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5 PROFESSORES DE PESSOAS ENCARCERADAS: formação e desafios

5.2 Perfil dos sujeitos pesquisados

Destacamos a seguir o perfil dos sujeitos entrevistados que compõem o quadro de professores que atuam na EJA da unidade escolar na Penitenciária, conforme apresentação na Tabela 2.

Tabela 2 – Perfil dos sujeitos pesquisados que compõe o quadro da escola, 2017

Função Sexo Graduação Titulação

M F L ic en ci at ur a B ac ha re la do E sp ec ia li za çã o Me st ra do D ou to ra do Diretor 1 - 1 - - 1 - Professor 5 4 8 1 4 - -

Fonte: Elaboração da própria autora.

De acordo com a Tabela 2 podemos observar que nove professores possuem Licenciatura, ou seja: a maior parte dos entrevistados apenas um possui bacharelado. Quanto ao nível de qualificação, dos dez sujeitos pesquisados, quatro são Especialistas e um possui o título do Mestre, totalizando cinco professores que possuem formação continuada, representando um percentual de 50% da pesquisa. Comenta-se que possuir apenas a Especialização é comum para aqueles que atuam no ensino fundamental, conforme podemos visualizar com base no resultado das entrevistas que expõe apenas um professor com o título de Mestre. O que chama atenção é que o número de docentes com formação continuada não é

suficiente, considerando-se que os outros cinco não participaram de nenhum tipo de formação. Esse perfil é algo a refletir, tendo em vista que o ensino no ambiente prisional requer formação qualificada somada a experiência profissional que lhe possibilita apropriar-se de conhecimentos para um bom desenvolvimento do ensino.

Gadotti (1993, p. 122) reforça esse entendimento ao analisar, de forma geral, a formação docente para o sistema prisional.

Os professores que trabalham na Educação de Jovens e Adultos, em quase sua totalidade, não estão preparados para atuarem no campo específico dessa modalidade de ensino. Em geral, são professores leigos ou pertencentes ao próprio corpo docente do ensino regular. Na formação de professores não se tem observado uma preocupação referente ao campo específico da Educação de Jovens e Adultos.

Outro aspecto observado nesse perfil está relacionado ao sexo dos entrevistados. Consta na pesquisa que seis dos sujeitos investigados identificaram-se pertencentes ao sexo masculino. Dessa forma, foi possível analisar que a maior parte dos professores que exerce a docência na escola pesquisada do sistema penitenciário maranhense é do sexo masculino.

A respeito desse item, em uma pesquisa intitulada O exercício da docência entre as grades: reflexões sobre a prática de educadores do sistema prisional do Estado de São Paulo da pesquisadora Menotti (2013, p. 68), do total de seis professores entrevistados que ensinam na prisão, todos responderam ser do sexo masculino.

Entendemos que durante décadas a sociedade brasileira incutiu a ideia de que a docência era a profissão da mulher, no entanto, nesses últimos tempos temos observado pesquisas que dissociam a profissão educacional da categoria representada apenas pelas mulheres.

Amâncio (1989, p. 15) aponta ordem de natureza cultural para argumentar o vínculo da profissão docente à figura da mulher, para o autor a discriminação ocorreu devido a “[...] forma de pensamento social que diferencia valorativamente os modelos de pessoa masculina e feminina e as funções sociais dos dois sexos na sociedade”. Da mesma forma, Pincinato (2004) assevera que as dificuldades enfrentadas pelos homens no magistério na cidade de São Paulo foram devido à atribuição das características femininas à ocupação docente, a baixa remuneração e a falta de competência para desenvolver outras profissões eram considerações inerentes ao sexo feminino não ao masculino. Segundo o autor, “[...] tais representações se confrontam, deste modo, com o conjunto de atitudes geralmente atribuídas aos homens, como ser poderoso, corajoso e obter sucesso e reconhecimento” (PINCINATO, 2004, p. 7).

Entretanto, devido ao processo de regulamentação que o curso de formação de professores experimentou nessa última década, a insistência de segmentos da sociedade em formatar imagens vinculadas à docência está desarticulada. Tanto que prevalece o perfil masculino em determinadas profissões, anteriormente direcionadas à categoria feminina e vice-versa, como, por exemplo, no resultado desta pesquisa em que a maior parte dos entrevistados que atua na sala de aula é do sexo masculino.

A seguir, esboçamos a formação dos sujeitos entrevistados, conforme ilustra o Gráfico 3.

Gráfico 3 – Formação escolar dos sujeitos entrevistados, 2017

Fonte: Elaboração da própria autora

A pesquisa expõe que a maior parte dos sujeitos entrevistados é formado em Pedagogia, ou seja: 5 são Pedagogos, um em Letras, um em Agronomia, um em Filosofia, um em Biologia e um em Matemática. Isso caracteriza que 50% dos professores possuem uma formação teórica que permite melhor articulação no trabalho pedagógico o que contribui para o desenvolvimento da prática docente. Desse modo, embora já discorrido no trabalho, é importante lembrar a importância do curso de Pedagogia na história da formação de professores no Brasil, no que se refere à construção da identidade do Pedagogo e a abrangência de suas competências, por sua vez, no contexto prisional, necessário para o processo educativo nas séries iniciais dos alunos em detenção.

Saviani (2004, p. 123) chama atenção para a percepção reduzida, que se teve durante muito tempo da Pedagogia, concebida como “[...] uma ciência profissional pragmática do professor, mera transmissora de conhecimentos para o domínio das aptidões técnicas e artesanais da orientação do ensino”.

Letras Agronomia Pedagogia Filosofia Biologia Matemática

0 1 2 3 4 5 6

Ribeiro (1999, p. 02) contribui no sentido de refletir sobre a formação teórica para o ensino da EJA, o que: “[...] implicaria a existência de um conjunto de práticas e saberes minimamente articulados em torno de princípios, objetivos ou outros elementos comuns”.

Seguindo, quanto à instituição formadora, a pesquisa detectou que grande parte dos sujeitos cursou o ensino superior na rede pública, de forma que um entrevistado é proveniente da rede particular, enquanto os nove sujeitos da pesquisa são da rede pública e entre estes a maioria foi graduada pela Universidade Estadual do Maranhão, conforme aponta o Gráfico 4.

Gráfico 4 – Instituição de conclusão do curso superior, 2017

Fonte: Elaboração da própria autora

Em síntese; os sujeitos entrevistados apresentam o seguinte perfil: nove são licenciados, sendo 50% Pedagogos; um é graduado; quatro são especialistas, um é Mestre; nove professores realizaram o ensino superior na rede pública, um na rede particular e seis são do sexo masculino.