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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 196 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5.2 QUEM É O USUÁRIO DO PORTAL?

5.2.2 Perfil socioeconômico

Quanto ao perfil dos respondentes, 41% são servidores ou empregados públicos, constituindo a ocupação dominante dos respondentes. A segunda maior categoria corresponde à de estudantes, com 14%, seguida de assalariados do setor privado, com 11%. Um destaque foi o baixo percentual de respondentes cuja ocupação atual está relacionada às atividades que possuem ligação com participação e controle social, que é a de ―empregado de organização da sociedade civil / trabalho voluntário / ativista social‖, totalizando apenas 3,4% dos respondentes.

Dado que a categoria dominante é a de servidores/empregados públicos, o próximo gráfico traz alguns detalhamentos sobre essa ocupação. Ele mostra a sua proporção por esfera de governo, de maneira que os servidores/empregados federais correspondem à maioria (57%), mas existe uma proporção razoável (25%) de servidores municipais.

Gráfico 9 – Proporção de servidores/empregados públicos por esfera

Fonte: Pesquisa de Avaliação do Portal da Transparência (2014)

Complementarmente, dos respondentes que se identificaram como servidores/empregados públicos, se o critério for o de Poder, a grande maioria é do Poder Executivo, correspondendo a quase 90%. Dado que o principal objetivo do Portal é fornecer transparência aos gastos do Poder Executivo Federal, espera-se que a maioria dos usuários servidores sejam mesmo os do Poder Executivo.

Dentre os servidores do Poder Executivo, 51% dos servidores/empregados são da esfera federal, enquanto que 35% deles são do Executivo Estadual e Municipal.

57 25 15 3 Federal (57%) Municipal (25%) Estadual (15%) Não respondeu / Sem detalhamento (3%)

Esses dados corroboram esse entendimento de que os servidores do Executivo são os que mais acessam o Portal. No caso do Executivo estadual e municipal, o maior interesse pode recair nas transferências para estados e municípios. Já no caso dos servidores federais, a amplitude de interesses pode ser um pouco maior, já que o leque de informações sobre gastos federais é bem mais ampla.

Quanto ao gênero, grande parte dos respondentes é formada por respondentes do gênero masculino (61%), enquanto que as mulheres correspondem à cerca de 35%.

A respeito da escolaridade, existe uma alta proporção de respondentes (70%) que possuem ensino superior completo, incluindo os que possuem pós-graduação (lato ou strictu sensu). Se somarmos os que possuem ensino superior incompleto, esse percentual sobre para quase 85%. Os que possuem ensino médio, completo ou incompleto, somam apenas cerca de 10%.

Quanto ao critério de renda individual bruta mensal, o gráfico 10 ilustra a proporção das faixas de renda dos respondentes desta pergunta.

Gráfico 10 – Proporção das faixas de renda individual bruta mensal dos respondentes5

Fonte: Pesquisa de Avaliação do Portal da Transparência (2014)

Segundo os dados do gráfico, se considerarmos que uma renda baixa corresponde a salários menores que 680 reais (1 salário mínimo6), que a renda média

5 Pergunta: ―Qual é a sua renda individual bruta mensal?‖

6 O valor do salário mínimo adotado neste trabalho é o de 2013, que corresponde a R$ 680,00.

7 6 1 3 11 23 27 8 14 0 5 10 15 20 25 30

Não possuo renda própria Prefiro não responder Não respondeu Até R$ 680 De R$ 681 a R$ 1.360 De R$ 1.361 a R$ 3.400 De R$ 3.401 a R$ 8.600 De R$ 8.601 a R$ 12.900 Mais de R$ 12.900

Proporção (%) das faixas de renda

Faix as d e ren d a in d iv id u al (em R $ )

engloba as faixas de 681 a 1.360 reais (1 a 2 SM) e 1.361 a 3.400 reais (2 a 5 SM) e renda alta as superiores a 3.401 reais (5 ou mais SM), temos que quase metade dos respondentes (49%) possuem alta renda. Os de renda média correspondem a pouco mais de 30%.

Ao cruzarmos essas faixas de renda com as ocupações dos respondentes, encontramos que os extremos possuem perfis bem definidos. Dentre os que recebem até 680 reais, 66% dos integrantes dessa faixa de renda são estudantes. Já dentre aqueles que recebem mais de R$ 12.900,00, 70% são servidores/empregados públicos. Para as demais faixas de renda, a maior proporção é também de empregados/servidores públicos, porém com um percentual menor. A respeito da idade, o gráfico 11 ilustra as faixas de idade dos respondentes.

Gráfico 11 – Proporção das faixas de idade dos respondentes7

Fonte: Pesquisa de Avaliação do Portal da Transparência (2014)

A faixa de idade com a maior proporção de respondentes é a de 25 a 34 anos, correspondendo a 35% do total. Se agruparmos essa faixa com a seguinte, encontramos que mais da metade dos respondentes (57%) estão na faixa de 25 a 44 anos. É interessante notar o relativo baixo uso do Portal pela população jovem, de até 24 anos (apenas 12%). De toda maneira, a média de idade dos respondentes é de 38 anos e a mediana, de 35 anos.

7 Pergunta: ―Qual a sua idade?‖

12 35 21 23 7 2 0 5 10 15 20 25 30 35 40 de 15 a 24 de 25 a 34 de 35 a 44 de 45 a 59 60 ou mais Não respondeu P ro p o rç ão (% )

Sendo assim, de acordo com as informações apresentadas nesta seção, podemos estabelecer um resumo desses achados a respeito do perfil dos respondentes:

 41% são servidores/empregados públicos, 14% são estudantes e 11% assalariados do setor privado;

 Dentre os servidores/empregados públicos, 57% são da esfera federal e quase 90% trabalham no Poder Executivo;

 61% são homens;

70% possuem ensino superior completo e/ou pós-graduação (lato e strictu

sensu);

 Quase 50% possuem alta renda (superior a 3.401 reais ou 5 ou mais SM) e;

 57% possuem de 25 a 44 anos, sendo que a média de idade é de 38 anos e a mediana, 35.

De acordo com esses dados, pode-se concluir que o perfil dos respondentes se aproxima com o da segunda corrente a respeito da participação digital e democracia eletrônica. Isso quer dizer que o perfil dos respondentes espelha o perfil daqueles que já participam tradicionalmente (off-line). A internet, nesse caso, tem apenas reforçado o comportamento e a participação dos cidadãos já politicamente engajados, visto que o perfil encontrado é de respondentes de alta renda e escolaridade, ou seja, que já são incluídos digitalmente. Esse entendimento se aproxima também do modelo da centralidade da participação política. Sobre ele, Avelar (2007, p. 270) afirma que:

(...) a participação na política seria apenas mais um atributo dos indivíduos de maior centralidade, aqueles com maiores recursos materiais (dinheiro) e simbólicos (prestígio, educação), essências do arsenal de vantagens sociais e psicológicas que proveem um capital de autoconfiança aos indivíduos (...).

Por outro lado, conforme apresentado nos pressupostos teóricos, a terceira corrente que trata de participação digital considera que a internet teria condições de mobilizar aqueles que estão fora do debate e do engajamento político. Uma das maneiras de identificar essa tendência é a maior presença dos jovens na rede (BORGE; CARDENAL, 2011) (QUINTELIER; VISSERS, 2008) (FRASER; DUTTRA; 2008). Essa presença, porém, não foi confirmada, visto que os jovens respondem por apenas 11,8%, o que corrobora a ideia de que o perfil dos respondentes é similar ao perfil do cidadão que já participam da política.