• Nenhum resultado encontrado

PERSPECTIVAS PARA OS JOVENS QUE PRETENDAM SE DEDICAR À CARREIRA DE TRADER

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 ANÁLISE TEMÁTICA

4.1.12 PERSPECTIVAS PARA OS JOVENS QUE PRETENDAM SE DEDICAR À CARREIRA DE TRADER

Todos os entrevistados foram unânimes em reconhecer que as perspectivas profissionais para os jovens traders de hoje são tão ou mais promissoras do que foram nos seus respectivos períodos de atuação ou no início de sua atuação na área.

Eu acho que existe uma oportunidade extraordinária hoje, muito maior. Hoje é muito mais favorável, é muito mais fácil; as oportunidades são muito maiores não só para se entrar na área como para se desenvolver uma carreira a nível global. No meu tempo, a possibilidade de carreira era só em nível nacional.... Não há nenhum impedimento para que os nossos jovens saiam, hoje, para começar uma carreira em Hong Kong, em Buenos Aires ou no Canadá. Veja a amplitude das possibilidades que o jovem tem hoje! Isto está muito mais acessível aos jovens. Só não vai que não quiser. Quem não tiver vontade suficiente ou determinação suficiente. Mas, o que eu acho que valeria a pena falar e, acho que não deve ser diferente em outras profissões, é que nem tudo são flores. (E-2)

Hoje, eu percebo os jovens com mais condições de se prepararem para atuar na área e estão mais informados; estão mais inteirados de assuntos relativos a comércio internacional, estão mais expostos a esse tipo de informação. Hoje, os jovens sabem onde buscar, procurar a informação, coisa que, na minha época, eu não tinha, sequer, para quem perguntar. (E-3)

O entrevistado E-3 também concorda que as perspectivas de carreira para os jovens traders, no Brasil de hoje, são mais promissoras / melhores por um outro motivo: porque hoje o País tem uma diversidade muito maior de produtos manufaturados / industrializados a oferecer para o mundo, do que tinha nos anos 70-80. Isso alarga muito as perspectivas para esse mercado de trabalho porque, como já foi mencionado no item O CONTEXTO DA CARREIRA NOS ANOS 70-80, é exatamente nessa classe de produtos que a atuação do trader se faz sentir como importante, necessária e, muitas vezes, decisiva para a conquista do mercado externo. Além disso, segundo o entrevistado E-3, não só o Brasil produz uma maior diversificação de produtos,

como muitos dos produtos brasileiros, hoje, alcançaram um elevado grau de competitividade, o que viabiliza a suacolocação no mercado internacional.

O trader moderno tem um leque de opções, uma pauta de exportação muito mais diversificada que naquela época, ou seja, a perspectiva é de o Brasil exportar, em 2005, mais de US$ 100 bilhões. Então, eu falo para os jovens: olha o monte de trabalho que vocês têm pela frente! [...] O profissional naquela época tinha, ainda, uma outra dificuldade: oferecer um produto sem competitividade, ou seja, sem preço. Estou me referindo a produto de valor agregado, não matérias-primas. Nas matérias- primas nós sempre fomos muito bons, muito competitivos, como no caso do café, açúcar, minério de ferro, etc mas, em termos de produtos de maior valor agregado, eu acho que, naquela época, o Brasil não tinha muito o que oferecer ao mercado internacional. Então, os traders dos anos 70 não tinham muito o que vender ao exterior... perdíamos por preço e por falta de tecnologia. (E-3)

O processo de globalização, de certa forma, obrigou as empresas a se internacionalizarem, a se voltarem, cada vez mais, para o mercado internacional adquirindo insumos e tecnologia e vendendo seus bens e serviços. Apesar desta forte tendência, ainda existe no Brasil, um contingente enorme de empresas - a maioria delas de pequeno e médio porte - com potencial de venda ao exterior e que ainda não se dedicam à exportação, em grande parte, devido ao completo desconhecimento da atividade de comércio internacional. Aqui, portanto, encontra-se uma grande oportunidade para o desenvolvimento de novos traders.

Eu fico imaginando... na pauta de exportação americana, a pequena empresa participa com 17%, enquanto que aqui, no Brasil, a pequena e média empresa participa apenas com 1,5% do total das exportações do País. Então, eu digo para os jovens: olha quanto temos a fazer, quanto temos para crescer! Porque um dos grandes desafios do pequeno e médio empresário é justamente esse: como eu vou fazer uma coisa que eu não sei? Pois aí é que está a oportunidade para os jovens traders, os jovens que querem ingressar na carreira de comércio internacional. De 1,5% para 17% nós temos muito o que fazer, muito o que crescer, muito o que desenvolver! (E-3)

Por outro lado, o entrevistado E-4 faz uma leitura menos otimista do mercado de trabalho para os jovens traders apontando que, se as oportunidades aumentaram nesse mercado de trabalho, a concorrência também aumentou.

[...] quando eu comecei, a quantidade de traders procurando emprego era menor porque era uma coisa mais rara além do que, falar inglês fluentemente era uma raridade também. Pouquíssimas pessoas, na minha época, tinham fluência em inglês. Eu acho que hoje a concorrência é muito grande. Apesar da globalização, agora

muito mais veemente, demandar esses profissionais, eu entendo, por outro lado, que também se torna muito mais acirrada a briga para se conseguir um lugar, um espaço, embora a empresa esteja muito mais dinâmica na área do comércio exterior. Eu creio que isso gera muito mais oportunidades mas, por outro lado, desperta muito mais concorrentes também. Mas, na minha opinião, a profissão de trader continua e continuará atrativa.

[...] Entretanto, tendo em vista que está se configurando uma nova situação geo- política, no mundo, ou seja, a geo-política deve se alterar nos próximos anos e os países tenderão a ser cada vez mais interdependentes, então a figura do trader, do profissional de comércio internacional – nas duas vias, importação e exportação - deverá continuar promissora. Em que pese o aperfeiçoamento contínuo dos meios de comunicação, eu acho que a presença física do trader na arena dos negócios nunca poderá ser substituída totalmente pela presença virtual. O desenvolvimento das comunicações (visual e escrita) facilitou a vida do profissional de comércio internacional mas não exclui, nem excluirá, a presença física. Fazer negócio ainda é”olho-no-olho”; acho que é muita química também. Fechar um negócio tem muito a ver com empatia, simpatia; tem... emoções!