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PERCURSO METODOLÓGICO

3.6 Procedimentos metodológicos

3.6.1 Coleta de Dados

A principal fonte de coleta de dados desse estudo foi a entrevista semi- estruturada. Esta foi organizada em torno de 75 questões, divididas em quatro blocos, contendo perguntas abertas e fechadas, como mostra o Anexo 6. O segundo bloco desta entrevista semi-estruturada é formada pela Linha do Tempo da Mudança, conforme o Anexo 7.

A fim de aplicar o referido instrumento foram realizados três encontros com cada participante, em torno de 1h e 30min, em horários e locais distintos, dependendo da disponibilidade dos jovens. Destaca-se que, a fim de garantir a privacidade, todos os encontros foram realizados somente com a presença da pesquisadora e do entrevistado.

No primeiro encontro foi aplicado o primeiro e o segundo bloco de questões. O primeiro bloco trata-se de uma caracterização geral dos sujeitos e contêm perguntas envolvendo dados pessoais, informações sobre a família, trajetória escolar e sobre a mobilidade social dos jovens, ou seja, a participação deles em movimentos, projetos ou grupos que defendem o direito das pessoas com deficiência. No segundo bloco foi utilizada a técnica da Linha do Tempo da Mudança, onde foi entregue para os participantes um quadro contendo as seguintes informações a serem preenchidas: Evento / Data / Algo que foi significativo neste evento e que trouxe mudança. O uso dessa técnica auxiliou os jovens a refletirem e falarem a respeito de experiências importantes que os ajudaram no processo de construção da autonomia x autoadvocacia. No segundo encontro foi aplicado o terceiro bloco da entrevista semi- estruturada, com o objetivo de conhecer mais a respeito da rotina dos jovens, as pessoas com quem se relacionam, os lugares que freqüentam, os interesses e projetos de vida que possuem. Este bloco de perguntas estava organizado em torno de 5 eixos:

 Trabalho

 Lazer/Esporte (este eixo incluía perguntas sobre o que fazem no tempo livre, para onde costumam sair para se divertir, se praticam esportes, academia, etc.)  Vida Afetiva/ Sexualidade (este eixo incluía perguntas relacionadas à forma

como os jovens se vêem, suas qualidades, as pessoas com quem se relacionam e sobre sexualidade, namoro, etc.

 Comunidade (este rol de perguntas direcionava-se a conhecer a forma como o jovem está inserido na comunidade, como se locomovem, que atividades realizam no dia-a-dia, etc).

No terceiro encontro foi aplicado o quarto e último bloco de perguntas que era voltado unicamente para o foco da pesquisa: o exercício da autoadvocacia na vida das pessoas com deficiência. Através desta entrevista os participantes falaram a respeito de como se deu o processo de construção da autoadvocacia em suas vidas e como a apropriação deste conhecimento trouxe empoderamento e mudança. Durante este encontro, os sujeitos também gravaram um pequeno vídeo falando sobre o que é autoadvocacia e como eles exercem isso no dia-a-dia.

Ressalta-se que todas as entrevistas foram gravadas em MP3, com a autorização dos entrevistados, e posteriormente transcritas para garantir a fidedignidade. No caso das pessoas com deficiência intelectual, em alguns momentos as perguntas foram feitas com uma linguagem simplificada e com o uso de ilustrações, garantindo a acessibilidade e participação efetiva.

Quadro sobre os Encontros

Encontros O que foi realizado...

1º Encontro Foi feito o primeiro e o segundo blocos de perguntas. A

primeira parte da entrevista tratava-se de uma caracterização geral dos jovens e a segunda continha o bloco concernente à linha do tempo da mudança.

2º Encontro Foi aplicado o terceiro bloco da entrevista que continha

questões referentes à rotina dos jovens e estava estruturado em torno de cinco eixos temáticos, quais sejam: escola, trabalho, lazer, vida afetiva e comunidade.

3º Encontro Foi realizado o quarto bloco de perguntas que voltava-se

para a questão o exercício da autoadvocacia na vida dos jovens participantes da pesquisa.

Em relação aos participantes que moram em São Paulo, eu passei uma semana com cada um visitando os principais lugares que eles freqüentam, totalizando um

período de três semanas de acompanhamento. No que se refere aos jovens paraibanos, essas visitas foram feitas em dias alternados, a depender da disponibilidade deles. Destaca-se que essas observações foram acompanhadas de um diário de campo que me permitiu descrever os momentos mais importantes, bem como percepções e sentimentos. Além desse instrumento, foram utilizadas fotos e filmagens para registro.

3.6.2 Organização dos dados

No que se refere à organização dos dados, segui os procedimentos recomendados pela metodologia da História Oral (ALBERTINE, 2005; FARIAS, 2011). Primeiramente realizei a transcrição absoluta dos dados, onde transcrevi integralmente as falas dos jovens entrevistados e organizei em pastas eletrônicas, datadas e numeradas, de acordo com a ordem de realização. Quanto à entrevista realizada com o jovem surdo, nesta fase a intérprete colaborou com a tradução da interpretação gravada, para que fosse garantido a fidedignidade das informações.

Após essa fase inicial, fiz o que os manuais de História Oral denominam de textualização ou transcriação. A respeito dessa segunda fase da organização dos dados, Farias (2011, p. 51) explica que “trata-se da elaboração de um texto conciso, do qual serão abolidas palavras ou expressões que não contenham significado para a pesquisa”. Dessa forma, produzi um texto com os principais aspectos da história de vida de cada participante eliminando os elementos que não se relacionavam com o foco da pesquisa, para que assim fosse possível a análise dos dados com base no referencial teórico produzido.

Na metodologia História de Vida, não são apenas as palavras ditas e os fatos relatados que interessam ao pesquisador, mas, os manuais de História Oral esclarecem (FARIAS, 2011) que o encontro do pesquisador com o entrevistado fornece elementos imprescindíveis para responder à pergunta de investigação, como a entonação, pausa, respiração, risos, lágrimas, etc. Nesse sentido, além das falas dos jovens, todas as percepções que eu colhi durante a entrevista com eles também foram relatadas e acrescentadas na análise de dados.

CAPÍTULO 4

JOVENS ADULTOS COM DEFICIÊNCIA EXERCITANDO