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Perfil do indivíduo na fase Idosa da vida

UM NOVO HÁBITO ALIMENTAR ATRAVÉS DE ESTÍMULOS PARA IDOSOS

4. Refeição colorida: como forma de garantir a variedade principalmente em termos de vitaminas e minerais, e também a apresentação atrativa das refeições,

2.4 Perfil do indivíduo na fase Idosa da vida

Neste tópico, será abordado sobre o perfil de indivíduos que ocupam a fase da velhice da vida humana. O desenvolvimento do perfil terá como foco de abordagem às peculiaridades relacionadas à sua vivência atual com as questões alimentares, seus hábitos, estímulos e dificuldades em torno da alimentação saudável.

Alterações na percepção sensorial

Um órgão sensorial é a parte especializada do corpo que é seletivamente sensível a alguns tipos de mudanças no ambiente e não a outros. Paladar, olfato, visão e audição, agindo principalmente por intermédio do hipotálamo, podem afetar o estado corporal e o comportamento; promovem reflexos, liberação de hormônios e ajustamento visceral, assim como performance somática (SEELEY,1994). As alterações sensoriais podem estar associadas ao decréscimo do apetite nas pessoas idosas (Rolls,1992). Essas mudanças abrangem declínio e eventual perda da acuidade visual, audição, olfato e sensação de gustação (RIVLIN, 1981; CHERNOFF, 1987; PODRABSKY, 1995). Estas alterações são parciais e afetam o comportamento alimentar do idoso, conforme Cooper citado por Arhontaki (1990). Dentre todas as mudanças sensoriais, o olfato e a gustação interferem mais diretamente na ingestão de alimentos (CHERNOFF, 1987; JURDI-HALDEMAN, 1988; NOGUÉS, 1995), e de acordo com Moriguti (1998), a visão prejudicada também a influencia negativamente. Não há dúvida que o apetite no idoso é influenciado, principalmente, pela palatabilidade dos alimentos (ROLLS, 1992).

O paladar define nossa ingestão de alimentos, bebidas e medicamentos; deficiência no paladar para substâncias doce, azeda, ácida e salgada pode estar associada a doenças e desordens que vão desde a obesidade, hipertensão, malnutrição e diabetes até algumas doenças neurodegenerativas (SEELEY, 1994). Na terceira idade, um dos fatores mais relevantes na diminuição do consumo alimentar é a redução da sensibilidade por gostos primários doce, amargo, ácido e

salgado (ROLLS, 1992; NOGUÉS, 1995; SHUMAN, 1998). O gosto tem sua base anatômica no número de gemas gustativas das papilas linguais. O idoso necessita de maior concentração do sabor atribuído ao alimento, em comparação com adultos jovens. Estudos recentes demonstram que a dificuldade que o idoso possui para detectar o sabor doce dos alimentos o predispõe a adoçar mais os alimentos (Nogués, 1995), comportamento similar ocorre com relação ao sabor salgado. O idoso tende a concentrar o tempero dos alimentos para ajustá-lo ao paladar, que está alterado.

A visão prejudicada é outro fator também comum nas pessoas idosas, o que pode levar à diminuição do apetite, em decorrência da diminuição do reconhecimento dos alimentos e da habilidade de alimentar-se.

Nesse sentido, os hábitos alimentares do indivíduo idoso são muito influenciados pelas alterações sensoriais, o que reflete um quadro latente de anorexia em maior ou menor grau, dependendo da intensidade.

Alterações na capacidade mastigatória

Atualmente, sabe-se que o edentulismo não é consequência natural do envelhecimento, e que os dentes naturais, quando bem tratados, podem permanecer em funcionamento por toda a vida (DUNKERSON, 1998). As principais causas de ausência de dentes e de uso de próteses totais na terceira idade são decorrentes de cáries não tratadas e da periodontite, embora essas causas possam ser preveníveis com a tecnologia atual.

A perda de apetite em idosos tem sido, geralmente, relacionada com ausência de elementos dentários e com o uso de próteses, de acordo com Carlsson citado por Cormack (1998). As pessoas que usam dentaduras mastigam 75 a 85% menos eficientemente que aquelas com dentes naturais, o que leva à diminuição do consumo de carnes, frutas e vegetais frescos, razão porque idosos com próteses totais tendem a consumir alimentos macios, facilmente mastigáveis, pobres em fibras, vitaminas e minerais, fato que pode ocasionar consumo inadequado de energia, ferro e vitaminas (SHUMAN,1998).

Alterações na composição e no fluxo salivar e na mucosa oral

Nogués (1995), enfatizam a elevada incidência de cáries, principalmente as de superfícies radiculares, e de doenças periodontais no idoso, em razão da precariedade da higiene bucal, do alto acúmulo de carboidratos fermentáveis e das

alterações salivares que condicionam uma espessa capa de mucina, potencializando essas doenças. Há dificuldade em realizar a higiene bucal por causa da perda gradual de movimentos coordenados (DUNKERSON, 1997).

Com o avanço da idade, as modificações mais evidentes na mucosa oral são proeminência das glândulas sebáceas, aparência lisa na superfície da mucosa e diminuição da espessura do epitélio bucal e lingual. Dentre essas mudanças, a aparência lisa na mucosa e a diminuição da espessura do epitélio na cavidade oral interferem diretamente no consumo de alimentos, diminuindo o apetite. Essa perda de apetite pode ser decorrente do aumento da sensibilidade na mucosa oral, o que ocasiona sensação de ardor no idoso, quando este ingere alimentos quentes ou frios.

Alterações na estrutura e função do estômago e intestino

A atrofia da mucosa gástrica no idoso resulta na menor produção de ácido clorídrico e na diminuição na secreção do fator intrínseco, provocando menor absorção da vitamina B12, com consequente instalação da anemia perniciosa. Esse

tipo de anemia ocorre somente quando o idoso apresenta grave atrofia da mucosa gástrica. O estômago com gastrite leve ou moderada continua a secretar fator intrínseco suficiente para prevenir a má absorção da vitamina B12, pelo mecanismo

normal (SUTER et al., 1991; RUSSELL 1992; NOGUÉS, 1995).

Segundo Podrabsky (1995) e Nogués (1995), a hipocloridria afeta bastante a absorção de cálcio e de ferro não-heme. O ácido clorídrico mantém tanto o ferro férrico quanto o cálcio solúvel por meio dos seus efeitos acidificantes para serem absorvidos no trato intestinal.

Essas alterações na motilidade também contribuem para o aparecimento da constipação, que é frequente na geriatria. No entanto, esse quadro de constipação no idoso pode ainda estar relacionado com a baixa ingestão de líquidos e de fibras, com o menor número de refeições por dia, com a depressão e com a inatividade, de acordo com Sullivan & Walls citados por Shuman (1998).

No que concerne aos nutrientes, a ênfase tem sido na diminuição da absorção de cálcio no intestino, com a idade em ambos os sexos, devido, provavelmente, às alterações nos vários processos de transporte (Shuman,1998).

O crescimento bacteriano excessivo no intestino pode também ocorrer, como resultado da diminuição da secreção ácida. Tal fato interfere na

disponibilidade biológica dos nutrientes e pode resultar na menor ação dos sais biliares, na má absorção da gordura e na diarreia (PODRABSKY, 1995).

Diminuição da sensibilidade à sede

O estado de hidratação é outro fator de extrema relevância em geriatria. No idoso a desidratação torna-se frequente podendo desencadear outras doenças como enfermidades infecciosas e cerebrovasculares, que, neste último caso, muitas vezes, apresenta-se como um quadro de delirium (NOGUÉS, 1995; MORIGUTI et

al., 1998).

A alteração na sensação de sede é atribuída à disfunção cerebral e, ou, à diminuição da sensibilidade dos osmorreceptores. No entanto, a menor ingestão de líquidos pode ainda ser decorrente de alguma debilidade física, pois, neste caso, existe certa dependência de outras pessoas (NOGUÉS, 1995; CORMACK, 1998; MORIGUTI et al., 1998).

Estímulos e cuidados

Na montagem da mesa da refeição deve-se evitar o excesso de estímulo visual para não desviar a orientação e a percepção visual da pessoa idosa de sua alimentação, facilitando a sua participação ativa no ato de alimentar-se. Essa montagem deve ser adaptada na medida em que forem detectadas limitações que dificultam a autonomia da pessoa idosa, de forma a incentivar o seu convívio à mesa (CAMPOS, 2005).

A composição da mesa de refeição deve ser simplificada em detrimento das regras de etiqueta. Promover o contraste de cor entre a toalha de mesa e os utensílios, quando há contraste de cor entre talheres, prato e toalha de mesa, a pessoa idosa terá mais facilidade para identificar esses utensílios, conferindo-lhe maior autonomia no ato de comer. É indicada, principalmente, para quem já apresenta declínio de visão ou da capacidade mental ou limitação na coordenação motora. As toalhas de mesa devem ser preferencialmente com uma única tonalidade de cor, sem estampas ou bordados (CAMPOS, 2005).

Os utensílios que a pessoa idosa com limitações deve usar para comer ou beber apresentam características especiais para a sua segurança. A confecção dos utensílios deve ser com material inquebrável e de fácil higienização. É necessário ainda ter atenção com a questão da empunhadura, o que significa que é preciso verificar se a pessoa idosa tem facilidade para pegar o utensílio e levá-lo à boca.

Alguns utensílios disponíveis no mercado facilitam esse processo como: canecas ou xícaras com uma alça maior em substituição ao copo; canecas ou xícaras com duas alças grandes o sufi ciente para permitir o encaixe de três ou quatro dedos (CAMPOS, 2005).

Algo como canecas com tampas e canudos são indicadas para prevenir o derramamento do conteúdo; prato fundo deve ser escolhido, preferencialmente, em relação ao prato raso; prato fundo com ventosas de borracha que permitem a fixação desse utensílio à superfície é indicado em casos de maior limitação na coordenação motora; aparador para prato é um recurso usado para aumentar a independência de quem tem maior limitação na coordenação motora. O aparador para pratos é adaptado na borda externa desse utensílio para aumentar a sua altura. Com isso, evita o derramamento do alimento que está sendo colocado no talher durante a refeição.

O Suporte antiderrapante é similar a um pequeno forro de bandeja, que pode ser usado sobre mesas ou bandejas para ajudar a aumentar a fixação de canecas e pratos, evitando que esses deslizem na superfície onde forem colocados, proporcionando mais segurança à pessoa idosa. Os talheres com cabos mais grossos. A maior espessura do cabo dos talheres (faca, garfo e colher) pode facilitar o manuseio desses utensílios durante a refeição, quando a limitação motora compromete esta atividade. Usar apenas uma colher com cabo mais grosso é uma das opções quando a atividade motora limita o uso dos outros talheres. Em síntese, devem ser usados utensílios resistentes e que sejam fáceis de segurar. Os utensílios utilizados frequentemente pela pessoa idosa precisam estar dispostos em local de fácil acesso para garantir maior autonomia e participação dessas pessoas nas diversas refeições do dia (CAMPOS, 2005).

Considerações Finais

Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras, e devem estar presentes diariamente em todas as refeições e lanches, pois evitam a prisão de ventre, contribuem para proteger a saúde e diminuir o risco de várias doenças (COELHO, 2003). As frutas são as partes pomposas que rodeiam a semente da planta. Possuem aroma característico, são ricas em suco e têm sabor adocicado. Acerola, laranja, tangerina, banana e maçã são exemplos de frutas. Já

os legumes são os frutos ou sementes comestíveis da planta ou partes que se desenvolvem na terra. São eles a cenoura, a beterraba, a abobrinha, a abóbora, o pepino, a cebola, etc. Depois temos as verduras que são folhas comestíveis, flores, botões ou hastes tais como: acelga, agrião, aipo, alface, almeirão, etc.

Deve-se variar entre os tipos de frutas, legumes e verduras consumidos durante a semana. Compre os alimentos da época (estação) e esteja atento para a qualidade e o estado de conservação deles. Procure combinar verduras e legumes de maneira que o prato fique colorido, garantindo, assim, diferentes nutrientes. Sucos naturais de fruta feitos na hora são os melhores; a polpa congelada perde alguns nutrientes, mas ainda é uma opção melhor que os sucos artificiais, em pó ou em caixinha.

Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, embutidos – salsicha, linguiça, salame, presunto e mortadela –, queijos amarelos, frituras e salgadinhos. Prepare os alimentos de forma a usar pouca quantidade de óleo, como assados, cozidos, ensopados e grelhados. Evite cozinhar com margarina, gordura vegetal ou manteiga.

Consuma no máximo uma porção do grupo dos açúcares e doces por dia. Valorize o sabor natural dos alimentos e das bebidas evitando ou reduzindo o açúcar adicionado a eles. Diminua o consumo de refrigerantes e de sucos industrializados. Prefira bolos, pães e biscoitos doces preparados em casa, com pouca quantidade de gordura e açúcar, sem cobertura ou recheio. A quantidade de sal utilizada deve ser de, no máximo, uma colher de chá rasa por pessoa, distribuída em todas as refeições do dia (COELHO, 2003).

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XVI ERIC – (ISSN 2526-4230)

ESTUDOS DOS BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO DE BROTOS GERMINADOS

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