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Percursos de visita e comunicação de informações

1. O Museu Romântico da Quinta da Macieirinha

1.3. As montagens expositivas do Museu Romântico da Quinta da Macieirinha

1.3.1. Percursos de visita e comunicação de informações

Quando um visitante pretendia percorrer o espaço museológico, em 2009, e se não estivesse incluído num grupo seria acompanhado por um técnico auxiliar. Pois não havia legenda em qualquer uma das coleções, assim concluímos que de modo a conhecer o espaço, este seria sempre acompanhado135. Apesar de esta situação não ocorrer com a

nova montagem expositiva, de 2018, cabe-nos ainda refutar esta afirmação através dos dados acessíveis no Museu. Até 2018 o museu possuía folhas de sala bilingue, Figura 8 e 9, e áudio guias em português e inglês. Encontramos ainda folhas de sala em braille e existiam visitas virtuais, numa televisão touch screen, acessíveis ao público. Destacamos ainda a criação dos serviços educativos do MRQM existindo notas da sua existência já na década de 80 do século XX e que se mantém com um trabalho contínuo com vários públicos até à atualidade.

134 CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO, 1972, 6 135 BRAVO, 2009, 45

Figura 8 e 9 – Folhas de sala em português e inglês, anteriormente colocadas nas salas do MRQM

Com a nova montagem de 2018, a visita passou a ser realizada de modo livre, ou seja, o visitante circula pelo espaço livremente, sem o acompanhamento de um técnico auxiliar, uma vez que este está destacado estrategicamente em vários pontos do circuito, tal como na montagem anterior. Foram também colocadas breves informações sobre as funções das salas em placas informativas em português e em inglês, na entrada de cada espaço, em vez das folhas de sala que se encontravam anteriormente. Contudo, esta visita continua a não ser acompanhada por informações sobre as coleções patentes no espaço, salvo algumas descrições nestas mesmas placas.

A dissertação de 2009 demonstra ainda preocupação com o facto de o MRQM não possuir exposições temporárias programadas e pré-definidas. Pelo que na nossa investigação procuramos verificar as exposições temporárias que ocorreram no MRQM. Nas décadas de 80 e 90, do século passado, ocorreram no MRQM cinco exposições temporárias e já no século XXI encontramos sete exposições, sendo criada uma cronologia que apresentamos na Tabela 1.

Procurámos ainda compreender como funcionavam estas exposições temporárias, se possuíam visitas orientadas, se estavam incluídas no percurso museológico e que materiais auxiliavam ao seu suporte. Apesar de poucos dados termos encontrado, sabemos que algumas exposições possuíam folhas de sala, como no caso da exposição

“Caixas de Música de Outrora”, Figura 10, e que a sua montagem era feita ao longo do espaço museológico, apresentando-se como novos objetos aos visitantes.

Exposições Temporárias no MRQM

1981 Exposição “Bonecas”

1984 Exposição “Caixas de Música de Outrora”, 27 de Julho a 27 de Setembro 1995 Exposição “Aspectos do Traje Romântico”, de 18 de Maio a 2 de Julho

1996 Exposição “O Brinquedo no Museu Romântico”, de 18 de Maio a 3 de Novembro

1999 Exposição “150 anos da Morte do Rei Carlos Alberto de Piemonte e Sardenha (1798-1849)” 2003 Exposição “Dois Ambientes Românticos”

2004 Exposição “Uma cozinha e quinteiro, no séc. XIX”

2010 Exposição partilhada com a Casa Museu Guerra Junqueiro, “Viagem a São Tomé e Príncipe, partida século XIX, chegada século XXI”, 9 de Outubro a 31 de Dezembro

2011 Exposição individual da artista Susana Ribeiro, “Casa das Bonecas”, 15 de Outubro a 11 de Dezembro

2013 Exposição individual do artista Bruno Pereira, “Neon Românticos”, de 6 de Julho a 29 de Setembro

2014 Exposição inserida nas Comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, “A Liberdade da Imagem”, 29 de Maio a 26 de Setembro

2015 Exposição individual da artista Isabel Quaresma, “Contundente Melancolia”, de 21 de Março a 12 de Abril

Tabela 1 – Exposições temporárias ocorridas no Museu Romântico da Quinta da Macieirinha

(Documentação disponibilizada através dos Serviços de Gestão do MRQM)

Figura 10 – Folha de Sala relativa à exposição “Caixas de Música de Outrora”, 27 de Julho a 27 de

Consideramos ainda pertinente a inclusão de expressões artísticas contemporâneas no MRQM, demonstrando que o Museu não é um espaço parado no

tempo, adaptando-se a novas peças e linguagens de forma temporária, pelo que incluímos

o cartaz das exposições individuais ocorridas em 2013 e 2015, Figura 11 e 12. Destacando-se o cartaz da exposição de 2015, da autoria de Isabel Quaresma, onde o próprio suporte nos mostra a colocação de uma obra no Oratório. Consideramos esta imagem interessante porque conseguimos compreender a colocação de uma das obras no espaço e estimamos ainda que tenham sido retiradas duas pinturas respetivas à Série de Gaspar de Bono para a sua colocação. Salientando-se, ainda, o facto de ainda não terem sido realizadas exposições temporárias com a nova montagem expositiva.

Figura 11 e 12 – Cartaz relativo à exposição “Neon Românticos”, 6 de Julho a 29 de Setembro de 2013 e

Cartaz relativo à exposição “Contundente Melancolia”, 21 de Março a 12 de Abril de 2015

Sobre o percurso expositivo anterior, Manuel Bravo especifica que não existia uma lógica na visita, repetindo-se espaços e temas, tornando-a sem lógica fluída em alguns locais136. Salientando que:

“O elemento forte da exposição do Museu encontra-se na reconstituição dos espaços ocupados por Carlos Alberto, cuja organização se baseia em fontes documentais da época que descrevem fielmente os espaços. No entanto, outras áreas podem ser claramente e sazonalmente repensadas tendo em conta a existência de elementos do espólio em exposição que, pelas suas dimensões,

características ou particularidades, não se adequam ao espaço do edifício criando mesmo limitações á [sic] vista, ou se encontram em circunstâncias que dificultam (e até se opõem) a sua conservação; assim como a existência de acervo – quer do próprio museu quer da autarquia – não utilizado actualmente que poderá vir a fazer sentido na exposição permanente da instituição137”.

Cremos que este problema se mantém na montagem de 2018 apesar de denotarmos o uso de mais elementos de acervos disponíveis, nomeadamente na incorporação de pintura, onde se salienta além das obras que se encontravam em depósito no Museu Nacional Soares dos Reis, diferentes telas provenientes da Coleção Vitorino Ribeiro e das Reservas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Informa-nos ainda de que “O museu não tem proprietário específico nos espaços reconstituídos senão nos ambientes recriados antes ocupados pelo Rei, tornando-se uma residência anónima, sem mais informação138”. Atualmente, além do Rei, o museu procura

dar a conhecer outros nomes do Romantismo Portuense, contudo sem explicações sobre as suas funções e contributos para este período, sendo que a informação continua em falta. A mesma publicação justifica que a informação que encontramos no museu “Preserva-se inventariando, mas não há grande preocupação com o estudo e a comunicação139”. De

modo a tentar alterar muito provavelmente, a situação descrita encontramos, no final de 2018, a publicação do Guia de Coleções (coordenado por Paula Cardona).

Entre as atividades mencionadas anteriormente, cremos que é ainda necessário salientar que existe uma programação definida pelos Serviços Educativos, sendo que esta funciona com marcação prévia e da qual incluímos as informações que constam do Guia de “Serviços Educativos no Museu da Cidade”, datado de 2018, Figura 13 a 16140.

Há ainda concertos, conferências, ciclos de música, visitas guiadas ou orientadas, bem como atividades organizadas pela CMP, onde o MRQM é incluído como Museu destacado, Figura 17 a 19.

137 BRAVO, 2009, 75-76 138 Idem, 82

139 Idem, 46

Figura 13 a 16 – Programa dos Serviços Educativos do MRQM, em 2018

Figura 17 a 19 – Harpa no Romântico, concertos ocorridos entre Agosto e Setembro de 2011; II Ciclo

Internacional de Harpa do Porto, concertos ocorridos entre Agosto e Setembro de 2012 e II Ciclo Internacional de Harpa no Porto, datado de 2014