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Fonte: Elaboração própria com base em dados do MCTI (2016)

PARA A EMPRESA

melhoria de processos internos, quantificando possíveis reduções de etapas no processo, tempo e recursos para execução dos mesmos;

melhoria na qualidade do serviço prestado, identificando, caso seja possível, áreas beneficiadas e número de consumidores abrangidos.

Fonte: Manual de P&D ANEEL ciclo 1999-20001, 20012

Os indicadores de benefícios socioeconômicos oriundos dos projetos poderiam expressar melhorias em condições de saúde; segurança; meio ambiente; na eficiência energética da geração e consumo de energia elétrica; e o incremento nas relações internacionais. A criação ou o adensamento de interações entre organizações da indústria, Universidades e Instituições de P&D, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, são entendidos como benefícios a serem obtidos pelo setor e pelo país, sem que haja, no entanto, a identificação de propósito para tais relacionamentos.

O manual do programa de pesquisa desenvolvimento tecnológico no setor de energia elétrica publicado pela ANEEL no ano de 2008 é um marco na regulamentação da P&D do setor, regulamentando os investimentos realizados através de projetos desenvolvidos pelas firmas, individual ou cooperativamente, com outras empresas e/ou instituições públicas ou

52 Isto parece um contrassenso já que o manual do ciclo 1999-2000 expressa que “os direitos de propriedade intelectual dos resultados das pesquisas serão de propriedade das Empresas de energia elétrica, respeitado o disposto sobre a matéria, nos contratos de execução” (p.15). Só a partir do Manual nov/2001 (que entrou em vigor em janeiro de 2002), os direitos de propriedade intelectual passaram a ser negociáveis, podendo pertencer à instituição contratada (centros de pesquisa, universidades, fabricantes ou consultoras), à empresa ou a ambas, mediante acordo pré-estabelecido por via contratual. Neste molde, é facultada a instituição parceira, em caso de posse da titularidade da PI, atribuir a GDT a opção de uma “licença não exclusiva sem pagamento de royalties, ou uma licença exclusiva, com o direito de sub-licenciamento, sob condições acordadas entre as partes” por meio de concessão temporária ou indefinidamente, parcial ou condicionada do uso dos direitos à PI (ANEEL, 2001).

privadas de ensino e pesquisa, as quais figuram como instituição parceira da GDT proponente. Sendo de responsabilidade da ANEEL a avaliação e aprovação das propostas (Figura 28), e a fiscalização da execução dos projetos, atestando os investimentos que foram de fato realizados. A publicação do Manual do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica – 2008, homologado pela Resolução Normativa No 316, de 13 de maio de 2008, é um marco com importantes mudanças no programa de P&D ANEEL. Traz consigo uma modificação nos procedimentos para recolhimento ao FNDCT e ao MME, que, a partir de então, deveriam ser efetuados em uma única parcela para cada órgão. Estabelece, de igual modo, até o quinto dia útil do mês subsequente, o envio a ANEEL de dados mensais sobre “os valores da ROL, a investir em projetos de P&D, a recolher ao FNDCT e ao MME, bem como os lançamentos relacionados à execução dos projetos da Empresa e o saldo da remuneração pela SELIC desde o reconhecimento contábil das receitas”, ampliando o controle da Agência sobre os investimentos presentes e valores da obrigatoriedade do ano contábil seguinte. Aponta também as penalidades a que estão sujeitas as empresas que descumprirem o disposto, conforme a Resolução Normativa no 63/2004.

Outra modificação a ser mencionada á que, a partir do Manual 2008, não há mais uma definição estanque de temas centrais gerais de investimento. Há, antes, o apontamento periódico de temas e subtemas estratégicos para o setor, a serem considerados prioritariamente na elaboração das estratégias de P&D por parte das empresas de energia elétrica. Deste 31/05/2016, os Temas para Investimentos em P&D são:

Quadro 8 - Temas e Subtemas prioritários para Investimentos no Programa de P&D ANEEL

Temas Subtemas Prioritários:

FA - Fontes alternativas de geração de energia elétrica

FA01 - Alternativas energéticas sustentáveis de atendimento a pequenos sistemas isolados. FA02 - Geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos.

FA03 - Novos materiais e equipamentos para geração de energia por fontes alternativas. FA04 - Tecnologias para aproveitamento de novos combustíveis em plantas geradoras. GT - Geração

Termelétrica

GT01 - Avaliação de riscos e incertezas do fornecimento contínuo de gás natural para geração termelétrica.

GT02 - Novas técnicas para eficientização e diminuição da emissão de poluentes de usinas termelétricas a combustível derivado de petróleo.

GT03 - Otimização da geração de energia elétrica em plantas industriais: aumento de eficiência na cogeração. GT04 - Microssistemas de cogeração residenciais.

GT05 - Técnicas para captura e sequestro de carbono de termelétricas. GB - Gestão de

Bacias e Reservatórios

GB01 - Emissões de gases de efeito estufa (GEE) em reservatórios de usinas hidrelétricas. GB02 - Efeitos de mudanças climáticas globais no regime hidrológico de bacias hidrográficas. GB03 - Integração e otimização do uso múltiplo de reservatórios hidrelétricos.

GB04 - Gestão sócio-patrimonial de reservatórios de usinas hidrelétricas. GB05 - Gestão da segurança de barragens de usinas hidrelétricas.

GB06 - Assoreamento de reservatórios formados por barragens de usinas hidrelétricas. MA - Meio

Ambiente

MA01 - Impactos e restrições socioambientais de sistemas de energia elétrica.

MA02 - Metodologias para mensuração econômico-financeira de externalidades em sistemas de energia elétrica. MA03 - Estudos de toxicidade relacionados à deterioração da qualidade da água em reservatórios.

SE - Segurança SE01 - Identificação e mitigação dos impactos de campos eletromagnéticos em organismos vivos. SE02 - Análise e mitigação de riscos de acidentes elétricos.

SE03 - Novas tecnologias para equipamentos de proteção individual. SE04 - Novas tecnologias para inspeção e manutenção de sistemas elétricos EE - Eficiência

Energética

EE01 - Novas tecnologias para melhoria da eficiência energética. EE02 - Gerenciamento de carga pelo lado da demanda. EE03 - Definição de indicadores de eficiência energética.

EE04 - Metodologias para avaliação de resultados de projetos de eficiência energética.

PL -

Planejamento de Sistemas de Energia Elétrica

PL01 - Planejamento integrado da expansão de sistemas elétricos. PL02 - Integração de centrais eólicas ao SIN.

PL03 - Integração de geração distribuída a redes elétricas.

PL04 - Metodologia de previsão de mercado para diferentes níveis temporais e estratégias de contratação. PL05 - Modelos hidrodinâmicos aplicados em reservatórios de usinas hidrelétricas.

PL06 - Materiais supercondutores para transmissão de energia elétrica. PL07 - Tecnologias e sistemas de transmissão de energia em longas distâncias. OP - Operação de

Sistemas de Energia Elétrica

OP01 - Ferramentas de apoio à operação de sistemas elétricos de potência em tempo real. OP02 - Critérios de gerenciamento de carga para diferentes níveis de hierarquia. OP03 - Estruturas, funções e regras de operação dos mercados de serviços ancilares. OP04 - Otimização estrutural e paramétrica da capacidade dos sistemas de distribuição. OP05 - Alocação de fontes de potência reativa em sistemas de distribuição.

OP06 - Estudo, simulação e análise do desempenho de sistemas elétricos de potência. OP07 - Análise das grandes perturbações e impactos no planejamento, operação e controle. OP08 - Desenvolvimento de modelos para a otimização de despacho hidrotérmico.

OP09 - Desenvolvimento e/ou aprimoramento dos modelos de previsão de chuva versus vazão. OP10 - Sistemas de monitoramento da operação de usinas não-despachadas pelo ONS. SC - Supervisão,

Controle e Proteção de Sistemas de Energia Elétrica

SC01 - Implementação de sistemas de controle (robusto, adaptativo e inteligente). SC02 - Análise dinâmica de sistemas em tempo real.

SC03 - Técnicas eficientes de restauração rápida de grandes centros de carga. SC04 - Desenvolvimento de técnicas para recomposição de sistemas elétricos.

SC05 - Técnicas de inteligência artificial aplicadas ao controle, operação e proteção de sistemas elétricos. SC06 - Novas tecnologias para supervisão do fornecimento de energia elétrica.

SC07 - Desenvolvimento e aplicação de sistemas de medição fasorial. SC08 - Análise de falhas em sistemas elétricos.

SC09 - Compatibilidade eletromagnética em sistemas elétricos. SC10 - Sistemas de aterramento.

QC - Qualidade e Confiabilidade dos Serviços de Energia Elétrica

QC01 - Sistemas e técnicas de monitoração e gerenciamento da qualidade da energia elétrica. QC02 - Modelagem e análise dos distúrbios associados à qualidade da energia elétrica. QC03 - Requisitos para conexão de cargas potencialmente perturbadoras no sistema elétrico. QC04 - Curvas de sensibilidade e de suportabilidade de equipamentos.

QC05 - Impactos econômicos e aspectos contratuais da qualidade da energia elétrica. QC06 - Compensação financeira por violação de indicadores de qualidade. MF - Medição,

faturamento e combate a perdas comerciais

MF01 - Avaliação econômica para definição da perda mínima atingível. MF02 - Estimação, análise e redução de perdas técnicas em sistemas elétricos.

MF03 - Desenvolvimento de tecnologias para combate à fraude e ao furto de energia elétrica. MF04 - Diagnóstico, prospecção e redução da vulnerabilidade de sistemas elétricos ao furto e à fraude. MF05 - Energia economizada e agregada ao mercado após regularização de fraudes.

MF06 - Uso de indicadores socioeconômicos, dados fiscais e gastos com outros insumos. MF07 - Gerenciamento dos equipamentos de medição (qualidade e redução de falhas). MF08 - Impacto dos projetos de eficiência energética na redução de perdas comerciais.

MF09 - Sistemas centralizados de medição, controle e gerenciamento de energia em consumidores finais. MF10 - Sistemas de tarifação e novas estruturas tarifárias

Muda também o processo de avaliação das propostas e dos resultados dos projetos de P&D. Inicialmente, a primeira avaliação do projeto submetido ao programa ANEEL ocorria logo após a submissão da proposta. Isso implicaria em uma revisão, ainda no começo do processo, caso o projeto submetido não fosse aprovado. O processo de revisão seguia a segunda avaliação dos projetos que, não se apresentando condizente com as especificações da Agência, seguiria parcialmente aprovado ao cadastramento que daria início às atividades de P&D e à sua fiscalização, deixando registrado que caberia a ANEEL, ao termino da execução, definir se os recursos investidos seriam ou não contabilizados como cumprimento da obrigatoriedade do CT-Energ.

O encaminhamento de relatórios parciais de acompanhamento seria utilizado para avaliação do cumprimento das metas durante a execução. Em caso de descumprimento, ficaria a encargo da empresa propor ajustes a serem avaliados novamente pela ANEEL. Em caso de aprovação, tais modificações seriam registradas em forma de ajustes cadastrados para acompanhamento dos andamentos futuros pela Agência. Após o cumprimento das metas, a empresa optaria ou não pelo encerramento do projeto, o que seria feito mediante o envio de novo relatório de acompanhamento, propondo a continuidade das atividades, ou do relatório final da proposta, ambos avaliados pela ANEEL para deliberar sobre a contabilização do investimento realizado na execução do projeto como parte da obrigatoriedade prevista no ano contábil da empresa.

Com as mudanças propostas a partir do Manual ANEEL (2008), o carregamento do projeto no sistema pode ou não ser sucedido de avaliação inicial, haja vista o custo do volume de projetos a serem submetidos frente ao restrito escopo organizacional de avaliadores a disposição da ANEEL. Em caso positivo de uma avaliação inicial ser realizada, é prerrogativa da empresa definir, de acordo com seu resultado, se a proposta será ou não executada. Risco maior incorrem as empresas cuja proposta inicial não foi avaliada, cabendo ao gestor de P&D da empresa definir se seguira ou não com a proposta cadastrada, estabelecendo a data inicial de execução.

Este processo gera grande incerteza para as GDTs com propostas iniciais sem aprovação da ANEEL, visto que só mediante análise do relatório final há uma definição do parecer da Agência. Tamanha insegurança pode levar as empresas a restringirem suas atividades de P&D, visto que, em caso de não ter em sua proposta inicial avaliada e aprovada, ao decidirem por arcar com a incerteza de executar o projeto submetido, em caso de glosa terão de realizar duas vezes o gasto previsto para o ano contábil em exercício: Os valores referentes aos investimentos realizados no(s) projeto(s) de P&D e o ressarcimento dos valores não aprovados pela ANEEL. Para serem aprovados, os projetos, que são avaliados de 0 a 5, segundo critérios de originalidade, aplicabilidade, relevância e razoabilidade dos custos, devem obter média igual ou superior a 3,0, conforme o Guia do avaliador de projetos de P&D (ANEEL, 2010)

Figura 28 - Processo de Avaliação e fiscalização da execução das Propostas de Programas de P&D antes de depois do Manual de P&D ANEEL 2008

Fonte ANEEL, 2000, 2001, 2006, 2008 e 2012

A p a r t i r d e 2 0 0 8

Após a modificação definida no Manual do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica (ANEEL,2008) até o último levantamento realizado em julho de 2017, foram submetidos a avaliação da agência 2.605 projetos, com custo estimado de R$ 8.419.599.229,87. A maior parte dos projetos submetidos pertence a empresas distribuidoras de energia elétrica (52%), seguido das empresas geradoras (36%) e transmissoras (11%), enquanto apenas 27% das empresas com gestores de P&D cadastrados são distribuidoras (geradoras correspondem 44% e transmissoras a 29%). O número de projetos é compensado pelo volume de recursos aplicados: 41% dos valores a serem investidos, o que equivale a cerca de 4,2 bilhões de Reais, foram aplicados em projetos das Geradoras de energia, sendo 66% em projetos de pesquisa aplicada (mais que o total dos projetos onde PA representou 53,3%) e 25% em projetos em desenvolvimento experimental (que no total correspondeu a 30,5%). Apenas 7.5% dos 2605 projetos pertencem à categoria de pesquisa básica dirigida e 4,8% a cabeça de série. Projeto de lote pioneiro (1.7%) e inserção no mercado (0. 2%) possuem representação marginal. Das áreas estratégicas indicadas pela ANEEL como sendo de foco prioritário de investimento, 17% dos projetos estavam focados em supervisão, controle e proteção do sistema de energia elétrica; em segundo temos as fontes alternativas de geração de energia elétrica com 13% dos projetos, seguida por 10,4% de projetos dedicados a operação do sistema de energia elétrica. Somadas, estas três áreas estratégicas compõem cerca de 40% do total do projeto submetido a avaliação da ANEEL (Figura 29). No outro extremo, temos os projetos dedicados à área estratégica “gestão de bacias e reservatórios” que corresponde a apenas 3,2% dos 2.605 projetos submetidos, uma expressividade abaixo das expectativas, em se tratando desse tema tão importante para um sistema de geração majoritariamente hidrelétrico.

Figura 29 - Distribuição dos projetos de P&D ANEEL por área temática priorizada – Brasil

2008 a jul. 2017

Fonte: ANEEL, 2017.

Gestão de Bacias e Reservatórios Geração Termelétrica Segurança Geração Termelétrica Qualidade e Confiabilidade dos Serviços de Energia Elétrica Planejamento de Sistemas de Energia Elétrica

Medição, faturamento e combate a perdas comerciais Meio Ambiente Outro Operação de Sistemas de Energia Elétrica Fontes alternativas de geração de energia elétrica Supervisão, Controle e Proteção de Sistemas de Energia Elétrica GB 3%3% SEGT 6% EE 6% QC 8% PL 8% MF 8% MA 8% OU 10% OP 10% FA 13% SC 17%

Ao todo, 35% dos projetos e dos recursos previstos no período considerado objetivavam o desenvolvimento de conceitos ou metodologia; 17% dos projetos dos foram dedicados ao desenvolvimento de máquinas ou equipamentos, nos quais foram aplicados 25% dos recursos; 21% dos projetos visava o desenvolvimento de novos sistemas (representando 24% dos recursos). Novos softwares ocuparam 15% dos projetos e 8% dos recursos; e novo componente ou dispositivo foi o foco de apenas 8% dos projetos, nos quais se aplicaram 7% dos recursos. Em um contexto no qual a fronteira da inovação para o setor de energia elétrica caminha nos rumos da digitalização do sistema, os projetos de P&D ANEEL se mantem focados na busca por soluções de problemas práticos da rede de geração, distribuição e transmissão de energia elétrica no Brasil; fator sintomático pelo qual 48% dos projetos submetidos tiveram avaliação negativa pela agência.

Embora os dados apresentados forneçam evidencias de esforços empregados para a produção de pesquisa e desenvolvimento com vistas a impulsionar a dinâmica inovativa no setor elétrico, oferecem-nos, no entanto, resumidos indícios sobre os efetivos resultados dos projetos realizados em cooperação impulsionada por essas iniciativas, menos ainda sobre os efetivos benefícios oriundos do processo para os sistemas territoriais de inovação que abrigam as organizações e atores envolvidos no processo. Este, contudo, tem sido o mecanismo primordial de avaliação deste tipo de política pública, focado no volume de investimento e resumidamente se atendo a sua relação custo-efetividade, pouco contribuindo para uma reflexão mais geral sobre a relevância da estratégia na execução dos objetivos a que se propõe. Tal efetividade, a nosso ver, abriga um conjunto de critérios de mensuração, envolvendo por meio da abordagem do Sistema territorial de inovação, o entendimento das especificidades dos processos de interação Universidade-Empresa, o que se pretende ilustrar por meio da experiência específica dos relacionamentos entre empresas do setor e ICTs pernambucanas mediadas pelo CT-Energ. Para tanto, convém conhecer as características do Sistema Pernambucano de Inovação e, ainda mais especificamente, do Sistema de Inovação em Energia Elétrica que ele abriga