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PERCURSO METODOLÓGICO

3.4. Participantes da Pesquisa

3.4.1 O critério de escolha

Os sujeitos que participaram deste estudo são oriundos de contextos sócio- econômico, regional e cultural distintos, uma vez que os dois participantes com deficiência intelectual moram na cidade de São Paulo e fazem parte da Associação Carpe Diem enquanto os outros dois, que possuem deficiência visual e auditiva, moram na cidade de João Pessoa e freqüentaram o Grupo de Extensão Pró-líder.

O critério de escolha dos participantes foi a minha proximidade com os campos de estudo e a importância que esses jovens e adultos possuem na minha vida, principalmente na nova perspectiva que eles trouxeram para mim em relação às pessoas com deficiência. Estes fatores que fundamentaram a minha escolha encontram guarida na afirmação de Albertine (2005, p. 31), quando esclarece que:

A escolha dos entrevistados (as) (em pesquisa que adota a metodologia da história de vida) não deve ser predominantemente orientada por critérios quantitativos, por uma preocupação com amostragens, e sim a partir da posição do entrevistado no grupo, do significado de sua experiência. Dessa forma, a minha escolha pelos quatro jovens para fazer parte da pesquisa não foi determinada por critérios quantitativos ou de amostragem, mas pelo significado que eles possuem na minha experiência enquanto pesquisadora na área da educação especial.

A minha aproximação com os participantes do grupo Pró-líder aconteceu durante o curso de pedagogia, através da Profa. Dra. Windyz Brazão, orientadora desta pesquisa. Na ocasião, o referido grupo era campo de estudo da pesquisa de mestrado de

Soares (2010) e o trabalho desenvolvido com aqueles jovens foi algo que fez nascer em mim o desejo de me engajar nesta luta para que o lema “nada sobre nós sem nós”, da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2008) se tornasse real na vida das pessoas com deficiência. Como eu também sou graduada no curso de direito, o engajamento no grupo Pró-lider, trouxe-me a possibilidade de unir duas ferramentas para o empoderamento das pessoas com deficiência: o direito e a educação.

Dos 14 participantes que fazem parte do pró-lider, a minha escolha pelos dois jovens que integram esta pesquisa justifica-se pela importante atuação deles no grupo e pela autonomia que possuem em suas vidas cotidianas, elementos que julguei valiosos para responder à pergunta de investigação.

Em relação aos jovens que moram em São Paulo, a minha aproximação com eles ocorreu no Seminário Aids x Deficiências, realizado na cidade de João Pessoa, no ano de 2009, pela UFPB em parceria com a ONG Apoicthá. No referido evento, no qual eu estava trabalhando na organização, pude conhecer alguns jovens e adultos com deficiência intelectual que estavam participando de uma mesa redonda sobre sexualidade x deficiência. Ouvir aqueles palestrantes falando a respeito de suas relações afetivas e projetos de vida, causou muito impacto em mim, pois eu nunca tinha visto pessoas com deficiências falando com tanta propriedade, impondo-se enquanto cidadãos, comovendo, conquistando respeito. Após esse evento, o meu contato com as pessoas do Carpe Diem só cresceu a cada dia. No mesmo ano, eu fui contratada para trabalhar como mediadora de Mariana Amato – uma das participantes desta pesquisa - que na época estava realizando um trabalho voluntário na Ong Apoitchá, na cidade de Lucena/PB. Eu trabalhei com Mariana durante seis meses e esta oportunidade proporcionou-me muito aprendizado e troca de experiências. No ano que se seguiu, em 2010, eu fiz um estágio de uma semana na Associação Carpe Diem e foi nesta ocasião que eu pude conhecer outras pessoas com deficiência intelectual e perceber que Mariana e Thiago teriam muito para contribuir com esta pesquisa e com a história das pessoas com deficiência em todo o Brasil.

3.4.2 Caracterização geral dos jovens

Esta pesquisa teve quatro sujeitos participantes da coleta de dados, sendo duas mulheres e dois homens, com idades entre 23 e 32 anos. Desses quatro jovens e adultos, dois possuem deficiência intelectual, um é surdo e uma é cega. O quadro abaixo

contém informações gerais sobre os participantes, como: nome, sexo, idade, deficiência, escolarização, trabalho, com quem mora.

Quadro 1: Caracterização Geral dos Participantes

Nome Sexo Idade Deficiência Escolarização Trabalho Com quem mora

Mariana

Amato F 32 Intelectual/ Síndrome de Down Alfabetizada em escola especial; não estuda mais Trabalha em uma loja de roupas Pais divorciados. Mora com a mãe. Thiago

Rodrigues M 24 Intelectual/ Síndrome de Down Alfabetizada em escola regular; não estuda mais Trabalha em um restaurante O pai faleceu. Mora com a mãe e o padastro.

Alseni Maria F 25 Visual Ensino

Superior Incompleto. Estudante do curso de pedagogia Não trabalha. É estagiária de uma escola Mora na residência universitária com outra amiga cega Everton Borba M 23 Auditiva Ensino Superior Incompleto. Estudante do Curso de Gestão Ambiental e Técnico em Meio Ambiente. Não trabalha. Desenvolve um trabalho voluntário no Conselho Municipal da Juventude, Esporte e Lazer Mora com os pais e a irmã 3.4.3 O Acesso

No primeiro ano do mestrado, em setembro de 2010, foi feito o contato inicial com a Associação Carpe Diem, via email, esclarecendo os objetivos da pesquisa e convidando a associação a contribuir com o presente estudo, conforme mostra o Anexo 1.

No referido documento enviado à Carpe Diem também houve uma solicitação para que eu realizasse um estágio de uma semana, a fim de melhor conhecer o trabalho desenvolvido pela associação. Como resposta ao email, a diretora aceitou o convite para se tornar campo do nosso estudo e no mesmo mês, durante o período de 27 de setembro a 01 de outubro de 2010, eu viajei para São Paulo e participei de todas as atividades realizadas pela associação, nos turnos da manhã e tarde. Este estágio foi de fundamental importância para eu conhecer mais a respeito do protagonismo juvenil, desenvolver relacionamento com as pessoas da associação e escolher as pessoas que mais se adequassem ao objetivo da pesquisa.

Em relação ao outro campo de estudo – o Projeto de Extensão Universitária Pró- líder – o contato inicial se deu pessoalmente através da coordenadora do projeto, uma vez que a mesma também é orientadora desta pesquisa. Como eu já conhecia os jovens e o trabalho desenvolvido pelo grupo de extensão, não foi necessário fazer estágio.

No ano de 2011 eu iniciei o contato com os sujeitos participantes da pesquisa através de um documento enviado a eles esclarecendo o objeto da pesquisa, mostrando a contribuição que eles podiam dar ao trabalho e convidando-os a participarem, conforme mostra o Anexo 2. Junto com esse convite foi enviado o Termo de Livre Consentimento (ANEXO 3), onde eles assinaram confirmando o desejo de participar da pesquisa e concederam a permissão para utilização de seus nomes verdadeiros, fotos, imagens, falas, etc. Nessa mesma ocasião, também foi enviado para a diretoria da Associação Carpe Diem e do Projeto de Extensão Pró-líder o Termo de Anuência, conforme Anexo 4, onde eles ratificaram a ciência da participação dos jovens na presente pesquisa.

Ressalta-se que o estudo foi submetido ao parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley e aprovado de acordo com a certidão apresentada no Anexo 5.