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4. Licenciatura em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas

4.4. Perfil de competências

A organização da Licenciatura em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas foi desenvolvida tendo como referência as competências exigidas a um Licenciado, nomeadamente as definidas no Artigo 5.º do Dec-Lei 74/2006, de 24 de Março, que passamos a transcrever [DL 74/2006] :

a) Possuir conhecimentos e capacidade de compreensão numa área de formação a um nível que:

1. Sustentando-se nos conhecimentos de nível secundário, os desenvolva e aprofunde;

2. Se apoie em materiais de ensino de nível avançado e lhes corresponda; 3. Em alguns dos domínios dessa área, se situe ao nível dos conhecimentos de

ponta da mesma;

b) Saber aplicar os conhecimentos e a capacidade de compreensão adquiridos, de forma a evidenciarem uma abordagem profissional ao trabalho desenvolvido na sua área vocacional;

c) Capacidade de resolução de problemas no âmbito da sua área de formação e de construção e fundamentação da sua própria argumentação;

d) Capacidade de recolher, seleccionar e interpretar a informação relevante, particularmente na sua área de formação, que os habilite a fundamentarem as soluções que preconizam e os juízos que emitem, incluindo na análise os aspectos sociais, científicos e éticos relevantes;

e) Competências que lhes permitam comunicar informação, ideias, problemas e soluções, tanto a públicos constituídos por especialistas como por não especialistas; f) Competências de aprendizagem que lhes permitam uma aprendizagem ao longo da vida com elevado grau de autonomia.

Mais especificamente, procura-se desenvolver as seguintes competências nos Licenciados em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, sendo a maioria próprias de um Licenciado em Engenharia:

a) Competências de análise crítica que lhe permitam:

1. Compreender especificações técnicas de produtos, tecnologias e serviços; 2. Fundamentar o processo de resolução de problemas e tomada de decisões em

conhecimento científico e técnico, na análise de viabilidade económica e na avaliação dos seus impactos;

3. Preparar estudos de base, incluindo o anteprojecto, em que se define os traços gerais o trabalho de engenharia no sentido de avaliar custos, benefícios, impactos e interdependências com outros trabalhos e profissionais;

4. Propor soluções técnicas apropriadas, usando tecnologias novas ou já existentes, com inovação, criatividade e economicamente acessíveis;

5. Interpretar as necessidades de Tecnologia e de Acessibilidade das populações com necessidades especiais em vários contextos da vida;

6. Interpretar o factor psicológico, especificidade e contexto socio-económico do indivíduo com necessidades especiais;

7. Identificar os limites dos seus conhecimentos e aptidões;

8. Compreender as sinergias do trabalho em equipas multidisciplinares;

9. Posicionar-se profissionalmente perante modelos e organizações de prestação de serviços a populações com necessidades especiais;

10. Compreender o seu papel na economia social e no mercado;

11. Compreender dinâmicas de actuação do Estado e do sector económico face a populações com necessidades especiais;

12. Avaliar antecipadamente o impacto de tecnologias e serviços emergentes nas respostas às necessidades de inclusão de populações com necessidades especiais;

13. Avaliar a tecnologia utilizada em outros domínios na aplicação a populações com necessidades especiais;

b) Competências de intervenção técnica e profissional para ser capaz de:

1. Trabalhar numa equipa multidisciplinar com profissionais de Engenharia/Tecnologia, Reabilitação, Educação Especial, Gerontologia, Serviço Social e Gestão;

2. Aplicar os seus conhecimentos e a sua capacidade de compreensão e resolução de problemas em situações novas e não familiares, em contextos alargados e multidisciplinares, ainda que relacionados com a sua área de estudos;

3. Desenvolver planos de Acessibilidade, Tecnologias, Aplicações Telemáticas e Serviços de Reabilitação realistas e concretizáveis;

4. Avaliar, seleccionar, aconselhar, personalizar, adaptar, integrar, instalar e instruir o uso de Produtos de Apoio disponíveis comercialmente de forma adequada às necessidades específicas de cada cliente;

6. Projectar e desenvolver produtos de apoio economicamente acessíveis quando opções comerciais não estiverem disponíveis;

7. Avaliar e gerir riscos associados ao uso, fornecimento e desenvolvimento de Produtos de Apoio;

8. Analisar através de métodos quantitativos as condições de mobilidade e manipulação do corpo humano;

9. Gerir, participar e controlar processos de fabricação;

10. Projectar, coordenar, executar e fiscalizar trabalhos de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade, incluindo a mobilização e gestão de pessoas, recursos e tempos;

11. Assegurar direcções técnicas;

12. Prestar consultoria, assistência técnica e assessoria;

13. Trabalhar em actividades de normalização, medida e controlo de qualidade; 14. Executar vistorias de segurança, avaliação de equipamentos, auditoria e elaboração de pareceres técnicos nos domínios das Tecnologias de Reabilitação e Acessibilidade;

15. Optimizar condições de independência no local de trabalho na habitação de pessoas com actividade limitada;

16. Aplicar legislação e normas técnicas relacionadas com Produtos de Apoio e Acessibilidade;

c) Competências comunicacionais para:

1. Avaliar os desejos do cliente e transmiti-los à equipa;

2. Comunicar com uma vasta gama de pessoas com necessidades especiais, conseguindo que estas se sintam confortáveis para discutir as suas necessidades;

3. Comunicar informações, ideias, problemas e soluções, tanto a públicos constituídos por especialistas como por não especialistas;

4. Ensinar e fazer divulgação técnica nos domínios da Engenharia de Reabilitação, Tecnologias de Reabilitação e Acessibilidade;

5. Participar em acções de sensibilização sobre os problemas das pessoas com deficiência e idosos;

6. Influenciar decisores de empresas, instituições e poderes políticos na adopção dos princípios de Acessibilidade em produtos, sistemas, serviços e ambientes;

7. Partilhar informações e experiência com os seus pares a nível internacional; 8. Promover a divulgação da importância da Engenharia de Reabilitação e da

Acessibilidade.

As competências descritas são adquiridas na exposição às diferentes áreas científicas da Licenciatura. Assim, os estudantes vão ficar dotados de conhecimentos de ciências básicas em Matemática, Física, Desenho Técnico e Informática fundamentais para as principais áreas de Engenharia na qual se suporta a sua especialidade. Adquirindo competências transversais nas áreas de Engenharia Mecânica, Electrotécnica e Biomédica, bem como conhecimentos em Ciências da Reabilitação, aprofundam na sua especialidade tecnologias e técnicas que os colocam numa posição privilegiada face a outros profissionais de Engenharia para actuar junto de populações com necessidades especiais. As áreas científicas humanas e sociais presentes na licenciatura irão proporcionar também competência para compreender melhor o contexto em que irão actuar como futuros profissionais.

Paralelamente, o estímulo de actividades extracurriculares dos alunos para a organização de eventos de sensibilização irá contribuir para o desenvolvimento das competências comunicacionais referidas. Neste domínio de competências é possível contar também com o resultado da interacção com colegas de curso com deficiência, contribuindo para um sentimento de maior conforto relacional com outras pessoas em circustâncias semelhantes.

Para além das competências que se procuram desenvolver é expectável contar com as competências inatas, comportamentais e vocacionais dos estudantes que optam por este

percurso académico e profissional que à partida os posicionam numa situação priviligiada e diferenciada face a outros estudantes e profissionais de Engenharia. Este curso e a respectiva profissão requerem certamente vocação. Na próxima secção procuraremos analisar e compreender melhor o perfil destes estudantes.