELA 1: Participação no Total das Exportações Brasileiras (%).
TABELA 6: Índices de Nível de Vida - 1985 – 1999: Nordeste por Estado – Total Nordeste –Região Sudeste -  Total Brasil
TABELA 7: Taxa de Crescimento Anual (%) do V.A.B. de PE: Por atividade Econômica - 2002–2005
TABELA 8: Taxa de Crescimento Anual (%) do Valor Adicionado Bruto por Atividade da Indústria   de Transformação - 2002–2005
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Referências

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