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Pesquisa Bibliográfica

TOTAL DE ENTREVISTADOS

7. A OBSERVAÇÃO DA REALIDADE INICIAL FRENTE AOS

7.1.1 Percepção quanto à obrigatoriedade da aplicação do licenciamento às ETE

Em relação à obrigatoriedade da aplicação do licenciamento às ETE, não houve uma convergência absoluta dentro do grupo dos proponentes. A percepção apresentada por GEREMBASA indicou que a obrigatoriedade da aplicação desse

instrumento somente deveria ocorrer em casos de ETE cujas vazões nominais fossem superiores à uma determinada faixa de vazão:

Somente deveria ser obrigatório o processo de LA de ETE cujas vazões de projeto fossem maiores que 50 L.s-1. Para as demais, bastaria que a empresa, ou a prefeitura notificassem o órgão ambiental de que será construído o sistema. Isso não isentaria o empreendedor de cumprir a lei (informação verbal)1

De acordo com o entendimento de GEREMBASA, ETE cujas vazões de projeto fossem inferiores à essa mencionada teriam aspectos negativos diminutos, motivo pelo qual o LA poderia ser dispensado, sem que ocorressem impactos ambientais que justificassem a aplicação desse instrumento. A percepção apresentada pressupõe que as análises relacionadas à tecnologia e à localização inerentes a esses projetos, assim como o cumprimento das demais normas que regem a sua implantação e operação seriam suficientes para garantir a adequação das ETE aos ambientes nos quais essas seriam inseridas.

Por outro lado, o representante do subgrupo executivo, da mesma concessionária, EXEMBASA, entende que, apesar de possível, a inexistência de obrigatoriedade do licenciamento ambiental às ETE, acarretaria em problemas pela a falta de uma cultura voltada para garantir que todas as ações desses empreendimentos sejam executadas de acordo com o que prega a legislação ambiental. De acordo com o EXEMBASA:

Eu acho que o licenciamento poderia ser dispensado, desde que o empreendedor assumisse determinados compromissos de cumprir a legislação e daí, o órgão ambiental entraria com um maior poder de fiscalização. O problema da dispensa de licenciamento é a falta de uma cultura de garantir que todas as ações sejam executadas de acordo com o que prega a legislação ambiental (informação verbal)2

1 Declaração fornecida pelo representante identificado como GEREMBASA na fase de entrevistas da presente

pesquisa, em abril de 2010

2 Declaração fornecida pelo representante identificado como EXEMBASA na fase de entrevistas da pesquisa, em

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De acordo com EXEMBASA, a obrigatoriedade do licenciamento às ETE contribui para que seja adotada uma postura preventiva em relação a impactos ambientais de difícil remediação. Nesse sentido, EXEMBASA cita: “ao se localizar uma ETE inadequadamente, se não foi licenciada e foi implantada, não há mais como reverter essa ação” (EXEMBASA)

Diante dessas respostas, identifica-se uma convergência entre os representantes da EMBASA, no sentido de que um efetivo compromisso para com o cumprimento da legislação e demais instrumentos normativos relacionados ao meio ambiente poderia substituir o papel do licenciamento, ainda que tal condição, de acordo com essas percepções coletadas, seja de difícil consecução.

Ficou evidente também que a percepção dos representantes da EMBASA pressupõe que a dimensão tecnológica e locacional de análises, tipicamente associadas ao LA das ETE, sejam realizadas em outras fases da implantação dessas unidades, especialmente, nos estudos de concepção dos projetos. A percepção de que o LA seria dispensável, no caso dos representantes da EMBASA, manifestou-se como uma decorrência da realização dessas ações de análise em outro âmbito, que não o LA. Nesse sentido, a possibilidade de exercer o autocontrole ambiental, emitindo pareceres técnicos acerca das ETE propostas pela própria instituição exerce importante papel para a consolidação dessa percepção.

Outras respostas emitidas por ambos representantes da concessionária corroboram tal inferência. Quando questionado sobre as medidas de mitigação de impactos impostas pelo órgão ambiental, GEREMBASA relatou:

Os projetos contratados pela Embasa já trazem, desde a sua concepção inicial, as medidas de mitigação necessárias, assim como o monitoramento previsto para saber se essas medidas estão de acordo. Pelo tempo que a EMBASA tem fazendo esses projetos, a grande maioria das medidas é imposta pela própria EMBASA. Porém, o órgão pode acrescentar ou discordar dessas medidas, o que não ocorre com muita freqüência, tendo em vista que os sistemas são muito parecidos e já se conhecem os impactos gerados, ainda que cada lugar tenha sua peculiaridade. (informação verbal)1

Nesse mesmo sentido, EXEMBASA relata: “Atualmente, nos temos de referência elaborados pela EMBASA, se procura antever os problemas e propor os estudos devidos para fundamentar as alternativas a serem escolhidas” (informação verbal)2

No caso da CODEVASF, os dois representantes concordam no sentido de que a obrigatoriedade do LA é uma condição importante e deve ser mantida. Nesse sentido, EXECODEVASF relatou que:

Acho importante o licenciamento ambiental para o sistema de esgotamento sanitário, pois acredito que é o instrumento que mais tem atuado para a obtenção de melhorias de projeto, adequação das estruturas do SES quanto a sua localização e ao seu funcionamento atentando para os aspectos legais (informação verbal)3

Em relação aos representantes do órgão ambiental, ambos indicaram a necessidade de que os empreendimentos potencialmente poluentes estejam submetidos à esse tipo de procedimento, em virtude da prevenção aos danos ambientais à que esse instrumento remete.

Nesse sentido, EXEAMBIENTAL relatou que:

Muitas pessoas questionam o fato de um equipamento que tende a proteger o meio ambiente ser passível de licenciamento. Mas, existem problemas ligados à operação do empreendimento que, caso não venha a ser feita da maneira legal, pode causar problemas ambientais. Da mesma forma, a implantação e a localização podem acarretar em problemas operacionais, que culminam em problemas ambientais (informação verbal)4

Diante das respostas, ficou evidente que os representantes da CODEVASF, emitiram opiniões convergentes entre si, e similares aos representantes do órgão ambiental acerca da obrigatoriedade da aplicação do LA às ETE. Esses grupos apontaram a necessidade de que o LA seja, compulsoriamente, aplicado à tipologia das ETE, para todos os seus portes e tamanhos.

Diferentemente dos representantes da CODEVASF, a percepção dos representantes da EMBASA apontou para que, em determinados casos, considerados de menor impacto ambiental, a aplicação do LA às ETE não se faria necessária. A justificativa para tal possibilidade estava associada à realização das análises e proposições de

3 Declaração fornecida pelo representante identificado como EXECODEVASF, na fase de entrevistas da

pesquisa, em abril de 2010

4 Declaração fornecida pelo representante identificado como EXEAMBIENTAL, na fase de entrevistas da

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medidas de controle e mitigação pela própria instituição, ao longo do projeto dessas ETE.

Apesar da percepção apresentada pelos dois grupos de proponentes divergir, se mostraram inerentes à essas percepções, a idéia de que a implantação das ETE deve ser fundamentada por etapas prévias nas quais sejam realizadas ações de análise e proposição de medidas voltadas para a adequação dessa tipologia ao ambiente.

Para os representantes da EMBASA, essas ações não estariam necessariamente associadas ao LA. De acordo com esses, existiriam ETE cujos aspectos estariam associados à impactos negativos considerados menores. Nesses casos, a concepção dos projetos seria suficiente para garantir que as propostas desses empreendimentos estivessem adequadas aos ambientes nos quais seriam inseridas. Assim, a percepção dos representantes da EMBASA, se mostrou, em parte similar ao pressuposto, de acordo com o qual a percepção dos proponentes indicaria que a obrigatoriedade da aplicação do LA às ETE não se faria necessária. Tornou-se evidente também que essa percepção não implicaria em uma desconsideração dos aspectos e impactos negativos pela ausência do processo de LA. Essas aspectos e impactos, de acordo com a percepção dos representantes da EMBASA, sempre deveriam ser analisados e as medidas de mitigação serem impostas, porém não, necessariamente no âmbito do LA.

7.1.2 Percepção sobre os aspectos e impactos negativos e positivos

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