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A pesquisa foi conduzida mediante:

1 - Revisão bibliográfica de produções acadêmicas da Psicologia Social e do Trabalho e referências teóricas sobre novas morfologias do trabalho.

2 – Análise crítica de documentos oficiais de diferentes gestões do governo federal, do processo da reforma do Estado da década de 1990 e da implantação do processo de terceirização no Brasil. Esta análise constituiu o segundo capítulo, chamado áà reforma do Estado no Brasil na década de 90: princípios e análise crítica do processo deàe uga e toàdoàEstado .

3 - Entrevistas semiestruturadas a trabalhadores, na qual entrevistamos:

a.) Funcionários terceirizados que trabalham na instituição de ensino superior (IES) pesquisada.

b.) Servidores públicos lotados na IES pesquisada.

c.) Representantes da empresa de terceirização contratada pela IES pesquisada. 3.1) Nas entrevistas, buscamos contemplar:

a.) A perspectiva desses trabalhadores sobre o que concebem enquanto saúde do trabalhador.

b.) A avalição dos trabalhadores sobre os dispositivos de suporte à saúde disponibilizados no campus, bem como quanto ao impedimento dos trabalhadores terceirizados de usufruírem desses mecanismos. c.) Os discursos sobre saúde apresentados para os trabalhadores

(mediante materiais informativos, palestras etc) e as reações destes, bem como críticas e reinterpretações.

3.2) As entrevistas, sempre que possível, buscaram documentar os seguintes temas na vida dos trabalhadores entrevistados:

- História de trabalho - Qualificação Profissional

- Ambiente de trabalho, relações interpessoais e tarefas profissionais - Perspectiva das condições de trabalho e seus impactos na vida pessoal

- Concepção de saúde

Apesar de apresentarmos dados obtidos junto ao campo em todos os capítulos, condensamos as entrevistas e vivências prioritariamente no terceiro capítulo desta tese: Osàte ei izadosàeàasà elaç esàhu a asàf atu adasà oàa ie teà deà t a alho . Nesse capítulo, buscamos relacionar as falas dos trabalhadores terceirizados e dos servidores públicos entre si, confrontado as diferentes formas de se vivenciar o mesmo ambiente de trabalho. Apresentamos também diversos problemas vividos pelos terceirizados, como a precarização dos vínculos trabalhistas e sociais, que serão objeto de análise nos capítulos seguintes.

4 – Explicitação e análise do colapso da sociedade salarial, bem como o impacto dessa crise junto aos trabalhadores terceirizados. Para tanto, subsidiamos essa argumentação nas análises de Robert Castel (2013) acerca da precarização social pós- crise de 1970. A discussão encontra-se no capítulo 4 desta tese: Precarização do trabalho e desfiliação ou o capitalismo que encolhe sociabilidades . Nesse capítulo, apresentamos, portanto, um trabalho minucioso sobre a constituição e ruptura da sociedade salarial que atualmente impacta a realidade dos trabalhadores, em especial os precarizados, como os acompanhados no trabalho de campo.

5 – Revisão bibliográfica sobre o neoliberalismo e seus impactos na subjetividade dos trabalhadores. Nesse tema, optamos por trabalhar com a noção de biopolítica em Foucault (2005, 2008a), por compreendermos que essa teoria dá conta de subsidiar o contraditório espaço de trabalho pesquisado, onde convivem servidores públicos, com direitos resguardados, eà fu io iosà te ei izados,à a a do adosà à p p iaà so te .àPelaà o ple idadeàdessa análise, explicitamos inicialmente de forma rigorosa os conceitos utilizados na argumentação para posterior relação com as falas e situações vislumbradas no trabalho de campo. Essa análise constitui o quinto capítulo desta tese: Neoli e alis oàeàbiopolítica: o deixar morrer de trabalhadores em um

u doàse àt a alho .

Consideramos que uma teoria que pôde nos oferecer uma integração do cotidiano do trabalhador, suas estruturas sociais e relações de classe, bem como suas formas históricas, consistiu na teoria da vida cotidiana de Agnes Heller (2008). Trata-se

de uma leitura materialista histórico-dialética11 que pode nos revelar dimensões da relação homem-trabalho e sua relação com a sociedade não só por meio de suas formas de reprodução, mas também de resistência, possibilitando assim uma análise crítica que possa contribuir para esse campo de estudo no Brasil. A utilização de conceitos dessa autora, bem como sua relação com o trabalho de campo, está estruturada no sexto capítulo desta tese: Cotidia o,à trabalho e política: articulações para repolitizar o a ie teàdeàt a alhoàad i ist ado .

Éà e ess ioà es la e e à ueà oà o jetoà desteà estudoà oà à espe ifi a e teà oà t a alhado àte ei izadoàdaài stituiç oàpes uisada ,à asàosài pa tosàeài flu iaàdoà neoliberalismo na vida dos trabalhadores mais afetados pelas transformações no mundo do trabalho. Assim, outros sujeitos poderiam fazer parte dos depoimentos, como funcionários de ONGs, OSCIPS, EBERHS etc., bem como os próprios docentes das universidades públicas, pressionados por indicadores de ordem utilitarista neoliberal. Porém, por limites práticos, escolhemos o grupo focado pela clareza (e brutalidade) com que são atingidos pelas transformações descritas.

Po ta to,àe à e hu à o e toàal eja osàaà des iç oàde sa àdasàhist iasàdeà vida e o levantamento de especificidades locais que não pudessem ser dialogados com a política analisada. Pelo contrário, o relacionamento com os trabalhadores terceirizados, ao invés de tê-los como objeto, convidou-os a debater o neoliberalismo e a precarização, estes sim objetos de análise, conforme explicitado no último capítulo.

11 A contribuição da perspectiva materialista sócio-histórica sobre o fenômeno do poder costuma

ser vista como incompatível com a perspectiva foucaultiana, porém, apesar de adequada quando pensada na formulação de Foucault sobre o poder disciplinar, nesta tese dialogaremos com esse autor em sua teoria sobre a lógica biopolítica que, ao contrário da anterior, analisa o Estado como fonte centralizadora de controle e poder e, por isso mesmo, lócus privilegiado de luta e resistência. Aprofundaremos e embasaremos essa análise no capítulo 5 desta tese.

Cap. 2) A reforma do Estado no Brasil na década de 1990: