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Capítulo 4 – Metodologia de investigação

4.2. Participantes

Turma objeto de estudo. Os alunos que irão participar no estudo pertencem a

uma turma do 5.º ano de escolaridade de uma escola básica do ensino público. A turma é constituída por vinte e oito alunos, dos quais dezasseis são rapazes e doze são raparigas com idades compreendidas entre os dez e os catorze anos, a maioria (dezoito alunos) com dez anos. Há nove alunos repetentes neste ano de escolaridade. A maioria dos alunos é proveniente de escolas do 1.º ciclo pertencentes ao agrupamento. A classe socioeconómica das famílias é, no geral, baixa ou média-baixa, sendo que dezassete alunos da turma beneficiam de Ação Social Escolar (ASE), dez alunos no escalão A e sete no escalão B. O agregado familiar é, em média, constituído por três ou quatro

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elementos. As habilitações académicas dos encarregados de educação situam-se na sua maioria ao nível do 3.º ciclo e ensino secundário.

No inquérito aplicado aos alunos, a maioria não referiu a profissão desejada. A maioria dos alunos refere que gosta de ocupar os tempos livres a ver televisão, brincar, conversar com os amigos, passear e jogar computador, especialmente aos fins de semana. Alguns alunos manifestam ter preferência pela disciplina de Matemática, sendo as disciplinas onde referem ter mais dificuldades a Língua Portuguesa e o Inglês. A turma tem duas alunas com necessidades educativas especiais, uma das quais frequenta a Unidade de Apoio a Alunos com Multideficiência (UAAM) e não frequenta as aulas, pelo que não irá participar no estudo. Assim sendo, a participar diretamente no estudo estarão apenas vinte e sete alunos.

No que diz respeito ao aproveitamento, é uma turma que revela, na sua maioria, falta de hábitos e métodos de trabalho, nomeadamente de trabalho em pares. É recetiva a novos tipos de tarefa e mantém um ritmo de trabalho lento e alguma falta de autonomia. O conselho de turma considerou insatisfatório o aproveitamento global no primeiro período, uma vez que mais de cinquenta por cento dos alunos (quinze alunos) obtive nível inferior a três em uma ou mais disciplinas. Na disciplina de Matemática apenas dez alunos tiveram nível inferior a três. No que respeita ao segundo período, dezanove alunos (dos 27 alunos avaliados) tiveram três ou mais negativas, pelo que o aproveitamento foi considerado pelo conselho de turma como fraco. Na disciplina de Matemática tiveram nível inferior a três, catorze alunos. Existe um pequeno grupo de alunos empenhados e com bom aproveitamento e existe um conjunto bastante mais amplo de alunos com dificuldades. Embora alguns alunos sejam empenhados, a maioria dos alunos deste grupo apresenta elevado desinteresse pelas atividades escolares.

Relativamente ao comportamento, o conselho de turma considerou-o pouco satisfatório no primeiro período e insatisfatório no segundo período, tendo em conta que vários alunos desrespeitam as regras de funcionamento da sala de aula e que houve mais participações disciplinares no segundo período, onde os alunos estiveram muito mais agitados e menos empenhados. Há sete alunos que apresentam faltas disciplinares, dois dos quais já foram suspensos por um ou dois dias (por motivos de agressividades para com colegas) mas não posso considerar que existam situações graves de indisciplina. Os alunos tentam participar mas fazem-no de forma muito desorganizada e são muito precipitados nas suas respostas, o que provoca alguma confusão nas aulas. São extremamente conversadores e distraem-se com muita facilidade, começando a

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cantarolar (embora baixinho) e a conversar ou discutir com os colegas da outra ponta da sala, levantando-se por vezes sem autorização do professor. A maior parte dos encarregados de educação aparentam preocupar-se com a vida escolar dos seus educandos, mas nem sempre os conseguem acompanhar academicamente ou controlar o seu trabalho e organização em casa.

Para além de ser a professora de Matemática desta turma, sou também a diretora de turma e professora de Ciências da Natureza, Educação e Cidadania e Apoio ao Estudo, estando assim com os alunos onze tempos (de 45 minutos) por semana. Devido ao facto de passarmos muito tempo juntos e de ser a diretora de turma, temos uma relação bastante próxima, os alunos vêem-me como uma referência e o seu maior apoio dentro da escola para os ajudar a resolver problemas quer nas disciplinas que leciono quer nas restantes disciplinas e nos intervalos, mas também problemas da sua integração social na escola e pessoais. Também mantenho contactos frequentes com os seus encarregados de educação, o que me ajudou a conhecê-los melhor, bem como as suas situações económicas e sociofamiliares. Foi devido a esta proximidade e conhecimento que tenho destes alunos que selecionei a turma para participar no estudo.

Alunos objeto de estudo de caso. Neste estudo, proponho dois alunos para serem

objeto de estudo de caso. Para essa escolha defini as seguintes condições: (i) possuir uma razoável capacidade de expressão oral e escrita para que seja capaz de justificar e comunicar as suas resoluções, bem como argumentar as suas descobertas; (ii) ter facilidade e autorização para reunir fora das aulas e (iii) mostrar predisposição para participar no estudo. Ambos os alunos satisfazem as condições anteriores mas, para melhor fundamentar a análise de dados e diversificar a recolha, os alunos estudo de caso apresentam género sexual distinto e apresentam níveis de desempenho diferente. A aluna é Mariana que mostrou, desde logo, interesse em participar no estudo, demonstra um bom desempenho ao nível da disciplina de Matemática e tem uma boa capacidade de comunicação oral e escrita. O aluno é João e também revelou interesse e disponibilidade em participar mas tem revelado um desempenho mais fraco que Mariana, apesar de ser um aluno organizado, empenhado e com boa expressão oral e escrita. Prevejo a realização de duas entrevistas, uma antes e outra depois da realização da unidade de ensino.

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