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3.11 – Aspectos da pré-história local

3.13. Patrimônio Ferroviário

As expressões ferroviárias no município estão representadas na estação da ferroviária da Mogiana às margens do rio Grande que interligava o Triângulo Mineiro ao estado de São Paulo por volta de 1888 foi tombada pela lei municipal nº. 208 de 1989, porém, a sua recuperação se efetivou somente a partir de 2008.

Apesar de o município de Sacramento-MG possuir quatro estações ferroviárias (Jaguara, Conquista, Engenheiro Lisboa e Peirópolis), a cidade estava distante muitos

quilômetros deste benefício, e durante mais de vinte anos os carros de boi subiram e desceram a Serra do Cipó, levando e buscando as mercadorias da estação para a cidade.

Segundo CERCHI (1991), pelas grandes dificuldades do percurso e a necessidade das construções da Usina Cajuru e da Estação na cidade, só em 1914 foi inaugurado o serviço de transporte através do bonde elétrico, no qual o historiador constatou ser a única linha de bondes implantada para percurso em espaço rural no mundo.

Com a chegada do automóvel e as dificuldades no fornecimento de energia elétrica, pois a Usina Cajuru já não conseguia suprir mais as necessidades da cidade de Sacramento- MG e Conquista-MG, em 1937 foi desativada a linha de bondes e todo o material da linha, juntamente com os bondes, foram vendidos e a pequena estação desativada.

A linha mineira da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação foi implantada inicialmente com 102 Km de extensão com as estações de Jaguara, Sacramento (Km 11), Conquista (Km 26), Engenheiro Lisboa (Km 53), Paineiras (Km 78) e na cidade de Uberaba- MG (Km 102), distante de Ribeirão Preto 295 Km e 608 Km de Campinas, no estado de São Paulo, segundo relatório anual da Mogiana de 7 de abril de 1889. (Arquivo público municipal, 2006).

Após a chegada da ferrovia, o comércio foi intensificado, inclusive de exportação pelo porto de Santos, principalmente do café e do arroz. E na mão inversa, vieram no final do século XIX os imigrantes, em sua maioria italiana, e na primeira década do século XX os japoneses e portugueses.

A estação de Jaguara era a mais importante da região, pois atendia diversas cidades, e proporcionava uma ativação maior na economia e melhorias nas infra-estruturas locais como estradas, energia elétrica, indústrias e o bonde para o município.

A construção do ramal interligando as cidades de Ribeirão Preto-SP – Uberaba-MG, passando pelo antigo distrito de Delta-MG e com a chegada, em 1924 da E. F. Oeste de Minas na cidade de Araxá-MG e demais cidades do Triângulo e Alto Paranaíba, aos poucos diminuem o fluxo de passageiros e mercadorias, diminuindo gradativamente as operações na linha.

A imagem de satélite abaixo (figura 45) esboça uma representação do complexo da antiga estação jaguara, um monumento abandonado e aos poucos corroído pelo efeito do tempo.

Figura 45: Complexo da estação de Jaguara mostra um das principais formas de transpor as águas do rio grande. Ali encontravam a ponte de ferro e estação do cipó. Estes elementos edificados estão sendo recuperados pela gestão pública como atrativo turístico. A restauração consiste no aspecto físico dos antigos empreendimentos e mais uma vez perde a oportunidade de propor uma ação integradora. A localização destas duas construções está em áreas de grande interesse imobiliário, identificamos obras de loteamentos à margem do rio e que de certa forma isolará aos poucos este patrimônio. Adaptado: SILVA, P. (2008).

No ano de 1970, com a construção da barragem de Jaguara, houve a inundação de parte da linha no município de Rifaina-SP, inclusive sua estação, e a ferrovia deixou de circular interligando o Triângulo Mineiro à cidade de São Paulo-SP. Após a desativação do trecho, Jaguara passou a ser a ponta de Linha do trecho Uberaba – Jaguara até ser desativado definitivamente em 1976.

A transposição do Rio Grande sempre foi um dos maiores empecilhos para o desenvolvimento do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Após a construção da represa de Jaguara, quem vê as águas calmas dos remansos não imagina as inúmeras cachoeiras e corredeiras que lá existiam.

Após a privatização da malha ferroviária brasileira no fim do século XX, a linha da antiga Cia. Mogiana, então já pertencente à Fepasa, não desperta interesse e continua desativada. Assim, todo o patrimônio ferroviário não privatizado passa para a antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), hoje (2010) extinta.

Importante patrimônio de Minas Gerais, em processo de depreciação, que necessita ser urgentemente recuperado. A proposta de implantação de um Centro de Pesquisa e Memória permitirá a centralização, difusão e ampliação das pesquisas sobre o Vale do Rio Grande, nas diversas áreas como história, geologia, arquitetura e urbanismo, meio-ambiente, que hoje já se desenvolvem dispersas, nos vários centros universitários de cidades da região.

O progresso na região trouxe os loteamentos no seu entorno e coloca em sérios riscos este conjunto de edificações inaugurado em 1889, sendo necessário um esforço conjunto de vários segmentos da sociedade para a sua recuperação. O conjunto ferroviário da Estação de Sacramento, conhecida como do Cipó, foi tombado também pela Lei nº. 208 em 1989.

O município de Sacramento-MG possui um patrimônio histórico expressivo quando se fala em ferrovia, comparativo com outros municípios do mesmo porte. Da ponte da Jaguara a Estação do Bonde, um patrimônio arquitetônico, histórico e cultural pede socorro para não ficar apenas nas fotos, nos fôlderes e nos sites promocionais. A importância do patrimônio ferroviário de Sacramento é inversamente proporcional aos investimentos que recebeu após o tombamento. Nenhum recurso financeiro foi destinado a eles.

O que se vê na paisagem concentra-se como manifestação da destruição, do vandalismo turístico, no descaso por onde passou o suor de tantos trabalhadores, a esperança dos imigrantes, do ouro negro do café, dos pracinhas da revolução de 1932, de tantos encontros e desencontros, nas lágrimas de adeus ao filho que estudava na capital do estado de São Paulo, dos jornais e revistas trazendo as últimas notícias, o progresso que ia e vinha pelos trilhos e pelo apito do trem e também pela própria depreciação provocada pelo tempo cronológico.

Todos esses fatos indicam a importância dos setores públicos e privados em dar a devida manutenção a esses patrimônios para serem contextualizadores da história independente do tempo.