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A confiança inicial reflete a disposição de uma parte confiante (usuários da moeda social) em se colocar numa posição de vulnerabilidade com base na expectativa positiva em relação ao comportamento futuro de uma outra parte confiável (BCD), independentemente de sua capacidade de monitoramento ou controle sobre essa outra parte (Mayer et al., 1995; Zhou, 2014). No contexto da pesquisa, refere-se àdisposição do consumidor do aplicativo da MS em se tornar vulnerável às ações do BCD, prestador de serviços e gestor da plataforma digital do aplicativo da MS, baseada na expectativa de que este entregará aquilo que promete, apesar das possibilidades de riscos, erros e ataques externos (Kim & Prabhakar, 2004; Mcknight, Cummings, & Chervany, 1998).

Correlacionamos o conceito de confiança inicial e sua aplicação nos serviços de pagamentos móveis para buscar entendimento sobre a intenção de uso do aplicativo da moeda social. Para tanto, partimos da pesquisa de McKnight, Choudhury, & Kacmar (2002) sobre evidências anteriores a respeito do papel central da confiança na redução das percepções de risco e de insegurança relacionadas ao comércio eletrônico.

Dessa forma, as subconstruções de confiança propostas por McKnight et al. (2002) fornecem a base para a formação do constructo confiança inicial da pesquisa. Porém, adaptamos as subconstruções do modelo de McKnight et al. (2002) à realidade vivenciada entre os BCD e a organização comunitária, condensando as três subconstruções em dois constructos de confiança inicial. No primeiro constructo da pesquisa, adaptamos o constructo “Crença na Confiança”, de McKnight et al. (2002), para o constructo “Percepção de Confiança Institucional” por melhor representar à relação de confiança entre os usuários da MS e os BCD quando da intenção de uso da MSD. Porém, mantivemos seus atributos formadores: a competência, a benevolência e integridade. Com relação ao segundo, denominamos o subconstructo “Confiança Baseada em Instituições”, de McKnight et al. (2002), para “Percepção de Confiança Ambiental”, dado este se tratar da confiança no ambiente online e, usamos apenas o atributo “garantia estrutural” como medida de avaliação. Adicionamos o atributo “fé na humanidade”, do subconstructo “Disposição para confiar” de McKnight et al. (2002), ao constructo “Percepção de Confiança Ambiental” utilizando como medida de avaliação a influência social, dado que se correlaciona com a confiança nos atributos de outros sobre a normalidade de utilização do M-payment.

Em resumo, o constructo Confiança Inicial é composto por dois outros: a Confiança Institucional e a Ambiental. A confiança institucional é formada por Competência, Benevolência e Integridades; e a Confiança Ambiental é composta pela Garantia Estrutural e Influência Social.

Dessa forma, confiança institucional refere-se às características da instituição que presta o serviço de pagamento móvel, sendo composta por três dimensões: competência, integridade e benevolência (McKnight et al., 2002). A percepção de competência representa a percepção dos usuários de que os provedores de serviços de pagamentos móveis têm o conhecimento e a experiência necessários para realizar suas tarefas. A percepção de integridade significa a percepção dos usuários de que os provedores de serviços cumpram suas promessas e não enganam os usuários. A percepção de

benevolência significa que os provedores de serviços estão preocupados com os interesses dos usuários, não apenas com seus próprios benefícios (Duane et al., 2011; Zhou, 2014). A confiança ambiental refere-se à confiança no uso da tecnologia móvel, aplicativo, e na estrutura das instituições para a prestação dos serviços de pagamentos móveis. Relacionamos a confiança institucional com as percepções de garantia estrutural e influência social (Kim et al., 2010). Assim, a percepção de garantia estrutural representa o conjunto de estruturas jurídicas e tecnológicas que visam assegurar o pagamento (Zhou, 2011), e a percepção de influência social representa o quanto outras pessoas importantes influenciam o comportamento dos usuários com relação ao uso da tecnologia móvel para realizar pagamentos (Venkatesh et al., 2012).

Pesquisas anteriores em M-payment também abordam a confiança inicial como um constructo composto pelas percepções de confiança institucional e confiança ambiental, tais como: Lin (2011), Zhou (2014) e Duane, Andreev, & O’Reilly (2011).

A confiança inicial exerce um papel incentivador, pois reflete a crença de que o usuário obterá benefícios por meio da utilização dos serviços (Gefen, 2002), além de ser um dos fatores que impactam a intenção comportamental (Ajzen, 1991; Venkatesh et al., 2012b). A literatura apresenta evidências comprobatórias desse papel em diferentes pesquisas voltadas para M-services (Chemingui & Lallouna, 2013), M-banking (Kim, Shin, & Lee, 2009; Lin, 2011; Malaquias & Hwang, 2016), internet banking (Kim et al., 2009) e tecnologias emergentes (Luo et al., 2010). Com relação às pesquisas voltadas ao M-payment, as evidências suportam a hipótese de que a confiança inicial se apresenta como fator impulsionador da intenção de uso (Chandra et al., 2010; Duane, O’Reilly, & Andreev, 2014; Xin et al., 2015; S. Yang, Lu, Gupta, Cao, & Zhang, 2012; Zhou, 2012, 2013, 2014), da disposição adotação e uso do M-payment (O’Reilly et al., 2012) e da intenção de continuidade de uso (Zhou, 2013).

No contexto da implantação do aplicativo da MS, a confiança inicial remete à percepção dos usuários tanto com relação a capacidade dos BCD em prestar os serviços de pagamentos móveis quanto manter e gerenciar a plataforma digital do aplicativo. À manutenção das percepções de conduta fiel e ética dos BCD como fornecedor e provedor da teconologia de pagamentos móveis. Por outro lado, relaciona-se também com a percepção de confiabilidade na tecnologia em si e nos fatores ambientais relacionados, como o uso do aplicativo pelos seus pares.

Apesar da relação de confiança préva construída entre os usuários e os BCD, os usuários ainda podem ter dúvidas relacionadas à sua segurança, estabilidade e

funcionamento do aplicativo, além do receio de que possíveis falhas na conexão ocasione erros de transações causando prejuízos financeiros. Portanto, se faz necessário compreender a percepção dos usuários com relação à confiança tanto na qualidade de prestação de serviços, na tecnologia empregada no aplicativo da MS e na capacidade de gerar um ambiente seguro para conduzir suas transações financeiras. Assim, propomos a seguinte hipótese de pesquisa:

H1: A percepção de confiança inicial influencia positivamente a intenção de uso do aplicativo da moeda social.