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CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DE ESTUDO

3.1.1 Participantes

Considerando os objetivos definidos para o estudo, uma das primeiras preocupações foi a seleção dos participantes. Pretendia-se educadores e professores com experiência de ensino de uma mesma escola, mas em que os professores do 1º ano recebessem os alunos que tinham transitado do pré escolar. Por outro lado os docentes selecionados teriam de conhecer a escola onde exerciam, ou seja serem docentes da escola pelo menos há três anos. Quanto às escolas e agrupamentos estes seriam obrigatoriamente definidos após a seleção dos docentes.

Considerando as sugestões de Stake (2007) para a escolha de casos, na qual defende que é necessário maximizar o que podemos aprender, definimos critérios para a seleção de educadores, de professores e das escolas nos respetivos agrupamentos. Pretender estudar a cultura da escola onde decorrem as aulas, e a cultura das aulas acompanhando os alunos que transitam do pré- escolar para o primeiro ano.

Assim, os critérios para a seleção das escolas foram: (a) educadores e professores do 1º ciclo do ensino básico com mais de dez anos de experiência de ensino; (b) experiência profissional e interesse no envolvimento em projetos ou programas de formação relacionados com a prática profissional (c) os professores do 1º ano/1º ciclo aceitarem participar no estudo dando continuidade aos alunos que transitavam do pré-escolar da escola e de fora; (e) educadores e professores lecionarem na mesma escola do agrupamento; (d) estarem no agrupamento pelo menos há três anos; (e) pelo menos dois educadores e dois professores por nível; (f) aceitação por parte da direção do agrupamento para a realização do estudo;

Os critérios (a) e (b) são necessários como forma selecionar educadores e professores com experiência profissional, que lhes confira um conhecimento aprofundado acerca do modo como ao alunos destes níveis agem e pensam, das dificuldades que possam revelar na aprendizagem da matemática e o seu envolvimento com a escola e a profissão. O critério (c) facilita a continuidade de trabalho e o diálogo entre educadores e professores do 1º ciclo. Optou-se também por privilegiar a possibilidade de acompanhamento de alunos nos dois anos de escolaridade (pré-

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escolar e 1º ano) permitindo observar mudanças na sua integração em culturas de aula diferentes. O critério (d) permite que a educadora rentabilize o tempo e na recolha de trabalho de campo. O critério (e) permite que os educadores e os professores não se sintam isolados viabilizando a partilhar de experiências. O critério (f) está relacionado com a visibilidade do estudo, aceitando que o trabalho de campo se realizaria em dois anos com as educadoras e as professoras do 1º ano acordadas e facultando à investigadora o material solicitado.

Os primeiros contatos foram efetuados em abril de 2009. Em maio selecionaram-se as educadoras, as professoras e as escolas e consequentemente os agrupamentos. Foram selecionadas duas educadoras e duas professoras do 1º ciclo, que iriam lecionar 1º ano no ano 2010, duma mesma escola e em dois agrupamentos. Antes de se contactar o diretor do agrupamento onde lecionavam educadoras e professoras, estas foram contactados pela investigadora, afim de averiguar da sua aceitação em participar no estudo tendo-se clarificado os papéis de cada um.

Foi, então, pedido a cada diretor de agrupamento, uma entrevista, na qual a investigadora explicou em linhas gerais os objetivos do estudo e o tipo de contributos que esperava do agrupamento, da escola e dos educadores e professores. Mais tarde, mediante a aceitação oral do diretor e das educadoras e professoras do 1º ciclo formalizou-se o pedido por escrito ao diretor, e deu-se conhecimento ao Conselho Pedagógico de cada agrupamento e ao Conselho Geral.

Por questões de ordem ética, foi garantida a confidencialidade aos participantes do estudo. A confidencialidade dos participantes, das escolas e dos agrupamentos é assegurado através da utilização de nomes fictícios e da não especificação da localização das escolas. Os agrupamentos serão ao longo do estudo designados por agrupamento do Olival e Agrupamento do Pinhal, sendo estes nomes fictícios adotados pela investigadora ao longo do estudo. As escolas de cada agrupamento são designadas pelo nome do agrupamento seguido por um número (as escolas do 1º ciclo e Jardim de infância onde educadores e professores lecionavam são designadas por EB1/JI do Olival e do Pinhal). De igual modo não são identificados as educadoras, as professoras, as auxiliares e os alunos que são designados por nomes fictícios ao longo de estudo, sendo as crianças do pré-escolar que transitaram para o 1º ano designadas pelo mesmo nome como não podia deixar de ser. Ao longo do estudo as educadoras serão referidas como Cláudia, Cristina, Margarida e Marta e as professoras por Rita, Rute, Elisa e Elsa. A educadora Cláudia reformou- se a meio do ano letivo pelo que os dados recolhidos das suas aulas não foram considerados na análise, no entanto, os alunos que transitaram foram observados, uma vez que o agrupamento misturava os alunos das turmas no início de ciclo.

Foi pedido aos participantes que: (i) permitissem a presença da investigadora nas reuniões de planificação conjunta e nas aulas; (ii) que se disponibilizassem, tanto para conversas que

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antecedessem as aulas, como para reflexão conjunta depois das aulas; (iii) que permitissem o acesso aos materiais produzidos quer das aulas quer das reuniões. Todos aceitaram.

Foi pedido ao Diretor do agrupamento e ao Coordenador da Escola onde decorria o estudo: (i) o livre acesso da investigadora aos espaços da escola; (ii) consulta de documentação produzida pelo agrupamento e os relatórios de avaliação do agrupamento (iii) participação como observadora nas reuniões de departamento do pré-escolar e 1º ciclo e nas reuniões do 1º ano.

As condições gerais foram aceites pelo diretor, o último ponto foi problemático. Não foi aceite o acesso a atas das reuniões e nem sempre foi possível concretizar a participação nas reuniões por incompatibilidade de horários.

Foi pedido às educadoras e professoras que obtivessem o consentimento dos pais e encarregados de educação para se poder fotografar, gravar e filmar os filhos no decurso do trabalho aula e na escola, bem como ter acesso aos materiais por estes produzidos. Foi obtida a autorização escrita da parte de todos os pais ou encarregados de educação do 1º ano e de quase todos os pais e encarregados de educação do pré-escolar. Um dos pais não deu o seu consentimento escrito o que obrigou a que não fossem gravadas as atividades em que o filho participava.

No decurso do estudo, as políticas dos agrupamentos levaram a que no agrupamento do Olival todos os alunos que transitaram do pré-escolar para o 1º ano de escolaridade ficassem numa mesma sala de aula enquanto que no agrupamento do Pinhal os alunos do pré-escolar que transitavam ficassem distribuídos pelas diversas salas do 1º ano (tabela 3.1).

Tabela 3.1. Percursos escolares dos alunos participantes entre pré-escolar e 1º ano.

Nota: As setas indicam o percurso dos alunos na passagem do pré-escolar para o 1º ano. Caso 1 - Escola Pinhal

Agrupamento do Pinhal

Caso 2 - Escola Olival Agrupamento do Olival 20 09 /1 0 Pré-escolar Cláudia* 20 alunos Pré-escolar Cristina 19 alunos - 1 NEE Pré-escolar Margarida 22 alunos – 1 NEE Pré-escolar Marta 22 alunos – 2 NEE 20 10 /1 1 1º CEB (1ºano) Rita (20 alunos) 1º CEB (1ºano) Rute (20 alunos) 1º CEB (1ºano) Elisa (22 alunos) 1º CEB (1ºano) Elsa (22 alunos)

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Nota*: A docente Cláudia reformou-se a meio do ano letivo e os dados recolhidos das suas aulas não foram considerados na análise.

No documento Joana Maria Bettencourt Pacheco de Castro (páginas 67-70)

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