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lEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

3.1 – Introdução

Este capítulo tem como objetivo fazer um levantamento da percepção que os empresários têm dos benefícios que as micro ou pequenas empresas podem obter ao aplicar o conhecimento e observar as normas inerentes às suas obrigações tributárias.

Observa-se que os empresários das micro e pequenas empresas, muitas vezes são vítimas do desconhecimento da legislação sofrendo, por esse motivo, consequências graves pela inobservância da mesma, e sendo penalizados por autos de infração e multas pelo descumprimento dessas obrigações.

É possível que a aplicação de um controle eficaz da atividade contábil da empresa e do cumprimento de suas obrigações tributárias torne o negócio mais competitivo e lucrativo, pois a transparência dos relatórios contábeis propicia o conhecimento de sua realidade econômica e financeira, fazendo com que a empresa possa ter informações confiáveis para a tomada de decisão.

Segundo Marion (2002), a contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões, a partir dos relatórios contábeis e fiscais, que possibilitam ao empresário estabelecer políticas de gerenciamento, adequadas ao aumento de sua competitividade, uma vez que poderá prever os resultados econômicos desses procedimentos.

Segundo Porter (1989), uma empresa diferencia-se da concorrência quando oferece aos compradores alguma coisa singular e valiosa, além de simplesmente oferecer um preço baixo. A diferenciação permite que a empresa peça um preço-prêmio, venda uma maior quantidade do seu produto por determinado preço, ou obtenha benefícios equivalentes, como uma maior lealdade do comprador durante quedas cíclicas ou sazonais.

Portanto, uma empresa que tem controle de suas atividades financeiras, através da contabilidade, poderá investir em políticas de aperfeiçoamento de qualidade, tornando-se mais competitiva.

3.2 – Percepção da Legislação Tributária para as MPEs do Comércio Varejista de João Pessoa

É importante salientar que, mesmo com a complexidade existente em se atender a tantas normas tributárias e com os altos valores cobrados em impostos no nosso país, os empresários das MPEs devem observar e seguir a legislação tributária pertinente à sua atividade, para terem um controle mais efetivo de seus negócios.

Nesse contexto, é um dos propósitos deste trabalho investigar qual a percepção dos empresários das MPEs quanto a essa realidade pois, como será mostrado, quando uma empresa registra todas as suas operações, poderá implantar um controle mais eficiente do seu negócio, como por exemplo: o controle de receitas de vendas de mercadorias e serviços, o controle de seus estoques, e o controle das despesas da atividade, entre outros.

Hoje, a grande maioria das empresas controla as suas atividades através de sistemas de informática e só é possível ter o controle eficiente de suas operações, se estas forem todas devidamente registradas no sistema. Dessa forma, as empresas podem realizar controles internos, evitando desvios de conduta de seus operadores.

Geralmente, as empresas que praticam a sonegação fiscal perdem o controle de suas atividades, citando-se como exemplo o controle de estoques, que fica à mercê dos funcionários, que podem desviar mercadorias não registradas no sistema de entrada ou saída de mercadorias. A mesma coisa ocorre com o controle do faturamento, pois torna- se possível desviar os recursos das operações de vendas não faturadas.

Normalmente, as grandes empresas contabilizam todas as suas operações, a saber, compras, receitas, custos, despesas, entre outros itens importantes para a prática contábil. Ao registrar todas as suas operações, tais empresas têm a condição de impedir, ou reduzir, o desvio ou o furto de seus produtos ou recursos, pelos colaboradores internos, uma vez que o controle de todas as operações é feito através dos registros realizados no sistema financeiro da empresa.

É difícil controlar a atividade financeira de uma empresa, sem que haja registros contábeis de suas operações e sem que se acompanhe a documentação que serve de apoio a essa contabilização.

Quando uma empresa não contabiliza totalmente suas operações, e recorre ao caixa dois, que é a parte que fica fora dos registros da contabilidade, geralmente perde o

controle de sua movimentação, sendo muitas vezes vítima de desvios, porque a sua contabilidade está propositadamente desorganizada, para facilitar possíveis ações fraudulentas de colaboradores, ou a perda de seu controle patrimonial.

Muitas vezes, o desvio de recursos da empresa é realizado pelos próprios sócios ou pelo titular da empresa, e eles perdem a noção de lucratividade, confundindo a receita com o lucro, justamente por não terem implantado um sistema de contabilidade adequado, que demonstre o resultado mensal de sua operação, para mostrar aos sócios ou titular o quanto podem retirar de recursos da empresa para seus gastos pessoais.

É importante ressaltar que as micro e pequenas empresas têm que adotar a mesma atitude das grandes empresas, devendo contabilizar a totalidade de suas receitas, de seus custos e de suas despesas para, dessa forma, obter o resultado operacional real de sua atividade, e assim saber se de fato a empresa é superavitária ou não.

Um grande número de empresas perde o controle de sua gestão, justamente quando são implantados sistemas de sonegação fiscal. Essas empresas ficam sem ter como registrar suas operações e, sem esses registros, os valores que estão fora da contabilidade podem ser manipulados e muitas vezes desviados de seus proprietários.

Outro benefício de se ter um registro contábil das operações na sua empresa, é o de se evitar multas aplicadas pelas fiscalizações. As multas por sonegação fiscal são muito elevadas, muitas vezes chegando a comprometer a continuidade dos negócios da empresa.

Os micro e pequenos empresários devem possuir o conhecimento de que suas atividades de negócios precisam ter uma receita suficiente para arcar com a respectiva carga tributária, com seus encargos e despesas e, ao mesmo tempo, dar um retorno positivo do capital aplicado, ou seja, o lucro.

Muitos empreendedores exercem uma determinada atividade sem ter a margem de lucro necessária para a sua sobrevivência, perdem o controle do negócio e aí recorrem à sonegação de impostos.

Quando uma fiscalização detecta este procedimento de sonegação, autua o contribuinte infrator, muitas vezes deixando-o sem capacidade de pagar esses impostos, que são acrescidos de multas e juros, e deixando a empresa, praticamente, sem condição alguma de sobrevivência.

É muito importante que os micro e pequenos empresários analisem qual é o melhor sistema de tributação a que devem aderir, verificando qual a porcentagem de

impostos que incidirá sobre sua receita e sobre seus custos e o quanto esse sistema vai representar para sua atividade em cada exercício social.

Outro cuidado que as empresas devem ter é o de verificar se está cumprindo com as obrigações acessórias aos fiscos federal, estadual e municipal. Essas obrigações acessórias consistem em apresentar informações, através de declarações, aos fiscos em datas estabelecidas, e caso essas informações não sejam enviadas nos prazos estabelecidos pelas normas, podem ser aplicadas multas pelo descumprimento desses prazos.

Normalmente, a responsabilidade pela elaboração e pelo envio das declarações das empresas ao fisco é do setor de contabilidade, representado pelo contador profissional.

Em resumo, a maior vantagem de obedecer à legislação tributária - além de cumprir-se um dever - é obter o controle mais eficaz da empresa, através de informações mais claras e verdadeiras, associado a um menor risco de prejuízos decorrentes de multas e ações judiciais e, além disso, obter o resultado operacional real dos negócios da empresa.

3.3 - Falhas Existentes no Controle Interno das MPEs, no Tocante à Gestão dos Tributos e das Obrigações Acessórias

Segundo a revista Meu Próprio Negócio – Ed. 106 – On Line, por apresentarem uma estrutura quase sempre pequena e pelo fato de os sócios geralmente organizarem precariamente a sua documentação, uma boa parte das Micro e Pequenas Empresas não possui uma cultura de aprimoramento e de implantação de controle interno. Isso tende a fazê-los perder o controle de informações necessárias, tanto à sua administração, como também à prestação de contas ao fisco.

Para que o contribuinte possa gerir, de forma mais eficaz, seus tributos é necessário que ele detenha o mínimo necessário de conhecimento da tributação de sua empresa, que poderá ser obtido mediante informações em órgãos especializados, através dos contadores, dos advogados tributaristas, administradores, etc.

É importante que o empresário saiba organizar seu negócio, para que se cumpram as exigências fiscais de uma forma menos onerosa e também é importante saber das suas obrigações e tentar estabelecer um controle interno, no sentido de obter

as informações essenciais para uma boa gestão, bem como as informações fiscais necessárias para o cumprimento das normas.

Sem controles mínimos e sem conhecimento de sua carga tributária, o pequeno empresário está propenso ao insucesso em seu negócio, pois agir sem controle, sonegando informações a si mesmo e ao fisco, trará grandes prejuízos, pois a desinformação conduz a ações administrativas erradas, que podem causar prejuízo e até mesmo a extinção de sua empresa.

Além das informações que devem ser obrigatoriamente geradas e enviadas ao fisco, que vão contribuir para o controle de seu próprio negócio, os micro e pequenos empresários devem exercer controle sobre suas atividades negociais através da implantação de um sistema interno de informações.

Todas as obrigações acessórias exigidas pelo fisco, tais como: declarações do SIMPLES NACIONAL, DIPJ, SPED, DCTF, RAIS, GFIP, CAGED dentre outras, fazem com que os pequenos contribuintes necessitem um mínimo de organização, para prestar essas informações ao Governo.

Em geral, os micro e pequenos empresários não demonstram interesse pelos assuntos tributários de suas empresas, não compreendem bem as informações que devem ser apresentadas ao fisco, e procuram apenas pagar os impostos, pois entendem que se trata de uma obrigação.

Por outro lado, as ações do governo são implantadas através das informações que os setores da sociedade disponibilizam, e é importante fazer com que o governo conheça melhor a realidade dos contribuintes e os resultados das políticas públicas adotadas para eles.

O governo só sabe se as empresas de determinado segmento vão bem, através das declarações que lhe são apresentadas, por exemplo, sobre o faturamento e o resultado operacional. Para que o governo saiba o grau de empregabilidade de determinado segmento, são necessárias as declarações CAGED apresentadas ao Ministério do Trabalho, assim como para tomar conhecimento das características dos trabalhadores, é necessário ter a RAIS, também apresentada ao Ministério do Trabalho.

São as informações, apresentadas pela contabilidade das micro e pequenas empresas, que permitem ao governo adequar seu sistema de arrecadação tributária e obter informações complementares para realizar pesquisas com a finalidade de coletar

informações relevantes como, por exemplo: capacidade de arrecadação por atividade, desenvolvimento das atividades, aumento de empregabilidade, etc.

As micro e pequenas empresas devem possuir um mínimo de organização documental, para enviar ao setor de contabilidade, que geralmente é terceirizado, para que este possa fazer cumprir as obrigações exigidas pelas normas dos fiscos.

A Prefeitura Municipal de João Pessoa obriga os contribuintes micro e pequenos empresários, não inscritos no Simples Nacional, a apresentarem a declaração denominada GISSONLINE. (www.joaopessoa.pb.gov.br– finanças - Legislação).

Essa declaração, além de apresentar informações sobre a receita das empresas de prestação de serviços, também solicita informações dos contratantes de serviços de sua empresa e dos que prestam serviços à mesma.

Dessa forma, a Prefeitura tem a informação sobre os setores que mais prestam serviços no município e, também, sobre quais são os serviços que as empresas mais contratam (www.joaopessoa.pb.gov.br– finanças - Legislação).

A Prefeitura tem disponíveis informações sobre onde as empresas de João Pessoa mais prestam serviços, e de onde elas contratam mais prestadores de serviços.

Esse é um dado importante para a gestão pública, que pode então adotar políticas de incentivo, justamente onde está existindo importação de serviços de outros municípios.

É de suma importância que exista uma capacitação desses empresários, no sentido de criar condições para que as informações necessárias ao governo, sejam geridas e enviadas à contabilidade que, através das declarações existentes, as enviam evitando multas desnecessárias.

Todas as declarações existentes são obrigatórias e devem ser enviadas em prazos pré-estabelecidos. Caso o contribuinte não cumpra tais prazos, a legislação prevê a aplicação de multas pelo descumprimento de obrigação acessória.

Como mencionado anteriormente, os micro e pequenos empresários têm muita dificuldade em entender e atender as obrigações principais e acessórias a que são submetidos pelas normas do governo.

As MPEs devem ter conhecimento dos resultados de sua gestão empresarial e, a gestão dos tributos incidentes em sua atividade é de suma importância para que isso ocorra.

Um ponto muito importante para o controle do resultado da empresa é saber determinar o preço de venda de seus produtos ou serviços. Para que uma MPE seja competitiva, ela deverá saber formar um preço de vendas competitivo, mas que também dê resultados positivos à empresa.

Sabe-se que a tributação não é o único, nem mesmo o maior custo que uma empresa possui ao colocar seus produtos ou serviços à venda. Entretanto, pode-se constatar que certamente ele representa uma boa parte desse custo, e que envolve uma série de atividades, que não se restringem apenas ao pagamento dos impostos mas, incluem também, uma série de obrigações acessórias que o contribuinte tem que cumprir, aumentando indiretamente esse custo.

CAPÍTULO 4 - FUNCIONALIDADE DOS SISTEMAS DE ARRECADAÇÃO

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