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3. Enquadramento Da Prática Profissional

3.3. Enquadramento Funcional

3.3.2. Pequenos ou graúdos, sempre magníficos

A atribuição e escolha, não foi de todo, um processo simples e preciso. Desde logo, nos primeiros momentos, a atribuição da turma partilhada do 5º ano ao PC, designada especificamente para os EE, sofreu algumas voltas e reviravoltas. A título de exemplo, dias antes do arranque do ano letivo, toda a informação obtida de uma turma teria de ser apagada, pois estava em causa uma correção na atribuição das turmas. Uma “maré” de incertezas aproximava- se de nós, NE, uma vez que não tínhamos qualquer tipo de informação relevante sobre o comportamento e aproveitamento dos alunos, a não ser uma lista de 20 alunos (10 rapazes, 10 raparigas), com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos.

Porém, o início das aulas, possibilitou-me observar o comportamento e atitudes adotadas por aqueles durante as aulas ministradas por um dos meus colegas estagiários. Na verdade, eram pequenos terroristas, que procuravam

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atenção com as suas atitudes e ações. Durante os três períodos em que tive o privilégio de lecionar esta turma, defrontei-me com algumas dificuldades, muitas do foro comportamental. Dito isto, desde o início o PC alertou para a necessidade de impor regras e rotinas. Tal como Oliveira (2002, p. 83) refere, “as regras e rotinas da sala de aulas são necessárias para a tranquilidade, a harmonia e a eficiência das aulas, devendo ser ajustáveis ao sistema mutável, de trabalho. Este sistema de regras deve ser ensinado nas primeiras aulas do ano escolar.”

Foi uma turma que deu imenso trabalho do ponto de vista do controlo. Aliás, com alguma naturalidade, fui vendo esta turma como uma prova de preparação constante para as aulas que tinha de lecionar no 9º ano. Não que a turma do 9º ano fosse tão incontrolável e desorganizada, mas foi sem dúvida uma turma peculiar, com os seus momentos de “loucura” insanável.

Apesar da “loucura” que a turma do 9º ano aparentava, em momento algum a trocaria. Aquando da reunião de decisão sobre a turma a escolher, a ansiedade por mim sentida e pelos meus colegas era enorme. O desconhecimento sobre o comportamento e características da turma, causava em nós, NE, novamente, um sentimento de insegurança e receio em escolher a turma menos “simpática” ou mais difícil de lidar. Poucas foram as informações recolhidas pelo PC, dado que, até o próprio, tinha sido apanhado de surpresa relativamente às turmas atribuídas. Assim, à semelhança do que ocorreu com a turma partilhada do 5º ano, recebemos a listagem dos alunos, com os seus nomes, idades, e pouco mais. Restava apenas escolher, baseando-nos na adaptação de cada um dos EE aos horários, o número de alunos e os currículos de cada uma das turmas.

Obviamente, com a escassez de informações, nada nos faria adivinhar com o que iriamos deparar-nos, apesar da preocupação do PC em realizar uma breve caraterização dos alunos existentes na escola, minimamente empenhados e com sucesso escolar. Além disso, por saber de que professor teriam transitado os alunos, foi preparando-nos para os possíveis hábitos e rotinas apresentados pelos alunos.

Chegada a primeira semana de aulas, as apresentações foram indubitavelmente fundamentais. A apresentação foi realizada numa sala de aula, isto devido à indisponibilidade de espaços desportivos para lecionar aula

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prática. Este fator permitiu-me realizar jogos de quebra-gelo e de interação durante as primeiras aulas, levando-me a conhecer cada uma das características da turma. Numa primeira impressão, e que posteriormente se veio a revelar, a turma em geral demonstrou ser extremamente simpática, genuinamente apaixonada pelas aulas de EF mas com alguns problemas em termos de controlo comportamental. Seria eu capaz de me impor? De controlar 26 alunos com falta de hábitos sobre como estar na sala de aula? É compreensível e razoável que os alunos, nas aulas de EF, queiram realizar aulas práticas e não ouvir matéria enfadonha sobre as diferentes modalidades. Então, com a ajuda da minha colega EE, apresentei um jogo didático “quem quer ser melhor a EF” que, à semelhança do programa televisivo, colocava frente a frente duas equipas a competir pela vitória do jogo. Desta forma, ao longo das primeiras aulas, fui capaz de atrair a atenção e interesse dos alunos, de forma a entretê-los, mas acima de tudo a ensiná-los, a testar os seus conhecimentos e a delinear comportamentos aceitáveis e reprováveis. Claramente, foi uma experiência diferente da esperada, por ser teórica, mas que me permitiu desenvolver laços de aproximação com os alunos.

Durante as aulas teóricas, tive também oportunidade de apresentar um breve questionário, onde foi possível analisar diversos parâmetros. Além dos parâmetros relacionados com o género, onde podemos observar a existência de 14 indivíduos do género feminino e 12 do género masculino, a idade destes está compreendida entre os 13 e os 15 anos, dos quais, oito alunos com 13 anos, dezassete alunos com 14 anos e um com 15 anos. Do total dos 26 alunos, apenas 3 repetiram o ano (uma vez). No que diz respeito à prática desportiva, 13 dos 26 alunos (50%) afirmaram praticar algum desporto, 5 dos quais federados. Em relação à questão sobre como preenchem o tempo livre, apenas 3 dos 26 alunos responderam realizar algo relacionado com atividade física ou prática desportiva, o que corresponde a 12% dos alunos da turma. Relativamente ao gosto pela disciplina de EF, apenas um dos alunos respondeu de forma negativa, utilizando como justificação a sua condição física, uma vez que é portador de síndrome de “Marfan”, razão impeditiva para a realização da componente prática da disciplina.

Após a concretização das obras do pavilhão, tive então oportunidade de observar os meus alunos na exercitação de diferentes conteúdos, traçando,

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desde logo, um perfil geral da turma que foi assumindo contornos mais específicos ao longo do tempo. Assim, de uma forma genérica, todos os alunos demonstraram ter uma cultura desportiva média, se bem que mais apurada nos rapazes. Além disso, estes, na maioria das modalidades abordadas, mostraram um maior à-vontade durante a sua prática, bem como um nível de aptidão para prática bastante superior. Perante este cenário, tive o cuidado de, durante as aulas, estabelecer grupos com desempenhos heterogéneos, promovendo a competição entre grupos, de modo a aumentar os níveis de empenho, tanto nos alunos com maior dificuldade, como nos mais aptos. Aliado a este facto, estiveram sempre presentes as adaptações estabelecidas para os diferentes exercícios/grupos, garantindo a complexidade apropriada para os níveis de desempenho de cada aluno.

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