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CAMINHOS TRILHADOS PARA A PRODUÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

PERFIL DAS PROFESSORAS INICIANTES EGRESSAS DO CURSO DE PEDAGOGIA

Após a aplicação do Questionário (APÊNDICE A), traçamos e analisamos o perfil acadêmico-profissional das professoras iniciantes, egressas do curso de Pedagogia, conforme segue. Quadro 3. Perfil das professoras iniciantes (PI) egressas do

curso de Pedagogia, 2011 Professora PI1

Professora com 35 anos de idade, solteira, atua como docente há 2 (dois) anos no ensino fundamental, em institui- ção de ensino público, com contrato provisório de 40h sema- nais de trabalho. Sua primeira opção profissional foi Medici- na, mais a sua formação foi na área da docência. Graduada em Pedagogia, cursa especialização em educação especial.

Professora PI2

Tem 36 anos de idade, casada. Atua há 2 (dois) anos como professora da educação infantil, mediante contrato provisório de 40 horas semanais, em uma creche municipal, instituição de ensino em que atuou como voluntária até ser contratada como professora. Teve com primeiras opções de vestibular História e Letras sendo aprovada para Pedagogia na terceira tentativa. Graduada em Pedagogia, cursa espe- cialização em educação infantil, mesma área de atuação pro- fissional.

Professora PI3

Casada, tem 26 anos de idade, atua como professora da educação infantil há 1 (um) ano, com um contrato pro- visório de 20 horas semanais, em uma instituição munici- pal de ensino público. Graduada em Pedagogia e, concluiu em 2013, a especialização em educação de jovens e adultos (EJA). A primeira opção profissional foi pelo curso de Quími- ca. E não obtendo aprovação no vestibular para essa área, optou e foi aprovada em Pedagogia.

Professora PI4

Solteira, tem 27 anos de idade. É professora do ensino fundamental há 2 (dois) anos, com um contrato provisório de 20 horas semanais, em uma escola municipal.

Graduada em Pedagogia sua primeira opção profissio- nal, cursa especialização em educação especial.

Professora PI5

Tem 29 anos de idade, casada. É professora do ensino fundamental há 3 (três) anos, com uma carga horária de 20 horas semanais em uma escola privada. Sua primeira opção profissional foi pelo curso de História. Iniciou na docência no final do curso de Pedagogia, e ainda não fez um curso de Pós - Graduação.

Professora PI6

Solteira, tem 36 anos de idade. É professora do ensino fundamental e infantil há 2 (dois) anos, com um contrato provisório de 20 horas semanais, em uma escola municipal. Graduada em Pedagogia, cursou especialização em Educa- ção de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) e cursa especialização em Libras. A sua primeira opção profissional foi pelo curso de Direito, mas como o curso só era oferecido na cidade em IES privada, e afirma que não tinha condições financeiras para cursá-lo, assim, optou pela Pedagogia.

Professora PI7

Atua como docente há 3 (três) anos. Tem 36 anos de idade, é viúva. Atua como professora do ensino fundamen- tal, com um contrato provisório de 17h horas semanais em uma escola municipal. É Graduada em Pedagogia e concluiu a especialização em Gestão, Supervisão e Planejamento Edu- cacional, em 2012. O curso de Pedagogia foi a primeira op- ção profissional.

Fonte: Dados do Questionário aplicado em out. 2013.

Quadro elaborado pela pesquisadora.

No Quadro 3, os dados mostram que os sujeitos parti- cipantes deste estudo são mulheres, o que comprova que o curso de Pedagogia tem uma demanda expressiva de pessoas

do sexo feminino e reforça a constatação de que são maioria no ensino escolar dos anos iniciais da educação básica. Sobre a idade das professoras participantes deste estudo, 43% en- contram-se na faixa etária acima de 25 anos e menos de 30 anos, enquanto que 57% estão com idade entre 35 e 36 anos. É importante destacar que as professoras iniciantes encontram-se na idade adulta, fase de maturidade na idade cronológica e de experiência de vida, mais são ainda iniciantes na carreira, por não apresentarem em sua experiência profis- sional aprofundamento no exercício da docência.

De acordo com os dados acerca da atuação docente, res- saltamos que 29% das professoras atuam no ensino infantil e 57% atuam como docente nos anos iniciais do ensino funda- mental e, ao mesmo tempo, 14% na educação infantil e ensino fundamental.

Tais dados evidenciam que as professoras egressas do curso de Pedagogia estão atuando como docentes na educa- ção infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, reafir- mando que o curso de Pedagogia encontra-se mais voltado à preparação para a docência das séries iniciais da educação básica. Tal fato corrobora o estabelecido na legislação que nor- teia o curso de Pedagogia, como, por exemplo, as Diretrizes Nacionais Curriculares. Tal ênfase também se constata no Pro- jeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia da IES, ao afir- mar “que no referido curso dar-se-á a formação de professores para o magistério na Educação infantil e nos anos iniciais do Ensino fundamental.”

Das 7 (sete) professoras egressas do curso de graduação em Pedagogia constatamos, no que concerne ao tempo de do- cência, a seguinte situação: 14% atuam na docência há 1 (um) ano;57% professoras têm 2 (dois) anos de experiência docente, enquanto que29% destas, já exercem a docência há 3 (três) anos. Neste contexto evidenciamos que apenas 29% das pro- fessoras, PI5 e PI7 estão atuando há 3 (três) anos, o que signi- fica dizer, que estas duas professoras iniciaram-se profissional- mente na docência, ainda durante o curso da graduação. Das demais, 71% só vieram a exercer a carreira após a conclusão do curso, em 2011.

É importante destacar que 100% das professoras man- têm vínculos empregatícios de contrato provisório na Rede Municipal de Ensino. Este dado reforça indicativo de que no cenário da carreira profissional, após as vivências da etapa inicial da carreira, tem-se a fase da estabilidade profissional, etapa que também envolve dificuldades, sobretudo no que diz respeito às escolhas a serem procedidas. No rol das op- ções está a busca pelo estabelecimento de um vínculo mais aprofundado com a profissão que, por decorrência implica em traçar metas relacionadas ao desenvolvimento profissio- nal. Significa dizer que a busca pela superação da fase de “so- brevivência” e “descobertas” no ambiente de trabalho tende a ocorrer com frequência “[...] por um período de 8 a 10 anos, no mínimo” de vivência na profissão, visto que os profissio- nais iniciantes [...]” “passam a ser professores, quer aos seus olhos, quer aos olhos dos outros.” (HUBERMAN, 2000, p. 40). Ainda, mediante as informações obtidas no Questionário (Apêndice B), constatamos que os professores têm buscado conhecimentos profissionais para atuar em outros campos de atuação na esfera da Pedagogia, ou seja, têm demonstrado interesse no investimento na formação continuada por meio do curso de pós-graduação, como um dos processos nortea- dores do seu desenvolvimento profissional. Considerando tal constatação, o questionário aponta que 2 (duas) professoras, PI3 e PI6, fizeram a opção pela Pós – Graduação lato sensu, Especialização em Educação de Jovens, Adultos e Idosos – EJAI, sendo que 1 (uma) – PI3 ainda está cursando e traba- lha na educação infantil e, 1 (uma) – PI6 já concluiu e atua tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental. Destacamos que estas professoras atuam nas séries da educação básica para as quais foram habilitadas na for- mação inicial e buscam uma formação complementar que as possibilitem atuar também, na docência, na modalida- de de Educação de Jovens e Adultos e Idosos (EJAI), com a finalidade de ampliar seu campo de atuação profissional.

No sentido de dar continuidade aos estudos e à forma- ção profissional, ou seja, de caminhar em direção ao desen- volvimento profissional por meio da Educação permanente,

PI7 atua como professora no ensino fundamental e já cursou Pós- Graduação - Especialização em Gestão, Supervisão e Pla- nejamento Educacional, em 2012 e, 2 (duas) professoras – PI1 e PI4 estão cursando a Especialização em Educação Especial. A professora PI2 atua como docente há 2 (dois) anos na educação infantil e cursa Pós- Graduação em Educação Infantil, o que demonstra que a mesma vem procurando investir desde na formação profissional na prática docente da educação infan- til, evidenciando que vem desenvolvendo-se profissionalmen- te nesta área de atuação como professora. Destas professoras iniciantes na docência, apenas 1 (uma) PI5 não cursou e nem está cursando especialização desde a sua formação em 2011. Mediante os dados levantados na aplicação do questio- nário constata-se que mesmo as professoras estando na fase inicial da profissão docente, que seis têm investido na formação profissional, na área da educação por meio de cursos de Pós-Gra- duação lato sensu especialização na área da educação escolar, vi- sando ampliar seu repertório de conhecimentos e, por decorrên- cia, dando continuidade no seu desenvolvimento profissional. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS DAS PROFESSORAS INI- CIANTES NA DOCÊNCIA COM APONTAMENTOS A POS- SÍVEIS INDICADORES PARA REFORMULAÇÃO DO CUR- SO DE PEDAGOGIA

Além da aplicação do questionário efetuamos entre- vistas narrativas reflexivas (APÊNDICE B) com as professoras mediante encontros pessoais na IES, ocorridos entre dezem- bro de 2013 e janeiro de 2014, cenário da pesquisa, em uma sala reservada, ambiente favorável e adequado; as entrevistas transcorreram de forma agradável e de acordo com a disponi- bilidade de cada professora.

Apresentamos a seguir, os percursos percorridos no pro- cesso de coleta de dados com base nas entrevistas narrativas das docentes, como trilheiras que somos no caminho da pro- dução do conhecimento,

As entrevistas narrativas, com foco reflexivo, foram efeti- vadas de maneira informal, onde mesmo seguindo um roteiro

pré-elaborado de acordo com os objetivos da pesquisa, outras informações foram emergindo no decorrer da conversa com facilidade, devido à confiança depositada pelas professoras à pesquisadora.

Para Bertaux (2010, p. 47) “[...] o uso das narrativas nas pesquisas em educação possibilita a construção de significa- dos dos episódios relembrados e narrados” por meio de um discurso elaborado que expressa o (re) pensar de sua trajetória de vida profissional. Dessa forma, as narrativas docentes pro- duzidas nas entrevistas podem ser consideradas como impor- tantes recursos na coleta de dados, por possibilitar reflexão reveladora da percepção que os sujeitos têm da sua inserção e do desenvolvimento na profissão docente a partir do repensar processos formativos da formação inicial.

É oportuno reafirmar que esta técnica de coleta de dados favoreceu o face a face, um diálogo interativo dos envolvidos no estudo, atendeu a contento os objetivos da pesquisa, por considerarmos que a tendência delineada nesta pesquisa foi oportunizar vez e voz às professoras iniciantes e possibilitá-las com esta atividade narrativa e reflexiva considerar a formação e autoformação do processo inicial percorrido na profissão de professor, além de oferecer subsídios legítimos para o apri- moramento de questões curriculares relativos à formação de professores para os anos iniciais da educação básica.

Ratificando tal fato, no processo de consideração dos dados das entrevistas, Chizzotti (2008) afirma que na análise das mensagens, o foco é a interpretação dos aspectos signifi- cativos do texto.

Dessa forma, elencamos os eixos temáticos de análises desta pesquisa buscando suporte na consideração de que “a definição de categorias depende da natureza da pesquisa, dos objetivos estabelecidos e das particularidades dos dados vi- sando agregar um significado a partir das unidades vocabula- res, o que não é uma tarefa simples.” (CHIZZOTTI, 2008, p. 117).

A partir dos dados produzidos pelos sujeitos da pesqui- sa e considerando os objetivos propostos, iniciamos a análise dos dados das transcrições das entrevistas para a elaboração de indicadores (menção explícita ou subjacente de um tema

ou mensagem). No caso desta pesquisa, o recorte das falas ou escritas dos sujeitos foi agrupado em indicadores que sin- tetizassem a mensagem repassada. Para tanto, foram criados indicadores, a priori em busca de respostas investigativas, tais como, perspectivas e necessidades do professor no início da docência. Por sua vez, a definição dos demais eixos temáticos de análise se fez por meio de temas que sintetizaram as falas dos sujeitos da pesquisa, orientados pelas informações coleta- das nas entrevistas das professoras.

Ainda, neste contexto, procurou-se confrontar os tre- chos das falas das professoras buscando as convergências e divergências nas respostas. Com isso, novos indicadores foram surgindo para análise e interpretação. No processo de análi- se, avançamos na fase de interpretação referencial tomando o conjunto de informações obtidas nas entrevistas e as orga- nizando em eixos temáticos, articulados aos objetivos centrais da pesquisa. Para Triviños (2007) é o momento do confronto entre o conhecimento acumulado e o adquirido, pelo qual foi realizado o tratamento dos resultados, com base na inferência e interpretação dos mesmos.

Assim, reafirmamos que a busca à resposta ao nosso problema de pesquisa “Como ocorre o desenvolvimento pro- fissional de professores iniciante egressos do curso de Peda- gogia a partir da formação inicial e da prática?”, bem como aos referenciais teóricos foram basilares para a efetivação das análises das narrativas das entrevistas e para a identificação dos indicadores temáticos e eixos de análise.

Salientamos que após a análise de cada um dos eixos propostos e seus sub-eixos apresentamos, mediante represen- tação gráfica, a síntese dos principais dados obtidos nas narra- tivas docentes. Assim é que, sinteticamente apresentamos na Figura 1, os eixos temáticos de análise.

Figura 1. Eixos temáticos de análise: narrativas docentes como indicadores para se pensar a formação docente

Fonte: Dados das entrevistas das Professoras Iniciantes (PI), 2014.