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CAPÍTULO 04 O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) DA ESCOLA

4.2 Perfil socioeconômico dos sujeitos da pesquisa

4.2.1 O perfil dos membros do conselho escolar

A escolha desses sujeitos se deu decorrência de terem uma vivência maior com a escola pesquisada e por terem oportunidade de acompanhar a construção e implementação do

projeto político-pedagógico. Além disso, segundo o Estatuto da Unidade Executora da EMEIEF Mª Bernadete Montenegro (PREFEITURA..., 2013), no art. 15, p. 03, enfatiza que as eleições do Conselho Escolar serão realizadas a cada biênio, em reunião de cada segmento convocada para este fim. Portanto, os membros do conselho escolar têm toda uma trajetória de envolvimento direto com as tomadas de decisões no interior da escola. Por isso, optamos por esta quantidade de conselheiros, tendo em vista a participação dos mesmos no processo de construção e implementação do PPP.

Assim, o estatuto da referida escola em seu art. 3º, p. 01, aponta que o conselho escolar é definido como um órgão colegiado de natureza deliberativa, consultiva e fiscal, não tendo caráter político-partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remunerados dirigentes ou conselheiros. Conforme reza o art. 4º, p. 01, o conselho escolar tem por finalidade efetivar a gestão escolar, na forma de colegiado, promovendo a articulação entre os segmentos da comunidade escolar e os setores da escola, constituindo-se no órgão máximo de direção. Já o art. 5º, p. 01, do citado estatuto define como gestão escolar o processo que rege o funcionamento da escola, compreendendo tomada de decisão, planejamento, execução, acompanhamento e avaliação das questões administrativas e pedagógicas, efetivando o envolvimento da comunidade, no âmbito da unidade escolar, baseada na legislação em vigor e nas diretrizes pedagógicas administrativas fixadas pela Secretaria de Educação, Cultura e Desportos.

No que tange à constituição e representação, no art. 11, p. 02, o conselho escolar é constituído por membro nato e por membros representantes de todos os segmentos da comunidade escolar. No art. 12, p. 02, reza que o conselho escolar terá como membro nato o direto da unidade de ensino, em conformidade com a Lei nº 1059, de 12 de maio de 2011, que dispõe sobre o processo para provimento dos cargos de direção escolar. E no que toca aos demais membros, de acordo com o art. 13, p. 02, estes serão escolhidos entre seus pares, mediante processo eletivo. Desse modo, de acordo com o art. 14, p. 02, o conselho da EMEIEF Mª Bernadete Montenegro é constituído pelos seguintes conselheiros: a) um representante de professor, por turno de funcionamento; b) um representante do grupo ocupacional operacional, por turno de funcionamento; c) um representante de pais ou responsáveis de alunos, por turno de funcionamento; d) um aluno regularmente matriculado maior de 12 (doze) anos, por turno de funcionamento; e) e o membro nato (diretor da unidade de ensino).

Aos conselheiros cabe o desafio de constituir uma gestão democrática, contribuindo assim para a fundamentação do processo de construção de uma cidadania emancipadora, que

exige autonomia, participação, construção coletiva nos processos de decisão e posicionamentos críticos que embatem com ideias e procedimentos de hierarquia. Nesta direção, é fundamental que a escola tenha a sua “filosofia político-pedagógica norteadora”, a qual deve ser resultante de uma análise crítica da realidade, tanto nacional como local, mas que seja expressa em um projeto político-pedagógico, enfatizando sua realidade e dando condições de um acompanhamento onde se possam fazer avaliações contínuas por parte de todos os conselheiros da comunidade escolar. A esse respeito, o art. 34 do estatuto do conselho escolar, p. 05, em seus incisos I, II e XVII afirma que “são atribuições do conselho de escola: estabelecer e acompanhar o projeto político-pedagógico da escola; analisar e aprovar o Plano Anual da escola, com base no projeto político-pedagógico da mesma; acompanhar a atuação das instituições auxiliares visando ao desenvolvimento de um trabalho integrado e coerente com o projeto político-pedagógico da escola, propondo, se necessário, alterações nos seus Estatutos, ouvindo o segmento a que diz respeito”.

Vale salientar que, além da comunidade escolar, como rege o estatuto da escola onde realizamos a pesquisa, também devem fazer parte do conselho escolar representantes de entidades e/ou organizações da sociedade civil, por exemplo, presidente da associação dos moradores da comunidade, de times de futebol entre outros, conforme explicita a LDB (Lei nº 9394/96, art. 14, II).

Partindo desta ótica, para que a escola possa experienciar uma gestão participativa também está previsto no art. 17 da LDB, que “os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”.

Desse modo, assim como o Conselho Escolar, o PPP também tem leis para assegurá- lo. Na LDB, o Artigo 12 dispõe: “Os estabelecimentos de ensino [...] terão incumbência de: (Inciso I:) elaborar e executar sua proposta pedagógica”. Também no Artigo 13 das incumbências dos docentes, no Inciso I lê-se: “participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino”; e no Inciso II lê-se: “elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino”.

Assim, segundo Sousa (2012) o processo de construção do projeto político-pedagógico pode contribuir, portanto, para a constituição das identidades dos sujeitos, nas dimensões sociais, éticas e políticas, em uma perspectiva crítica. Porém, destacamos que isso só será possível se todo o processo for um instrumento de organização dos sujeitos que compõem a

comunidade escolar, e não um documento burocrático que ficará engavetado, sem utilidades práticas para a vida escolar, apenas para demonstrar formalidade.

Mediante as amostras selecionadas aleatoriamente veremos a seguir as tabelas que demonstram o perfil dos sujeitos do conselho escolar, situando-os no processo da construção e implementação do PPP. Neste sentido, demonstramos os sujeitos do conselho escolar de acordo com o sexo conforme podemos ver na tabela abaixo.

Tabela 01 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo sexo

SEXO QUANT. (Nº) PERC. (%)

Sexo masculino 02 20%

Sexo feminino 08 80%

TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Assim, nossa pesquisa revelou que 80% dos membros entrevistados do conselho escolar são mulheres, enquanto 20% são homens. A partir deste perfil podemos perceber a presença marcante das mulheres, pois são elas que estão mais presentes na escola, já que as mesmas geralmente assumem as responsabilidades da educação dos filhos, haja vista que a maioria dos pais trabalha na agricultura, seja como cortadores de cana-de-açúcar ou em outras atividades relacionadas à mesma, não dispondo de tempo para frequentar a escola. E mesmo o censo do IBGE realizado em 2010, relativo ao distrito de Renascença demonstra que 52.7% são homens e que apenas 47.3% são mulheres; a participação das mulheres é relevante devido à ausência dos homens ocupados no trabalho.

A seguir, mostramos os sujeitos do conselho escolar de acordo com o estado civil, conforme podemos visualizar na tabela abaixo.

Tabela 02 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo o estado civil

ESTADO CIVIL QUANT. (Nº) PERC. (%)

Casados (as) 05 50%

Solteiros (as) 05 50%

TOTAL 10 100%

Desse modo, a pesquisa mostrou que 50% dos sujeitos entrevistados são casados e 50% são solteiros. Porém, temos conhecimento de que dos 50% dos solteiros 20% têm um relacionamento conjugal que não é oficializado civilmente. A partir das observações podemos perceber que isso se dá devido ao senso comum que reina na comunidade, de que o casamento é o bem viver. Na tabela abaixo apresentamos os membros do conselho entrevistados de acordo com a faixa etária.

Tabela 03 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo a faixa etária

IDADE QUANT. (Nº) PERC. (%)

15 – 20 01 10% 21 – 25 01 10% 26 – 30 01 10% 31 – 35 02 20% 36 – 40 02 20% 41 – 45 02 20% 46 – 50 - - 51 – 55 01 10% TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Quanto à faixa etária, a tabela 03 evidencia que 20% encontram-se entre 31 e 35 anos de idade; 20% entre 36 e 40 anos; 20% entre 41 e 45 anos; 10% entre 15 e 20 anos; 10% entre 21 e 25 anos; 10% entre 26 e 30 anos; e 10% entre 51 e 55 anos. No que se refere ao nível de formação dos membros do conselho entrevistados, vejamos a tabela 04.

Tabela 04 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo o nível de formação

NIVEL DE FORMAÇÂO QUANT. (Nº) PERC. (%)

Ensino fundamental I incompleto 01 10%

Ensino fundamental II completo - -

Ensino médio incompleto - -

Ensino médio completo 01 10%

Ensino médio normal 01 10%

Graduação 07 70%

Pós-graduação - -

TOTAL 10 100%

A tabela acima revela que 70% dos membros do conselho entrevistados possuem graduação completa, o que demonstra a preocupação de elevar o nível profissional; 10% tem o ensino médio normal completo; 10% tem o ensino médio completo; e 10% tem o ensino fundamental II incompleto.

Mas, destacamos ainda que dos 70% que possuem graduação 50% dos mesmos são professores; 10% são pais de alunos; e 10% do grupo ocupacional operacional. Mesmo assim, podemos observar que a maioria dos que representam os pares da comunidade escolar tem de certa forma um bom nível de formação.

Na tabela 05 vejamos quantos dos entrevistados participam de formação continuada ou algum curso na área de educação do campo.

Tabela 05 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo a formação continuada ou algum curso na área de educação do campo

FORMAÇÃO CONTINUADA OU CURSO EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

QUANT. (Nº) PERC. (%)

Sim 01 10%

Não 09 90%

TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Observamos que 90% dos sujeitos entrevistados não participam de formação continuada ou algum curso na área de educação do campo. Isso é muito preocupante, haja vista que a escola ora pesquisada está situada no campo e se a maioria desses sujeitos estivesse participando de alguma formação continuada ou curso de educação do campo, com certeza haveria uma melhor contribuição na construção do projeto político-pedagógico. Pois, como já mencionamos anteriormente, segundo Álvarez (2004), na escola do campo o corpo docente se isola. Não há um compartilhamento de experiências, responsabilidades e soluções. Isso não significa dizer que na escola urbana tudo está às mil maravilhas. Não. É que na escola do campo não há muita socialização da troca de experiência, momentos de discussões e avaliação do trabalho pedagógico. Porém, evidenciamos que apenas 10% participam de formação continuada ou curso em educação do campo. Sabemos que o percentual é pequeno, mas é significativo para que a escola possa contar com a sua contribuição na construção do seu PPP.

Vejamos, então, na tabela 06, a distribuição dos cargos ocupados pelos atuais membros do conselho escolar.

Tabela 06 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo as formas como estão inseridos na escola em que ocorreu a pesquisa

DENOMINAÇÕES DOS ATUAIS CARGOS DOS MEMBROS DO CONSELHO QUANT. (Nº) PERC. (%) Gestor escolar 01 10% Presidente 01 10% Vice-Presidente 01 10% Secretária 01 10% Tesoureira 01 10%

Representante dos professores 01 10%

Representante dos funcionários 01 10%

Representante dos pais 02 20%

Representante dos alunos 01 10%

TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Conforme a tabela 06, apenas 20% dos atuais cargos são ocupados pelos pais; 10% pelo gestor da escola, que é membro nato do respectivo conselho de acordo com o estatuto da unidade executora da escola pesquisada; 10% pelo presidente do conselho; 10% pelo vice- presidente; 10% pela secretária; 10% pela tesoureira; 10% pelo representante dos professores; 10% pelo representante dos funcionários e 10% pelo representante dos alunos.

Com a finalidade de conhecer quanto tempo faz que os membros do conselho estão inseridos na instituição vejamos a tabela 07.

Tabela 07 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo o tempo de atuação na instituição

TEMPO DE ATUAÇÃO NA INTITUIÇÃO QUANT. (Nº) PERC. (%)

De 01 a 05 anos 04 40% De 06 a 10 anos 02 20% De 11 a 15 anos 02 20% De 16 a 20 anos 01 10% De 21 a 25 anos - - De 26 a 30 anos 01 10% TOTAL 10 100%

A partir da tabela acima constatamos que 40% dos membros do conselho entrevistados atuam na instituição entre 01 e 05 anos; 20% atuam entre 06 e 10 anos; 20% atuam entre 11 e 15 anos; 10% atuam entre 16 e 20 anos; e 10% entre 26 e 30 anos.

Observemos na tabela 08 o município onde residem os membros do conselho escolar entrevistados.

Tabela 08 - Distribuição dos membros do conselho entrevistados segundo o município em que reside

RESIDE NO MESMO MUNICIPIO QUANT. (Nº) PERC. (%)

Sim 10 100%

Não -

TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Com base na tabela acima afirmamos que 100% dos membros do conselho residem no mesmo município da escola.

Na tabela 09, a seguir, os membros do conselho revelam dados a respeito do nível de ensino em que atuam. Mas, chamamos a atenção para falar que os que não atuam compreendem os pais de alunos, o pessoal do grupo ocupacional operacional e o representante dos alunos. Porém, mesmo não atuando em algum nível de ensino os mesmos se envolveram de modo direto ou indiretamente na construção do PPP da escola. Por isso, evidenciamos que a contribuição de cada um deles é de grande importância na realização da pesquisa.

Tabela 09 - Distribuição dos membros do conselho segundo o nível de ensino em que atua

NIVEL DO ENSINO EM QUE ATUA QUANT. (Nº) PERC. (%)

Educação Infantil - -

Ensino Fundamental I 04 40%

Educação de Jovens e Adultos – EJA 01 10%

Que não atua 05 50%

TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Dessa maneira, conforme demonstra a tabela 09, 50% dos membros entrevistados não atuam em nenhum nível de ensino; 40% dos membros atuam no Ensino Fundamental I; e 10% atuam na Educação de Jovens e Adultos.

Vejamos na tabela 10, o tempo de atuação no magistério dos membros do conselho entrevistados, não na instituição, mas no decorrer da vida profissional de cada um deles.

Tabela 10 - Distribuição dos membros do conselho segundo o tempo de atuação no magistério

TEMPO DE ATUAÇÃO NO MAGISTÉRIO QUANT. (Nº) PERC. (%)

Menos de 05 anos 01 10% De 05 a 10 anos 01 10% De 10 a 15 anos - - Mais de 15 anos 03 30% Não atua 05 50% TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Considerando a tabela 10, observamos que 50% dos membros entrevistados não atuam, pois, como mencionamos anteriormente, compreendem os pais de alunos, o pessoal do grupo ocupacional operacional e o representante dos alunos; 30% atuam há mais de 15 (quinze) anos; 10% atuam entre 05 (cinco) há 10 (dez) anos; e 10% atuam há menos de 05 (cinco) anos.

A seguir, vejamos na tabela 11, o vínculo empregatício com a instituição dos membros do conselho entrevistados, lembrando que os que não têm correspondem aos pais de alunos e ao representante dos alunos, mas que têm vínculo de compromisso com a escola. Dessa forma, reconhecemos que todos têm relevância na construção do PPP da escola pesquisada.

Tabela 11 - Distribuição dos membros do conselho segundo o vínculo empregatício com a instituição TIPO DE VINCULO EMPREGATICIO DOS

ENTREVISTADOS QUANT. (Nº) PERC. (%) Concurso público 04 40% Prestação de serviço 03 30% Não tem 03 30% TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Então, percebemos que 40% são concursados; 30% são prestadores de serviço; e 30% não têm nenhum vínculo empregatício. Assim, notamos que a maioria dos sujeitos da

pesquisa é efetiva na instituição dando condições para que os mesmos possam ter maior entrosamento no seio da comunidade escolar.

Na tabela 12 estão expostos os dados acerca da remuneração dos membros do conselho.

Tabela 12 - Distribuição dos membros do conselho segundo a remuneração

REMUNERAÇÃO DOS ENTREVISTADOS QUANT. (Nº) PERC. (%)

De 01 a 02 salários mínimos 08 80% De 02 a 03 salários mínimos 01 10% De 03 a 04 salários mínimos - - De 04 a 05 salários mínimos - - Não recebem 01 10% TOTAL 10 100%

Fonte: Primária (João Pessoa, 2014).

Observemos que 80% dos membros entrevistados recebem de 01 a 02 salários mínimos; 10% recebem de 02 a 03 salários mínimos; e 10% não recebem; isto porque esse percentual corresponde ao representante dos alunos. Vale ressaltar que atualmente o salário mínimo em vigor é de R$ 724,00 (Setecentos e vinte e quatro reais).