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CAPÍTULO 1. ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS, PARQUES URBANOS, E USOS E

1.2 PARQUES URBANOS

1.2.4 Parques no Espírito Santo

No Espírito Santo, o município onde se localiza o primeiro parque do Estado é também o que possui a maior quantidade e diferentes estilos de parques públicos: a sua capital – a cidade de Vitória. Devido também à sua proximidade com o Município da Serra, os parques desta cidade são abordados nesta seção.

O Município de Vitória limita-se ao Norte com a Serra, ao Sul com Vila Velha, a Oeste com Cariacica e a Leste com o Oceano Atlântico. Seu território é constituído de uma ilha principal (com 29,31 km²) e uma parte continental, situada ao Norte (com 39,66 km²). Integra também ao território municipal as Ilhas Oceânicas de Trindade e o Arquipélago de Martin Vaz, situadas a 1.140 km da costa, com área de 10,92 km², e diversas ilhas menores no seu entorno, que juntamente com sua baía compõe seu território de 96,536 km² (IBGE, 2010). Segundo o censo demográfico 2010, Vitória apresenta uma população de 327.801 habitantes, e estimativa para 2017 de 363.140 habitantes.

apresentada desconsidera outras tipologias apresentadas no documento original por não serem objeto de interesse desta dissertação.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Vitória (em mapa de espaços protegidos)12 identifica no Município a existência de 14 parques urbanos municipais e 7 parques naturais municipais, sendo estes últimos, também unidades de conservação – UCs (ver figura 22). Carvalho (2012) destaca que o Município de Vitória adota duas classificações que representam, em termos de configuração, os parques urbanos: parques urbanos municipais e parques naturais municipais. Enquanto os parques municipais são áreas verdes com maior interferência humana, delineados e, muitas vezes, vegetados obedecendo a critérios paisagísticos, de beleza cênica, com nivelamento de terrenos, presença de lagoas artificiais e espécies vegetais introduzidas, os parques naturais possuem características mais próximas da sua condição original, espécies vegetais e animais nativos, e menor grau de interferência em termos de modificações e construções.

12 Espaços protegidos do Município de Vitória. Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Prefeitura Municipal de Vitória. Elaborado por GEO/ SEMMA/ PMV. Vitória: maio de 2017.

Figura 22 - Localização dos parques municipais de Vitória.

Fonte: Modificação sobre Mapa de Espaços protegidos no Município de Vitória disponibilizado pelo Geoprocessamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Vitória, 2017. Os 7 parques naturais são: o Parque da Fonte Grande (que é Estadual), o Gruta da Onça, Parque Tabuazeiro, Parque Von Schilgen, Parque Pedra dos Olhos, Parque

Mulembá e Parque da Baía Noroeste. E os 14 parques urbanos são: Parque Atlântico, Parque da Fazendinha, Parque Padre Afonso Pastore, Parque da Pedra da Cebola, o Parque Mangue Seco, Barreiros, Horto de Maruípe, Parque do Morro da Gamela, Parque Pianista Manolo Cabral (Chácara Paraíso), Parque Municipal São Benedito, Parque Municipal Barão de Monjardim, Parque Municipal de Fradinhos, Parque Municipal da Ilha do Papagaio e Parque Moscoso.

O mais antigo dos parques urbanos de Vitória é o Parque Moscoso, construído em 1912 e localizado no centro da capital; e o mais novo é o Parque Manolo Cabral (conhecido como Chácara Paraíso), em Barro Vermelho, construído em 2013 por empresa privada através de medidas de compensação ambiental (este parque é também o menor de Vitória, com 14.400 m2).

O Parque Moscoso (figura 23), com 24.142 m2, foi construído em uma área alagadiça (conhecida como Campinho), após ter sido aterrada em 1912. O aterro do Campinho, juntamente com o aterro do Largo da Conceição (atual Praça Costa Pereira), foram uma das primeiras ações de remodelagem urbana ocorridas na cidade de Vitória, seguindo princípios de saneamento básico, aterramento, embelezamento, ajardinamento de mangues e retificação de ruas (FREIRE, SARTÓRIO, 2015). Estas ações basearam-se nas propostas sanitaristas promovidas em outros Estados e inspiradas nas reformulações sofridas pelos países europeus. O aterro do Campinho tinha também a intenção de abrir novas vias de circulação e permitir a expansão das residências próximas da área central da cidade, abrindo mercado para o capital imobiliário.

O projeto original do Parque Moscoso, de estilo eclético, sofreu várias alterações em sua estrutura morfológica: em 1952, teve a inclusão do Jardim de Infância e da Concha acústica; e em 1973 passou por modificações estruturantes em seu projeto que alteraram a ambientação e a função do parque (MUNIZ, 1985, p. 73). A reforma de 1973 compreendeu a introdução de: Quadra de esportes e Capela, construção de chalés para abrigar animais, construção de um prédio administrativo, criação de um morro artificial e execução de muros de fechamento.

Figura 23 - Parque Moscoso, no Centro de Vitória (foto e imagem aérea).

Fonte: disponível em <http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/05/parque-moscoso-comemora- 102-anos-com-festa-em-vitoria.html>. Acesso em: 06 jun. 2016 / Google Earh, acesso em maio/ 2016. Muitos dos parques de Vitória são da década de 1990, como os parques: Horto de Maruípe (1995), Barreiros (1998), Tabuazeiro (1996), Gruta da Onça (reinaugurado em 1996); Pedra da Cebola (1997) e Paulo Affonso Pastore - Mata da Praia (1997). Dentre eles, o que se destaca em termos de dimensão, é o Parque da Pedra da Cebola (figura 24), com 100.010 m2 (os demais possuem entre 40 a 50 mil m2, com exceção do Parque Gruta da Onça com 67 mil m2 aproximadamente); tamanho similar ao do Parque da Cidade. No geral, também com exceção do Parque Gruta da Onça, estes parques são do tipo contemplativo- recreativos, pois possuem estruturas e equipamentos destinadas a ambos os usos e atividades como quadras, campo de futebol, academia, pistas, playgrounds, palco, áreas de estar e passeio, etc.

Em local onde havia uma pedreira da Companhia Vale do Rio Doce, desativada em 1978, foi construído o Parque da Pedra da Cebola em 1997. A obra constituiu-se na primeira recuperação de área degradada por esse tipo de atividade econômica no Município. O Parque foi um exemplo de mobilização comunitária em torno da sua conquista como espaço de lazer à população (VITÓRIA, 1999). Com relação ao projeto, possui uma forte inspiração romântica remetendo aos parques do início do século XX, com caminhos sinuosos, pequeno zoológico e animais domésticos soltos; como contraponto a este cenário, abriga um conjunto de quadras esportivas e playground (MACEDO, 2012). O paisagismo se destaca pela integração e associação de exemplares de vegetação rupestre e de restinga com os elementos

naturais rochosos presentes em todo o parque. Abriga também, “a casa cultural do Mosteiro Zen e um jardim budista, ao lado de um lago completando o caráter místico desse local” (VITÓRIA, 1999, p. 22).

Figura 24 - Parque Pedra da Cebola, em Vitória (foto e imagem aérea).

Fonte: disponível em: <www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=437100>. Acesso em: 06 jun.

2016/ Google Earth, acesso em maio/ 2016.

O Parque Horto de Maruípe (1995), com 49.700 m2, foi implantado no local do antigo viveiro de mudas e espécies destinadas ao plantio dos espaços livres públicos da capital, função exercida de 1938 até 1977. É uma das áreas verdes mais antigas de Vitória e abriga espécies exóticas da Mata Atlântica, uma diversidade de bromélias, lagos e cursos de água sinuosos, além de instalações esportivas e recreativas como quadras, campo, playgrounds, módulo de esportes e área coberta para atividades culturais (figura 25) (VITÓRIA, 1999).

Figura 25 – Horto Municipal de Maruípe, em Vitória (foto e imagem aérea).

Fonte: disponível em <http://www.vitoria.es.gov.br/cidade/parques>. Acesso em: 17 mai. 2017/ Google Earth, acesso em maio/ 2016.

Apesar de particular, o Parque Botânico da Vale (2004) é aberto ao público, oferecendo uma programação diversificada de atividades recreativas, culturais e

principalmente ambientais permanentes e uma estrutura composta de auditório, área de eventos, jardim sensorial, playground e um orquidário. Possui 330 mil m2 e está localizado no cinturão do Complexo de Tubarão, é também uma unidade de conservação da Mata Altântica13.

Além dos parques, as praias e orlas são também muito utilizadas pela população como espaços de lazer nas cidades litorâneas. Macedo e Sakata (2010) identificam que, no final do século XX, estes espaços se valorizaram para a prática esportiva, recreativa e gastronômica, tendo recebido reformas e elementos novos que acabaram consolidando-se em grandes parques. Em Vitória, o calçadão da Praia de Camburi e a Orla da Praia do Canto desempenham este papel.

A Orla de Camburi, construída originalmente na década de 1980, passou por um processo de urbanização recentemente, iniciado em 2005 pela Prefeitura Municipal. Composta de calçadão, ciclovia, jardins, deques de madeira com bancos e quiosques, a orla é bastante utilizada por todos os públicos, principalmente à noite para atividades esportivas (futebol, ginastica, vôlei) desenvolvidas na areia e recreativas no calçadão (skate, patins, bicicleta).

Ao longo da Orla da Praia do Canto, as “praças” dos Namorados (figura 26) e dos Desejos, construídas durante a administração municipal do período 1985-1989 (FREIRE; SARTÓRIO, 2015) são interligadas entre si ao longo da praia, desde a Marina do Iate Clube até a Curva da Jurema, e também se configuram como verdadeiros parques ao ar livre dotados de equipamentos de esporte e de lazer compreendendo pista de patinação, pista de skate, quiosques, playgrounds, quadras, campo de futebol. A área ocupada por estas praças era resquício de aterro, e foi reurbanizada através do Projeto Orla Marítima para abrigar equipamentos de lazer e embelezamento urbano visando a valorização da região (FREIRE; SARTÓRIO, 2015).

Figura 26 - Praça dos Namorados, em Vitória / ES.

Fonte: disponível em: <http://capixabaquersairdecasa.blogspot.com.br/2011/01/praca-dos- desejos.html>. Acesso em 21 jun. 2017.

O Parque Tancredo Neves, localizado na orla da Baía de Vitória, é um parque exclusivamente de caráter recreativo (MACEDO, 2012). Construído em 1986, e reformulado em 2012 para abrigar um Complexo Esportivo (objeto de concurso nacional), contempla instalações como ginásio, quadras, pista de skate, piscinas, academias de ginástica, ciclovia, além de uma programação esportiva intensa. Como em Vitória, cujos parques de recreação surgiram na década de 1990, um parque do mesmo tipo – o Parque da Cidade - é construído no início do século XXI, no Município da Serra. Diferente de Vitória, o Município da Serra tem seu primeiro parque público construído no início do século XXI, que será visto com mais detalhes nos capítulos 2 e 4.

Até o momento, foram abordados os conceitos e as teorias sobre os espaços livres públicos e sobre uma das suas tipologias – os parques urbanos. Referente à esta tipologia específica foi apresentado sua origem e evolução histórica tanto a nível internacional quanto nacional, um panorama dos parques contemporâneos, conceito adotado pelos autores e classificações propostas, e uma breve abordagem dos parques do Estado do Espírito Santo, mais especificamente da sua capital - Vitória. A partir deste momento, parte-se para discussões sobre os usos e desusos dos espaços livres públicos, e em especial dos parques urbanos. Pretende-se, assim, identificar na literatura especializada fases de declínio de uso de parques e auge dos

mesmos, ou ainda apontar fatos presentes no histórico de surgimento de parques que motivaram seu uso ou o desuso.