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1.2.5 Agentes Técnicos

1.2.5.1 Peritos de arte

Complementando o que já foi dito sobre peritagem, apresentamos os peritos. São os agentes técnicos que executam peritagens de obras de arte, ou seja, o seu papel é estudar um bem de forma a descobrir a ‘verdade’ sobre ele. Como já dissemos, esta descoberta da ‘verdade’ consiste numa análise física do bem - em que, a par da compreensão das suas características físicas, o perito deve verificar a existência de restauros e a veracidade da peça -, que avançará para uma pesquisa histórica e, se necessário, científica, de forma a descobrir todo o seu percurso, com principal incidência sobre a autoria, a época e local de produção. Assim, compreendemos como os peritos têm um papel tão importante no mercado de arte pois, sem

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eles, não se pode dar a circulação de bens culturais sem a devida certeza do seu valor histórico e cultural. São, portanto, agentes com um elevado nível de conhecimento cultural e artístico que desempenham a importante função de confirmar a veracidade dos bens que circulam no mercado.

Em Portugal, tal como na esmagadora maioria dos países, não há uma entidade oficial que reconheça os peritos como tal. É o mercado de arte e os seus agentes que o identificam em função da sua competência, experiência e reconhecimento - que deve ser público - no próprio mercado (Moncada, no prelo: 62). Desta forma, o perito deverá estar em constante contacto com os agentes do mercado - e acompanhar os estudos que este produz -, pois será o passa-a- palavra a ferramenta mais poderosa de que dispõem40 - por isso, grande parte dos peritos prestam serviços às leiloeiras e aos mais relevantes comerciantes (Moncada, no prelo: 91). Desta forma, o perito deve estar devidamente identificado em cada relatório que executa de forma a ser devidamente responsabilizado por qualquer falha que cometa. Em todos os casos, o perito deve adotar uma atitude profissional tanto na análise do bem e elaboração do relatório, como na transmissão da sua conclusão aos proprietários - o perito deve sempre alertar para a importância de ver o bem ao vivo sob pena de executar uma peritagem incompleta e este pormenor deve ser incluído no relatório. Ao mesmo tempo, estes profissionais devem dar a entender que não pretendem desacreditar os proprietários de bens, antes descobrir a verdade sobre o seu património que pode ser ainda mais valioso do que o esperado; é claro que estas situações nem sempre se verificam e, às vezes, o perito encontra-se na “muito ingrata posição, (…) quando tem de informar o proprietário de uma obra de arte

que o seu bem, herdado ou adquirido, não é aquilo que ele sempre pensou ser.” (Moncada,

no prelo: 64) Estes acontecimentos tem como sequela a pouca vontade que muitas pessoas revelam quando os peritos têm de analisar os seus bens (Moncada, no prelo: 64).

Em suma, os peritos são os agentes técnicos do mercado de arte especializados na identificação de obras de arte e, devido ao elevado grau de conhecimento que tal tarefa exige, geralmente assumem áreas de profissionalização dentro das várias vertentes da produção cultural. Normalmente começam por desempenhar outras tarefas no mercado de arte - professores, investigadores, colecionadores, antiquários, leiloeiros, conservadores- restauradores, etc. - até chegarem à ‘classificação’ de peritos que lhes é conferida pelos outros agentes do mercado, como forma de reconhecimento da sua erudição e experiência. Neste

40 “(…) não é perito quem quer mas, apenas, aqueles que o Mercado reconheça como tal, chamando-os regularmente a emitir parecer sobre problemas e dúvidas que surgem na identificação de obras de arte ligadas às matérias da sua especialidade, dando crédito às suas respostas e seguindo as suas opiniões.” (Moncada, no

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nível, estes profissionais do mercado de arte devem reconhecer a importância da sua opinião e agir de acordo com as normas éticas que regem a sua função.

1.2.5.2 Avaliadores

De seguida, apresentamos os avaliadores. Dependendo de uma prévia peritagem, para poderem conhecer a ‘verdade’ sobre o bem, os avaliadores têm como objetivo estabelecer o valor do bem. Para isso, devem ter uma grande proximidade do mercado e manterem-se a par dos valores que constantemente nele se praticam. À semelhança dos peritos, o resultado da sua intervenção será um relatório, neste caso de avaliação, no qual estarão especificadas as características do bem determinadas pelo perito, tendo como conclusão a atribuição de um valor monetário. Os avaliadores são contratados por diversos motivos: efeitos de partilha (devido a morte, divórcio, etc.), venda, conhecimento de ativos, entrega de bens em pagamento e, claro - o que mais nos diz respeito -, seguros (Moncada, no prelo: 71).

É importante notar que, os avaliadores, tal como os peritos, são reconhecidos enquanto profissionais para executar este tipo de funções, pelos vários agentes do mercado, não havendo uma entidade oficial que os reconheça como aptos para realizar avaliações (Ver Anexo 6). E, à semelhança dos peritos, o avaliador pode-se deparar com opiniões adversas por parte do proprietário de um bem, pondo a sua avaliação em causa (Moncada, no prelo: 92). “Tal ideia do proprietário provém, frequentemente, de buscas que ele próprio realizou,

outras vezes provém de opiniões emitidas por terceiros, amadores, que acreditam ter ideia do valor dos bens.” (Moncada, no prelo: 76) Desta forma, os avaliadores deverão manter fortes

contactos com os outros agentes do mercado de arte - ou trabalhar em empresas reconhecidas deste sector - de maneira a prosperar o reconhecimento da sua atividade. Fernando Santos (Ver Anexo 6) refere a necessidade de organização entre os avaliadores, de forma a estar autorizado a efetuar avaliações quem tem reconhecidas capacidades para tal e serem responsabilizados por qualquer erro na atribuição do valor.