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Papel, natureza, caráter e competências do CMELAF

4.3 ARTICULAÇÃO COM A COMUNIDADE – O CONSELHO COMO CANAL

4.3.3 Papel, natureza, caráter e competências do CMELAF

Pautado na visão de cumprir uma exigência legal para possibilitar captação de recursos, o Conselho foi criado como Conselho Municipal de Esporte, Lazer e Atividade Física (CMELAF), com a seguinte finalidade:

[...] Art. 1º. Fica criado o Conselho Municipal de Esporte, Lazer e Atividade Física, vinculado à Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, com a finalidade de deliberar e fiscalizar as diretrizes das ações municipais e atividades que, de forma direta ou indireta, afetam o direito ao esporte, ao lazer e a atividade física (SANTANA DE PARNAÍBA, 2003).

Ao examinarmos o caráter do Conselho, declarada como Deliberativo, dentre as categorias elencadas pela Pesquisa do IBGE (Consultivo, Deliberativo, Fiscalizador, Normativo, de Assessoramento, Executivo, Controlador, e outro), verifica-se que embora não tivesse havido qualquer alteração na Lei entre agosto de 2003 e abril de 2004, há divergência entre o declarado ao IBGE e o texto legal, que expressa: “deliberar e fiscalizar”. O mesmo ocorre entre o caráter definido na proposta da criação do Conselho, na LOM, “para opinar e

avaliar a política esportiva do município”, ou seja, circunscrito ao papel central de caráter

consultivo, e o que consta da Lei, que atribuiu-lhe conotação deliberativa e de fiscalização, característica de um estilo de governo que teria a questão da participação e da cidadania como diretrizes fundamentais (GOHN, 2000).

Desta forma, poder-se-ia supor que a política municipal de uma maneira geral e especificamente a ação da SMAFEL fosse direcionada no sentido de transformar as intenções legais em ações de estímulo a participação da Comunidade. Num primeiro momento, vislumbra-se a confirmação desse cenário com a realização do I Fórum Municipal de Atividade Física, Esporte e Lazer, em abril de 2004, que objetivou promover uma mobilização social em torno das políticas de Esportes do Município. Em termos do cenário político no País, vale lembrar que o ano em curso, 2004, se constituiu em ano eleitoral para o executivo nos municípios.

Além do caráter, expresso no Artigo 1º, a competência do Conselho é relacionada no Artigo 2º:

[...] I – discutir, encaminhar sugestões, acompanhar e colaborar com a política Municipal de Esportes, Lazer e Atividade Física;

II – aprovar e fiscalizar a destinação e aplicação dos recursos financeiros do Fundo Municipal de Esporte, Lazer e Atividade Física;

III – promover e incentivar a realização de estudo, pesquisas, seminários, campanhas e outros eventos relacionados aos esporte, lazer e atividade física; IV – promover e estimular a formação de organizações destinadas à prática esportiva e de atividades físicas;

V – estabelecer as diretrizes a serem observadas na elaboração do Plano Municipal de Esportes, Lazer e Atividade Físicas;

VI – aprovar a Política Municipal de Esportes, Lazer e Atividade Física; VII – acompanhar, avaliar e fiscalizar os serviços prestados à população pelos órgãos e entidades públicas voltados para a prática de Atividades Físicas e Esportivas;

VIII – aprovar critérios de qualidade para o funcionamento dos serviços e atividades da secretaria Municipal de Esportes e Lazer;

IX – apreciar previamente os contratos e convênios celebrados entre o setor público e entidades privadas;

XI – convocar ordinariamente a cada dois anos, ou extraordinariamente, por maioria absoluta de seus membros, a Conferência Municipal de Esporte, Lazer e Atividades Físicas, que terá a atribuição de avaliar a situação do acesso à prática esportiva, ao lazer a à atividade física, e propor diretrizes para o seu aperfeiçoamento;

XII – acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos aprovados;

XIII – estimular e proporcionar atividades esportivas, recreativas e atividades físicas;

XIV – participar e organizar festividades, eventos, projetos, torneios, jogos e campeonatos de caráter social, cultural, físico, recreacional e/ou esportiva; XV – incentivar, por todos os modos e meios ao seu alcance, o aumento das atividades físicas para melhorar a saúde dos munícipes;

XVI – desenvolver ações, projetos que melhorem a qualidade de vida dos munícipes;

XVII – coordenar propostas e projetos para grupos especiais (Diabéticos, Hipertensos, Cardiopatas, Portadores de deficiência, Obesos, entre outros), que necessitam de programas de atividade física para melhoria da saúde [...] (SANTANA DE PARNAÍBA, 2003).

Durante o processo de aprovação do Regimento interno do CMELAF surgiram alguns questionamentos quanto a determinados itens. Na Ata da Assembléia Geral Ordinária, realizada em 20 de abril de 2005, da qual como vimos o tema fez parte da pauta – “Leitura e aprovação do regimento interno do CMELAF” – foram levantadas dúvidas e questionamentos quanto àqueles que se referiam ao “papel executivo” do Conselho:

[...] II – aprovar e fiscalizar a destinação e aplicação dos recursos financeiros do Fundo Municipal de Esporte, Lazer e Atividade Física;

III – promover e incentivar a realização de estudo, pesquisas, seminários, campanhas e outros eventos relacionados aos esporte, lazer e atividade física; IV – promover e estimular a formação de organizações destinadas à prática esportiva e de atividades físicas;

XIV – participar e organizar festividades, eventos, projetos, torneios, jogos e campeonatos de caráter social, cultural, físico, recreacional e/ou esportiva; [...] (SANTANA DE PARNAÍBA, 2003).

Segundo o Presidente do Conselho: “No Decreto dizia que o Conselho devia aprovar e fiscalizar as contas do Fundo de Apoio ao Esporte e sabemos que não pode ser função do Conselho aprovar as contas do Fundo, que tem um Regimento próprio”. Quanto à discussão e aos esclarecimentos sobre esses pontos, definiu-se, na mesma Assembléia, que os mesmos seriam feitos na próxima reunião.

Na reunião seguinte, em 01 de junho de 2005, o tema não constava da Ata, mas foi incluído nos itens da pauta da próxima reunião, em 10 de agosto de 2005. Nessa reunião apenas o item II, referente ao Fundo de Apoio ao Esporte, foi tratado a partir do questionamento de um Conselheiro, representante da sociedade civil:

[...] Uma das primeiras coisas que o presidente colocou, foi a questão do Fundo. Já existia um Fundo com o qual a Secretaria trabalhava, e agora deveria ser criado um novo Fundo, o Fundo Municipal de Esporte, Lazer e Atividade Física. Eu falei não, não é outro Fundo, é o mesmo Fundo. Aí ele argumentou, não, aquele é o Fundo da Secretaria de Esporte. Aí eu disse: não pode haver o Fundo da Secretaria de Esporte. Aí começaram com: ah!, a gente vai verificar. Aí o assunto foi ficando de um mês para outro. No mês seguinte: ah!, a gente vai procurar um advogado, então não sabiam o que responder (CONSELHEIRO SOCIEDADE CIVIL).

Consta da Ata da Assembléia seguinte, em 13 de setembro de 2005, que este e os demais itens questionados foram esclarecidos. Além dos pontos levantados quanto às inadequações dos itens supracitados, a própria nomenclatura do Conselho, sob a qual foi criado, na Lei – Conselho Municipal de Esporte, Lazer e Atividade Física (CMELAF) – foi questionada, pois foi constatado que houve erro no texto legal: a nomenclatura correta deveria seguir a da própria Secretaria, ou seja, Conselho Municipal de Atividade Física, Esporte e Lazer (CMAFEL).