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Perspectiva comunicativa

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4 PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO SALESIANA A PARTIR DO

4.3 PROSPECTIVAS PEDAGÓGICAS DAS LINHAS ORIENTADORAS DA MISSÃO

4.3.4 Perspectiva comunicativa

O documento das Linhas Orientadoras insiste sobre a necessidade de olhar as novas realidades midiáticas para uma inculturação do processo educativo na realidade dos meios de comunicação, os quais se apresentam como um desafio para a educação. A presença significativa da rede eletrônica e das novas tecnologias da comunicação são situações e

contextos nos quais os jovens estão inseridos. Cabe à comunidade educativa estar aberta para um diálogo com as novas realidades do contexto midiático e a realizar uma arte comunicativa, estabelecendo um diálogo com as novas realidades dos jovens, especialmente no espaço virtual e midiático (INSTITUTO..., 2006, passim).

Educar é comunicar. Essa convicção encontra amplo espaço no Sistema Preventivo. A comunicação educativa se faz mediante relações e processos propositivos, razoáveis e afetuosos que ficam à espera da resposta do interlocutor. Na práxis salesiana, a comunicação educativa é criação de relações recíprocas e intergeracionais, abertas e profundas, situadas num sistema mais amplo no qual agem forças sociais, culturais, institucionais e econômicas. Responde a necessidades como o conhecimento, o confronto com a diversidade, o intercâmbio e a colaboração. Possui um potencial de solidariedade porque desemboca em iniciativas que se estendem do contato eu-tu ao grupo, à comunidade educativa, até a mais ampla realidade social. Segundo a lógica do comunicar, todo ambiente educativo deveria ser como ecossistema onde é possível encontrar um espaço adequado ao próprio crescimento. (INSTITUTO..., 2006, p. 38-39)

A comunicação educativa é fundamentada, sobretudo, nas relações interpessoais, espaço no qual se estabelecem a reciprocidade, a possibilidade de confronto e de colaboração com a diversidade. O ambiente educativo torna-se um ecossistema comunicativo, no qual se educa para o diálogo, para a abertura para o outro, para as relações autênticas, para o uso positivo dos meios de comunicação social, para a valorização do teatro, da música e da arte (INSTITUTO..., 2006, passim).

A Educomunicação é indicada como um percurso transversal à missão e à atualização do carisma, sinalizando a importância de unir os polos da educação e da comunicação. A educomunicação implica em assumir com consciência os aspectos comunicativos do Sistema Preventivo, o entrar com competência na nova cultura digital, a construir um estilo de animação focado na coordenação, tendo em vista uma animação para a comunhão e a comunicação nas relações educativas (INSTITUTO..., 2006, passim).

Como vimos anteriormente, estamos em um contexto de grande desenvolvimento das novas tecnologias da informação e comunicação. As Ciências da Educação procuram conhecer esses novos espaços de interação social e as novas fontes de informação para utilizar tais recursos tecnológicos como instrumentos na prática educativa. Mas, a comunicação na pedagogia salesiana refere-se também ao aspecto relacional que deverá ser estabelecido no processo educativo, para que haja um contexto pedagógico dialógico e relacional.

Algumas áreas de intervenção da prospectiva comunicativa estão relacionadas com os processos da educação humana e ao fenômeno da comunicação social: realizar uma educação para formar interlocutores sociais responsáveis, críticos e criativos, promotores dos recursos da comunicação, reflexivos sobre aspectos como a dimensão da comunicação interpessoal e

social; a presença e a utilização dos meios de comunicação, o uso das novas tecnologias da informação na educação; a expressão cultural por meio das artes relacionadas à beleza estética, a reapropriação da cultura e a possibilidade de recriar e expressar novos símbolos culturais. Assim, a comunicação deve ser entendida como meio para o exercício da cidadania, para a formação dos valores da participação, para a formação de cidadãos criativos, informados e críticos. Com isso, a formação para a cidadania está relacionada às novas formas de alfabetização tecnológica e comunicacional (SOARES, 2000 apud REDE..., 2010, p. 37- 47).

Na atualidade, a abertura para a interdisciplinaridade e para o contexto marcado principalmente pela complexidade tem favorecido o desenvolvimento de uma forte relação entre a educação e a comunicação – complexidade esta que é, em grande parte, favorecida pela existência dos diversos meios de comunicação. Surge a “educomunicação” como ação comunicativa que perpassa a comunicação interpessoal, grupal, organizacional e massiva (REDE..., 2010, p. 36). Surge a necessidade de favorecer uma cultura comunicacional inspirada nos valores do evangelho, educando para a relação interpessoal, para a mediação tecnológica, para a cidadania, para as novas linguagens. É preciso, formar ecossistemas comunicacionais educativos, como busca de sentido e ressignificação das relações sociais, para o desenvolvimento dos processos educativos pastorais por meio de uma ação comunicativa (REDE..., 2008, p. 81-93).

A construção de uma cultura comunicacional na instituição provoca a necessidade de planejar um modelo comunicativo que responda à sociedade-rede envolvida pelos entornos midiáticos, bem como do estabelecimento de um processo colaborativo ou cooperativo, considerando a nova lógica da rede, em que o conhecimento é uma construção na qual muitos participam, de modo que os processos de ensino-aprendizagem acontecem nos horizontes transversais, em que todos recebem e transmitem num processo de aprendizagem permanente. Há que se considerar que os jovens se movem com maior versatilidade pela rede do conhecimento e da informação, que participam da sua construção, provocando a necessidade de entrar nesta nova lógica, constituindo-se em um espaço de construção coletiva do saber, participando da aprendizagem colaborativa, entrando no novo “ecossistema educomunicativo” (OLIVEIRA SOARES, s/d, p. 19-72 apud REDE..., 2010, p. 93).

A confirmação da emergência da inter-relação “Comunicação/Educação” possibilita a materialização do campo em quatro áreas concretas de intervenção social: a área da educação para a comunicação no campo pedagógico; a área da mediação tecnológica na educação, compreendendo os procedimentos e as reflexões em torno da presença e dos múltiplos usos

das tecnologias da informação na educação; a área da gestão comunicativa no espaço de inter- relação “Comunicação/Cultura/Educação”, que possibilita a criação de ecossistemas comunicativos; e a área da reflexão epistemológica sobre a inter-relação “Comunicação/Educação” com o fenômeno cultural emergente (SOARES, 2000, p. 5-6). Assim, surge a necessidade de articular a área da comunicação na instituição de forma integrada, valorizando os aspectos internos e externos da comunicação e, especialmente, os aspectos comunicativos que envolvem a parte pedagógica.

O novo campo de educomunicação, por sua complexidade, exige uma formação contínua, não somente para os educadores, mas para toda a comunidade educativa. A formação contínua nas áreas da comunicação é necessária para o desenvolvimento de uma visão crítica do mundo e da sociedade, para que a pessoa possa rever o próprio sistema comunicativo nas relações pessoais dentro da própria organização, conhecer os fenômenos culturais e saber se integrar na convivência com a diversidade, saber adotar novas políticas pedagógicas e comunicacionais, manter um diálogo com a sociedade e as novas tecnologias da comunicação (REDE..., 2010, p. 53-54).

As dimensões ou aprendizagens fundamentais na prospectiva educomunicativa estão relacionadas a partir de vários aspectos. Dentre eles, destaca-se a competência linguística, que se evidencia no saber utilizar as novas formas de informação na internet e em dominar as linguagens com os novos códigos das possibilidades comunicativas. Por outro lado, é preciso saber usar de forma responsável a internet, avaliar a competência cultural e artística, aprender a aprender, formar a autonomia e a capacidade de iniciativa diante das dificuldades e desafios, desenvolver a competência social e cidadã com a capacidade de sociabilidade e de realizar críticas construtivas (LOE, 2006 apud GRAELLS, 2000).

O contexto de constantes transformações das novas tecnologias da informação provoca a necessidade concreta de se estabelecer programas de formação para a compreensão das novas linguagens, estabelecendo uma relação entre a educação e a comunicação, para oferecer aos jovens o desenvolvimento de competências que considerem as suas novas linguagens comunicacionais e que os ajudem a desenvolver habilidades para organizar as inúmeras informações, os diversos conhecimentos científicos e tecnológicos.

O documento das Linhas Orientadoras aponta o grande desafio do contexto educativo que é o de demonstrar a necessidade de um diálogo com a realidade cultural dos jovens e, ao mesmo tempo, a indicação de que a educomunicação pode responder aos desafios da inculturação na realidade juvenil, bem como utilizar estas novas linguagens culturais no processo educativo, valorizando-os como recursos pedagógicos. Considera a necessidade de

buscar uma inovação na compreensão do Sistema Preventivo, a partir de uma visão comunicativa e uma tentativa de traduzir nas novas linguagens culturais o carisma educativo salesiano e, especialmente, focando a comunicação a partir de uma dimensão relacional e comunicativa que são valorizadas no ambiente educativo salesiano.

O tema transversal da educomunicação lança o desafio para o aprofundamento do tema da educomunicação e das suas implicações no processo educativo, para o aprofundamento do Sistema Preventivo em relação ao eixo comunicativo. Estes elementos com temas atuais que tratam a questão da sociedade da informação na prática educativa são perspectivas significativas do documento, mas que exigirão estudos e aprofundamentos para uma maior clareza sobre a articulação dos processos comunicativos na educação salesiana.

4.4 CATEGORIAS E EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO SALESIANA A

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