• Nenhum resultado encontrado

PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, estudaremos uma introdução básica sobre como se deu a organização do sistema de partidos políticos e como ele se encontra estruturado hoje em nosso país. Assim, serão levantados conceitos importantes dentro do sistema eleitoral, como o de voto. Ainda, também identificaremos a diferença entre os partidos políticos e como eles se enquadram dentro dos diferentes tipos de sistemas partidários.

2 SISTEMA ELEITORAL

O voto público está hoje completamente rejeitado. É um sistema tido como antidemocrático, porque possibilita intimidação, corrupção, exploração econômica e tudo que conduz à desmoralização da democracia representativa.

O voto secreto proporciona mais liberdade ao eleitor, suspende o medo de violências, pressões, reduz as possibilidades de corrupção e permite uma apuração confiável da verdade eleitoral, legitimando e assegurando o regime democrático.

Votar é tido como um direito, além de ser um ato de exercício da soberania nacional. Algumas correntes doutrinárias interpretam o sufrágio como função social. O sufrágio, como direito, deve ser universal; como função social, tende a ser restrito e qualitativo.

É encarado como direito individual e, também, como função social. O caráter de função social resulta da obrigatoriedade do voto. O método atual utilizado pelo Sistema Eleitoral no Brasil é determinado pela Constituição de 1988, além de ser regulado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

São já estipulados pela Constituição três sistemas eleitorais distintos, que são detalhados no Código Eleitoral: eleições proporcionais para a Câmara dos Deputados, eleições majoritárias com um ou dois eleitos para o Senado Federal e

UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA

O voto distrital funciona com sistema majoritário. A representação procura assegurar a eleição de quem obtiver a maior quantidade de votos de representantes distritais. Não é possível votar em um candidato de outro distrito. Vence o candidato com maioria, não importando a porcentagem. Um município é dividido em distritos e cada partido pode lançar apenas um representante. Vence aquele que tiver mais votos válidos.

O sistema proporcional, usado para a eleição dos cargos de deputado federal, deputado estadual e vereador, considera os votos por legendas. O sistema significa mais para partidos e coligações do que para os candidatos.

De acordo com o número de votos válidos, é feita uma divisão pelo número de cadeiras e o resultado, denominado “quociente eleitoral”, indicará quantos votos serão necessários para a ocupação da vaga. Sem o quociente, o partido não terá direito a nenhuma cadeira.

Feita a conta, são conferidos quantos votos cada partido obteve, dividindo- se a quantidade de votos obtidos pelo quociente. A partir do resultado, é obtido o número de cadeiras que o partido terá direito no parlamento. Para Presidente da República, governador e prefeito, as eleições acontecem de quatro em quatro anos.

No caso do Senado, as eleições também acontecem de quatro em quatro anos, porém são 81 vagas (três para cada Estado e mais três para o Distrito Federal). A cada eleição, a Casa renova, alternadamente, um terço e dois terços do total.

Quando dois senadores são eleitos para cada Estado, é utilizado o sistema de escrutínio (apuração de votos) majoritário plurinominal. Nesse caso, os eleitores votam nos dois candidatos de sua preferência e os dois com maior votação são eleitos.

IMPORTANTE

A função do Poder Executivo é a de executar as leis e administrar o Estado. Já o Poder Legislativo cuida da elaboração das leis e da fiscalização contábil e política do Poder Executivo. Por sua vez, o Poder Judiciário aplica a lei ao caso concreto nos casos de conflito.

No Brasil, desde a Constituição de 1988, é definido que o sistema eleitoral brasileiro para cargos de chefia do Poder Executivo funciona com o sistema

TÓPICO 4 | PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

IMPORTANTE

Não é verdade a afirmação de que a eleição seria anulada caso existissem mais de 50% dos votos nulos ou brancos. Esses votos não atuariam no resultado das eleições.

Caso o primeiro colocado consiga somar mais do que todos os demais candidatos juntos, ele será eleito. Caso contrário, será necessário que seja realizado um segundo turno, que contará apenas com os dois primeiros colocados. Então, certamente com maioria simples de votos, um deles atingirá mais da metade dos eleitores.

Notamos que não importa a porcentagem dos votos nulos ou em branco para que o candidato seja eleito, uma vez que tais votos são excluídos da contagem. Nos casos de cidades com menos de 200 mil eleitores, vence o candidato com maioria simples, ou seja, maior número de votos válidos em apenas um turno de eleição.

3 PARTIDOS POLÍTICOS E SISTEMAS PARTIDÁRIOS

Em um sistema democrático, algumas questões podem se tornar problemáticas se pensarmos nos anseios e vontades dos cidadãos. Cada indivíduo possui preferências sobre seu tipo de pessoa e ideologia.

Com as diferentes ideias sobre o representante ideal para cada cidadão, são formados grupos de indivíduos que pensam da mesma maneira e, assim, entram em disputa com os grupos de ideais divergentes.

Denominamos de partidos políticos as alianças de cidadãos unidos por determinada ideologia política. São agrupados de maneira organizada por meio de instituições políticas possuidoras de personalidade jurídica de direito privado. O sistema partidário de um Estado pode ser classificado em relação ao número de partidos existentes dentro dele, podendo esse sistema ser:

• De partido único: existe apenas um partido no Estado. Os debates políticos

acontecem dentro do partido. O partido único segue princípios rigorosos e inflexíveis e só existem discussões em relação aos aspectos secundários.

• Bipartidário: dois grandes partidos se alternam na governança do Estado.

Todavia, não estão excluídos da existência os partidos que permanecerem pouco expressivos. Exemplos: Inglaterra e os Estados Unidos da América.

UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA

• Pluripartidário: vários partidos igualmente capacitados para poderem

conquistar mandatos para seus candidatos. Esse sistema aumenta a intensidade das divergências de opiniões, resultando em uma impossibilidade de coexistência e acarretando na criação de cada vez mais partidos. O cerne das ideias partidárias é dividido entre o econômico, o social e o religioso. Em relação às maneiras de atuação dos partidos, estas podem ser:

• Partidos nacionais: possuem adeptos em número abundante em todo o

território do Estado. São partidos de grande expressão nacional.

• Partidos regionais: o campo de atuação se limita a determinada região do

Estado. Tanto os líderes quanto os eleitores desses partidos se sentem agradados com a conquista do poder político nessa determinada região.

• Partidos locais: são os de âmbito municipal. Norteiam sua atuação por

interesses locais e cobiçam a aquisição do poder político municipal.

O agrupamento em partido faz prevalecer, no Estado, a vontade social preponderante. É importante ressaltar que os partidos políticos, algumas vezes, se transformam em instrumentos para a conquista do poder, perdendo o real significado do princípio de sua criação. Hoje em dia, a atuação dos seus membros, por vezes, não se enquadra honestamente com os ideais enunciados no programa partidário.

TÓPICO 4 | PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

LEITURA COMPLEMENTAR 1

RESPONSABILIDADE ELEITORAL

Damiana Torres Frederico Alvim O Direito Eleitoral pode ser entendido como uma ciência do Direito que se dedica ao estudo das normas e dos procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental.

Falar em Direito Eleitoral nos leva, automaticamente, a falar em democracia que se baseia no povo. Há a responsabilidade da população de contribuir para a vida política do país de forma digna e a responsabilidade dos governantes de conduzirem o país de maneira íntegra.

A responsabilidade do ato de governar e, inclusive, de ser governado, envolve razão, ética, honestidade, moralidade, probidade e inúmeras outras características, as quais também integram o que se entende por responsabilidade eleitoral que, por sua vez, envolve deveres, regras, sanções e restrições atinentes ao Direito Eleitoral.

Ao analisar criticamente a responsabilidade eleitoral, é possível dizer que ela se interessa muito mais pela mácula do pleito do que pela penalização dos sujeitos que, ocasionalmente, possam violá-lo.

Por meio da responsabilidade, é possível imputar, para determinada pessoa, um dever jurídico, cuja consequência é a sanção. Logo, responsabilidade eleitoral é aquela que decorre de atos considerados ilícitos e sujeitos a sanções como multa e até inelegibilidade e cassação (de registro, de diploma ou de mandato) daquele que agiu com irresponsabilidade eleitoral.

Afinal, é possível dizer que, por meio da responsabilidade eleitoral, não só o eleitor garante o seu direito de ser tratado com respeito, mas toda a Justiça Eleitoral se beneficia, já que agir responsavelmente é dever de todos, sejam juízes, cidadãos, políticos, candidatos, servidores ou partidos políticos.

Ninguém foge dos deveres de ser transparente nas ações de gestão e prestação de contas, de participar de forma honrosa da política, de ser responsável pelos atos praticados, de tomar decisões justas e de zelar pelo regime democrático. FONTE: TORRES, Damiana; ALVIM, Frederico. Responsabilidade eleitoral. Brasília: TSE, 2017. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/

UNIDADE 1 | CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA POLÍTICA

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Frederico Alvim O surgimento dos partidos políticos é um fenômeno social paulatino cuja concepção pode ser identificada a partir dos séculos XVII e XVIII. Adota-se aqui a noção de partido em sentido amplo, tal como a assumida por Georges Burdeau. As agremiações partidárias existem desde que os homens, pela primeira vez, concordaram a respeito de alguma finalidade com projeção social e dos meios necessários para alcançá-la.

Por esse critério, seria possível vislumbrar o princípio do fenômeno partidário nas atividades de tories (conservadores) e whigs (liberais) por ocasião da Revolução Gloriosa, na Inglaterra, 1688; de federalistas e republicanos, nos Estados Unidos pós-independência ou, ainda, de jacobinos e girondinos, no levante revolucionário francês.

Em análise mais rigorosa, porém, o fortalecimento e a expansão da atividade partidária somente ocorreram em meados do século XIX, quando os grupos políticos evoluíram para a adoção de formas e estruturas mais estáveis, definidas e profissionalizadas. Tal evolução foi impulsionada pela Revolução Industrial, cujos reflexos produziram no operariado “o sentimento e a necessidade de organizar-se enquanto classe, com o objetivo de combater a burguesia”.

Deriva daí a conclusão de que, até o século XIX, não existiam, propriamente, partidos, mas apenas grupos políticos ou facções. O aparecimento dos partidos, em noção apurada, identifica-se, portanto, com o momento em que a atuação partidária superou o modelo de atuação ocasional e precária, parlamentar ou eletiva. Era preciso assumir uma forma de mobilização política institucionalizada, burocraticamente estruturada e duradoura. Segundo Farias Neto (2011, p. 178):

A princípio, os partidos foram organizações puramente eleitorais, cuja função essencial consistia em assegurar o êxito de seus candidatos. Nesse contexto, a eleição era o fim e o partido era o meio. Depois, o partido desenvolveu funções próprias como organização capacitada para a ação direta e sistemática sobre a atividade política, colocando a eleição em serviço da propaganda partidária.

A situação hoje é inversa: as eleições é que se prestam a garantir o crescimento das agremiações, de sorte que “o partido ficou sendo o fim, e a eleição ficou sendo o meio”. Entretanto, durante largo período, as agremiações partidárias sobreviveram

TÓPICO 4 | PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

Eduardo Sánchez explica que, para a época, sua constituição e suas atividades pertenciam à esfera privada. Ainda, não tinham relação alguma com as instituições estatais. Superada tal fase, seguiu-se um estágio conturbado, caracterizado por uma legislação de propósitos restritivos, com a imposição de condições específicas para o funcionamento dos partidos. Existiam, em vários casos, proibições explícitas, geralmente dirigidas às agremiações de orientação marxista.

A última etapa do evolucionismo partidário, portanto, viria com o seu reconhecimento institucional, ocorrido após o término da Segunda Guerra Mundial. Na visão de Karl Lowenstein, quando já não se podia ignorar por mais tempo a importância das agremiações partidárias na vida democrática constitucional, o tabu se rompeu, e a temática partidária afinal surgiu nos textos das mais diversas constituições.

Hoje, os partidos políticos aparecem como elementos indispensáveis à sobrevivência dos regimes democráticos modernos. Como pregava Darcy Azambuja, os defeitos dos partidos são, em verdade, defeitos dos homens. Devemos seguir corrigindo-os, para que, em marcos saudáveis, possamos mantê- los. Apesar de suas falhas, não há como negar que os partidos políticos constituem peças fundamentais na mecânica da democracia.

FONTE: ALVIM, Frederico. A evolução histórica dos partidos políticos. Brasília: TSE, 2017. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/artigos/revista- eletronica-eje-n.-6-ano-3/a-evolucao-historica-dos-partidos-politicos>. Acesso em: 17 jul. 2018.

RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• Denominamos de partidos políticos as alianças de cidadãos unidos por determinada ideologia política. São agrupados de maneira organizada por meio de instituições políticas possuidoras de personalidade jurídica de direito privado.

• O sistema partidário de um Estado pode ser classificado no que diz respeito ao número de partidos existentes dentro dele, podendo esse sistema ser: partido único, bipartidário ou pluripartidário.

• Em relação às maneiras de atuação dos partidos, estes podem ser: partidos nacionais, regionais ou locais.

AUTOATIVIDADE

1 De que maneira podemos conceituar os denominados partidos políticos? 2 Explique o porquê de atualmente os partidos políticos estarem se tornando,

UNIDADE 2

Documentos relacionados