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Capítulo 4 – Alojamento local

4.4. Caracterização do alojamento local

4.4.3. Perfil do turista em alojamento local

Apesar do fenómeno do AL ser um tema relativamente recente, já existem alguns estudos que tentaram descortinar o perfil do turista em AL, nomeadamente o estudo do Centro de Investigação em Comunicação Aplicada e Novas Tecnologias (CICANT) e HomeAway (2018), bem como os estudos do Marketing FutureCast Lab - ISCTE (2017, 2018). A partir destes, verificou-se que a maioria dos utilizadores do AL são do género feminino (52%), com uma idade média compreendida entre os 30 e os 49 anos. Os turistas com mais preponderância a utilizar o AL são famílias, sucedendo-se os casais e os amigos. Relativamente às fontes de informação, existe uma preferência pelas plataformas especializadas no arrendamento de AL, seguido de recomendações de pessoas conhecidas. As reservas de alojamento são efetuadas, sobretudo, via online, com destaque para a plataforma Booking como o principal meio de marcação de reservas, seguido da Airbnb e, embora pouco utilizada, a Homeaway. No que toca aos critérios mais relevantes para a

91 escolha do AL, a localização, o preço e as reviews de outros hóspedes na plataforma de alojamento demonstram ser os mais citados pelos utilizadores de AL. Este turista, que no geral se encontra satisfeito com este tipo de alojamento, é mais propenso a recomendar a sua experiência, bem como a privilegiar o mesmo alojamento se pudesse repetir a experiência.

4.5. Conclusão

Este capítulo teve como objetivo entender o conceito de AL e a sua evolução turística, contextualizando-o na realidade portuguesa, evidenciando o seu enquadramento jurídico.

O capítulo iniciou-se com a conceptualização e contextualização do AL, onde se concluiu que este é um tipo de alojamento patente em Portugal há já várias décadas, existindo uma tradição histórica portuguesa de oferta de apartamentos, moradias e quartos para arrendamento muito antes de esta atividade ter sido regulamentada e legislada em Portugal (Marketing FutureCast Lab - ISCTE, 2018). No entanto, numa tentativa de combater o “alojamento paralelo ou clandestino” (Neves, 2014), a figura do AL foi criada em 2008 pelo DL n.o 39/2008, de 7 de março, permitindo a prestação de alojamento temporário em alojamentos privados e pequenos estabelecimentos coletivos que não reunissem as condições legais para serem empreendimentos turísticos. Apesar das suas vantagens e desvantagens, apresentadas neste capítulo, o AL afirma-se solidamente instalado no panorama turístico nacional esperando-se que este mantenha a trajetória ascendente a médio e longo prazo (Marketing FutureCast Lab - ISCTE, 2017).

Posteriormente fez-se o enquadramento jurídico do AL em Portugal, aferindo-se que este acumular de mais de dez anos de experiência na regulamentação deste tipo de alojamento, permitiu que o país possuísse uma das mais avançadas leis deste setor (ALEP, 2017a), concebendo um enquadramento abrangente desta atividade: define a integração dos novos modelos de alojamento no turismo e a sua relação e limites face aos empreendimentos turísticos; estabelece os requisitos mínimos de funcionamento, regras de segurança, higiene e proteção dos consumidores; obriga ao registo de alojamentos; cria um sistema de registo simplificado permitindo a monitorização da atividade e integra a atividade no sistema fiscal nacional.

Atualmente, o AL não traduz um só conceito. Na verdade, a figura comporta várias modalidades, qualificando-se como: moradias, apartamentos, quartos e estabelecimentos de

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hospedagem, podendo ser, esta última, denominada de hostel, caso a unidade de alojamento predominante for o dormitório. A regulamentação sofrida pelo AL nos últimos anos, a par do aumento da exigência por parte dos hóspedes, culminou numa fulgurante evolução do conceito de AL, sendo que a última alteração feita ao regulamento diz respeito à Lei n.o 62/2018, de 22 de agosto (2018).

Os estabelecimentos de AL tiveram um crescimento exponencial nos últimos anos em Portugal devido ao regime de simplificação de acesso, enquadramento fiscal incentivador, bem como o contexto favorável ao desenvolvimento da atividade, consagrando-se um caso de sucesso na oferta empresarial de alojamento turístico português (Machado & Viegas, 2017). Assim, a última secção deste capítulo visou caracterizar o AL em Portugal, a fim de entender a evolução turística em termos de oferta e procura de AL em Portugal, bem como identificar o perfil do turista que utiliza este tipo de alojamento. A nível da oferta turística, comprovou-se que o número de estabelecimentos de AL tem vindo a crescer significativamente em Portugal entre 2013 e 2018, detendo, neste último ano, uma preferência pelos apartamentos em AL (66,8%), seguido das moradias (25,9%). Referenciando os dados consolidados mais recentes do INE, o AL em Portugal incluía, em 2018, 3.372 estabelecimentos em AL, sendo que a sua maioria pertencia à Região Autónoma da Madeira (39,89%) e à Área Metropolitana de Lisboa (17,05%). Em relação à taxa de ocupação-cama e ao RevPAR em AL, Portugal também obteve uma performance positiva ao longo dos seis anos analisados, com destaque para a Área Metropolitana de Lisboa, região onde estes indicadores se mostram mais expressivos. Por sua vez, a procura turística revela um aumento contínuo e expressivo no número de hóspedes e dormidas em AL entre 2013 e 2018, destacando a predominância do mercado internacional no número de hóspedes e dormidas face ao mercado nacional. Os mercados emissores mais representativos foram Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, perfazendo quase 50% do número de hóspedes e dormidas do mercado internacional. Já a estada média no AL em Portugal foi um indicador que sofreu uma variação total negativa (-3,51%), com uma estada média de 2,36 noites em 2018. Ainda assim, o destaque vai para o mercado nacional que tem mostrado uma variação total positiva neste indicador, ao longo do período analisado (9,47%). Infelizmente, as estatísticas oficiais portuguesas (INE) não são representativas da realidade do AL, uma vez que estas apenas contabilizam unidades de alojamento com mais de dez camas (INE, 2014b), sendo que a maioria da oferta de ALs corresponde a estabelecimentos menores que dez

93 camas (Ramos & Almeida, 2016). Já no que concerne ao perfil do turista em AL, este demonstra ser maioritariamente do género feminino, detendo uma idade compreendida de 30 a 49 anos. Satisfeito com este tipo de alojamento, este turista tem mais probabilidade de ser acompanhado pela família e a reservar o seu alojamento via plataforma Booking.

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