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A palavra pesquisa deriva do termo em latim perquirere, que significa buscar com cuidado, procurar por toda parte, informar-se. Normalmente, isso ocorre a partir do estudo de um problema que surgiu da curiosidade e necessidade do pesquisador em busca de respostas (LUDKE; ANDRÉ, 1986).

É o objeto a ser pesquisado quem coloca o caminho a ser percorrido pelo pesquisador. Este percurso não se resume apenas às técnicas e instrumentos empregados durante a investigação, para além disso, remete a uma consideração crítica acerca da construção do conhecimento. Gomes (2001) afirma que, antes de mais nada, é preciso analisar quem produz o conhecimento e a quem serve o conhecimento produzido.

Nesta perspectiva, partindo do interesse em investigar a primeira etapa do ciclo de vida profissional (Huberman; 1992) de Pedagogos egressos da Universidade Federal de São Paulo, compreendemos que a investigação qualitativa é a mais coerente e adequada tendo em vista que “[...] as pessoas agem em função de suas crenças, percepções, sentimentos e valores e seu comportamento tem sempre um sentido, um significado que não se dá a conhecer de modo imediato, precisando ser desvelado”. (ALVES, 1991, p.54).

Em relação à sua classificação, Triviños (2009) explica que a pesquisa qualitativa pode ser dividida em três categorias: exploratória, descritiva e explicativa. Na primeira o pesquisador interage diretamente com o fenômeno estudado, sendo capaz de modificá-lo. A segunda, descritiva, o pesquisador evita interferir na realidade estuda e por fim, na pesquisa explicativa, o pesquisador não interfere nos experimentos mas manipula variáveis modificando a realidade da amostra.

Desta forma, compreendendo a especificidade do objeto abordado, esta pesquisa explora um novo espaço de conhecimento e não possui a pretensão de apresentar dados que sejam conclusivos, opondo-se à pesquisa descritiva. Este estudo caracteriza-se como exploratório, baseado na concepção de que é função da formação inicial prover o professor de conhecimentos profissionais para o enfrentamento da complexidade do ambiente escolar e dos sistemas educativos.

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Neste âmbito, partiu-se da hipótese de que, sendo o PRP uma proposta inovadora de estágio e o PIBID “[...] reconhecido como uma política pública de alto impacto na qualidade da formação de professores [...]” (FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS, 2014, p.5), os egressos destes Programas serão detentores de uma formação de caráter diferenciado, com mais conhecimentos específicos sobre a docência, por uma imersão significativa durante seu curso de formação inicial em escolas públicas.

4.1 MÉTODOS DE COLETA E TIPOS DE DADOS

Ludke e André (1986) apontam três métodos de coleta de dados utilizados na pesquisa qualitativa: observação, entrevista e pesquisa ou análise documental. A observação é um método de análise visual que consiste em se aproximar do ambiente natural em que um determinado fenômeno ocorre, visando chegar mais perto da perspectiva dos sujeitos investigados. Richardson (1999) explica que a observação pode ser participante, quando o pesquisador se torna um membro do grupo ou não participante.

A entrevista é um dos métodos mais utilizados na pesquisa qualitativa e de acordo com Szymansky (2004) pode ser classificada em entrevista estruturada, possuindo questões fechadas; não estruturadas, quando não possuem um roteiro a ser seguido ou, como será utilizado neste trabalho, semiestruturada, compreendendo a possibilidade que oferece de investigar significados subjetivos e esclarecer qualquer tipo de resposta, permitindo ao entrevistado certa liberdade ao narrar suas experiências, ainda que haja algum controle do pesquisador sobre a conversação.

A pesquisa documental é a terceira técnica apresentada por Ludke e André (1986). De acordo com estas autoras, embora pouco explorada, essa técnica pode ser valiosa, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas. Outra vantagem é que a análise permite a obtenção de dados quando o acesso ao sujeito é impraticável.

Além dos métodos apresentado é válido ressaltar a utilização de questionários, que também podem servir de apoio nas pesquisas de natureza qualitativa, sendo a principal técnica de coleta em pesquisas quantitativas. Para Richardson (1999), geralmente os questionários cumprem duas funções, ou seja, descrevem características e medem determinadas variáveis de um grupo.

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Os sujeitos desta pesquisa são egressos do curso do curso de Pedagogia da Universidade Federal de São Paulo que participaram do Programa Institucional de Iniciação à Docência durante a sua graduação e que, necessariamente, também passaram pela Residência Pedagógica, por se tratar do estágio obrigatório deste curso.

Para localizá-los, primeiramente, entramos em contato com Pro-Reitoria de Graduação da universidade que forneceu uma relação dos formandos do curso de Pedagogia até o ano de 2015. Por meio desta lista foi possível filtrar o nome completo dos egressos e o contato de e-mail. Porém, tendo em vista que a primeira turma do PIBID Pedagogia iniciou as suas atividades em setembro de 2012, com alunos de diferentes semestres, a lista disponibilizada contemplava uma amostragem muito maior que a interessada.

Com o objetivo de localizar apenas os alunos que participaram do PIBID entramos em contato com a Coordenação Institucional do Programa que disponibilizou os extratos de pagamento das bolsas, tendo em vista que a sistematização dos dados relacionando os graduados que foram bolsistas do Programa não se encontrava disponível.

Tendo em mãos os contatos dos alunos formados e os nomes daqueles que participaram do PIBID, confeccionamos uma terceira lista, relacionando os mesmos. para qual foi enviado um questionário online por meio do formulário Google16. Esta ferramenta possibilita a construção de formulários de diversas modalidades e seus resultados podem ser visualizados pelo moderador de forma geral ou individual.

O questionário elaborado possuía como objetivo encontrar os egressos da instituição que foram alunos do curso de Pedagogia e participaram do PIBID. Haviam perguntas sobre o ano de ingresso e o ano de conclusão do curso; tempo que participou do Programa; se neste momento está atuando na área educacional e em qual tipo de instituição, pública ou privada. (Apêndice 1)

Previamente às respostas, era apresentado um texto de aproximadamente dez linhas explicando qual era o objetivo do questionário, da pesquisa, quem era a responsável e sua orientadora e e-mails para contato, informações sobre a utilização dos dados e preservação de anonimato, de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2). Havendo concordância em responder as perguntas, estas eram abertas e ao término, novamente, uma questão sobre a possibilidade de participar da próxima etapa do trabalho.

Desta forma, os egressos foram convidados para responder ao questionário por meio de um e-mail enviado pela pesquisadora. Contudo, após algum tempo aberto e a baixa taxa de

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Trata-se de uma ferramenta para coleta de informações do Google. Disponível em: https://docs.google.com/forms

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respostas foi necessário contar com a colaboração do Centro Acadêmico Cecília Meirelles17 para a divulgação do questionário via grupos do Facebook, movimento que ampliou o número de respostas.

4.3 O QUE REVELOU O QUESTIONÁRIO ONLINE

O questionário online possuía como finalidade traçar um panorama dos egressos do Programa de Iniciação à Docência que cursaram Pedagogia na Universidade Federal de São Paulo. Para isso, as perguntas estavam organizadas em dois blocos: o primeiro, destinado às informações gerais: idade, escolaridade, tipo de escola em que cursou ensino fundamental e médio, ano de ingresso e ano de término do curso de Pedagogia.

O segundo bloco era destinado às questões relacionadas à docência: se o sujeito se encontra em atuação, em qual tipo de escola, etapa, quantidade de horas-aula semanais, tempo de atuação na profissão, perspectivas na carreira, entre outros. O tempo de disponibilização do questionário foi de aproximadamente dois meses.

Em relação ao primeiro bloco foi possível identificar que 50% dos respondentes possuem até vinte e quatro anos. 20% possui de vinte e cinco até 29 anos e 30% dos sujeitos tem até 39 anos, como é possível identificar na imagem abaixo (Gráfico 1).

Em relação às atividades desenvolvidas no curso de graduação, todos os respondentes participaram do Programa de Residência Pedagógica e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, atendendo aos critérios de seleção para participação nesta pesquisa, dois

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Centro Acadêmico do curso de Pedagogia da Universidade Federal de São Paulo 50%

20% 30%

IDADE

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participaram de grupos de estudos, três participaram de atividades de monitoria e dois realizaram iniciação cientifica.

Embora todos os respondentes estejam atuando nas redes públicas de ensino, metade (cinco respondentes) encontra-se na educação infantil e a outra metade no ensino fundamental. Contudo, quando indagados sobre a quantidade de horas trabalhadas, existe uma discrepância, como é possível identificar no gráfico abaixo:

0 2 4 6 8 10

Iniciação Científica Monitoria Programas de Iniciação à Docência Grupos de Pesquisa/Estudos

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

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0 1 2 3 4 5 6 7 8

Escola Estadual Escola Municipal Escola Particular

Cinco, dos dez respondentes, afirmam que trabalham de 26 a 30 horas semanais; dois trabalham de 31 a 40 horas semanas e dois trabalham mais que quarenta horas aula. Ainda sobre isto, dois entrevistados acumulam o cargo na escola pública com a escola privada e um acumula a rede municipal com a rede estadual conforme podemos observar abaixo:

4.4 AS ENTREVISTAS SEMIESTRURADAS

Após a etapa de mapeamento dos egressos via questionário online foram agendadas as entrevistas com aqueles que demonstraram interesse em participar desta etapa da pesquisa. Para

10% 10% 50% 10% 20% HORAS-AULA SEMANAIS

Até 10 horas De 11 a 20 horas De 21 a 25 horas De 26 a 30 horas De 31 a 40 horas Mais de 40 horas

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tal, foi construído um roteiro (Apêndice III) com perguntas norteadoras que contribuíssem com a investigação adotada nesta pesquisa.

Foi utilizando o referencial teórico de Szymansky (2004) por meio do qual justifica-se a entrevista semiestruturada, devido à possibilidade que esta oferece de investigar significados subjetivos e esclarecer qualquer tipo de resposta, permitindo ao entrevistado certa liberdade ao narrar suas experiências, ainda que haja algum controle do pesquisador sobre a conversação.

A entrevista semiestruturada justifica-se pela possibilidade que oferece de investigar significados subjetivos e esclarecer qualquer tipo de resposta, permitindo ao entrevistado certa liberdade ao narrar suas experiências, ainda que haja algum controle do pesquisador sobre a conversação. Embora o roteiro tenha sido preparado e revisado, este foi utilizado com flexibilidade, lançando mão, quando necessário, de questões focalizadoras, de aprofundamento e/ou de esclarecimento (SZYMANSKI, 2004) no decorrer das entrevistas.

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