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MATERIAL E MÉTODOS

P. alata, vitexina e isoorientina

2 nas culturas mistas de ilhotas e linfócitos A) Apoptose e necrose de linfócitos CD4 + tratadas com extrato aquoso da folha de P.alata (500ug/mL), vitexina (00 µM)

5.2 Passiflora alata e seus compostos vitexina e isoorientina na inibição ce lular de linfócitos T

Estudo in vitro é uma ferramenta auxiliar que subsidia o entendimento de me- canismos envolvidos na modulação do processo inflamatório. No DM1A, o entendi- mento da interação e ativação entre as células mononucleares infiltrativas no pân- creas com as células β pode levar a proposições mais eficazes e específico para seu controle (80, 99).

A interação entre linfócitos e as células beta desencadeia algumas séries de eventos que levam a destruição da células beta produtora de insulina (99). Dentre esses eventos, a produção de óxido nítrico, produção do radical livre superóxido en- tre outros, elevam a produção e liberação de citocinas como Interleucina- 1β (IL- 1β), Interferon-Ɣ (IFN- Ɣ) e Fator de necrose tumoral- α (TNF-α), que por sua vez ativam

a via caspase e outros mecanismos pró-apoptoticos desencadeando o processo de morte das células beta (100).

Esses mecanismos podem ser reproduzidos in vitro com a exposição dos lin- fócitos com as células beta pancreáticas, simulando, embora de maneira isolada, algumas dessas interações. Desta forma, analisamos três formas diferentes de ati- vação dos linfócitos, a primeira com o mitógeno concanavalina A, a segunda com a cultura da linhagem celular de célula beta – MIN6 e a terceira com as ilhotas isola- das de camundongo NOD.

No trabalho anterior do nosso grupo, verificamos que o tratamento in vivo com o extrato aquoso da folha de Passiflora alata levou a diminuição dos infiltrados de linfócitos CD4+ e CD8+ nas ilhotas pancreáticas de camundongos NOD, diminuindo o

processo de insulite e estresse oxidativo nas ilhotas pancreáticas (80). Com base nesses resultados estabelecemos ensaios in vitro com linfócitos CD4+ e CD8+ sub-

metidos ao extrato aquoso da folha da folha do P.alata e com polifenóis vitexina e isoorientina, que são compostos presentes na folha do Passiflora alata, com objetivo de verificar os possíveis efeitos/mecanismos observados nos estudos in vivo quanto a diminuição da insulite.

A utilização de plantas no tratamento de enfermidades é uma das práticas medicinais mais antigas da humanidade (101) e estudos estruturados e controlados de seus efeitos são cada vez mais emergentes.

O Passiflora alata Curtis, é conhecido popularmente como “maracujá-doce”. Esta espécie é considerada pela farmacopeia Brasileira como um fitoterápico (102) e utilizada na medicina popular, como tranquilizante e sedativo (103).

Na composição química das folhas do Passiflora alata, são encontradas com- postos fenólicos (fenóis simples ou polifenóis), destacando os ácidos fenólicos e os flavonoides, além dos compostos alcaloides com propriedades antioxidante, anti- microbiana e anti-proliferativa (104). Analisando o extrato aquoso das folhas do ma- racujá doce identificamos os polifenóis vitexina, isovitexina, rutina, isoorientina, cate- quina, entre outras (80, 99). Esses compostos fenólicos podem agir como antioxi- dantes auxiliando na inibição dos radicais livres, agindo como agentes redutores que neutralizam ou eliminam os EROs, ERNs e a ligação de íons metálicos que são ne- cessários para a produção das espécies oxidantes (105). Contudo, dependendo da

concentração utilizada, esses compostos podem, por exemplo, levar à morte de cé- lulas microbianas ou cancerígenas.

Vargas e col (2007), verificaram a inibição da migração de leucócitos e redu- ção de exsudato ao tratarem ratos swiss, que apresentavam pleurisia, com extrato de P.alata e P.edulis (106). Já Ozarowski e col,2017, verificaram que o extrato de P.alata, in vitro, atua reduzindo a viabilidade de células cancerígenas CCRF-CEM (linhagem de leucemia linfoblástica aguda humana)(107) .

O objetivo do emprego da vitexina e isoorientina, neste presente trabalho, foi avaliar suas propriedades anti-proliferativas em nosso modelo experimental in vitro.

A ação antiproliferativa da vitexina é descrita em modelos tumorais. Erenier e col., 2017 verificaram inibição celular do C6 (tumor cerebral de rato), HeLa (carcino- ma do colo do útero humano) e HT29 (carcinoma do colon humano), após tratamen- to com vitexina, na dose estabelecida pelo EC50 (108).

Fazil e col. 2016, utilizaram o extrato de Clinacanthus nutans, que possui con- centrações elevadas de vitexina, com intuito de observar efeitos sobre o crescimento de células A549 (linhagem de câncer pulmonar), mostrando sua ação quimiopreven- tiva para pacientes com câncer de pulmão (109).

Yuan e cols. 2012 descreve as propriedades antiproliferativas da isoorientina com a constatação da apoptose em células HepG2 (linhagem de células de câncer de fígado humano), levando a disfunção mitocondrial e inibição da via PI3K/AKT (110). Yang,L e col. 2013 também descrevem as mesmas propriedades deste polife- nol com a indução de apoptose em células cancerígenas de hepatoblastoma huma- no (111).

Quanto ao Passiflora alata, nativa do Brasil, é uma espécie pouco estudada. Nas bases bibliograficas consultadas não encontramos estudos experimentais ou clinicos com as folhas dessa espécie quanto as suas propriedades medicinais. Con- tudo, na espécie Passiflora edulis da mesma família que o P.alata as propriedades antioxidantes e antiproliferativas já foram documentadas .

O extrato aquoso da folha de Passiflora edulis foi descrito com potencial anti- proliferativo e antioxidante na inibição de células SW480 (células cancerosas do co- lon) e SW620 cells (células cancerígenas do nódulo linfático) (7).

Kuete e col,2016 mostraram que o extrato metanolico de Passiflora edulis apresentou efeitos citotóxicos e apoptóticos em células CCRF-CEM (células de leu- cemia), levando-as a morte celular (112).

A ação antiproliferativa investigada neste presente trabalho, mostrou que os tratamentos com extrato aquoso da folha de P.alata e os compostos fenólicos vitexi- na e isoorientina, podem auxiliar no entendimento da inibição dos linfócitos CD4+ e

CD8+.Verificamos que os linfócitos T, após os tratamentos com a concentração es-

tabelecida pelo EC50, sofreram morte celular via apoptose tardia/necrose e despola- rização mitocondrial, nos três diferentes tipos de cultura celular (linfócitos; min6 e linfócitos; ilhota e linfócitos). Dessa forma, esses efeitos sobre linfócitos, mesmo que in vitro, podem estar envolvidos na diminuição de infiltração dos linfócitos T nas ilho- tas pancreáticas e por consequência diminuir a morte das células beta.

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