• Nenhum resultado encontrado

Nesse item identificou-se o perfil empreendedor do suinocultor por meio de uma entrevista semiestrutura contendo 11 perguntas relacionadas a escolha do ramo suinícola, início da atividade, a busca de informações, dificuldades e surpresas durante esse processo, assim como visão atual do empreendimento sobre a ampliação e pontos a serem melhorados. A partir dessas perguntas teve-se o objetivo de caracterizar o perfil por meio do estudo realizado por McClelland (1972) na área de empreendedorismo com foco no comportamento empreendedor.

O Sr. Neumann de 61 anos de idade, casado, possui ensino fundamental incompleto, trabalhador desde muito jovem, sempre gostou de suínos, domiciliado no interior da cidade de Novo Machado - RS. Procurou incluir mais uma atividade em sua propriedade, considerando ela como a principal fonte geradora de renda à família. Por isso conforme mencionado, o início da atividade ocorreu no ano de 2008, sendo que em 2007 iniciou-se os primeiros encaminhamentos vinculados à licença da Fundação Estadual da Proteção Ambiental – FEPAM, estudo da posição do sol para a disposição dos pavilhões, a terraplanagem e a construção dos dois galpões.

Segundo Sr. Neumann a ideia de atuar na suinocultura surgiu pelo interesse de um grupo de pequenos agricultores do município que foram até o escritório municipal da EMATER/ASCAR - RS para que se buscasse uma empresa integradora para a região. A escolha pelo ramo, conforme destacou o suinocultor foi “porque achou que seria o futuro do pequeno agricultor”.

Para isso a busca pelo conhecimento nessa área de acordo com Sr. Neumann, se deu através de visitas organizadas pela EMATER/ASCAR - RS aos municípios de São Martinho e

Coronel Bicaco - RS, com intuito de conhecer granjas de terminação, compreender o seu sistema, a gestão do negócio, troca de ideias e o modelo da estrutura do pavilhão.

O objetivo inicial do agricultor era engordar 1000 suínos ou mais e para isso construiu os pavilhões com capacidade para abrigar 1200 animais mediante um contrato de parceria com a integradora Sadia de Três Passos - RS. Nessa parte o entrevistado complementou que os demais agricultores interessados não acreditavam que daria certo, pois o mesmo destacou que “davam risada, pois pensavam que não tinha condições para fazer”, ou seja, para ter uma granja desse porte. Devido a esses terem a mentalidade de começar pequeno com uma menor quantidade, por exemplo de 300, 400 a 500 suínos. Além do mais, o Sr. Neumann disse que na época dentre esse grupo com ele somavam três agricultores que construíram para abrigar 1000 a 1200 animais.

Em seguida perguntou-se qual foi valor do investimento naquela época e além disso, as origens do capital investido. O empreendedor destacou que foram financiados R$ 64.000,00 a uma taxa de juros de 7%, mais um empréstimo de R$ 22.000,00 adquirido junto a própria empresa Sadia sem incidência de juros, descontado a metade do valor a ser pago na entrega de dois lotes, e também foram utilizados R$ 22.000,00 de recurso próprio, o que totalizou um investimento de R$ 108.000,00 no ano de 2007.

Diante disso, a principal dificuldade relatada pelo entrevistado foram os dois primeiros anos a partir do início da atividade suinícola, devido ao pagamento da parcela do financiamento ao banco e o desconto do empréstimo nos dois primeiros lotes. E além do mais, houve um atraso antes do início das obras, no que diz respeito a terraplanagem realizada pela prefeitura, pois demorou sete meses para a conclusão, o que implicou posteriormente o vencimento das parcelas do banco com incidência de juros antes mesmo da entrega dos lotes.

Mas no entanto, teve surpresas naquele período após a decisão e atuação nos primeiros lotes da atividade, pois o agricultor destacou a rapidez no financiamento, onde não teve burocracias, o aval era a hipoteca de 12 ha, e não se precisou ir ao banco localizado em Chapecó/SC, devido a parceria com a empresa Sadia onde o representante da mesma trouxe o contrato para ser assinado, pois se tinha o interesse de expansão na região.

Para complementar, durante o desempenho de cada lote a Sadia dava incentivos para os suinocultores por meio de premiações com kits da empresa relacionados aos produtos de origem dos suínos, bem como utensílios como espetos para churrasco, facas, dentre outros. Também se tinham bonificações em dinheiro para auxílio na manutenção da granja e para

outros interesses do produtor. O Sr. Neumann ressaltou que recebeu R$ 50.000,00 em 2010 pela granja de melhor desempenho da região, esse valor foi a oportunidade de quitar o restante do valor do financiamento, sendo que tinham sido pagas duas de aproximadamente sete mil reais e além do mais, ganhou uma poupança de R$ 15.000,00 a ser retirada em cinco anos para incentivo ao estudo da filha em Medicina Veterinária para futuramente trabalhar na empresa, mas em 2012 houve transição para a empresa Alibem, por meio de um acordo entre as duas integradoras devido a proximidade das granjas com a planta industrial da fábrica de ração e do frigorífico de ambas.

Atualmente o entrevistado tem intenção de ampliar a capacidade da unidade de terminação para aumentar a renda da família, porém ele foca que existe maior burocracia no banco para o financiamento da atividade e também na questão ambiental para a liberação de ampliação por se tratar de um processo demorado. Contudo, o produtor cita medidas que poderiam auxiliar para a expansão da suinocultura, dentre elas seriam o maior interesse dos próprios bancos para simplificar o processo aos pequenos agricultores e além do mais, ampliação do programa de incentivo à suinocultura pela prefeitura municipal.

Dessa forma, pode-se verificar que o suinocultor possui características comportamentais empreendedoras porque buscou por uma oportunidade de expansão no meio rural, teve iniciativa e persistência de pôr em prática o que almejava, correndo riscos pelo investimento considerável e pelo porte da granja. Ademais, buscou informações, priorizou a qualidade e o desempenho por meio do comprometimento, mostrou autoconfiança em seguir nesse ramo, a rede de contatos foi importante nesse processo e principalmente a persistência que o Sr. Neumann demonstrou ao longo do período para ter eficiência na entrega de cada lote.

Portanto, conforme o exposto anteriormente evidenciam-se as características comportamentais de um empreendedor, segundo o estudo realizado por McClelland (1972), e comprova que um pequeno agricultor pode tornar-se um grande empreendedor quando se tem objetivos e gosta da atividade.

Documentos relacionados