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E quanto aos negociantes (Art Dealers)?

Definição de Conceitos Básicos

Pergunta 3 E quanto aos negociantes (Art Dealers)?

GB - Para os negociantes (Art Dealers) só seguramos um espólio acima de meio milhão de euros.

Pergunta 4 – Num dos vossos panfletos vem a falar dos seguros de exposições, onde declara que asseguram exposições permanentes. E exposições temporárias também asseguram? GB – Sim, seguramos. Bastantes, aliás.

Pergunta 5 – Na vossa apólice sobre seguros de arte, na cláusula ‘Cobertura Adicional’, declara que vocês autorizam “ (…) um aumento de até 15% no total do valor seguro relativo a obras de arte, por forma a cobrir quaisquer objetos que sejam adquiridos durante o período do seguro”. Nas apólices ‘internacionais’ da Hiscox, cobram até um aumento de 25%. Porquê estes valores e, tendo em conta a dimensão do mercado nacional, não fazia mais sentido que fossem inversos, ou seja, 25% para o mercado nacional e 15% para o mercado internacional? GB – Em média sim, porque as pessoas em Portugal colecionam essencialmente arte portuguesa e a arte portuguesa não atinge, infelizmente, valores estratosféricos, que atinge a dos outros países; temos aqui os vizinhos espanhóis que têm Picasso, Miró, Dali, etc. Isto tem principalmente a ver com razões de concorrência; há uma dificuldade, às vezes, quase de posicionamento. Para já não tem muito a ver com a lógica só da coleção, tem a ver também com as lógicas do mercado. Mas consigo explicar facilmente: nós temos uma apólice que

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garante muito mais que as apólices de multi-riscos normais e, a certa altura, tornamos a diferença tão grande em termos de cobertura, que nos obriga a ser muito mais caros do que os seguros normais e depois as pessoas não compram apesar de terem uma apólice muito normal. Portanto, o que se faz é um compromisso entre a solução ideal e o que é vendável.

Pergunta 6 – Então, isto é uma comparação com os seguros multi-riscos, não propriamente com os de arte - com os poucos que há em Portugal?

GB – Em Portugal não há grande concorrência. Para além de nós existe a AXA Art, mas que cá tem tido uma presença muito reduzida portanto, na prática, a nossa comparação é quase sempre com apólices multi-riscos. Se nós enchermos a apólice com imensa cobertura, isto obriga-nos a cobrar mais 30% ou 50% do que os seguros normais e, por muito que a apólice seja melhor, depois ninguém compra. Temos que arranjar um meio-termo. Em relação a esses 15%, o cliente depois que venha falar connosco. Essa é uma das bandeiras da nossa atividade: somos muito flexíveis e desenhamos soluções caso a caso. Portanto, uma coisa é o esqueleto da apólice, como ela está pré-definida, outra coisa são os pedidos dos clientes. Se vier um cliente ter connosco e disser que a solução não lhe serve, que em vez de 15%, quer 25%, 30% ou 40%, desde que haja uma razão razoável, nós podemos mexer nesses limites.

Pergunta 7 – No Compromisso de Indemnização da mesma apólice diz o seguinte “Nós orgulhamo-nos de oferecer um serviço célere, eficiente e útil. Se não pagarmos o seu sinistro nos dez dias úteis posteriores à sua aceitação da proposta de indemnização, devidamente assinada, nós pagaremos juros à taxa de base do seu banco. Esta situação só se verificará, porém, se o pagamento do seu prémio estiver em dia e a indemnização for superior a € 4.000”. Porquê € 4.000 e o que é que acontece se o valor for inferior a este montante?

GB – Nós pagamos sempre rápido. Isto é, nós assumimos um compromisso financeiro de liquidar a indemnização rápido. Não sei explicar a razão lógica de serem € 4.000 ou € 5.000 ou € 3.000. Acho que o sentido disso é: se for uma indemnização pequena, os juros seriam um montante tão pequeno, que seria irrisório. Imagine que era uma indemnização de € 500; não fazia sentido estarmos a pagar os juros. Só tem peso nas indemnizações grandes.

Outra coisa que lhe posso dizer, que nós fazemos, é: para todos os clientes que têm um sinistro connosco, nós mandamos um questionário de satisfação e um dos itens da resposta é a velocidade do pagamento. A média das respostas é-nos altamente favorável.

Pergunta 8 – Há um item que não vem definido na vossa apólice, que é o seguinte: como estabelecem o prémio, ou seja, como definem o valor do recheio e, a partir daí, o prémio? GB – O valor do recheio é um tema complicado e tem de partir dos clientes por dois motivos: um dos motivos é que nós temos quase um conflito de interesses; se formos nós a decidir

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quanto é que nós vamos pagar em caso de sinistro, nós somos parte interessada. Portanto, imagine que quer segurar determinado quadro que acha que vale € 50.000. E nós discordamos; achamos que vale € 40.000. Depois dá-se um sinistro e nós indemnizamos no valor de € 40.000. Mas, entretanto, descobre-se que a nossa opinião era errada e a peça valia mesmo € 50.000... Isto é um cocktail explosivo e, assim, há muito potencial para as coisas correrem mal. O ponto de partida é o seguinte: deve ser o cliente a dizer quais são os valores. Se o cliente não souber, de todo, o valor das obras de arte que tem, nós temos acordos com especialistas que fazem a avaliação e esses acordos preveem condições muito favoráveis. As avaliações em Portugal são muito caras e têm outro problema: cobram uma percentagem sobre o valor que vão avaliar. Ou seja, os peritos olham para uma peça e quanto mais alto avaliarem, mais recebem.

Pergunta 9 – Sim, isso já se relaciona com questões de ética…

GB – Sim. Enfim, as pessoas podem ser sérias, mas à partida não estamos perante as condições ideais para uma avaliação completamente independente. Porque a pessoa sabe que, quanto mais alto avaliar, mais vai receber. Por isso, nós temos um acordo que não funciona nesse regime. Neste caso, o avaliador cobra por dias de trabalho. Cada dia de trabalho são 40 peças e por cada 40 peças cobra uma quantia pré-definida, seja o valor da coleção um milhão, meio milhão, ou cem mil euros…

Para além de não ser uma percentagem - nós achamos que este é o melhor modelo - o preço é muito mais baixo. E, assim, os clientes conseguem fazer o seguro e ter a avaliação mais barata do que se a pedirem por fora.

Pergunta 10 – Se for o cliente a fazer a avaliação por si próprio, ele pode declarar valores completamente irreais porque, na realidade, há pessoas que não sabem o que têm em casa. GB - Não têm ideia. Alguns acham que não têm nada, outros acham que têm muito e têm pouco. Nós recebemos as listagens e temos um conhecimento razoável do valor das várias autoras e, assim, fazemos aí um filtro. Mas um filtro não dá para ver, por exemplo, se uma obra é verdadeira ou falsa - e há uma quantidade grande de obras falsas. Mas onde nós fazemos o filtro é mais ao nível do risco moral; isto é, cada vez que fazemos um seguro, nós fazemos uma investigação sobre o historial do cliente e é aí que nós filtramos. Porque um cliente ‘desonesto’ conseguirá sempre, com maior ou menor esforço, tirar partido de uma apólice de seguro, enquanto um cliente honesto, em princípio, a probabilidade de tentar alguma coisa será muito mais reduzida. Portanto, o que nós fazemos é investigar o perfil do cliente. Preocupa-nos mais o perfil do cliente do que o valor das obras de arte. Ou seja, se um cliente comprou uma obra de arte há dez anos atrás, por € 50.000, tem um sinistro e descobre

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depois do sinistro que a obra de arte é falsa e não vale € 50.000, mas vale € 500 ou € 0, não me choca, do ponto de vista da relação do seguro com o cliente, pagar os € 50.000, porque o cliente comprou uma coisa e desembolsou € 50.000 a pensar que era verdadeira, ou seja, não está a tentar retirar dali nenhum benefício. O problema é quando tentam tirar benefícios. Pergunta 11 - Se tiverem adquirido uma falsificação, sem fazer a mais pequena ideia, o que é que acontece? Como é que vocês procedem?

GB - Já nos aconteceu. Não fizemos garantia disso e não podemos dizer que vamos sempre pagar uma obra falsa como sendo verdadeira. Já tivemos casos de clientes que tiveram sinistros com uma peça e que nós depois achámos – e as opiniões nem sempre são consensuais – que era falsa, mas no fim indemnizámos o valor da obra como sendo verdadeira, porque tínhamos a certeza absoluta que o cliente tinha comprado a obra como sendo verdadeira. Porque isso não é preocupante. O que é preocupante para nós é que haja clientes que queiram retirar vantagens do seguro e que estraguem as peças de propósito para receber dinheiro do seguro: isso é o risco. Se a intenção não for essa …

Pergunta 12 – Há outro ponto na vossa apólice que diz: “Para bens listados e valorizados individualmente, o valor seguro é o montante identificado na listagem detida por nós ou pelo seu mediador de seguros. Para bens não listados e valorizados individualmente, o valor seguro é o valor de mercado na data do sinistro. O máximo que pagaremos por sinistro é o capital seguro.” Não deviam ser todos valorizados e listados individualmente?

GB – Num mundo ideal sim. Mas não, há imensos clientes que não fazem listagens. Por muitos motivos: alguns por motivos de confidencialidade, porque têm medo…